Volte a sonhar
Por Supergirl
Lágrimas amargas, esse era o sabor em sua boca. A super fora derrubada do mais alto voo, e a terra abaixo de si eram cinzas pálidas, como o monstro no céu noturno.
- Kara? - Chamou a suave voz de Lena, sua namorada.
Supergirl abriu os olhos, com metade do rosto dormente numa poça de baba sobre a colcha do sofá da sala, em seu apartamento.
Seu apartamento?
Como?
Onde?
Impossível!
- Lena onde estão todos? Estão todos bem? - Saltou Supergirl do sofá, assustada e com um lençol estampado de varias pequenas luas, enroscado no pescoço, e os óculos tortos no nariz, enroscados no cabelo amarelo.
- Foram para casa; e não tem de se preocupar, todo mundo vai ficar melhor depois de um café forte, - Sorriu Lena, prendendo seus longos cabelos negros num rabo de cavalo. - Me ajuda aqui. - Pediu a morena, indo para uma das pontas da mesa de jantar.
E Kara foi para a outra ponta da mesa, mais perdida que zagueiro em final de campeonato. Sem conseguir entender o que como havia voltado para casa, como poderia? Sendo que esse apartamento, pelo que lembrava, tinha sido obliterado após a bomba.
- Kara, Kara? KARA?! - Berrou Lena desespera, pendurada na mesa voadora.
Em tempos normais a super já era distraída, agora então, só faltou uma torta no focinho para acompanhar a cena cômica, da Luthor por um fio de despencar. Sem se dar conta Supergirl erguera a mesa quase na altura do teto.
- Me desculpa. - Choramingou ao devolver a mesa e a morena ao chão, e sem ferimentos graves.
- Tudo bem, só me ajuda a colocar tudo no lugar, - Pediu Lena, e até ai, nada de mais. Organizar e arrumar o apartamento após uma reunião com os amigos, não tem nada de mais, é até algo bem norma, para um dia comum, para uma vida comum na Terra, mas o que estava acontecendo?
A super não conseguia deixar de lembrar tudo o que havia acontecido, tudo o que houve com a Terra, nos ultimo anos.
Anos?
Sim, a anos ocorrera o desastre, a vinda da...
- Terra para Kara; - Chamou Lena novamente. - Tá no mundo da lua? O que aconteceu? Você tá tão distraída desde que acordou. Nunca mais dormimos no sofá.
Lena sorria como uma boba no pais das maravilhas. O sorriso mais lindo, que fora tirado dela, anos atrás. E o peito pesou, como se uma faca o atravessasse, o que é tudo isso?
Algo muito errado, que não deveria existir.
- Lena. Eu, não sei como falar. É que, - Como falar? Aparentemente idiota, mas as vezes parece que desaprendemos até as coisas mais simples, como respirar, podendo ser a maior das tarefas frente ao crush.
- Eu também não sei, - A morena a abraçou, desarmando a postura da Kryptoniana. Tão quente, calmo. A super afundou o rosto naquela paz, como se pudesse mesmo apagar a lembrança, e despir-se de todos os terríveis pensamentos a assombrá-la.
- Lena, onde estamos? - Cochichou com o peito por se partir.
- Em casa. Eu não devia ter deixado você beber aquela batida na festa de ontem, nunca mais bebe, e dorme no sofá, ok bebê? - Até na voz, o carino de Lena se fazia presente.
- Não, é que, tem alguma coisa errada. Eu não sei como, mas eu não tava aqui, a gente não estava aqui ontem. Eu não lembro da festa. - A loira sentia-se uma bomba relógio, prestes a explodir. E a morena mudou de cor, do suave corado, para rubro depois de dez litros de vodca.
- Você não consegue ficar sem falar disso, toda vez que a gente faz amor? - Lena olhou para o chão. - A gente não ficou na festa inteira, nem tem de me lembra que demos uma escapada, e todo mundo notou, por isso eu fui direto beber quando voltamos, e você ficou atrás de mim me imitando, eu não sei se eu ficava com mais vergonha de você fingir muito mal, ou de todo mundo ter comprovado o que fizemos por você mentir mal.
Não tinha sentido.
Como estava lá?
E o apocalipse?
- É como se eu estivesse sonhando acordada. - Supergirl apertava a cabeça entre as mãos. - Tudo, nossos amigos, o planeta inteiro, tudo tinha ido. Ela destruiu tudo, Lena. - Os olhos da loira arderam, e grandes lágrimas rolaram, e o desespero tomou conta, com a nítida visão do mundo encoberto em cinzas, e o sangue de todos em suas mãos.
Lena esgueirou as mãos sob as da kryptoniana, e gentilmente a trouxe para perto. Testa a testa, o coração se partindo, com a lembrança do inferno pálido.
- Hey, eu to aqui com você. Só eu e você, aqui e agora. - Sussurrou Lena, com aqueles olhos coloridos nos seus, um verde e o outro azul, tão seguros e cheios de coragem.
