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Within

Por Supergirl

- Desiste disso; - Teria dito Krugger. O que levou a loira novamente para aquela escura salinha de interrogatórios na polícia seis anos atrás.

Quando o Pesadelo nem havia começado para o mundo, mas Supergirl já vivia no seu...

Fazia trinta horas que seus músculos empurravam toneladas de concreto para cima; um arranha-céus inclinado quase na horizontal prestes a colapsar, e Supergirl sendo o arrimo voador da condenada estrutura, enquanto os bombeiros trabalhavam no resgate das vítimas presas nas salas inclinadas, elevadores travados, que vez ou outra se soltavam e a loira podia ouvir os gritos das pessoas presas nas minúsculas cabines.

Os músculos das costas resmungavam de dor na incomoda e posição, não por uma questão de força, mas pelo tanto que tinha de segurar dela, ou partiria a estrutura ao meio como um palito de dente. Tinha de segurar na posição e pressão correta, sempre policiando o voo e os milímetros que tinha de pender e despender junto a oscilação da estrutura, antes que ela se rompesse sobre sua cabeça.

Realmente nem tudo é força.

Trinta e uma horas agora, se cobrando em não ter suportado o edifício inteiro, o qual se esfarelou sobre seus músculos, e por consequência terminara de esmagar e soterrar tudo e todos abaixo.

Fracassando mais uma vez, não é mesmo Supergirl?

De novo, cobrou a mente tão cansada em evitar os insistentes pensamentos. As cinzas caiam como pequenos flocos de neve, a fumaça e poeira do desastre cobriam a cidade feito um fino véu, maquiando parte da completa destruição.

Lena.

- Supergirl, na escuta? – Chamou Alex pelo rádio em seu ouvido, a tirando dos estranho e impróprios pensamentos à ocasião.

- Oi Alex. – Mordeu a língua. – Desculpe, na escuta diretora Danvers, pode falar. – Resfolegou a loira sobre os escombros do prédio que não suportara, que falhara em atender, que falhara em salvar, como seu coração? – O quê? – Falou distraída sem conseguir prestar atenção no que dizia a ruiva.

- Volta para National City, precisamos de você aqui, temos um caso curioso. O comissário vai te passar os detalhes quando chegar na delegacia central. – A voz cansada denotava a exaustão da ruiva, todos estavam exaustos, e o pesadelo nem havia começado.

Ao menos não o pesadelo do mundo, porque o dela já se fazia presente dentro de seu coração a bem mais tempo.

A Super deu um pequeno impulso no chão deixando-o para trás, voando em direção a cidade que queria a todo custo se afastar, pois lá era onde estava o que queria soterrar dentro de si com o maior prédio que tivesse.

National City, uma das poucas a escapar o maremoto que levou a costa oeste dos Estados Unidos, o milagre, milagre traduzido em rachaduras e crateras abertas que engoliram metade da metrópole. Incêndios descontrolados eram normais, demasiados para os bombeiros e super equipes disponíveis, uma vez que todos os heróis estavam ocupados com desastres por todo o globo, não havia onde se esconder da tragédia, mal sabiam eles que o pior estava por vir.

Supergirl pousou na fachada do grande prédio espelhado da delegacia, onde o tio do dog ofereceu um cachorro-quente na faixa, pois saco vazio não parava em pé segundo ele. E foi-se ela mordendo a salsicha para dentro do covil policial, ocupado de prender delinquentes e vilões recapturados. O salão e as celas transbordavam de gente que jamais se imaginara estar um dia numa dessas gaiolas. A polícia fazia como podia, improvisando com as algemas, e prendendo detidos nos bancos fixos dos corredores, na falta de salas com paredes de barras. Passando por um desses corredores, três homens atados ao banco por assaltar um supermercado, berravam eles pelo leite em pó, pelas fraudas geriátricas, e um pacote de salsicha. Um quarto gritava não ter sido culpa dele o café derramado, isso até um quinto chutá-lo o chamando de bandido safado, ambos com um belo olho roxo e pontos na cabeça. A delegacia transformada numa feira de peixe.

Instruída pela irmã, Supergirl se dirigiu ao escritório do comissário Estebam, que a informaria do caso curioso. E francamente, o que poderia ser mais curioso que humanos fazendo suas humanisses? O mundo um caco, e o povo se destruindo, roubando e matando, era um planetinha lamentável, de seres lamentáveis, essa era a verdade que muitas vezes a loira tentou ignorar, na tentativa de se encaixar, pertencer, se sentir menos sozinha, amar e ser amada de volta, mas não dava certo, não mais, pois os seres humanos se mostravam intragáveis em suas convicções erradas, agindo sempre pensando unicamente em si, e não nos outros, fazendo o que era de sua natureza, trair a confiança, e confiar na deslealdade; não era da humanidade que falava, não exclusivamente...

- Obrigada por vir, Supergirl, está uma loucura aqui. – Disse Estebam assim que a Super adentrou sua sala. O pesado homem virou-se para ela limpando os grossos óculos no uniforme, sujo de terra, fuligem, lama e sangue de uns dois dias, sendo que ela mesma não estava muito diferente, todos estavam em seu limite, mesmo ela, mesmo a super-heroína. – Sei que está muito ocupada, mas do jeito que estão as coisas achei melhor te chamar.

Nem Alex tinha falado nada, e que nada seria esse para chamá-la?

- Nós estamos prendendo mais gente do que gostaríamos, e poderíamos gerir, e nem de longe o que precisávamos. – Explicava o comissário se largando na cadeira rangendo pelo peso. – Supergirl, capturar os vilões fugitivos, perdendo vários agentes no processo, mas fizemos o possível para honrar o seu legado, porém estou num ponto crítico em que mal temos agentes. – Fez ele uma longa e exausta pausa. – Temos mais algemas que distintivos nesse prédio, e francamente não sei mais quem está com a razão, nós, ou eles tentando sobreviver nesse inferno. Não fomos treinados pra impedi-lo, mas pra fazer de conta que ele não existia, usando roupas coloridas e acreditando que um salvador viria dos céus nos salvar. Acreditamos ser esse salvador todos os dias, e nos enganamos por tempo demais pra reconhecer que somos apenas pó, e quando a verdade bate a porta e não abrimos, chuta a porta.

O comissário amargurava a cada vírgula, podendo sentir as cinzas da destruição em sua boca. A Super apenas calou-se diante da constatação do que já sabia, do que todos agora sabiam, a humanidade se iludira em si mesma, sem jamais se olhar num espelho, e esse foi o grande erro, acreditar só no que queriam, e negar o que não queriam, um mundo de papel chamado moral.

Vilões são maus, e heróis são bons, se eles trocarem seus nomes muda alguma coisa?

- Desculpe, são as palavras de um amargurado recém viúvo. – Disse ele abaixando os olhos para o retrato dele com a esposa e as gêmeas, que a loira entendeu rapidamente que não mais estavam entre eles. – Não posso perder mais homens, por isso te chamei.

- O que houve, comissário? – Supergirl tentava seu máximo para não aflorar a própria depreciação.

- Capturamos uma super. – Declarou ele não muito certo do que dizia. – Digo, na verdade nos chamaram por conta de um cliente que não quis pagar um café na conveniência; depois foi um assalto a conveniência, e aí escalou pra uma agressão ao dono da conveniência e ao assaltante da conveniência. Ambos então amarrados no corredor por terem feito um olho roxo no outro, e de brinde ganharam uns pontos depois de terem sido arremessados pelo vidro da conveniência. Ela os atirou pelo vidro, a super; e ela disse que só falaria com você. Desculpe por isso, mas não temos nenhum registro sobre ela, não pertence a nenhuma das penitenciarias de Supers, também não tem nenhuma documentação de exilio na Terra, nem registro de pouso nos últimos tempos, a diretora do DOE confirmou. Ela não é daqui, mas também não tem nada que diga de onde ela veio ou o que é, e não posso perder mais gente. – Contou exausto, massageando a suada testa. – Ela levou oito tiros, e todos os projéteis foram recolhidos parecendo botões da blusa do Michael Jackson; derrubou três agentes num soco; e agora ela está lá sentada numa das nossas salas de interrogatório te esperando, não temos pessoal, muito menos alguém capaz de contê-la, nem ninguém capaz de mandar ela embora, ela está lá porque quer. Eu não sabia mais o que fazer. Já temos desastres demais, e a última coisa que precisamos é de mais uma vilã fazendo bagunça.

Palavras de um homem a muito de seu limite forçado, e quem podia culpá-lo?

- Tudo bem senhor comissário, eu entendo, o senhor fez bem em me chamar. – Disse a loira tentando confortá-lo. – Eu falo com ela.

Supergirl saiu para o corredor com a luz piscando, a caminho da sala de interrogatórios número cinco, abrindo a porta se deparando com ela: cabelo pálido, franja jogada para a esquerda, pele acobreada, olhos prateados, cachecol vermelho com as pontas chamuscadas, longo casaco de chuva caqui, calças camufladas. Não dava para dizer o que ela era de fato, mas por uma razão bem aquém do heroísmo, a espinha da Super gelou na iminência da descoberta por vir.

Os olhos azuis cruzaram com os prateados pela primeira vez, e ali sentiu a eletricidade passar fria por todo o seu corpo como um trovão sobre sua cabeça, o que era ela?

A loira fechou a porta atrás de si, e se sentou na cadeira vaga mais pela própria exaustão que outra coisa. A pálida a encarava o tempo inteiro sem piscar, com um calmo sorriso no rosto, o que era de arrepiar, e ao mesmo tempo de uma maneira muito estranha, acalentar o coração da Super perdida naquela sala. Então reparou nas correntes e algemas atando a meliante na cadeira, ué.

- Disseram que você estava aqui por que queria, deu trabalho pra eles? – Perguntou a loira.

- Pois é, disseram que era a condição para me derem um café. Só que esqueceram de me soltar depois. – Riu ela, um riso tão gostoso como o de uma piada sincera e boba.

O que nela era essa coisa que fazia a Super querer rir e chorar, essa contradição que os olhos prateados faziam? E que sempre sentira ao enfrentá-la, como se todas as vezes fosse feita novamente a pergunta que ninguém faz, mas seu coração questiona.

- Você não é daqui, não é? Você não está em nenhum registro. – Tentou a Super puxar o assunto, pois como disse o comissário, a última coisa que precisavam, era de mais uma vilã fazendo merda por aí, mas não tinha como saber com o que lidavam, ela podia ser tanto um, quanto o outro.

- É, eu caí recentemente aqui. Confesso que ainda tô tentando entender o café gelado da Nestle, se é que aquilo é café. – Sorria, céus o sorriso mais desconcertante do mundo, pois como podia sorrir assim alguém capaz de destruir tudo?

- Você chegou numa péssima hora pra esse planeta. Estamos lidando com uma série de desastres. – Explicou, quem sabe ela pudesse ser uma aliada, tudo dependia de como seria a recepção, ela poderia amar ou odiar os humanos.

Mais do que a própria Super os odiava no momento? Mais do que sempre odiou esse mundo, mais do que a vontade de acabar com tudo dessa obrigação que meteram nela graças ao altruísmo de merda dessas pessoas?

O altruísmo que somos obrigados a crer?

A mentira que para os outros é verdade, mas que para cada um antes de fazer merda é só a porra dum sopro ignorado?!

Escuros cabelos passaram por sua mente, em meio ao rebuliço que sempre vinha nos últimos dias, antes de lembrar dela. Outra vez se deixara ir neles, outra vez levada de seu dever, oh merda!

Chega, não tinha tempo para isso, essas dores tão insignificantes diante de seu dever, tinha de parar com essas coisas, deixar isso de lado, ou as pessoas iriam se machucar, caso fraquejasse em seu objetivo.

- Me disseram que você só ia falar comigo. Aqui estou. – Voltou ao plano primário, tentando o que podia em esquecer Lena. E a pálida acenou positivamente.

- Desiste disso. – Pediu.

E tudo repuxou embaixo do colant azul, por baixo da pele aos ossos, o coração da Super bateu forte e desesperado trazendo tudo à tona, era tanta coisa que mal se podia dizer o que era, para além daquela noite subindo e descendo, do medo, da dor, do sorriso, do sentimento que tentava esquecer.

Não.

Não podia permitir que os bobos pensamentos tomassem seu foco outra vez, ou as pessoas morreriam, inocentes sofreriam por culpa duma incompetente incapaz de lidar com o próprio coração de merda.

