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᠉ Twelve.

- Não vai contar isso pro Jimin também? – Yoongi perguntou, tirando a cara do celular pela primeira vez.

- O que você acha? – rolei os olhos. – Não falei das fotos, o que dirá sobre esse namoro. Quando foi que eu comecei a complicar minha vida assim?

- Posso responder?

- Foi uma pergunta retórica. – respondi, me deitando na cama ao lado.

- Vocês ficaram? – ele perguntou, novamente concentrado no aparelho.

- O quê?

- Os dois sumiram depois do dueto apaixonado. – riu. – Acho que ficou bem óbvio.

- Não... – suspirei. – Bem que eu queria, mas não seria justo com ele.

- Que milagre, pensando no garoto pela primeira vez.

- Yoongi, você poderia largar a porcaria do celular e prestar atenção nas coisas que está falando? – reclamei, jogando uma almofada em sua direção.

- Jungkook. – sentou-se e finalmente me encarou. – Tudo o que você tem feito desde que Jimin chegou em Seoul é mentir. Estou errado?

-Está. – defendi-me. – Eu não menti quando disse que o amava.

- Ótima forma de demonstrar. Fazendo uma besteira atrás da outra, se afundando em histórias que você precisa inventar pra esconder o que realmente está acontecendo. Acha mesmo que ele vai te perdoar quando descobrir? – encarou-me sério.

- O que você queria que eu fizesse? Contasse a verdade?

- Sim? – ele perguntou como uma afirmação. – Aposto que juntos, descobririam um jeito de disfarçar ou coisa do tipo.

- Como se fosse possível disfarçar alguma coisa. – rolei os olhos.

- E se eu te disser que é? – olhou-me com um sorriso misterioso. – O que eu quero dizer, é que agindo assim, você o está prendendo, impedindo que ele siga em frente.

- Seguir em frente? Com quem o Jimin... – interrompi a frase ao me dar conta do que se tratava. – Taehyung? Isso é sério?

- Ah, ele parece gostar do Jimin. – deu de ombros.

- Eu não estou acreditando nisso. Quer que eu concorde com essa palhaçada?

- Na verdade, não tem muito o que concordar. Você não é dono dele, né? – sorriu sarcástico. – Mas falando sério, acho que ele merecia uma chance de sei lá, ser feliz com alguém que estivesse realmente disposto a fazê-lo.

- Assim como você faz o Hoseok? – fitei-o quase sem piscar.

- Hã? Do que você 'tá falando. – gargalhou. – Somos apenas amigos, até porque na maior parte do tempo ele me irrita.

- Irrita é? – debochei.

- É muita alegria para uma pessoa só. Às vezes é sufocante. – respondeu, deitando-se novamente.

- Você acha que ninguém percebe, né Yoongi? Está enganado.

- Pare de tentar virar o jogo. – rebateu, voltando a atenção para o celular. – O errado aqui era e continua sendo você. Apenas pense sobre o que eu falei e não olhe só para o seu umbigo.

Jimin's POV

Acordei cedo, apesar da noite mal dormida. Permaneci sentado na ponta da cama, encarando o relógio, vendo os minutos passarem até o momento em que o despertador soou. Levantei, fiz minha higiene matinal, tomei o coquetel de remédios e saí de casa. Recebi um sms de Jin, que já me esperava no hospital assim que cheguei.

- E aí, como se sente? – o loiro perguntou, sentando-se ao meu lado.

- Estranho... – consegui responder.

- Vai dar tudo certo, ok? Não acho que deva doer. – sorriu, tentando me confortar.

- Obviamente não dói, é só uma radioterapia.

- Foi o que eu quis dizer.

- Obrigada por vir. – disse, devolvendo-lhe o sorriso.

- Amigos são para isso, não te deixaria sozinho numa hora como essa.

- Essa viagem do Jackson caiu em péssimos dias. Não queria incomodar ninguém.

- Pare de besteira, Jimin. Estou aqui porque quero.

Fomos interrompidos pela enfermeira que apareceu chamando o meu nome. Levantei, me dirigindo a sala indicada. Deitei-me no aparelho e fiquei ouvindo apenas o som emitido por ele, fitando as paredes brancas. Perguntei-me mais uma vez quanto tempo eu ainda teria de vida e se eu teria tempo para realizar pelo menos um dos meus sonhos.

Na saída, Jin me esperava e levou-me para lanchar. Sentia-me aliviado e tranquilo por ter feito um amigo tão presente como ele vinha sendo.

- Eu tenho uma pergunta. – ele disse, antes de tomar mais um gole do suco.