Será que, foi tudo um sonho? Questionava-se Supergirl.
- Quer me contar desse pesadelo? - A morena afagou e enxugou aquelas lágrimas, que a principio amargas, agora eram apenas frias lembranças do pior pesadelo da super.
Em pouco tempo estavam elas outra vez no mesmo sofá, jurado de jamais ser cama outra vez. Tanto que quem assumiu o posto fora Lena, com o rosto da loira sobre o peito, acarinhando seus fios dourados. Enquanto o pior dos sonhos, e o mais terrível pesadelo da Supergirl, era narrado.
- Seis anos atrás, foi como começou. Estávamos no laboratório e os sensores dispararam feito loucos, numa fuga em maça de quase todas as prisões. Todas as equipes existentes se uniram. Mais um dia salvando o mundo, e tudo ia bem; mas ai ela apareceu, o demônio da luz. No inicio era só mais uma vilã no meio do todos, mas quando a equipe dos Titãs foi assassinada, as coisas mudaram. Ninguém a encontrou, e quase ninguém que a encontrava, voltava. Ao longo de dois anos, não restou mais nada, a não ser eu, de alguma forma. Todos se foram, e eu não podia fazer nada. - Amargurou-se a loira, remoendo a própria incompetência.
- Você se cobra muito, até no sonho. - Lena puxou a heroína para cima, de modo que seus rostos se emparelhassem, os olhos azuis da loira, nos coloridos da morena. - Mas foi um sonho ruim, um pesadelo, que você acordou, amor.
- Amor? - A loira travou, se o desespero do pesadelo já fora enorme, agora ele havia dobrado na confusão mental.
- Realmente você se cobra demais. Esquece o mundo um segundo, e fecha os olhos. - Pediu a morena.
E assim que obedeceu o pedido, a respiração da outra se aproximou, e seus lábios esquentaram, bem como seu rosto, e seu coração saltando como nunca. Elas se separaram, apenas para prender o terno olhar de uma, e o de confusão da outra.
Novamente sem se dar conta, estava a flutuar, com uma Luthor voando, mas dessa vez em seus braços.
- Lena? - Ofegou a super, com as mãos perdidas nas costas da outra.
- Kara, - Sorriu Lena, cobrindo o envergonhado sorriso com uma das mãos. Foi então que a super, visualizou o anel no anelar direito da Luthor.
- Esse anel, - Disse confusa, e ao mesmo tempo familiarizada com aquela argola com uma joia esmeralda.
- Você tem o seu, bobona, - Riu-se.
A loira buscou na própria mão, e cegueta é pouco, MÍOPE. Estava ali, igual a morena. Um anel prateado.
- A gente fez a maior bagunça ontem, depois que, voltamos, todo mundo gritou: Até que enfim. - Ria Lena, na tentativa de esconder o quão vermelha estava, e o quão envergonhada em falar nisso. Então seria uma competição, pois a super estava no páreo para GAY PANIC ATTACK do ano.
- Lena, a gente, - Os olhos da super uma vez mais se encheram de lágrimas, mas quentes, e cheias de uma alegria a muito negada, e por fim exaltada.
- Nós, - Nem Lena suportou tal cena, e nas mesmas lágrimas sorriu, junto daquela que sempre estivera ali.
Ao seu lado.
O coração quente, acalentado de amor; e então como uma sombra maligna a espreita, para surrupiar daquela alegria, e com ela desaparecer.
Ar frio invadiu seus pulmões, e nuvens saíram de seus lábios cortados, e a imagem de seu mais doce sonho se esfumaçou por entre os dedos.
Fria a infinita escuridão, a engoliu.
- Lena?! - Chamou, mas nem Lena ou ninguém respondera naquele breu.
Lágrimas amargas eram o sabor em sua boca, despertando-a de seu sonho com Lena.
Supergirl abriu os olhos com metade do rosto numa poça vermelha, em meio às pálidas cinzas da destruição e morte daquele mundo, descrente do que novamente seu inconsciente encenara. Encolhida e desiludida sobre as ruínas da Terra, voltou a fechar os olhos para aquela terrível realidade, os músculos contraindo doloridos à cada soluçar, os olhos bem apertados, negando até o fim o que acabara de acontecer.
Derrubada do mais alto voo por sobre as nuvens, para a terrível e desgracenta terra.
Seu pior pesadelo, tornando-se realidade, ou deixando de ser.
E qual era o pior deles?
***
Da autora:
E qual será o pior dos pesadelos?
Pessoas muito obrigada chegar aki até o final do primeiro cap dessa história, que amo. E para quem quiser saber ou tiver a curiosidade, o trecho de musica na sinopse é essa aki, teminha da fic:
Fly for your life - Gunship
https://youtu.be/Jv1ZN8c4_Gs
Versão legendada, para quem tiver curiosidade da letra.
https://youtu.be/KNQJSSXgUjs
Vejo vcs no próximo cap de Within.
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