Chega, nunca mais, nunca mais se distanciaria do que era por uma mera lembrança, ou sentimento, jamais abandonaria a capa, jamais deixaria de ser a Supergirl.

- Não. – O olhar de Supergirl escureceu-se completamente. – Nunca vou desistir, nunca desistirei de meu dever em salvar este mundo. – O coração se apertou em cacos de vidro quebrado, sangrando uma vez mais, para nunca mais a partir daquela fala se permitir doer no peito da heroína falando.

E não só o olhar da Super era sombrio, mas na mesma intensidade enegreceu-se o olhar da pálida, a luz da sala de interrogatório que já não era das mais claras apequenou-se ainda mais ante a sombriedade das duas mulheres à mesa, e sinceramente naquele ponto era difícil dizer quem era o maior pesadelo, a de nome, ou a de escolha.

A luz piscou falha nas comuns oscilações de energia.

- Tem certeza? – Questionou uma última vez a pálida, desgostosa na voz, triste se me permitem acrescentar.

- Essa sempre será minha resposta. – Vociferou a loira encoleirada da miserável dor enterrada no peito. E a pálida abaixou o olhar no copo de café frio sobre a mesa meditando algo além.

- Bem, eu tinha de tentar. – Confessou para Supergirl, que se mantinha intragável nos caóticos pensamentos, nos furacões sobre o que realmente queria. – Então tá bem. – Disse a prisioneira abrindo os braços, se soltando das correntes e algemas como se nada fossem.

Mal deu tempo, num estampido a mesa de aço voo na cara de Supergirl atravessando a parede até o fundo da outra sala de interrogatórios. A mesa caiu revelando o estrago, duas paredes estouradas, e uns oito feridos, três mortos e... o punho da pálida surgiu por baixo num gancho de direita que atravessou por todos os andares para fora do prédio. Supergirl girou e girou até recobrar o controle, e avistar os andares da delegacia explodindo em chamas.

Não!

Usando a visão de raio x penetrou o edifício por entre os andares tentando mitigar mais danos, mas a cada segundo que desviava de alguém, outros dez pulavam do prédio em chamas, a cada parede que não derrubada, despencava um andar esmagando todos. Por fim encontrou a pálida de costas para ela no salão dos escritórios em chamas, os vidros das janelas se estourando com o calor, dançando vagalumes de cristal juntos das afiações fagulhantes dos cabos desprendido do teto. As roupas dela se desfaziam em fogo, queimando em brilhantes chamas, como uma pintura renascentista do reino dos céus se abrindo, o cachecol que se parecia muito com uma capa vermelha com o símbolo da casa de EL cintilando em labaredas, revelando entre as chamas tão reluzentes o prateado ômega alado no peito do uniforme do pesadelo desse mundo. Em meio a gritos, chamas e caos elas se atiraram contra a outra, porém tudo fora muito rápido, coisa de uma piscada, e da luz prateada as sombras vieram.

Escuro e dolorido, a boca cheia de fuligem amarga, o nariz ardendo do sangue seco, Supergirl abriu os olhos, metade do rosto numa poça rubra acinzentada, ergueu o rosto tentando entender o que acontecera. O corpo de bruços era pressionado pela mesa de aço sobre ela, estava soterrada. Recobrando a consciência e parte dos movimentos rastejou por aquele estreito túnel para fora do que jamais sonhara, as ruínas do edifício da polícia que falhara em defender.

Aquela, a pálida! Pensou, lembrou-se de com ela lutar, e tentou levantar-se para o conflito, mas a cabeça com o cérebro quase solto a derrubou novamente, o pesadelo nem mais estava lá. A Super tentava achar o chão com as mãos tremulas, a cabeça girando, sem crer que mais uma vez falhara, e nem teve tempo de ver, quando viu, já estava afundando com o prédio em colapso depois de ser a usada como bola de demolição. Cambaleante por entre os escombros, restos de carne esmagada e feridos mancos buscando partes de seus corpos pelo chão, mãos algemadas sem braços, nariz e cabelo sem cabeça, barraquinha do dog sem o tio do dog.

Cleek!

Fez o vidro do porta-retrato sob os pés da Super, a foto da esposa e as gêmeas do comissário, junto do ensanguentado distintivo com um braço decepado ao lado. A loira apanhou o retrato, sem saber o que sentir que não culpa e ódio de seu erro, incompetente, que piada de heroína, heróis salvam, e ela não conseguia salvar ninguém.

Só mais uma, em meio às ruínas da culpa.

Pequenas equipes de bombeiros, DOE e alguns voluntários chegavam para o resgate de seja lá o que tivesse sobrado. Foi então que perambulando sem muito rumo ainda atônita do que ocorrera, e sem se entender, em meio as acinzentadas sombras dos seres por ali, aquela, seu pesadelo, seu maior medo.

Não, tudo menos isso, não podia.

E sim, tudo, mas isso era o que queria, por mais que a mente e a heroína rugissem em negação, o resto de coração implorava pela afirmação. Sem que pudesse novamente medir seus pensamentos, ou meditar suas ações, já havia desabado de joelhos em seus braços, escondendo seu rosto no pescoço dela, respirando seu perfume de cinzas e aroma de casa.

- Lena. – Chamou exausta em meio a sua maior e mais triunfante derrota ante o dever, a cova da heroína no desastre de seu coração. Naquela hora quando os braços a morena a envolveram de volta, esqueceu-se de tudo, até da culpa de capa, soltando o porta-retrato do comissário que se foi para dentro da cratera da catástrofe, dando lugar as costas e aos cabelos escuros entre seus dedos.

E tudo mais que queria além disso não passava, era apenas isso, um momento a sós de seus pensamentos, apenas isso, um segundo que pudesse respirar, longe de todo o certo que a perseguia.

- Lena na escuta? Achou ela, como ela está? – Perguntou Alex pelo rádio.

- Preciso duma maca aqui. – Pediu a morena em meio a tantos outros tão piores quanto a Super, que ao menos estava inteira. Indignados olhares e murmúrios saltaram do descabido cuidado com quem menos precisava de socorro, os braços da morena se apertaram mais envolta da loira, que afundou o rosto mais ainda no abraço. – Alex, preciso tirar ela daqui, cuidem de tudo.

- Kara, olha pra mim, me leva pra casa. – Pediu Lena afagando seu rosto entre as mãos, e a Super flutuou com ela do chão, partindo para a casa da jornalista.

Entraram pela janela da sala, com Supergirl carregando Lena nos braços, como tantas vezes o fizera, deixando-a no chão antes dela mesma cair quase desmaiada.

- Kara. – Chamou a Luthor. – Esse hematoma tá bem feio. – Disse examinando a cabeça da loira, toda suja de sangue e cinzas, não muito diferente dela mesma. – Consegue se levantar pra toma um banho?

Claro que a resposta era não, e claro que a própria Luthor também não tomava banho a uns dois séculos, eram dois coelhos numa cajadada. Tanto tempo cuidando dos outros, do mundo, que mal restava tempo para cuidarem de si próprias, até porque as vezes isso parece um crime.

Então cometeriam um crime juntas.

Lena dedilhou a gola da capa vermelha que se soltou do uniforme de heroína; Supergirl abriu a fivela do cinto da outra, bem como se ocupou dos botões da camisa do uniforme militar, que deslisou do emagrecido corpo da morena, um tanto constrangida.

- Eu vou indo na frente. – Disse Lena, mas a Super segurou. – Tá bem, vem. – Puxou-a pela mão, e foram para o banheiro deixando as roupas ensanguentadas pelo caminho polvilhado de cinzas.

O vapor do chuveiro começou a subir, enquanto se ajudavam para tirar as manchas vermelhas do corpo da outra sob a água quente, frente a frente, Lena dedilhava cada hematoma, corte e ferida nos músculos da loira; enquanto Supergirl acariciava cada osso mais saltado na morena.

- Você tá comendo direito, tá tão magrinha. – Disse a loira chorosa, distribuindo beijos nas vertebras da coluna evidentes, beijando do pescoço aos ombros, dos ombros ao pescoço. Lena puxou os braços da Super no entorno de si, deitando a cabeça em seus ombros, com as mãos entrelaçadas sobre o ventre mais fundo, e por um longo tempo permaneceram assim sob a água quente escorrendo sobre a pele, somente elas.

Entrando no quarto após o banho, a loira se deparou com a Luthor sentada na poltrona perto da cama, com o moletom da National City University de pijama.

- Como você tá? – Disse Lena naquele tom mais frio, que mais tarde descobriria ser o tom da comandante.

- Um pouco zonza. E você? – Respondera a loira dedilhando as bandagens na testa.

- Presa, não tenho as chaves desse apartamento. Pelo menos não da nova fechadura. – Dissa Lena, e aquilo foi como tomar um soco no meio da cara, de volta ao que se seguia entre elas desde aquele dia. Havia um abismo entre elas, e a Super lembrava bem do que tentara esquecer, e que falhara miseravelmente em esquecer.

- Tem cópias da chave atrás da porta se quiser. – Tentou remediar o que não gostaria de lembrar. – Lena, o que houve, quer dizer você emagreceu muito.

E de súbito a Luthor levantou-se segurando a barriga, virou-se e foi para a porta.

- Lena espera! – Droga, levantar-se para cair no chão, céus que força aquela garota de cabelo branco tinha?

- Idiota não levanta assim. – A morena ajoelhou no chão com ela, acudindo os curativos na testa da banana caída. Olho no olho, a distância se esvaindo como se nunca tivesse existido no perfeito encaixe de seus lábios. – Eu passo a chave por baixo da porta, pra não ficar com ela.

Não.

- Eu já vou indo. – Disse Lena baixinho quase chorando em seu rosto.

- Não. – Puxou-a, e naquele reencontro, não pareciam ter mais forças para se afastar, e mais uma vez se beijaram. Lábios nos lábios da outra, mãos puxando as mangas das roupas largas da loira no magro corpo de Lena.

- Tá bom, eu fico. – Suspirou Lena dada como vencida. – Vem pra cama. – Elas se deitaram de lado, frente a frente com os sentimentos proibidos. – Fecha os olhos, dorme. – Pediu Lena arrumando os louros cabelos no meio dos curativos.

Supergirl fechou os olhos, e nas sombras ouviu Lena:

- Sonhei tanto com você. Não é sonho agora, né?

- Acho que é, porque eu também sempre sonho com você. – Respondera a loira puxando a morena para perto, colando suas testas antes de adormecer com as lagrimas rolando as bochechas, sem poder dizer de quem era qual.

***

O sorriso dela cor de sol, dançando descalça em seu apartamento ao som de Dancing Queen, esse era o sonho? A heroína recuperou os sentidos ao despertar, puxou o ar com o os raios de sol do novo dia, esticando as mãos do outro lado da cama buscando o calor da outra, que não estava lá.

Não.

- Lena! – Chamou desesperada, não estava no quarto, tudo bem então, na sala, mas tudo o que achou foi o silencio e a chave reserva no chão diante da porta. Correu para a janela e de lá avistou-a na calçada indo embora. Quis pular, voar atrás dela, quando ouviu o chamado de emergência dos bombeiros. De um lado a janela aberta, com o que queria lá a vista, e do outro a capa e o uniforme para aquilo que tinha de querer.

E mais pesado que os edifícios que falhara em segurar, foram seus joelhos no chão, o coração definhando na mais pura verdade: se fosse atrás de Lena, falharia como Supergirl. O amor é a morte do dever, e tinha as provas de tal verídico horror, quando recordara de todas as suas falhas, e delas nitidamente lembrasse dos pensamentos que tivera.

Das costas de Lena a puxando pela mão quando o arranha céu se desfez sobre ela, do soco não desviado quando lutara na delegacia, do sorriso que assombrava todas as vezes que espiava por de trás da capa, além de sua obrigação como heroína, algo que jamais deveria sentir se quisesse continuar a ser o paragon da esperança. O bastião do imaculado bem, sem qualquer dúvida, ou medos, nada que a jogasse no mesmo patamar de um humano, falho e imperfeito, não ela, que jamais poderia se permitir, jamais sentiria, ou as pessoas sofreriam, inocentes morreriam, e ela não poderia ser chamada de heroína, nunca se sentisse, sentir o que não deviria na hora errada.

Ela era a heroína, e nunca, jamais poderia escapar disso, e nunca mais fugiria disso, nunca.

