Paraíso sombrio - parte 4
Por Supergirl
O dia amanheceu nublado, da cor das cinzas pelo mundo. Uma suave véu de luz penetrou o quarto das irmãs Danvers, recheado da respiração pesada do sono de duas mulheres, agarradas na cama da casula.
Supergirl despertou aos beijos em sua testa, o rosto no peito de Lena, a cara amassada das dobras da camisa preta.
- Você ainda faz isso, - Murmurou em um sorriso quentinho.
- Você que me ensinou, - Respondeu a morena, terminando os beijos em sua testa, se demorando no ultimo. A ensinara esse velho costume, de uma história boba contada para crianças em Krypton.
Os músculos da loira estavam completamente relaxados, de modo que a tempos não os sentia. Apertou-se mais naquele corpo quente, esfregando o rosto no vale entre os seios, e o tecido aquentado era gostoso, gostoso demais; quer dizer, não mais que a boca o qual queria.
Num preguiçoso levantar, subiu até apoiar o queixo nos ombros dela, e desabar sobre, tomada do abraço tão gostoso, tão...
- Lena, - Amava chamá-la. Pudera todo amorzinho, quando seu corpo pediu por mais.
- Logo de manhã, e já quer de novo? - Riu-se a morena.
- Sempre, - Disse a loira, tantas manhãs foram assim, tantas, de perder as contas, sua feiticeira, seu anjo negro. O corpo já se agitava, e sem se deixar levar no balaio de guerra. Sobre os lençóis, era outro campo. O peito da morena se agitou ao receber beijos no pescoço, as pernas já abraçando seu quadril.
Fariam de novo, e de novo, o quanto pudesse tê-la. Não era todo dia que a comandante se ausentava por mais de uma noite. Talvez fosse seu dia de sorte, a teria inteira. Suas mãos se foram para a barra da camisa, começando a subi-la.
- Espera, - Pediu Lena, segurando seus braços.
- Desculpa, eu, esqueci. - Tirou suas mãos do tecido. Ela não estava pronta a se entregar ainda, não completamente. Ajeitou a camisa de modo a cobrir toda a parte de cima, a queria, mas, mais do que ninguém, entendia isso. Por mais que machucasse saber que, a mulher que amava, ainda tinha ressalvas quanto a ela; a quase três anos, quando aconteceu, e mesmo que pudesse não mais pesar aquela noite, tinha várias outras, vários dias, quando o ciúmes tomou a garota de aço, e nesse aço tão rígido, feriu-a.
- Vem, - Pediu a morena, puxando seu rosto da tristeza, e enterrando-a com a língua na sua.
O beijo gostoso, ah era gostoso sim, demais, que não conseguia aguentar, tinha de saborear. Deitada entre suas pernas, sentindo-a. Queria sua pele, queria seu calor, tudo. A contra gosto deixou a boca, para saborear o pescoço, estava esquentando, podia sentir Lena molhar, bem como ela mesma.
Ah que delicia, a teria, de um jeito ou de outro. Meteu a mão entre as coxas da morena.
Quando Lena engasgou, e tossiu um pouco.
- Me empolguei. - Riu, e Lena também entre as engasgadas. - Me desculpa, - Pedia, não só por agora, mas de tantas vezes. Voltou a possuir seus lábios tão delicioso, mas... - Lena, - Não podia ser, devia ser coisa da sua cabeça. - Lena, por que tá com gosto de sangue? - Tomou sua bochecha numa das mãos. Será que tinha mordido a língua sem querer ao tossir, mas não tinha sido tão forte a tosse.
- Não escovamos os dentes, o único gosto aqui é de cabo de guarda-chuva. - Riu, sobrepondo sua mão, e beijando a palma. Como quis acreditar naquela mentira deslavada, que foi por terra ao vermelho entre suas mãos.
Supergirl agarrou-a e viu o leve esparro rubro na palma da Luthor.