- Só falar. – respondi, enquanto brincava com a colher dentro da xícara.

- O Taehyung... – hesitou. – Gosta dele?

- Como assim? Tipo, ter interesse? Eu... Eu não sei.

- Ele parece gostar bastante de você.

- Eu percebi, mas não sei se poderia fazer isso com ele. Digo, estou doente, certo? – apoiei o queixo em uma das mãos.

- E daí? Jimin, você não vai morrer amanhã, nem depois de amanhã. Inclusive tenho esperança que você fique bom.

- Queria ter a sua confiança. Sinto como se cada dia eu caminhasse para a minha...

- Shh! – ele fez sinal para que eu me calasse. – Nem ouse completar. Eu acho que o Tae é um garoto muito legal e que ele poderia sim te ajudar nesse momento. É sempre bom ter alguém que te ama por perto.

- Eu saí de um relacionamento há pouco tempo, Jin. É complicado.

- Não estou dizendo pra vocês namorarem. Apenas deixe ele se aproximar mais. Como no dia do acampamento. – sorriu.

- Então sumiu de propósito pra que ficássemos a sós na barraca? Seokjin, o que acha que está fazendo?

- Calma, não foi exatamente isso. – ele riu. – Eu só tive um sonho estranho, daí levantei para tomar um ar. Quando voltei, vocês estavam conversando tão animados, que preferi dormir em outro lugar.

- Por falar em sonho... Naquele dia em que eu passei mal e que você me acompanhou até em casa, eu tive um bem estranho.

- É, ficou perguntando por uma tal mulher quando acordou. – o loiro complementou.

- Exatamente. Outro dia, eu estava na rua, falando ao celular e ouvi a voz dela novamente a me chamar. Pedindo "por favor"...

- Por favor? Por favor, o quê? Te pediu algo? – interrogou, em seguida comendo o último pedaço de torta do seu prato.

- Não. Só fica nisso mesmo. Confesso que fiquei com medo, sabe? Gostaria de saber de onde conheço essa voz, se é que sei de quem é.

- Estranho, muito estranho...

Caminhamos de volta para casa, relembrando as músicas que gravamos para o álbum de estreia e sobre as nossas expectativas para o debut cada vez mais próximo. Em poucos dias assistiríamos o MV pronto. Jin despediu-se de mim a poucos metros do meu destino final. Segui o resto do caminho, e ao dobrar a esquina e aproximar-me mais do prédio, avistei um rapaz alto, cujos cabelos vermelhos já eram bastante conhecidos por mim.

- Tae? – chamei-o e o mesmo virou-se para mim.

- Hey, Jiminie. – ele sorriu.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, não! – negou rapidamente. – Estava sem fazer nada e pensei que podíamos tomar um sorvete, sei lá.

- Sorvete? Nesse frio? – perguntei, com ar de riso.

- Ah, qual é! Vai me dizer que nunca fez isso? E aí? – insistiu empolgado.

- Ok, vamos sim.

Seguimos a rua até o fim da mesma, encontrando uma sorveteria que nunca havia reparado antes. Entramos e nos acomodamos, fazendo nossos pedidos a seguir.

- Jimin, eu preciso te falar uma coisa e vou ser direto. – o ruivo começou. – Quando eu te vi pela primeira vez, te achei tão bonito...

- Tae, eu...

- Ei, deixa eu falar. – fingiu chateação. – Eu sei que devo estar te assustando, não é comum que nos interessemos uns pelos outros. – fez uma pausa para respirar. – Mas o seu sorriso, tem alguma coisa nele, entende?

- É um sorriso como qualquer outro. – desconversei.

- Não é não. – ele retrucou sério. – Não parei de pensar em você desde aquele dia. Tenho procurado formas de me aproximar e dizer que gosto...

- O seu olhar, Tae.

- Meu olhar? – olhou-me surpreso.

- Ele transmite tantas coisas boas... Eu já sabia disso tudo, antes mesmo de me contar. E eu gosto de você também, talvez não da mesma forma, mas gosto.

- Jiminie, eu não quero que se afaste por causa disso.

- Não vou a lugar nenhum. – segurei sua mão, que descansava em cima da mesa. – Até porque a vista daqui é extremamente boa. – disse, fazendo-o rir. – Eu ainda não posso te garantir nada...

- Ei, não estou te cobrando coisa alguma. Apenas me deixe cuidar de você, certo? – Tae pediu e seus olhos me transmitiam imensa ternura.

- Cuidar? – indaguei curioso.