***

O som da chuva do lado de fora do apartamento era ouvido, mas gota alguma do céu havia caído, o vento soprava gentil, mas sentido algum naquela situação era prazeroso. Diante de um cadáver esquecido, e um demônio dos infernos, a heroína podia se juntar a piada, pois se fosse para alguma constatação ser feita sobre a situação, seria a da completa insanidade nela. Num apartamento fantasma, habitado por um Pesadelo, um cadáver e uma heroína. Todos os nomes tirados da mais acida ironia, no que dizia respeito ao desejo de se atirar nela, e começarem a rolar pelo chão se matando, pois a dor dos socos era infinitamente menor que a dor em seu coração sangrando a tanto tempo.

Mas sabia que se saísse na porrada agora, colocaria tudo a perder, afinal, quantas vezes fora capaz de derrubar Pesadelo mesmo?

Inferno!

Era um segundo, um segundo para acertar um soco, um segundo para agir e acabar com tudo, e um segundo para não o fazer, como na delegacia a seis anos.

Um segundo capaz de mudar tudo.

Será?

Dúvida maldita, será que teria sido diferente se tivesse respirado mais um segundo, se tivesse naquele mesmo pentelho e dolorido segundo feito diferente?

Tortura terrível essa, a do "e se", um "será" que quase nunca algo além de tormento e sofrimento trás, e nesse ponto era melhor se ferir com o que fosse, melhor arrebentar a mandíbula no punho de Pesadelo, do que sentir o que sentia, a dor tornada em combustível para empurrá-la no precipício do "certo".

Uma gota de suor escorreu por seu pescoço, vinda de trás da orelha, e Supergirl tirou os olhos do nada e mirou nos olhos de Pesadelo, para desviar logo em seguida. O estomago embrulhava, e as mãos suavam só de mirar aquele olhar, o olhar do puto talvez.

- Desiste disso, por favor. – Suplicou Krugger em chorosa voz.

- Não posso. – Respondeu Supergirl, mais triste ainda, com o peito se enchendo do que não deveria, um soco seria tão mais fácil.

Puta que pariu, pensa no plano, não pode por tudo a perder, só tem de parar de pensar e aguentar um pouco, rosnou para si.

- Não pode ou não quer? – Retrucou a pálida, certeira como uma bala de kryptonita no meio da testa da loira.

A espinha gelou, embora as veias se enchessem de fogo e fúria vermelha, os dentes serravam dentro da boca, e o ventre se apertou em constrangimento, o que subiu novamente a cólera da heroína de seu trono de justiça e mentiras, mirando com raiva nos olhos da outra.

Vermelho e prata se encarando, e uma sensação horrenda se fez no peito da heroína tão furiosa, louca por se atirar em combate, porém não podia, parte do plano para que fosse bem-sucedido exigia a inação, logo suportar o insuportável também se fazia preciso, e nisso sua mente teve tempo em trazer de volta tudo, todas as lembranças que queria esquecer.

Lena.

Merda, a primeira coisa em sua mente, a que mais tinha de manter longe, afinal não poderia tomar a egoísta escolha dela diante do mundo, mas era o que mais seu coração chorava, e como chorava vermelho com o espinho da traição.

Pois afinal, se de um lado da balança estava o mundo, e do outro Lena, e se porventura desistisse do mundo, para o que exatamente voltaria? Pois o lado que abandonaria tudo para ter, era um lado que a traíra, logo a opção era inviável, e mesmo assim o que sobrava era um fardo.

Céus, como desejava se jogar na porrada, assim desmaiava, e não teria de sentir essa abominação de dúvida que heróis não devem sentir, o vilão dúvida do bem, o vilão cospe nele, e não cuspiria ela no bem, nunca escolheria Lena, uma única pessoa ao invés do mundo todo repleto de tantas outras. Era errado aos humanos ser tão egoísta, não pensar nos outros e seus sentimentos, o que dirá ela que nem humana era, não podia errar assim, não podia permitir que seu coração se fosse com esse sentimento abominável.

Não a heroína, e de fato; a heroína não...

A super audição de Supergirl escutou um terceiro batimento cardíaco na sala, fraco e cansado, desritmado, lutando pela vida, o coração do cadáver, não, era o coração delas, da jornalista e do Pesadelo batendo juntos em uníssono.

- O que? O que é você? – Outra vez questionou Supergirl.

- Eu sou o choro de todos aqueles que ousaram sonhar. – Sorriu Krugger, e no palpitar seguinte apertou-se o coração da heroína, o som soou como um trovão rasgando seus tímpanos.

TUM TUM!! Outra vez, suas orelhas sangraram e seu peito se revirou.

- GHAAA!!! – Urrou Supergirl, apertando a cabeça entre as mãos tentando tampar os ouvidos, tudo tremeu, o chão, a visão, seu coração. Pode ver lágrimas tanto nos olhos fechados da jornalista deitada, quanto em Pesadelo sentada.

TUM TUM!!! na mesma hora lágrimas deixaram os olhos fechados da jornalista, e o mesmo se repetiu nos olhos de Pesadelo.

Supergirl foi ao chão com a dor, rastejou tentando se erguer, mas cada palpitar era como se sua cabeça fosse explodir como um balão, o ranger de mil dentes, de mil vozes clamando, o choro dela, era demais a barulheira, e o peito se apertando. Alto demais, barulho demais, não dá para pensar, não dá para respirar. Os músculos repuxaram em tensão, o estresse roubou sua mente, e ela só conseguiu se encolher como um feto no chão, apertando os ouvidos com a cabeça entre os joelhos, jogada em suas próprias lágrimas.

Para, por favor pediu em seu mais profundo, e de repente tudo parou.

Silencio.

O cheiro de areia, lunar.

Abriu os olhos, e o apartamento, Pesadelo, e o caixão haviam desaparecido com o barulho. Estava na lua, em seu lado mais sombrio e afastado. Supergirl se ergueu, seu antigo uniforme com calças, cabelo mais curto, sua capa inteira, a lua inteira. Mas...foi quando lembrou o quanto lutou para não ir atrás dela, do quanto aquela tinha sido a pior semana de sua vida, seis anos atrás. A loira fora acometida dos sentimentos daquele dia, quando pensou melhor em tudo.

Os ouvidos bem tampados nas mãos, pois querendo ou não escutava seu nome clamado nos lábios dela, o coração desesperado junto da respiração de choro, mas estava feito e não poderia voltar atrás, era o melhor e para o bem dela, O CERTO. Por isso passou mais de uma semana voando para a parte mais escura e distante na lua afim de abafar ainda mais qualquer grito, qualquer coisa que pudesse fazê-la deslizar de sua decisão, e voltar atrás, não podia, não depois do hercúleo esforço da atitude desesperada.

Foi pensando nesse enorme fardo que chegara à conclusão de que seria melhor mesmo deixá-la, melhor viva e bem, que com ela e morta, pois pensara naquilo, NA CLICHÊ dúvida de todo herói, "e se" ela falhasse. Ela não poderia errar, ou as pessoas morreriam, cuidar do mundo é uma enorme responsabilidade, as vezes grande até demais, para os humanos, não para ela a Supergirl. E como tal não podia se distrair, e se permitir o luxo do erro, ou a culpa desse erro seria dela, e tão somente dela se falhasse. E sua falha podia custar vidas, como a de Lena, e esse pensamento era demais, se acontecesse, se a perdesse, e se uma hora não conseguisse, não suportaria, até seu primo dissera ter o mesmo medo, e olhe que o babacão tinha a alcunha de homem de aço.

Ela também não, ela não suportaria perder Lena, não suportaria carregar esse sangue em suas mãos, então ela não podia falhar como heroína, mas do jeito que era sua vida, o que ela era, poderia atrair esse destino, então melhor assim.

Melhor não ter, assim nunca poderia perder.

Melhor não sentir, assim nunca seria ferida com isso.

O sol sempre brilha após a tempestade, e quase que na mesma velocidade do impulso que a fizera tomar a decisão, voltou atrás, ou pulou para frente, não importa, o que importava era: "e se".

E aquela mocoronga de óculos bateu em seu peito, num derradeiro fio de esperança como sempre fora, mas "e se", podia dar certo, ela só tinha se ser sincera e realista, riscos existem, e o que é a vida sem um pouco de emoção? Tinham futuro, bastava que estivessem juntas. Nesse pensamento se pôs em pé e saltou para o voo até a cobertura de Lena, naquela noite, a noite que avistou as costas da Luthor, indo e voltando subindo e descendo em alguém.

Mas já?

Algumas semanas depois e já havia sido substituída? Pensou dando as costas para o vidro.

O peito se contorceu naquela imagem, e fora a última vez que se permitira essa palhaçada de esperança no impossível, da imbecil de óculos que chorava por ao menos tentar conversar, com quem nem queria mais saber dela, que dela fez tão pouco, e a heroína se mostrou irredutível, e jamais permitira outra vez, não diante dessa afronta, desse golpe, dessa traição.

- E ela te traiu? – Krugger flutuando de ponta cabeça ao seu lado frente ao vidro da janela, enquanto Lena gozava no colo de outra pessoa, e continuava cavalgando. – Traiu?

Tecnicamente falando?

- Não. – Respondera amarga da verdade, pois fazia mais duma semana que haviam terminado, mas, porém, contudo, toda via e entretanto.

Ridícula, sentia algo que nem existia de fato, mas sentia, e não deveria sentir. Maldito coração de merda, que sente essas merdas, e te joga na merda!

- Mas o sentimento de traição não muda, claro que não. Dói, e é isso. – Dizia Krugger pairando frente a Super de costas para a janela. – É normal, a gente sente. E ninguém quer sair mal na história, tá tudo bem. Eu só queria que você olhasse mais uma vez, pra quem você deu as costas.

Como assim quem, ela não queria saber quem.

Supergirl olhou por sobre o ombro, o espetáculo da continuidade sobre a cama.

- Não olha pra lá, mas pra cá. – Disse Krugger. – Não é ali, é aqui. – Foi quando as lágrimas nos olhos da loira desfocaram o olhar do show nos lençóis, e o reflexo delas ficou nítido, e nele não era a heroína de capa a encarando, mas a jornalista de óculos. – Essa foi a noite que você me chamou pra esse mundo.

Supergirl deu as costas ao vidro, e o reflexo não, com a jornalista encarando triste a capa nas costas da decisão. Aquele fora o ponto final para loira de óculos, e o ponto definitivo da heroína, a partir daí foi desculpa em cima de desculpa, tudo para justificar o injustificável em seu peito tão dolorido, dando as costas para tudo o que sentia, foi ali que o pesadelo se fez carne, embora já o sentisse bem antes desse dia.

O demônio da luz estalou os dedos, e estavam de volta no apartamento fantasma. Supergirl ainda estava em pé como se nunca tivesse caído, os ouvidos bem inteiros como se jamais tivessem sangrado, e o peito; o peito jazia estilhaçado como se nunca algum dia tivesse estado inteiro.

Era verdade que em técnica, nunca havia sido traída, porém a técnica nunca mudou o sentimento que tivera, e nisso usou tal dor para justificar a injustificável sede de salvar o mundo, que tecnicamente, nunca fora dela, mas a capa exigia, a cartilha de herói arrombado, e bem de merda, exigiam o ideal da perfeição que arrombado algum é capaz de alcançar, é humanamente impossível, mas ela não era humana...

- É normal fazemos isso. – Começou Krugger. – Sentimos e tentamos justificar esse sentir, mas acho que a gente esquece, que sentir não tem sentido, logo não tem exatamente uma explicação lógica. Só sentir. Sentimentos são invisíveis como o lado sombrio e oculto da lua, e justifica-los é como tentar trazê-los para o lado claro, o lado bonito que todo mundo mostra, o lado que não temos medo de mostrar, porque ele é o lado aceito por ser fácil de manipular, porém parece que quando trazemos algo do outro lado, somos maus, as pessoas nos destroem ao avistar o que não entendem, então escondemos ainda mais esse lado, mentimos, e nos envergonhamos dele, ao ponto de até fingir que ele não existe para nós mesmas, mas sentimentos são incontroláveis, não foram feitos para ser engaiolados, ou ignorados, e fazê-los é a maior burrice do mundo, porque quanto mais se nega um lado, mais pesado é o outro sem o equilíbrio. Não somos apenas um deles, mas um com os dois, sempre temos dois, o claro e o escuro, um não pode anular o outro, do contrário nos destruímos. – Contou Krugger, com um certo amargor de pesar na voz.