- Lena o que esta acontecendo, o que é isso? - Bambeou a voz da loira. E de súbito foi respondida com total indiferença e rispidez.
- Nada. - A voz de Lena desaparecia, como uma gota de café num copo de leite.
Não, por favor não se vá. Pediu o coração da super, mas o da Luthor já se murava de ferro, aço e titânio.
A loira a segurou na cama, travando seus quadris, buscando seus olhos, de todas as formas buscando por ela, mas ela, seu calor, seu olhar macio, já haviam se escondido; e no lugar havia a frieza, a rigidez da comandante. O olhar triste e furioso que passou a existir a quase três anos, quando...
A lua se partiu...
Luthor saiu num tombo da cama, e foi-se para o banheiro da suíte. Supergirl a seguiu pelo corredor, e levou na cara uma porta, mais uma vez trancada. Ainda estava fraca, e mal podia com um trinco velho, mas mesmo em sua total capacidade, jamais poderia abri-la, jamais poderia forçá-la.
- Lena, fala comigo, - Pediu escorregando a testa na madeira, sentindo a Luthor deitar as costas na mesma porta. - Lena, por favor, o que está acontecendo? Você tem de me dizer.
- Nada da sua preocupação Supergirl. Nada de mais, - Fria e durona, a comandante Luthor. - Vista-se, que temos de partir.
Comandante Luthor...Lena...
***
As folhas secas passavam revoltas pela varanda, quando Supergirl trancou a porta da frente. Caminhou até o jato no meio da rua, e encontrou a comandante em pé ao fim da rampa. Naquela trança única ladeando do pescoço, escapulindo algumas marcas da noite.
- Prontos para a partida, comandante Sigmeyer. - Mal a morena terminou de falar, e o chão metálico inclinou, e um berro veio da poltrona do piloto.
- PUTA MERDA ANRI!!! - Gritou o loiro, fulo da vida com outro tranco ao tentar ligar o jato.
- Shhh...não grita Sig, - Pediu Anri com o indicador sobre a boca, um saco de gelo da cabeça, e um copo de café entre os dedos. Que estado horroroso era o da comandante do forte Mandíbula, numa ressaca daquelas.
- VAI A MERDA COM SEU SHHH! MERECE TODA DOR DE CABEÇA DO MUNDO, DEPOIS DE TER NOS DEIXADO NA MÃO ONTEM, SUA DESMIOLADA. EU PASSEI A MADRUGADA INTEIRA TENTANDO CONSERTAR SEU AVIÃOZINHO DE PAPEL, E CÁ ESTAMOS NÓS.
- Siiiiiiiiiiig! - Bradou arrastado. - Não grita, tá bom. O problema ai é simples. Vai no painel lateral, e puxa a gondola da placa mãe. - Apontou para trás da super.
Muito a contra gosto o loiro foi ao painel, chutando o chão, e urrando que o problema era na afiação e alguma coisa da ignição. Abrindo gaveta da enorme placa, quase da sua altura ele olhou para a tela esperando que a Einstein lhe desse a solução.
- No fundo ai...deve ter um dos transistores caído solto...Deus eu nunca mais bebo. - Gritou segurando a cabeça entre as mãos, tirando um riso da morena atrás de Sigmeyer.
- Você sempre diz isso, e bebe de novo; tá de sacanagem que isso tudo, é por conta de uma pilha solta?! - Disse ele descrente do achado entre o polegar e o indicador.
- Não é verdade, essa é a primeira vez que digo isso...esse mês. Agora só engata a pilhazinha na placa. - Apontou Anri, e assim que aquela arruela plugou, o jato acendeu as luzes, se endireitou e ligou como num milagre.
- Puta merda Anri! Mas como é que... - Sigmeyer fora cortado, assim que olhou a tela com a mensagem:
Chamada de video finalizada.
Todos se ajeitaram nos bancos, e o comandante do forte Bestial decolou.