- Sim! É o que fazemos quando alguém é importante para nós, não é? – sorriu novamente. – Ah! Quase me esqueço, vamos sair todos hoje à noite.

- Alguma comemoração em especial?

- Não exatamente, né? Mas agora que o Jungkook está namorando, temos que aproveitar os últimos momentos sozinhos entre nós mesmos.

- O que você disse? – perguntei, na esperança de estar sendo enganado por meus ouvidos.

- Sobre o quê? Jungkook estar namorando? Você ainda não sabia? – questionou inocente.

- Não eu... Eu... – faltavam-me palavras.

- Acho que é porque a noticia saiu há pouco tempo e soube que você não é muito presente nas redes sociais. – explicou, pegando o celular do bolso e mexendo no mesmo. – Aqui... – entregou-me o aparelho.

Li a matéria. Linha por linha, vírgula por vírgula, ponto por ponto. Incrível como agora tudo fazia sentido. Repeti a ação por mais de 5 vezes, sendo acordado do meu transe por um Taehyung preocupado.

- Jiminie, 'ta tudo bem? Você está pálido.

- Eu estou bem sim, só preciso ir embora... Tenho umas coisas para fazer. – sorri fraco, devolvendo-lhe o smartphone.

- Ah, claro! Mas você vai mais tarde, não é? Porque se não for, eu também não farei questão de ir. – confessou e eu assenti com a cabeça positivamente.

xxxxx

O som do lado de fora da boate já era bastante alto e me questionei várias vezes se eu deveria realmente entrar. Em todas, meu subconsciente dizia "não". Minhas mãos suavam e sentia que estava a ponto de tremer. Que diabos era isso? Queria voar no pescoço de Jungkook e esganá-lo até não lhe sobrar mais ar nos pulmões. Eu o odeio. Ou gostaria de odiar.

- Perdido, Jimin? – Hoseok perguntou, enquanto colocava o braço em volta do meu ombro.

- Não, eu... Estava esperando alguém para não ter que entrar sozinho.

- Ah, então vamos! Essa vai ser uma noite e tanto. – ele vibrou animado, enquanto eu queria voltar para casa imediatamente.

Do lado de dentro, o barulho era ensurdecedor. Senti minha cabeça latejar várias vezes, mas preferi ignorar. Caminhamos por entre a multidão, logo encontrando os meninos, exceto Jungkook.

- Fiquei feliz por ter vindo! – Tae falou num tom alto, bem próximo do meu ouvido.

- Ei, Jimin! – Namjoon se aproximou. – Não quer beber nada? – perguntou, exibindo seu copo contendo algum tipo de bebida amarela e eu neguei.

- Ah, eu não acredito! – Hoseok reclamou, olhando no sentido oposto de onde estávamos.

Todos viraram para saber do que se tratava e Jeon entrou no nosso campo de visão. Seus cabelos pouco úmidos e bagunçados davam a impressão de que ele acabara de acordar. Sua calça preta e justa, unida a sua camisa branca mal abotoada lhe dava um ar descolado. Estava encantado, observando-o e admirando a sua beleza ainda mais evidente, quando uma moça loira de olhos grandes e lábios carnudos uniu sua mão a dele. O sorriso antes evidente em meu semblante, se desfez, dando lugar a um repugno imediato.

- Desculpem a demora. – ele pediu ao se aproximar de nós. – Essa é Lalisa. – disse num tom audível para que todos escutassem e eu desejei ser surdo.

- Muito prazer. – Nam foi o primeiro a cumprimentar, seguido pelos outros quatro.

- Não vou fazer isso. – Yoongi resmungou atrás de mim, pegando seu copo do balcão e se retirando disfarçadamente.

Voltei meu olhar para a garota, aparentemente tímida, que fitava cada um de nós, confusa. Camuflei-me atrás de Jin, sem que ele percebesse e ali fiquei por uns minutos, analisando as consequências de tomar a bebida rosa e espumante que parecia muito convidativa nas mãos do barman. Pedi-lhe uma dose e aguardava por ela, quando Tae sentou-se ao meu lado. A música estava mais suave e eu pude ouvi-lo perfeitamente quando começou a falar.

- Não gosta de dançar? – perguntou, tomando um gole do líquido em meu copo assim que o mesmo foi servido.

- Gosto muito, mas não estou tão afim. – respondi desanimado.

- Desnecessário Jungkook trazer essa garota. – comentou, olhando para trás. – Seria como uma despedida de solteiro sem ela aqui.

- Ah, mas é isso que os namorados fazem, Tae. Eles exibem suas companheiras. – ironizei, mas ele não percebeu.