O peito de Supergirl chorava, escutando cada lenta e soluçada batida, não só dela, mas de Krugger e da loira de óculos no caixão, fraco, mas pulsando no mesmo ritmo da pálida. Céus, o que era tudo isso? Droga, não tinha mais forças, exausta de tudo e todos, e esse seria seu maior crime atualmente, o de não desejar "o bem".

Foco, só mais um pouco, e salvaria o mundo...eu vou salvar o mundo.

E para que?

Era o que queria, ou o que disseram que era para ela querer?

- Eu tenho de salvar o mundo. – Declarou sem forças, para seu Pedadelo e seu lado sombrio no caixão.

- Ela tá lutando pelo seu mundo, Supergirl. – Krugger apontou para o teto, e a Super escutou o coração de Lena junto de explosões.

- LENA!!! – Gritou antes de arrebentar o teto num pulo e ir salvá-la, uma torre de energia verde caiu dos céus e atingiu a Terra, o disparo do canhão. A radiação verde minguou o voo da heroína, porém não podia parar, nem em sonho ia parar. A loira deu a volta por trás da esverdeada torre de luz, voado o mais depressa possível, sem desviar o olhar, atravessando pedaços de concreto, naves de combate e chapas de aço no caminho até a Luthor. Supergirl tomou a comandante Luthor nos braços escapando da explosão da cidade de Neo Metrópoles que foi pelos ares segundos depois do fim do disparo, e voo para a primeira superfície com oxigênio que encontrou, a lua partida.

Em solo lunar ajoelhou-se com as costas da morena recostada em seu corpo. Arrancou fora o capacete, encontrando os olhos ímpares da Luthor quase se fechando, nariz e boca cheios de sangue, o coração errando, a respiração chiada, e três balas ainda se alojando, duas no pulmão esquerdo e uma no rim.

Era o fim.

E aquilo era demais para a pobre torturada mente da loira.

- Lena. Lena, olha, olha onde você tá. – Supergirl abraçou-a por trás, aninhando-a em si como um urso de pelúcia, encaixando seu rosto sobre o ombro da Luthor. – Na praia lembra, você disse que queria vir aqui algum dia, e eu devia ter te trazido aqui naquela hora mesmo. – Cada tragada de ar, e mais vermelho deixava o nariz e boca de Lena. – Não tem de falar nada não; olha Lena a visão que eu tenho quando voo, do mundo. – A morena respirava sôfrega e com extrema dificuldade se afogando em sangue. – Olha, a gente precisa de férias. E eu tive uma ideia, vamos tirar essas férias, deixar tudo pra trás. Não tem de falar nada, só aponta pra mim, onde você quer ir, e eu levo a gente. – A loira tomou uma das mãos da Luthor, para ajudá-la a apontar, porém a morena entrelaçou seus dedos, e com a mão livre acariciou o rosto da Super.

- Me... – Vermelho. – Perdo... – Mais vermelho veio da boca de Lena.

- Hey, não é você que diz que não adiantava pedir perdão, e mesmo assim falava? Tá tudo bem, tá tudo bem. – O peito da loira se apertava mais a cada último segundo, pois podia ouvir Lena se afogando com o pulmão cheio de sangue.

- Te...amo... – Cada vez mais fraco batia o coração de Lena, até que parou, os dedos dela afrouxaram, enquanto a outra deixava seu rosto para no chão cair.

Morta.

Lena estava morta.

Morta em seus braços.

Foi quando veios verdes incandescentes e laranja brasa desprenderam da Terra frente a heroína, o planeta colapsava com o rombo feito pelo tiro do canhão, raios e fumaça, fogo e o planeta se explodiu em mil pedaços.

Estática encarando o mundo destruído, com os dedos de Lena deixando os seus, para nunca mais os entrelaçar. Uma estranha brisa veio em suas costas, junto ao som do caminhar de quatro patas, com o rabo baixo, um cão, aquele cão Borzoi, o da comandante, Kara, mas as patas tornaram em mãos e pés humanos, até que o som dos passos mudou para duas solas de sapatos, e uma mão tocou seu ombro.

- Pronto, agora você nunca mais tem de se preocupar em escolher, ela ou o mundo, porque não tem mais mundo pra você salvar. – Sorriu Krugger em pé ao seu lado, admirando a vista do uma vez planeta, agora restos.

Nem o mundo, nem Lena.

As veias da Super se encheram de ódio, e num pulo desferiu um soco em Krugger, que desviara por pouco.

- AAAAAAAAAAAAHHH!!! – Rugia a Super furiosa, soco atrás de soco desviado, até por fim acerta um no rosto da pálida, e agarrá-la pela gola da camisa. – LUTA COMIGO!!!

Por favor...

- Não tem mais por que eu lutar com você. – Disse Krugger balançando a cabeça em negação.

Por favor...

Não havia mesmo mais por que lutar, pois se era pelo mundo que lutava, bem, ele agora não passava de pó. Soco a soco a imagem da heroína que apenas existia por esse mundo se esfumaçava, a imagem que tinha de si mesma, em seu trono de justiça tão dolorido e terrível, desmoronando.

Para que tudo isso?

Por favor...

Para que lutou tanto?

Por favor...

O certo?

Por favor...

Que certo?

Por favor...

Valeu a pena ser a heroína?

A loira enlouqueceu em dor, e num rugido de ódio e fúria atravessou o braço na barriga de Pesadelo que não revidou, mesmo vomitando sangue. Puxando o braço de volta jogou-a para o alto, e na queda arrebentou-lhe o maxilar, e num soco a atirou longe pela superfície lunar partida, rodopiando dando cambalhotas, até por fim parar estirada de bruços.

De que valeu todo esse sofrimento?

Por favor...me faz parar de sentir...

- LUTA COMIGO!!! – Implorava a loira sobre a pálida, socando e socando mais, arrebentando as costelas da pálida. Supergirl caiu com os joelhos ladeando Pesadelo, que tentou erguer o braço direito, porém a heroína antecipou o movimento e arrancou o mesmo braço o jogando longe. – LUTAAAAHHH!!! – Implorava, as mãos e os braços cobertos de sangue, cada soco desintegrando a cabeça de Krugger, que nem mais existia do lábio inferior para cima. Sentindo o peso, a dor, sentindo por fim a dor em seu coração, desmanchando a heroína a cada soco, gritando e deixando a dor sair, a dor que tanto implorou de não sentir. – LENAAAHHH!!! – Berrou com as lágrimas trilhando a única pele visível de baixo de todo o sangue, que de tanto, era difícil de dizer que não era dela. – Lena, Lena, Lena... – Soluçava com os punhos apertando cérebro no chão. – Eu te amo Lena. – Caiu exausta sobre o cadáver pálido destruído, agora que nem mais motivos haviam para lutar, fosse contra o mal, fosse pelo bem. – Lena, eu te amo. – Soluçou baixinho, como um segredo que você tem vergonha de dizer até para si, e na calada da noite o sussurra para o travesseiro, embalada no cobertor.

Como segurou isso, e agora por fim dizia o que se proibira, pois era errado, ilógico, e mal, tudo em nome bem.

- Lena. – Chamava como uma criança com medo, sobre o peito arrebentado de Krugger, molhando Pesadelo de lágrimas, babando da boca e nariz, chorando o que tanto pediu para não sentir, a dor que tentou aplacar nem que fosse com a velha desculpa do bem, e que na agonia usou-a para alimentar o ódio com a traição que sentia de si mesma, o que tanto tentou mentir, o que tanto o certo chamara de errado.

O que não tinha lógica, mesmo com todas as desculpas possíveis.

Sentir.

Tal qual a mulher, não a heroína, ou a alienígena, mas apenas a mulher amada por Lena, e trancafiada, negada e esquecida pela Supergirl.

Doía, ninguém entendia, nem ela se entendia, e num "e se" se desesperou, terminou com Lena e deu-se a esfarrapada desculpa do certo da imbecil de capa, mas quando baixou a poeira do desespero viu o quão insana estava sendo, e tentara remediar o erro, um erro que se provara acerto, afinal, a mulher que jurou amar havia a substituído rapidamente, e o sentimento de traição foi usado como justificativa para afastar Lena, e jogar-se no "certo", e afastar-se de seu sentimento, o espinho em seu coração para sempre a lembrar de nada haver para ela, que não a responsabilidade com o mundo, com o dever, seu dever, "o certo", ao contrário do mentiroso e humano coração da jornalista chorando, implorando por algo "errado".

E mesmo assim a dor do sentir era demais, então optou pelo certo outra vez, sendo ela quem era, jamais poderia dizer não para a capa, e por conta disso se atirara totalmente nela, mas dever e querer são diferentes, e esqueceu-se disso, o lado claro e escuro, um sem o outro se destroem, tal qual a lua em que estava, a lua partida que era agora, que sempre foi, desde o início desse pesadelo.

Toda essa bagunça, todas as desculpas e para que? Para tentar esquecer o que sentia, o sentir que mais doía, o sentir não para, mesmo que nem se possa ver, mesmo que nem se possa tocar, ou provar a existência, e ainda sim se sente.

Esse era o sentir que tantas vezes nos esquecemos, e que por fim sentia, era isso e nada mais, sem nome, as vezes é difícil dizer o que é, tanto que é mais fácil dizer o que não é, e com toda a certeza salvar o mundo não era bem uma gana sua, nem ser a heroína, apenas não queria mais estar sozinha.

Apenas queria sentir que pertencia a algum lugar, perdera sua casa uma vez, e mesmo quem nunca teve seu planeta explodido, também deseja sentir-se pertencente, bem-vindo, querido e amado.

Mais do que isso, pois esse é um sentimento válido, pois ele se podia explicar com lógica e racionalidade, todos entenderiam ele, mas e os sentimentos que não se pode explicar, os que não se pode mostrar, os que ninguém entende a angústia, tal qual a angustia do que nunca existiu segundo tantos outros que mal se importam, pois não são eles sentindo.

Como explicar um sentimento, como explicá-los, como nominá-los, como validá-los, para não tomar uma cacetada dos outros por não entenderem, e te chamarem de louca por ousar sentir o impossível inexistente? Pois assim era, mesmo que não pudesse provar ante os outros, aquele sentimento se fazia, e era muito real, para ela...

E a paz com esses sentimentos, é a paz, a paz que queria e desejava mais do que tudo.

Seu maior erro egoísta, a paz consigo mesma.

- Senti sua falta, Kara. – Veio do cadáver branco, e o abraço de um único braço.

Kara correspondeu o abraço da única que a abraçava mesmo que com apenas um braço, e por mais ilógica que fosse aquela situação...

Ah foda-se.

Desabou chorando feito bebê no abraço mais errado do mundo, sentindo tudo aquilo chamado de mal. Queria paz, só isso; poder olhar no espelho sem se desesperar, sem ter de passar 24 horas por dia de guarda alta, ser feliz, era crime isso? Para muitos ideais sim, então para a merda esses ideais, nenhum deles jamais a abraçou ou a acolheram, apenas foram cobrados nela, e fracamente, humanos não são ideais, e ideais não são humanos, a conta não vai fechar.

Paz consigo mesma.

Era só isso, e custava tudo isso? As vezes sim, as vezes parece que uma simples decisão leva ao apocalipse, e nesse balaio os sentimentos vão, mas sentimentos são, E NÃO COMO A BELA A FERA! Apenas são.

Kara sentiu dedos afagarem seus cabelos cheios de sangue, carinho que por mais estranho que fosse, e exausta como estava, permitiu. Podia sentir o calor da outra, as costelas se endireitando, o coração batendo terno e forte, porém uma estranha paz a tomara, seria por nada mais haver para perder, ou por não haver mais motivos para lutar?

O coração de Pesadelo batia calmo, e Kara podia sentir o seu próprio bater quase igual. A loira manteve os olhos fechados ainda assimilando o que sentia mesmo sem saber o nome. Só sabia que era melhor, que o medo, a dor, o desespero e o "e se".

Mas e se...

- O mundo ou Lena, é uma conta estupida, lógico que o mundo sempre vai pesar mais que uma pessoa, mas como disse minha professora de jornalismo, começa por: o que é o mundo, depois conversamos sobre salvá-lo. – Ouviu Kara após o som de uma mandíbula voltando para o lugar.

- Quem é você? – Perguntou a loira, já esperando o desfecho em seu sangue, ou respirando por fim sem o peso da capa do mundo.

- O sonho de todas que ousaram sonhar, e o lembrete dele. – Uma luz brilhou do rombo na barriga da pálida.