Seria uma longa viagem, sem os olhos dela, que eram mantidos longe da super.
***
- Chegamos. - Disse o loiro aliviado ao desligar o jato.
Supergirl se manteve na poltrona, olhando o que olhou a viagem toda, Lena, que mantinha os olhos na parede, e nem a pau devolvia o olhar. Desde aquele tempo, desde a queda da lua. Tudo bem, talvez merecesse esse tratamento gelado, afinal fizera o mesmo, MAS NADA JUSTIFICAVA AQUELA NOITE A SEIS ANOS!!!
Calma, calma, respira.
A loira se apoquentou naquela cadeira estofada antes de voltar a sanidade e saúde mental, tão escassa. Agora não se tratava de verdades descabidas, nem mágoas, e sim fatos. Algo de errado não estava certo, e esse errado não podia esperar. Falariam, mas à sós.
Os três tripulantes dirigiram-se a rampa descendo. Esperados no hangar pela comandante Anri, e seus capitães, Horace entre eles. Mirou as costas da morena, e trancinhas negras já havia descido, como se fugisse de algo, mas não ia fugir.
- Comandante Luthor, comandante Sigmeyer, Supergirl, bem vindos ao forte. E meus sentimentos, Supergirl. Foi tudo bem por lá? - Cumprimentou a loira de óculos, suja de fuligem, e cheiro de queimado, com os ombros de fora. Devia estar ajudando os outros a reconstruir o chão destruído, mas por que aquele olhar em Lena?
- Totalmente bem, tinha roupas no box hoje de manhã. - Adicionou Sigmeyer passando por elas.
A super mudou de cor, Anri cuspiu o café, os capitães seguraram a risada, e Lena fingiu que nem ouviu. Quando latidos vieram por de trás deles, e um cachorro branco correu manco para Lena.
- Kara, - Alegrou-se a morena, entre as lambidas e chorinhos da doguinha alegre de rabo frenético, língua babante e patinhas escuras de sujeira.
Havia dado esse nome a cachorra? Perguntou-se a super, que não pode deixar de rir internamente.
- Achamos ela soterrada, quebrou a patinha esquerda de trás, esta melhorando, mas ela não se aquieta. - Disse Horace.
- Dizem que o bicho se assemelha ao dono, - Anri mirou a Luthor.
E a cadela foi no pé de Anri, lambendo a fuligem em suas mãos.
- Vem Kara, vem que os comandantes tem muitas coisas pra fazer, vem menina. - Horace chamou, mas não antes dela dar um ultimo beijo molhado e babado em Lena, e foi-se a rabinho elétrico como capitão.
O portão do hangar abriu uma vez mais, para a entrada do jato do forte Colossal. Surpresa o comandante sensatez chegar só agora.
O jato pousou, enquanto o portão do hangar se fechava. A rampa desceu, e os olhos de Supergirl deviam estar sujos de kryptonita, pois avistara um vulto descer com Arlet.
- A quanto tempo, Supergirl. - Disse a mulher de tom ameno.
A super não pensou duas vezes voando para no colarinho de Amanda Waller, enfurecida.
- Me dá um bom motivo para eu não te esfolar viva agora mesmo?! - Gritou a loira, com os olhos querendo acender.
- Eu teria alguns motivos, Supergirl. - Disse um homem verde, saído de trás de Arlet.
- Brainy, - Gaguejou a loira surpresa, ainda segurando a garganta de Waller.
Diante dela, dois fantasmas.
Da autora:
Amandinha Blake Waller e Brainy?
Tá bom, cadê as câmeras? Porque isso tá virando pegadinha do Faustão.E Lena, o que esta acontecendo com você, Supergirl, se tranca num banheiro com essa mulher, e arranca a verdade dela.Anri de ressaca, ah mas mereceu depois da cagada na ultima noite.Gente, me conte o que estão achando, que o balaio está para virar ainda mais.
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