- Eu gostaria de exibir você. – soltou, mordendo o lábio em seguida.

- Não faça isso. – brinquei, após tomar um gole consideravelmente grande da bebida, sentindo-a descer queimando por minha garganta.

- Está com medo de não resistir, Park Jimin? – provocou.

- Sou muito forte em relação a isso, se você quer saber. – ri, oferecendo-lhe mais um pouco do líquido.

- Quer apostar? – ele desafiou, virando quase que de vez a sua dose de vodka.

- Eu não fugiria de uma aposta como essa. Vamos dançar!

Levantei-me, passando por Jungkook e sua namorada. A música, novamente agitada e unida ao álcool correndo em minhas veias, me impulsionaram a extravasar, se assim pode-se dizer. Meu corpo e meus movimentos eram involuntários.

Perdi a conta de quantas doses de vodka dividi com Taehyung. Às vezes via vultos, que eu comparava com os outros meninos e aparentemente estava certo, visto que os mesmos acenavam igualmente animados.

Num canto do sofá, visivelmente contente, estava Jungkook. Lalisa parecia bem confortável praticamente sentada em seu colo e ele lhe dava beijos intensos em curtos intervalos de tempo. Contive minha raiva e ri disfarçadamente, voltando minha atenção para o ruivo em minha frente. Seu cabelo vermelho colado à testa demonstrava o seu nível de exaustão, mas ele não desistiu. Eu é quem estava prestes a fazê-lo.

- Jimin? – reconheci a voz de Jin próximo a mim. – Acho que já está na hora de parar com a bebedeira.

- Ah, eu vou morrer de qualquer forma. Que pelo menos eu aproveite. – falei bem próximo ao seu ouvido para que ninguém escutasse.

- Não é bem assim, não! – reclamou. – Vem, vamos jogar uma água nesse rosto. – tomou o copo da minha mão e segurou na mesma, tentando me tirar dali.

- Ei! Para onde vão? – Tae posicionou-se á minha frente.

- Ao banheiro. – Jin respondeu rapidamente. – Jimin precisa recobrar a sanidade.

- Eu o levo. – o ruivo disse, imediatamente desvencilhando-me da mão do loiro e arrastando-me para fora do amontoado de pessoas.

Meus pés pareciam não tocar o chão. Talvez eu tenha bebido demais, afinal. Vultos e vultos passavam por mim, vezes esbarrando e eu comecei a achar que o banheiro era do outro lado da cidade por conta da demora. Um rapaz segurou a porta, permitindo que entrássemos e Tae fechou-a atrás de nós.

Abri a torneira e olhei-me no espelho, enquanto enchia a mão de água. Meus cabelos também estavam grudados à testa e minhas bochechas muito mais vermelhas do que o seu tom natural. Molhei o rosto, respirando fundo antes de repetir o processo.

Virei-me e encarei Tae, que assistia a tudo quieto, encostado na porta com a cabeça pendendo para o lado e novamente mordendo o lábio.

- No que está pensando, Kim Taehyung? – perguntei, percebendo minha própria voz arrastada.

- Na aposta que você vai perder. – riu, desencostando-se do azulejo e vindo em minha direção.

- Sabe que não devíamos ter apostado nada, não é? Ficaria mais fácil de você ceder.

- Não parece que serei o único a levantar a bandeira branca aqui. – ele afirmou, olhando fixamente dentro dos meus olhos.

Sua respiração estava próxima demais, bem como o seu corpo. Eu podia sentir seu hálito alcoolizado se unindo ao meu. Minhas mãos se apoiavam na pia atrás de mim e Tae fez questão de unir uma delas à dele. Seus lábios nunca estiveram tão convidativos e por um momento, me perguntei quando fiquei tão vulnerável aos encantos do ruivo à minha frente. Talvez fosse a bebida. Ele não esboçava reação, esperando por uma atitude minha.

- Ah, Taehyung, você é tão competitivo... – sussurrei antes de usar minha mão livre para puxar sua nuca e unir seus lábios aos meus.

Ele não recuou, muito pelo contrário. A voracidade do seu beijo demonstrava o quanto esperava por isso e agora eu podia dizer que queria muito também. Sua língua invadiu minha boca sem dificuldade, explorando todo o seu interior. Segurei seu cabelo com força, sinalizando o quanto aquilo estava me fazendo bem e o quanto eu queria mais. Interrompemos o beijo assustados com o som da porta batendo, em seguida vendo um Jungkook visivelmente possesso parado atrás de nós.

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