A jornalista ergueu o rosto para ver pequenos flocos de estrelas brilhantes regenerarem o buraco no estomago, o rosto e o braço arrancado de Krugger. E tão logo estava Kara sentada sobre o ex-cadáver, pela primeira vez encarando os olhos de estrelas prateadas em pé de igualdade, sem temer a verdade desnudada dentro dela, sem se julgar pelo que diziam, ou da imagem feita a ela, sendo apenas ela mesma.

- Podia mesmo ser um sonho, mas é o Pesadelo. – Disse Kara no colo do próprio. Era isso rir por não haver como derrubar essa criatura, ou chorar por não existir um motivo lógico mais para lutar.

- E o que é um pesadelo que não um sonho ruim? Ainda sim um sonho, só um sonho. – Sorriu Krugger se apoiado com as mãos atrás das costas. – Sonhos são lembretes da esperança, e os pesadelos a morte dessa esperança.

- Que esperança pode haver num sonho perdido, quando é tarde demais? – Disse a loira se pondo em pé, pintada de vermelho dos pés a cabeça, somente o caminho das lágrimas revelavam duas riscas de pele em suas bochechas.

- Nunca é tarde enquanto respirar. – Flutuou Krugger ao lado dela, e pela primeira vez sem ficar de ponta cabeça.

- Que belo sonho, mas acabou, e isso não é um sonho, é um pesadelo, e eu queria acordar dele. – Disse mirando os fragmentos da Terra se aproximando.

- Pra acordar você tem de dormir. – Lembrou a pálida da condicional. – Os mais brilhantes sonhos e terríveis pesadelos, são aqueles que se passam com nossos olhos bem abertos. Num segundo de devaneio para um lado, ou para o outro, um segundo para se fazer, um segundo também para não fazer. – Sorriu Krugger gentil, num olhar que derreteria até o mais gélido coração.

Kara caminhou até o corpo de Lena, pensando onde levá-la para um sepultamento, que lugar serviria para guardar a lembrança de seu mundo perdido?

- E agora? – Tomou a ensanguentada Luthor nos braços, fechando seus olhos com os dedos.

- Por que pergunta como se fosse o fim? – Retrucou Krugger.

- E não é? – Amargou-se Kara. Não havia mais nada, o mundo explodido, ou o seu morto em seus braços.

- Bom, se você pergunta eu também posso perguntar, né. Como é que é sonhar? – Sorriu a pálida. – É que eu nunca durmo, não em serviço.

Kara foi pega de surpresa pela completa expressão inocente da outra, pensou um pouco, ajeitou os cabelos de Lena, e lembrou-se das manhãs com ela, das vezes que largavam uma música alta e dançavam juntas casa, do sorriso, da paz, esse era um bom sonho, um que viveu.

- É uma coisa boa, algo que faz você olhar lá na frente, e te motiva a ir até lá, e lá você vive, viver é bom.

- Eu também acho, viver é bom, sobreviver que é um inferno, e acho que várias vezes esquecemos disso. Um não é o outro, se não, não seriam duas palavras diferentes no dicionário. – Acenou a prateada com a cabeça.

- Viver é muito bom. – Soluçou a jornalista, apertando o corpo de Lena contra si. – Lena, me perdoa. Meu medo de errar destruiu tudo.

- Errar é humano. – Lembrou a pálida.

- Não sou humana. – Disse a jumenta de capa.

- Não é? – Disse a pálida num sorriso debochado. – Tem bico de pato, pena de pato, anda que nem pato, geralmente é pato. Eu erro, tu erras, nós erramos, somos humanas.

- Somos? Você é humana? – Essa criatura não para de surpreender.

- Nasci uma, com nome e sobrenome.

- Qual o seu nome?

- Muito comprido, mas, Erika. E Sonho, e Pesadelo quando se esquecem dele.

Fragmentos menores da Terra chuviscavam na lua, mas pedaços maiores se aproximavam, e logo não haveria mais lua, elas tinham de sair dali o quanto antes. Kara apertou Lena nos braços pronta para o voo, quando Sonho se pôs frente a ela, com um senho que indicava o pior, não, uma briga agora não.

- O que agora? – Disse a loira, logo antes de sentir a palma da mão de Krugger em sua testa.

- Agora que as coisas já foram acertadas por aqui, você tem de acertar as coisas do outro lado. – Kara mirou os olhos prateados. – Boa noite, Supergirl. – Terminou Sonho.

Um cansaço inexplicável tombou Kara, e um amável sono a levou daquele mundo ao fechar os olhos, caindo com Lena em seus braços, ambas pintadas em vermelho pesadelo. A lua fora atingida dos fragmentos do mundo destruído, terminando com o restante do lado claro que insistia em flutuar ali sem o equilíbrio do lado escuro, e agora nada mais estava ali.

A escuridão tomou Kara, e nela os braço e pernas doeram, a pele ardeu como quem acorda com muito cobertor numa noite que esquentou do frio da meia noite, quando sentiu o quadril doer dolorido do tapete duro na porta.

Tapete?

Apertou os olhos, sentiu as dobras da manga da camisa forçar a testa, e ouviu o som de Dancing Queen atrás da porta em suas costas.

Porta?

Ergueu o rosto e claridade alaranjada ardeu seus olhos azuis, estava no corredor frente ao apartamento, seu apartamento, do sonho. Ouviu passos do lado de dentro, e num pulo abriu a mesma porta para encontrar Lena, ainda de meias, calcinha e pijama.

- Lena!!! – Abraçou-a desesperada, a levando para o meio da sala. – Você é o meu mundo, você é o mundo que vale a pena salvar, é você, me desculpa, me perdoa, por favor! – Suplicava, enquanto a morena tentava se achar naqueles braços.

- Perdoar o que, amor? Tá tudo bem, só dança comigo. – Pediu a Luthor.

O que a loira com gosto fez, de um lado a outro elas iam despreocupadas.

"You are the dancing queen

Young and sweet, only seventeen

Dancing queen

Feel the beat from the tambourine, oh, yeah"

- Eu te amo, Lena. E é só isso. – Kara quase chorava ao término da música.

- E eu também te amo, Kara. – Respondia Lena, meio perdida no meio de tantas declarações, mas que delas não reclamava.

"You can dance, you can jive

Having the time of your life

Ooh, see that girl, watch that scene

Digging the dancing queen

Digging the dancing queen"

Elas se encararam um segundo antes de se beijarem, se era sonho, então era o melhor de todos naqueles lábios.

Isso era paz, dançar Dancing Queen despreocupada na sala de casa.

- O que foi, amor? – Disse Kara quando Lena deu uma leve fraquejada quase caindo, foi quando uma estranha pinçada repuxou sua perna, e ambas foram ao chão ajoelhadas frente a frente.

- Não tô me sentindo bem. – Lena respirava rápido, e o coração de Kara disparava. A luz alaranjada mudava, tornando pálida, as paredes e janelas esfumaçavam, bem como o chão estilhaçando. – Acho, que, meu amor. Acho que eu tô acabando, não to bem. – As extremidades de Lena também esfarelavam em poeira de estrelas.

- Não, não, meu amor, Lena, fica comigo. – Desesperou-se Kara a abraçando, enquanto também sentia seu corpo indo vendo as pontas dos dedos ficarem transparentes, agarrou-se em Lena o mais forte que pode. – Meu amor, eu te amo. Eu te amo! – Chorava, enquanto seus corpos e aquela realidade de esvaia como os últimos grãos de areia numa ampulheta.

- Eu também te amo. – Lena a apertava, mas seus braços se esfarelavam no sonho. – Promete pra mim, promete que não importa aonde você for, promete pra mim que você vai me achar, e fazer a gente se apaixonar de novo.

- Eu prometo. Eu vou te achar, eu vou te achar, não importa onde, eu sempre vou te achar. – Chorou Kara já sem mais sentir as pernas ou braços, e tudo se foi com o vento, como as últimas fagulhas da brasa desaparecendo, sem nada mais restar delas, um limbo vazio pálido e infinito.

Uma roda de fogo pálido passou por tudo, girando e se abrindo até findar em dois olhos azuis encarando o espelho; estática estava Kara ante ao próprio reflexo tão aterrorizado quanto ela, a ponta dos dedos enterrada no falso mármore da pia coletiva, e as pupilas tão dilatadas quanto um disco de vinil. Gotas de água escorriam por todo o rosto, do topo da testa ao colarinho aberto da camisa azul bebê. Parada frente ao espelho do banheiro.

Banheiro?

Que banheiro?

Onde estava?

O som da torneira aberta fora a única resposta, e atônita como estava, Kara nem percebeu a pia transbordar e a água molhar suas calças, ela saltou para trás no segundo que sentiu algo gelado morder sua calcinha, e sem querer arrebentar a torneira na tentativa de fechá-la, e uma torre de água pulou no teto.

- KIERAH! – Berrou Cat de algum lugar, e Kara deu um pulo para trás assustada, porém sem medir a força e derrubou, uma, duas, três paredes na CATCO, terminando com todos a olhando antes de sumir com a super velocidade e se esconder na sala dos arquivos.

Silencio, frio pegando fogo, calmo alvoroçado, o corpo queimando de um inferno e a camisa enxarcada de medo congelante.

Espera aí, Cat? Sua chefe? CATCO?

O que?

Tudo isso, espere aí, e o pesadelo, o sonho, Lena?

Fechou os olhos e escutou o batimento de todas as pessoas naquele andar, naquele prédio, naquela cidade, na Terra...inteira sem explodir.

Vivos, e bem mais que algumas dezenas de sobreviventes, muito mais, o mundo estava cheio novamente, os batimentos de todos, e ela não podia crer. O ar faltou, e Kara mal podia respirar, precisava ver isso, então correu para as escadas e subiu ao terraço no heliponto.

O sol brilhava no limpo céu de uma gostosa manhã, os pombos grasnavam no beiral, as pessoas atravessavam a rua, os carros paravam no sinal, National City estava lá e viva, cheia de vida. A loira tinha de lembrar como respirar, ou como se manter em pé, quase foi ao chão quando fechou os olhos e ouviu o coração de Alex, e o seu próprio deu um pulo e quase parou ao escutar o coração de Lena.

Kara saltou do heliponto arrebentando os botões e livrando-se da camisa, o mesmo com as calças e sapatos, soltando o cabelo, tirando os óculos e deixando a capa dançar ao vento, acelerando o voo em direção à L-Corp. Com o "S" no peito pousou na varanda do escritório de Lena, a morena caminhava para trás de costas para ela, apontando algo na parede.

Mal podia acreditar no que via, era outro sonho?

Então por favor, não acorde.

- Lena. – Chamou com a voz embargada ao entrar arrebentando a porta de vidro trancada. Sem pesar duas vezes tomou a Luthor nos braços e a beijou desesperada.

Que saudade, céus, que saudade, chorava sua mente, enquanto seus olhos derramavam as primeiras lágrimas.

Lena.

Lena.

Lena.

Flutuado aos beijos, levou-a por sobre o plástico na mesa da CEO deitando-se sobre ela, seus lábios se encaixavam, suas línguas dançavam, e o sabor do batom da morena no beijo era o melhor sabor do mundo.

Era a mulher que amava.

- Lena; - Suspirou mirando aqueles olhos coloridos tão lindos, lindos e assustados. – O que foi Lena?

- Supergirl; é que... – Gaguejou Lena com a Super entre as pernas.

- Lena o que foi? Eu te machuquei? – Será que sem perceber usou muita força, céus! – Lena o que foi? – Afastou-se passando os olhos na Luthor em busca de ferimentos, nada, então por que o estranhamento. – Lena sou eu.

- Eu sei que é você, todo mundo conhece a Supergirl de National City. – Respondeu Lena recuperando o folego.

- Senhorita Luthor, seus móveis estão subindo, e o carregamento de sorvete chegou, mando eles subirem também? Mas, Supergirl?! – Disse a assistente de Lena, que foi enxotada por um sopro gelado da loira, congelando a porta fechada no processo, ninguém as atrapalharia agora.

A não ser o atônito olhar da morena para com ela.

- Lena, o que foi? Qual o problema? Tem alguma coisa na minha roupa? – Foi quando Kara olhou para si, e percebeu o traje que usava, capa, botas, colam azul marinho com o emblema da casa de El, uma minissaia na mesma cor da capa.

Daí vinha o porquê do plástico em tudo, e as latas de tinta perto da parede, o escritório ainda sendo montado, da cara confusa, do assombramento.

- Você sabe quem eu sou? Você me conhece? – Tremeu Kara com os olhos arregalados e coração mais ainda.

- Quem não conhece a Supergirl? – A morena desceu da mesa, ajeitando o vestido desalinhado morrendo de vergonha sem conseguir encará-la.

A visão ficou turva, o equilibro não tinha onde se apoiar, e seu coração parou.

- Lena, digo, Senhorita Luthor; – Tremulou a loira, sem saber o que fazer.

- Senhorita Luthor! – Gritaram os seguranças da L-Corp tentando arrombar a porta congelada.

- Me, me... – Não conseguia falar, não podia, o que era quilo tudo? – ...me perdoe, senhorita Luthor. – Disse com a voz se acabando, virou-se para a varanda antes que as lágrimas se mostrassem, e não mais pudesse pensar, alçou voo e para o mais longe possível voou.

Havia acordado ou não, do mundo dos sonhos ou pesadelos?

Se sim, então era muito tempo antes, onde:

Elas não tinham se conhecido ainda.

Então estava acordada ou metida em outro pesadelo?

***

- É uma história em tanto. – Disse Alex deitada no sofá, com Kara agarrada nela. – Eu nem sei o que dizer é uma puta história mesmo, que podia virar livro, ou uma série na Amazon Prime. – Afagou os cabelos da loira, ainda soluçando.

Contara tudo o que podia lembrar, claro que depois de um milhão de abraços e beijos na bochecha, da irmã que perdera uma vez para nunca mais. Kara ainda se encontrava perdida, sem saber ao certo o que fazer com o que vivera, ou sonhara, era informação demais, sentimentos demais para uma pessoa só suportar, e bem, que sentimentos não são?

Eles são o demônio, mas também os anjos. E as vezes precisamos de um ou de outro para dar vasão, para conseguir suportar seu grande fardo no sentir. Alex sempre fora seu anjo, tanto aqui como no sonho, e mesmo sem que nada dissesse, só de escutar tudo depois de duas pizzas já era tanto, o peito da loira ainda se enchia de questões e dúvidas, mas um alívio também corria, um que somente o colo e afago da irmã mais velha era capaz.

- É sério que eu morri no sonho, e nem pra ter uma metralhadora na minha mão quando você me achou? – Resmungou a ruiva, indignada da maneira como teria sido achada sobre a grama, frente a todo terror do resto.

- Foi horrível, eu te segurei gelada. – Kara começaria a molhar a já ensopada camisa da irmã, quando essa se ergueu rapidamente para pegar o celular.

- Yakisoba, ou hamburguer? – Perguntou a ruiva num pulo do sofá teclando o telefone.

- Mas, a gente detonou duas pizzas. – Disse Kara apontando para as duas caixas quadradas sobre a mesa de centro.

- Exatamente, eu tô enjoada de pizza. – Vai ser Yakisoba então.

- Como você enjoou? Nem comemos tanto. – Recordou a loira verificando as caixas vazias.

- Você não comeu tanto, eu comi quase tudo porque você não parava de falar, não sei é como você que você, não tá com fome, e eu tô quase comendo esse sofá. – Alex discou o número do restaurante e foi fazer o pedido.

Kara começou a arrumar a bagunça da pizza e as dez caixas de lenços vazias, amassando tudo junto para caber na lixeira. Alex foi no mercadinho 24 horas ali perto, e a loira ficou alguns minutos sozinha no apartamento. Frente a janela assistiu o sombrio céu entrecortado de nuvens alaranjadas, as estrelas escondidas da claridade da cidade, tendo como única protagonista a lua crescente, meio clara, meio escura, todos são como ela, tendo um pouco de cada, e mesmo quando só um se vê, não se esqueça que de trás desse único há o outro, sem o qual bem não há.

De onde lembrava essas palavras, a loira não sabia, mas as recordava na voz de Pesadelo.

Erika. Riu-se por dentro, lembrava do nome dela, e embora horrível fosse a realidade do mundo, certo calor havia na lembrança de seu contraditório sorriso, será que podia fazer isso, sorrir ao lembrar de algo tão ruim?

Passado ele quem sabe, pois difícil é sorrir no tempo da desgraça, dando aquela vontade de xingar o filha da puta, que disser em seu choro que não para ficar assim, e que você vai rir disso lá na frente; ah que nervo, claro que ninguém quer ficar assim chorando, quem quer sentir dor? E quem quer se sentir um tremendo idiota por chorar, quando te dizem que você vai rir da dor que sente?

Pior, quem quer se sentir assim, por pregar estas mesmas coisas para si, na hora errada?

Pois claro que não queremos nos sentir mal, mas sentimos, e dizer que é para parar e não sentir tal, sendo que para isso passar necessário é passar por isto, é burrice. Tente fazer a gravidade empurrar ao invés de puxar, tal qual ela é, os sentimentos também, sejam eles da natureza que forem. E curiosamente são eles capazes de nos fazer ignorar a gravidade, hora nos fazendo voar, hora nos enterrando.

Sentimentos são, e ai de nós se tentarmos extingui-los.

Mas não tem uma exceção para sentimentos de merda?

Kara suspirou com o peito revolto, tanto em bagunça, quanto aos sentimentos que tinha por uma morena ao sul de onde estava, escutando o coração dela saltando com a música alta no chuveiro. Alex voltou do mercadinho e jogou nela uma sacola com mais dez caixas de lenços, e um saco de batatinhas.

As duas voltaram ao sofá, frente a frente mastigando as batatinhas lisas temperadas com sal. A loira mirava o chão, temendo o que sonhara, temendo que não houvesse jeito, que tudo se repetiria como no sonho, se conhecendo, e sabendo muito bem não ter chance contra o demônio da luz.

Que inferno, sentia-se inútil, a heroína mais forte do mundo, derrotada por um pesadelo, que piada, mas algo nela clamava por outra resolução, não estava lá, não havia acontecido ainda, será que não haveria jeito?

Como?

E se houvesse?

Mas e se não houvesse?

- Essa cara. – Alex cutucou a bochecha da loira, justo com os dedos engordurados. – Tá pensando merda.

- E se for real? E se tudo acontecer? Eu não vou conce... – Kara teve a boca soterrada de batatinhas.

- Come! – Alex abria outro saco de batatas, e mais atochou na boca da irmã. – Tenta falar, eu trouxe toda gondola de batatas do mercado. Até aquele de queijo horrendo. – Alex se deu por satisfeita quando viu que Kara se dera por vencida, transformada num esquilo bochechudo. – Olha irmãzinha. – Começou ela, com a mão armada de mais batatas. – E se; não faz diferença, você já tá sofrendo como se o Pesadelo tivesse acontecendo, como se ele estivesse aqui na nossa frente. – A campainha tocou, era o yakisoba. – Atende a porta, eu pego os pratos.

Kara engoliu o um quilo de batata nas bochechas, e abriu a porta, para uma entregadora de boné e botas vermelhas, loira de óculos, olhos azul marinho, e cara de banana idiota detestável, Anri?

- Boa noite, é aqui que pediram dois número 3, e dois número 5 com molho extra e três 7 como porção extra? – Disse a entregadora talarica de outros pesadelos.

- Boa noite, obrigada a entrega, e tchau! – A jornalista agarrou o pedido e fechou a porta na cara da pobre comandante do Mandíbula.

Deus me livre que assombração!

- Ei tem de pagar! – Berrou Anri batendo na porta.

- Alex você não pagou? – Disse Kara escorando a porta com as costas.

- Eu paguei as duas pizzas! – apontou a ruiva.

Oh inferno, teria de abrir a porta, pior, teria de prestar contas, e dar uma generosa gorjeta como pedido de desculpas pela grosseria.

Por que tinha de estar tão bom aquele shimeji? Porque seria obrigada a ter a visita de Anri outra vez, tendo e vista o quão bom estava a comida.

Droga.

O sol quase saia para a cidade e as irmãs Danvers pareciam dois filhotes de cachorro dormindo empilhadas no sofá, a ruiva com um biscoito da sorte no canto da boca, a loira abraçando o isopor que viera o shimeji.

- MERDA! – Berrou Alex escorregando para fora do sofá, levando Kara junto. – Vou atrasar! – Dizia procurando os sapatos esquecidos perto da porta. – Desculpa maninha, te ligo quando chegar no trabalho.

Alex se enrolava toda para se arrumar, enquanto Kara assistia a lua ainda no céu clareando, sumindo, mas ainda lá, mesmo que fraca diante do sol.

- Alex. – Chamou a ruiva na porta, já com metade do corpo para fora do apartamento. – Se for real, e se for aqui um sonho, se acontecer mesmo?

- E faz diferença? – Alex fechou a porta e caminhou até a irmã. – Já tá acontecendo, você tá vivendo ele, como se ele estivesse aqui. – Alex tomou seu rosto entre as mãos a encarando. – Ele é real pra você, tá vivendo ele, sendo ele real, ou não tendo acontecido, ou se ele for acontecer. Não tô colocando a culpa nem a responsabilidade em você, nunca irmãzinha, nunca, não carregue mais essa pedra, mas te dizendo que você tem o poder sobre ele, não deixa ele tomar seu agora num "e se". "E se" deixa ele vir, "e se", é só amanhã, e estamos no hoje, "e se" é depois do agora, e no agora eu tenho de ir pro trabalho, e você também, e, sobre a Lena Luthor...

- Não começa com essa do sobrenome dela, por favor. – Pediu a loira, mais que cansada de ouvir sobre os antecedentes do nome Luthor, o nome da mulher que amava, sem se quer a conhecer no agora.

- Tá bem, tá bem. – Alex correu para a porta, mas antes fez uma última pergunta antes de ir. – Qual era mesmo o nome das duas lindas, com quem eu dormia no forte Martelada? – Sorriu sorridentemente sem vergonha.

- Martelo de Guerra, e acho melhor você não procurar elas no banco de dados do DOE. – Vociferou Kara, horrorizada da depravação fraternal.

- Pra que guerra? Que tal Martelo do Amor, onde martelamos uma gostosa... – A frase findou com a loira fechando a porta na cara da irmã.

Mas não podia ela mesma negar, que só pensava nas ditas marteladas que dera com...

A loira sentou-se no chão com as costas na porta, apertando os joelhos.

- Lena. – Chamou escondendo o rosto entre os braços.

***

A lua completa.

Sim, não mais despedaçado estava o disco prateado, diferente do pesadelo que estivera por mais de seis anos, mas o que podia dizer do que vivia agora? Ninguém haveria de lembrar do que jamais vivera, tão pouco do que jamais sonhara; mas ela lembrava, lembrava muito bem do que sonhara, e somente ela lembrava, pois somente ela havia sentido.

Isso também era um pesadelo?

Talvez fosse, pois a mulher que amava nem sabia que ela existia, e tudo só piorou quando recebera do primo o chamado para irem juntos entrevistar Lena Luthor, que acabava de assumir a L-CORP em National City.

Sim, pesadelo ou loucura, tudo não havia passado de um imenso devaneio que somente ela experimentara, e nisso era a única a sofrer com tudo, sozinha, guardiã do pesadelo.

A manhã daquele infernal dia chegou, e ela fora com Kal para a sala da CEO. Passo a passo, escutara os saltos dela vindo desde a calçada, a respiração no corredor, o coração um tanto apreensivo, e o apaixonado olhar ímpar naquele sorriso tão lindo, radiando ainda mais para ela, enquanto o primo se ocupava de vistoriar as paredes com a visão de raio x. Ela sabia que não havia necessidade de fazê-lo, que Lena era a Luthor que o nome Luthor não merecia.

- E quem é você mesmo? – Perguntou Lena, mas Kara nem se dava conta, distraída com o amor de sua vida, até levar uma cotovelada do primo.

- Anh, Kara Danver; – Céus aquele olhar, a loira de óculos não sabia respirar, sem forças nos joelhos só de ter aquele olhar colorido no seu.

- Ela não é jornalista; - Respondeu Clark em seu lugar, num amarelo sorriso de constrangimento.

- Você poderia ter me enganado, eu acreditaria em tudo que me dissesse. – Respondeu a morena num saboroso sorriso, e um olhar quente feito o sol.

Os dois terminaram a esfarrapada entrevista, e se foram. Clark chegou a ralhar com ela no elevador pela total distração da loira frente a uma Luthor, mas até ai, tudo o que Kara escutava, eram os acelerados batimentos de Lena se acalmando de algo, talvez uma foto da Supergirl.

Será que ela ficava assim só com uma foto sua de uniforme?

Ai céus.

Ai que porra!

Merda, ela não sabia sua identidade secreta, merda, merda!!!

***

Uma semana depois...

Que deplorável situação cômica, uma super-heroína escondida nas cobertas, cercada de embalagens de chocolate, biscoitos e sorvetes, e toda e qualquer outra guloseima de término de relacionamento pastelão imaginável.

Essa era a poderosa Super, encolhida em sua cama abaixo do cobertor. Um Cheetos meia lua enroscado no cabelo, um último pote de yogurte sendo devorado por talvez a única colher ainda usável naquele apartamento, uma cena de desastre absoluto da vivência humana. Uma semana desde a entrevista que esmiuçou seu coração, e se foi com os parafusos de sua cabeça, uma semana desde a conversa com Alex, e um pouco mais desde a saída do pesadelo.

E será que havia saído de um para em um outro pior entrar?

Parecia que sim, vou te contar.

Um mundo havia se acabado em cinzas, e no atual em lagrimas. Eis aí uma verdade que poucos se atentam, afinal de que adianta uma alternativa se tão ruim ou pior pode ser que a atual escolhida? Talvez a menos pior seja uma alternativa, e qual desses ilustres infernos seria esse maravilhoso desgraçado, pois para Kara encolhida em seu miserável fracasso em se livrar do atroz julgamento, julgava: Esse mundo era um inferno, pior que o outro. Pronto, deu a letra completa em seu coração. Os dias eram uma tortura excruciante sem Lena, sem que ela lembrasse de um passado que tão somente ela sonhara. Que inferno, que bosta, que C*.

Que porcaria egoísta dizia para si?

Sabia que o pensamento era sim egoísta, e sabia também que não adiantava tampar o sol com a peneira, não adiantava barrar o coração, quando esse infeliz limite não conhece, muito menos se importa com o que se pensa ou a dita verdade ou certo.

Kara pela primeira vez nessa história toda era sincera, honesta consigo, sem se destruir automaticamente ao pisar na linha, ou fora dela, livre em seus pensamentos tão sufocados em seu coração açoitado pelo "bem".

Foi quando um farfalhar de plástico chamou sua atenção ao canto perto da porta, um pequeno movimentar abaixo do saco vazio de biscoito de polvilho abandonado ao lado de duas garrafinhas de Yakult, uma barat...

Kara deu um pulo de bater no teto, um disparo de calor azul pulou de seus olhos, e o asqueroso cavalo marrom de antenas se ia no buraco incandescente no chão.

Puta merda de novo furara o apartamento, a síndica ia matá-la, pensou, logo antes de uma pilha de lixo cair sobre ela. É, a síndica poderia matá-la, isso se o maremoto de lixo não a matasse primeiro.

Chega, precisava limpar tudo isso, antes que mais cavalos marrons de antena surgissem. Amarrou o cabelo num coque e em poucos segundos tirara a montanha de lixo do quarto, porém faltava o resto do apartamento, que muquifo, que abandono. Bom havia uma vantagem naquilo, pois a síndica só poderia matá-la caso a encontrasse no meio daquele lixão.

Nem demorou muito, em poucos minutos estava tudo arrumado e limpo, menos seu coração claro, bagunçado de erro e manchado de certo. Sabia que não podia, sabia que Lena não lembrava dela, nem sabia muito de sua existência, mas mesmo assim, seu coração chorava por ela, apaixonada ainda que sozinha.

Amar é solitário, e estava amando, amando uma mulher que nem sonhava com ela, ao contrário da última noite, em que sonhara com a morena.

Foi quando tocou a campainha, Kara abriu a porta e para seu completo horror, era a Luthor.

- Lena? Senhorita Luthor. – Engasgou-se da surpresa, que recordava ser sobre um assunto chato.

- Oi, será que eu posso entrar? – Lena sem jeito, até tímida, droga que fofa.

- Claro, por favor. – Tremulou Kara tentando não babar, fechou a porta enquanto a morena deixava o casaco sobre o sofá. Céus, essa conversa sobre nada, mas, foram assim as coisas, a manhã que a entrevistou, agora essa conversa sobre o...

- Kara, eu tenho uma coisa que eu tenho que contar, e você é a única pra quem posso contar isso. – A Luthor gesticulava aflita, pisando nervosamente sobre o tapete de um lado para o outro. – É sobre a Supergirl.

VISH!

- O que tem ela? – A cara nem tremia, por dentro estava saltando, era sobre ela, e não a tralha do James. Faltava ar para Lena, ela tentava por as palavras para fora, mas faltava ar.

- Ela me beijou. – Esbaforiu a morena corando.

Um obsceno silencio se fez, e Kara não sabia o que dizer, será que Lena não teria gostado? Claro, entra uma desconhecida na sua sala e enfia a língua na sua boca, como ela iria gostar?! Céus, era difícil, difícil demais sentindo o que sentia sozinha, amando sem poder dizer. Bom se as coisas fossem como foram, bastava que se passasse o tempo, e elas uma hora ou outra iriam...

- Kara? – Lena a chamou do devaneio. – O que você acha?

ACHAR MULHER?!

ACHAVA DO QUE?!

OH PERGUNTA PARA VIR AGORA!

Achar, eu acho que você tinha de beijar ela de volta.

Cérebro filho da mãe!

A boca secou, e bem que podia molhar ela na língua da outra.

CHEGAAAH!!! TÁ DOIDA ÉH DANVERS?!

A loira ajeitou os óculos, e foi para a geladeira antes que repetisse o gesto da heroína em Lena.

- Aceita beber alguma coisa? – Foi quando viu a geladeira lisa, passara a última semana comendo tudo. – Aceita um copo de água? – Disse sem grassa, sem conseguir encarar a morena.

- Acho que, o que eu quero beber não tem nessa geladeira. – Lena riu baixinho.

- Chá então. – Kara pulou para o lado abrindo o armário, e ali viu ao lado da caixa de chá Mate, um pacote de café solúvel, imediatamente lembrou de Pesadelo, e por menos de um segundo seu coração se foi como num ralo, para aquele desespero terrível. Foi quando sentiu uma mão em seu ombro, o que a fez saltar para o armário dos copos, sem coragem de olhar, sem coragem de olhar o pesadelo para ela. – Café instantâneo então?

Por favor.

Por favor.

- Kara. – A voz de Lena. – Olha pra mim. – Chamou aquela rouca e irresistível voz.

Por favor, seja o Pesadelo, poque esse sonho está doendo. Kara virou-se lentamente, apertando a bancada atrás de si, relutante em encarar os olhos de seu sonho.

- Senhorita Luthor, perdão, mas não é um bom momento. – Os olhos molharam, ela estava logo ali. – Por favor, senhorita Luthor. Por favor, vá embora. – Mais uma vez deu as costas escondendo as lágrimas, tentando controlar o corpo, que era tudo o que podia, pois o coração e mente já haviam partido para a terra do nunca.

- Isso é jeito de falar com a sua comandante? – Era o frio tom da própria, e Kara petrificou naquele instante, não era possível.

Hesitante se virou para a outra.

- Comandante Luthor? – A mulher de aço tremeu na base.

- Supergirl. – Cumprimentou batendo continência.

O coração falhou, e a cada falhar, um passo, a cada errado suspiro, se atiraram uma nos braços da outra no meio da cozinha.

- Lena. – Chamou-a escondendo o rosto nos ombros da morena, se encaixando mais nela.

- Kara. – Sorriu Lena com o rosto no peito da mais alta.

- Você, você sabe, você lembra? – Soluçava Kara em meio as lágrimas.

- Á três meses sonhei com você, e a Supercorp. – Chorava Lena.

- Pera ai a três meses? – Segurou-a pelos ombros. – Então no escritório, você sabia? Por que não falou nada?

- Além do susto, eu não sabia o que fazer, não podia ser real.

Real, mas e se não for real?

E se for também?

Não importa, o que importa é o agora.

- Foi real, é real pra mim agora, e sempre vai ser. – Respondeu Kara encurtando a distância entre seus lábios, que Lena findou num beijo, um beijo correspondido, e cheio de saudade.

Aos beijos foram-se elas para o sofá. Gentilmente Kara deitou Lena, que puxava seu pijama, enquanto era vitima dos beijos da loira em seu pescoço.

- Espera. – Pediu a Lena. – Me leva pra nossa cama, a loira sorriu e a carregou como uma noiva até o quarto, deitando-a na cama que lhes pertencia.

Beijo atrás de beijo, deitada sobre ela, puxando a saia do vestido de Lena, até a mão encontrar sua calcinha, e massagear sobre o tecido, arrancando-lhe os gemidos mais deliciosos do mundo, até Lena virar o jogo, e montar sobre ela.

- Espera mais um pouco. – Lena saiu do quarto e voltou com o casaco em mãos, tirando do bolso um anel que ao ser usado pela Luthor luziu a pequena pedrinha verde, fazendo a loira sentir o peso da morena sobre si, quando se sentou em seu colo na beira da cama.

Lena por cima abraçando seu pescoço, as testas coladas, sentindo apenas a respiração uma da outra, até por fim se beijarem.

Céus, não dava daquele jeito, que saudade, que gostoso, Lena.

As mãos da loira agarraram a saia do vestido da Luthor, o puxando para cima até que a tivessem de parar o beijo para tirá-lo completamente, Lena riu ao erguer os braços e por fim estar livre somente com a roupa de baixo. Uma lingerie azul marinho de renda, com um cafona "S" entre os seios.

- Tá de brincadeira. – A loira engasgou com a risada. – Já estão fazendo isso?

- Não, eu tive que mandar fazer, não se preocupa, mandei fazerem um com "L" pra você, e você vai usar. – Rosnou Lena.

- Eu vou amar usar pra você tirar. – Provocou.

- Boiola. – Disse Lena.

- Deixa eu ser boiola por você. – Kara puxou o rosto da morena, ficando nariz a nariz.

- Só se eu puder ser pra você. – Aproximou-se Lena, rosando os lábios.

- Feito. – Beijou-a, embaçando os óculos.

- Ei, você também. – Riu Lena tirando os óculos da jornalista, inclinando-se para trás na cama apoiada nas mãos, suspirando a cada botão aberto pela Luthor, a cada segundo mais sendo desnudada diante dela. A camisa do pijama se abriu completamente, sendo deslisada de seus ombros por ação das mãos da outra, que serrou os olhos ao ver nenhuma roupa de baixo.

O olhar ímpar da morena ganhou certo pesar ao acariciar o abdômen da loira, num pesadelo, havia uma monstruosa cicatriz, porém agora somente a definição da mulher de aço. O mesmo se fez nos olhos da loira, dedilhando o peito da outra, pois nesse mesmo pesadelo, grandes asas negras haviam sido cravadas nela, mas não mais, e nunca mais haveria. Beijou entre os seios da morena que gemeu ao contato, outro beijo, e mais outro, subindo uma trilha pelo pescoço, até encontrar os lábios dela, e em mais um beijo cheio de carinho se perderem.

As mãos de Kara se perdiam nas costas da Luthor, descendo e apertando bem a bunda, e arrancando outro gemido. Podia usar sua força, que agora não feria a morena usando o anel de kryptonita. Os arfares das duas mulheres preenchiam o quarto, iluminado somente da luz da sala e o luar da janela.

O beijo que evoluía em cada estalar e arfar, com ambas sedentas.

Por cima, Lena comandava a dança fazendo-a deitar-se, apalpando os seios da loira até beijá-los e mamá-los, sugando como um filhote. Deixando Kara arfando e gemendo, ao sentir a macia e quente língua nos entumecidos mamilos, e logo no outro também, enquanto o abandonado recebia as caricias dos dedos da outra.

Foi quando sentiu a mão de Lena invadir a calça do pijama, também não vestia nada por baixo e já estava sendo massageada.

- Já tá durinha, meu amor. – Riu-se Lena ao ladear os dedos na carne enrijecida dentro da calça. – Sua linda. – Recebeu um delicioso beijo, enquanto a morena a masturbava dentro do pijama.

Deus do céu, ela sabia fazer de um jeito que, droga, pior, ela era a causa de ficar assim, perto dela, ela podia fazer o que bem entendesse, que nada poderia fazer para impedir, Lena a tinha da maneira mais baixa que um ser humano poderia ter, a tinha apaixonada.

- Lena! – Chamou ao ser invadida de assalto, e para variar a morena se demorou entrando e saindo somente a pontinha, a fazendo gemer enquanto se amavam nos olhares. – Lena. – Sorriu, e recebeu um doce sorriso de volta.

- Quero mais. – Confessava a Luthor no pidão olhar.

- Também quero, com você, mais. – Arfou a loira, esticando a mão para dentro da calcinha de Lena, que quase caiu ao contato. – Você tá tão melada, e quente, quente daquele jeito depois de gozar.

- Desculpa, depois do sonho, aaawww. – Gemeu a morena ao ser tão facilmente invadida. – E do beijo, eu não conseguia parar de pensar em você, aaawww, não tinha certeza se você ia lembrar, então eu tive de fazer umas vezes hoje, aaawww, antes de vir. – Confessou Lena logo antes de esconder o rosto no pescoço de Kara, que foi mais fundo ainda, até sua palma encontrar a rija carne da morena.

- Algumas vezes? – Sorria Kara, tão divertida das travessuras da amante.

- Na cama quando acordei, no banheiro do escritório, e, duas vezes em casa antes de vir.

- Que delícia, vou querer os detalhes, de todas essas vezes. – Ria-se Kara, encantada e sedenta desse lado na Luthor. – Eu também tive de me aliviar algumas vezes.

- Algumas? – Arfou Lena entrando mais fundo, ao passo que estocava o quadril algumas vezes.

- Aaawww, Lena, não vale assim. – Mais vai e vem, da pontinha ao fundo. – Amor. Tá bom, várias vezes. – Se rendia mais, se é que era possível.

- Boa garota, não pode mentir pra sua mulher. No que você pensava? – Penetrou-a fundo, chamando gentil com a pontinha do dedo.

Ah! Pelo amor de Deus, queria o que, um relatório?

- Me diz você primeiro. – Devolveu a pergunta, ao que Lena a virou de bruços na cama, montando em seu quadril, indo e voltando. – Posso ir buscar uma coisa pra você usar, se quiser?

Lena parou o vai e vem, e deitou-se em suas costas, abraçando-a e respirando forte em seu ouvido.

- Tem tanta coisa passando na minha cabeça agora, tanta, mas acho que só quero uma coisa agora. – Lena beijava sua nuca.

- Me conta.

- Sentir seu gosto. – A fala arrepiou a loira dos pés à cabeça.

Kara virou-se para a outra, que a ajudou a tirar as calças. Foi para o meio da cama esperando pela morena sedenta, que não parava de encarar-lhe. Se deixar ir, nunca fora de fato algo que se permitira, afinal como poderia, a vida toda se segurando em todos os aspectos, o que influenciava até no se deixar levar, ainda que com o consentimento da outra, porém, se segurar somente fizera tudo um inferno, e sair desse vicio era algo difícil, mas tudo começa com um primeiro passo, confiando num fim para um novo começo.

Lena parecia entender, visto o carinho no olhar, nos beijos em sua boca, sabendo o quão um sim do coração tão judiado pode ser. Ou mesmo que não soubesse, se abrir para si própria é um desafio, aceitar os próprios sentimentos um pesadelo a espera quando não feito.

Te amo.

Amo.

E é só.

Um último beijo antes da Luthor trilhar molhados beijos em seu pescoço, colo, seios, barriga, quadril. Kara abriu mais as pernas para facilitar o que Lena desejava, o que arrancou um sorriso dela. Amava aquele sorriso, que desapareceu em sua carne, beijando-a lá embaixo.

Beijo é um carinho, e aquilo era uma tortura, pois Lena se demorava em cada beijo nos lábios maiores, até por fim abri-los com os dedos e apreciar a visão da loira, vulnerável exposta. Esticou a língua e começou novamente outra tortura circundando a melada entrada, a precipitação do inevitável por vir, do se deixar levar. Fechou os olhos e deitou a cabeça no travesseiro, tentando relaxar, mas se por um lado relaxava, por outro tencionava ao ser penetrada pela língua da outra.

Kara jogou a cabeça para trás puxando os lençóis, a boca de Lena estava lá, estava, estava, quente, muito quente, gostoso, indo e voltando bombeando a fonte. Os gemidos da loira ditavam o ritmo da intensidade, quanto mais gemia, mais era tomada, mais era penetrada da língua da morena, até sentir os dedos dela lhe massagear a carne inchada sobre sua entrada.

Agora era demais, céus, Lena não estava para brincadeiras, e tão logo o ritmo se manteve constante, não bruto, muito menos veloz, mas na medida para arrancar seu juízo e jogá-la na insanidade. Kara encheu as mãos dos escuros cabelos da outra, a amando tanto, agradecendo aos céus por essa mulher, que a amava como era.

- Lena, eu tô quase. – Suspirou, e o olhar da Luthor se encheu de carinho mantendo a brincadeira, e entrelaçando a mão livre nos dedos da loira. – Lena, Lena, aaawww...

Kara gemia apetando os cabelos da outra, o vai e vem sem parar, tão quente e macio.

Mas e Lena?

Se deixe ir, imbecil.

Foi o olhar de resposta da morena ao mínimo de sinal de preocupação no dela.

Sorriu, e deitou a cabeça, se permitindo sentir, o que sempre fora proibido. E nisso suas costas arquearam, o crescente prazer se empilhando cada vez mais alto, até que.

- Lena, Lena, aaawww. – Arfava mirando os olhos da outra, até que sem poder mais, suas carnes se apertaram, arqueando as costas, tensionando todo seu corpo, como se saída de um banho quente. – Lena? Aaawww.

- Só to arrumando a bagunça que eu fiz. – Sorriu a morena bebendo e lambendo tudo o que provocara. – Linda.

A loira ficou vermelha, e a morena foi subindo até que emparelhassem o rosto e se beijassem carinhosamente. Ficaram agarradinhas, com Lena por cima, e o rosto no peito da loira.

- Te amo, Lena.

- Te amo, Kara.

Kara beijou a testa de Lena, antes de deitá-la ao seu lado, e puxar as alças do sutiã descobrindo os maravilhosos seios da morena, e tão logo pô-los da boca.

- Ai, Karaaawww. – Era a fome do exercício, precisava se alimentar.

Isso, geme mais para mim por favor, pediu o coração da loira, mas não demoraria muito mais, pois a Luthor precisava logo de seus cuidados, constatou ao apalpar a molhada calcinha. Tratou de tirá-la e deitou-se de ladinho entre as coxas da outra, abocanhando logo o centro tão melado, sugando e bebendo da tão excitada mulher.

Céus, ela fervia.

Tratou de dar a ela o maior prazer possível, penetrando-a com os dedos, e mamando a pequena ereção. Estava muito excitada, quente, e deliciosa, prontinha para desabar de prazer.

Vai e volta, vai e volta, só mais dentro, mais fundo. Lena se esforçava em manter o corpo estático, mas acabava estocando um tantinho, o que só alegrou ainda mais Kara, que manteve o ritmo, sentindo o calor dentro da amada, até que mais e mais seus dedos eram apertados, mais.

Mais.

Mais.

Não ia durar, não do jeito que estava, podia sentir a carne latejar por dentro, a conhecia, sabia como fazer, como empilhar o máximo possível para sua ruína, e o faria, todos os dias, todas as noites, ou quando ela desejasse, seria dela e faria tudo por ela.

Fundo, intenso, quente, dentro e em sua boca.

Vem.

Vem meu amor.

Vem na minha boca.

Só vem.

Lena gemia apertando seus cabelos, enquanto também a apertava por dentro, quase lá, só mais um pouco.

Só mais um pouquinho.

Só mais um cadinho.

E tudo desabou, com Lena espasmando.

Kara sorriu, e assim como fora com ela, também bebeu a bagunça que fizera, não por uma obrigação em retribuir como fora ensinada, mas por estar sedenta daquela mulher. Subiu manhosa deitando-se de ladinho, beijando-a.

Estavam juntas, por fim, mas até quando?

A pergunta cilada veio, mas Kara escolheu ignorá-la num beijo, não que a preocupação passasse como magica, mas ela se afastaria gradualmente a cada beijo, a cada segundo mais que escolhia seguir com a preocupação e o medo ali, mas sem que estes tomassem conta de seu mundo.

- Te amo. – Disse uma.

- Também te amo. – Respondera a outra.

Abraçaram-se, Lena usando o bíceps de Kara como travesseiro, as pernas enroscadas até que o sono as levasse.

A manhã veio e Kara mal podia acreditar que ainda estavam lá. Ela estava lá de quatro, com Lena sobre ela penetrando os dedos bem fundo entre suas coxas, essa mulher era insaciável, mal abrira os olhos e estava Luthor perdida entra as pernas.

Foi quando uma explosão ao longe da cidade as interrompeu, o que as fez rir. Kara vestiu o uniforme num segundo.

- Te vejo mais tarde amor. – Disse Lena nua a abraçando por trás, e encarando seus olhos no espelho.

Kara virou o rosto para receber um beijo de despedida, e foi para a janela de onde saltou para o voo de capa, com a certeza de seu mundo, e seus sentimentos ali, claros, escuros e cinzentos. Voando ao lado de um prédio espelhado, de relance viu seu reflexo, pálido e aterrorizante sorrir para ela. Sempre estaria lá o pesadelo, sempre, como lembrete do sonho, e não o algoz dele.

Sonho que tão somente tornaria pesadelo se dele se esquecesse.

Jamais esqueça seu sonho, jamais tema o pesadelo, que só se faz diante do esquecimento ou da negação do coração, pode até o pior sentimento se apresentar, mas você pode escolher o que dele fazer, é um segundo para se fazer o pior, a regra também vale para não fazê-lo.

A vida foi feita para se viver, e não, sobreviver.

Com todo amor, Within SUPERCORP, fim.

***

Da autora: Hey Supecaps, como fomos?

Me contem, eu to explodindo de felicidade, nem estou acreditando que cheguei, chegamos ao fim, vocês acreditam? 

Eu ainda to sem acreditar, meu Deus. Foram tantos, taaaantos altos e baixos, Within é e provavelmente será por um bom tempo meu queridinho xodó, ah céus!

Que torturinha né, a história delas aki, mas valeu a pena esse sufoco todo para chegar nessa mensagem, que de coração Supercorps, sonhem de novo, para o hell os chatos, mesmo que dissessem que não, ou mesmo que dissessem que nunca aconteceu, como os sonhos, foi bem real, aliás são bem reais os sentimentos que se tem, e não é boa ideia tentar freá-los, é burrice. Então não de ouvidos para um bando de curtos de coração e imaginação que só pensam em lucro gastando pouco(produtores de emissoras, eu to falando de vocês), lembre-se, o que sentiu foi real, torna real, e isso basta. Você não precisa do aval de ninguém para ter o que tem dentro de si, e sentir como sente.

SUPERCORP END GAME E FODA-SE MIL VEZES!!!

Foi isso, a autora aki ficou fula de ver Supercorps tristes por conta de um bando de executivos, e abraçou o ship de corpo e alma pra escrever. Ah Supercorps, ah Supercaps, sabe doeu, de repente o tão gostosinho ship, tornou-se uma dor, pois de repente parecia ilógico gostar de Supercorp, loucura, imoral, os sentimentos sobre foram chamados de invalido pela lógica, mas sentimento não é lógico, o ser humano tão pouco, então para aquele lugar com a lógica.  Fã merce sim service, e sendo ele quem carrega nas costas as séries, mando todo amor, carinho e meu abraço pra eles, pra vocês, alias:

Muito, não pera MUITO, não mais ainda: MUITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO OBRIGADA CHEGAR ATÉ AQUI COMIGO, AMO MUITO TODAS VOCÊS.

Um imenso, gigantesco, NÃO, titãnico abraço de lobo em vocês lindas.

E até a próxima história, e que tal essa: Out of Touch, tem Kara, tem Lena, tem Sadie, tem Saskia, tem Supercorp, tem Saskie, tem pastelão, tem um digito, introduzido no anuviamento do fim do trato digestivo, seguido por sons de altíssimos decibets, emitidos por gargantas humanas, o famoso dedo no C* e gritaria.

Podem ir tranquilas, Out of Touch é um passeio no parque num domingo a tarde, bem diferente de Within.

Esse cap, é meu presente de niver para mim mesma, q é amahã, então será q por ocasião da data vcs não gostariam de me deixar um comentário, aki e em Out of Touch? Vamos, abram um sorriso nessa autora niversariente.

E eu não esqueci lindias, do: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAUUUUUUUUUUUUUUUUHHHHHHHHH!!!

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