Paraíso sombrio - parte 1
Por Supergirl
Você as deixou morrer.
Folhas secas se arrastavam pelo chão, batendo eu seus calcanhares. Galhos secos farfalharam ao topo das arvores cinzentas. Parada frente aos quatro túmulos Danvers. O primeiro a cinco anos, os outros dois a quatro, e o último, a pouco mais de uma semana.
Os cabelos e roupas pesados da fraca garoa, mas nenhum centímetro moveu-se. Absorta nos pensamentos nada gentis, porém verdadeiros, e com a verdade não se discute, não é mesmo. Vez ou outra tirava as mãos dos bolsos para coçar o nariz, ou secar um diamante de rolava a bochecha. O ritual matinal dos últimos dias, encarar a verdade de frente.
Com os olhos baixos voltou para dentro de casa. O ranger do piso era sua única companhia em Midvale. O olhar vazio e boca que nada falava. Abrindo apenas para empurrar um pouco da primeira coisa que visse no armário. Mesmo a dispensa cheia, não lhe afomentava, nem o calor do chuveiro lhe aquecia, ou o ar lhe preenchia.
O luto ocorre de maneiras diferentes em cada pessoa, mas o dela, lhe acompanhava a seis anos, à sombra de uma pilha de cadáveres que não salvara. Todos que não protegeu, todos que nela confiaram, e ela os atraiçoara, a maior traidora da humanidade: Supergirl.
O silêncio era seu maior inimigo, fustigando o flagelo da culpa dentro do peito. Deitada embrulhada no roupão que um dia fora da irmã, que de certa forma lhe abraçava, lhe conferindo alguma força e conforto no passado, quando sem querer, matara um passarinho com a visão de calor.
Foi um momento de raiva, depois de brigar com Alex. Pudera, como se odiavam naquele tempo.
Era jovem, e mesmo lá seu senso de justiça era forte, o bastante para se culpar de tal maneira, que teria sumido de casa umas duas noites, antes de retornar, e encontrar a irmã no mesmo roupão, deitada no sofá a sua espera. Com galhos e folhas nos cabelos, e barro nas veste, a super miniatura caiu de joelhos, e frente a irmã adormecida, contou o ocorrido, segurando o franguinho assado tirado do bolso, o qual se culpava ainda mais, por devorado uma asinha durante a fuga, mais ainda porque estava gostoso.
Era horrível, uma pessoa terrível, e ruim que devia sumir do mapa.
Mas dos gritos e bronca que esperava recebeu uma risada engasgada, que desatou a gargalhar, a enfurecendo durante as grossas lagrimas. E quem disse que seus olhos fervendo em azul neon serviram de algo, contra os de Alex. Os quais nem piscaram, e saíram de vista quando fora puxada para cima do sofá.
- Eu sou horrível, - Chorou.
- Não é, - Respondeu a ruiva, puxando o ar pesadamente voltando a dormir.
A pequena loira não entendeu como tais palavras seriam verdadeiras, mas não foram elas a lhe dizer algo, foram os braços entorno de si, os carinhos em seus cabelos cheios de folhas, a subida e descida tão calma do peito da ruiva, e o calor que dela vinha enrolada naquele roupão. Segura estava, e não eram silabas grudadas a contar isso, era o coração tão terno da irmã, que estava lá para ela.
A bronca veio no dia seguinte, mas Alex estava ao seu lado nessa. Sempre que tinha duvidas, sempre que vacilava, sempre que hesitava. Lá estava ela, a mais forte Danvers, porém agora, não tinha mais esse abraço, esse aconchego de muito tempo. Não tinha mais ninguém.
Era noite quando despertou, mas sentia-se exausta e sem forças, quando piscou, era manhã novamente. A quietude da deserta cidade irrompeu com a chegada do jato da Supercorp. Era hora de voltar, era hora de encarar a vida adulta, e ser a esperança deles. Ser a heroína deles.
A heroína que era...
Vestiu seu casaco preto, fechou o cinto, calçou as botas, e sem muita vontade de qualquer coisa, arrastou-se para fora, trancou a porta, e seguiu para o jato. Subiu a rampa, e encontrou somente dois tripulantes. A comandante Luthor num dos lugares. Sigmeyer, o comandante do forte Bestial preparava a partida como piloto.
Cabisbaixa sentiu sobre si aquele olhar, e ergueu o rosto. Luthor desviou os olhos na mesma hora, mas logo em seguida tornou à seus olhos. Azul e verde, tão tristes como os dela, mas tão lindos ainda.
Sem aviso o jato deu um tranco para baixo na decolagem, e Sigmeyer não tinha ideia do que estava acontecendo.
Ah pronto, era piada não é?
Os três foram para dentro da residência Danvers, com Luthor e Sigmeyer discutindo o que havia acontecido, pois como o jato voa até aqui, e aqui enguiça? Fizeram uma chamada de video para a mecânica chefe da Supercorp, e adivinhem, ela estava ocupada demais para ajudá-los, mas que grande porcaria.
Supergirl vendo-se sem utilidade, voltou ao quarto, evitando ao máximo lembrar das corridas que ganhava de sua irmã nas escadas, pois pulava de uma vez. O quanto ela a xingava quando tirava vantagem de seus poderes. Ou quantas vezes a odiou por ser chamada de irmã daquele pica-pau; e o quanto ela a amou, trocando tudo para ajudar a irmãzinha desajustada. Se foi o que fora um dia, Alex tivera papel essencial em sua construção como pessoa.
A melhor irmã do mundo. Pensou, ao fitar as paredes de seu quarto, cheia de lembranças, e a mais pura verdade sobre quem fora. A super dedilhou o nome de Alex nas marcas de altura no batente. Sorrindo brandamente do escândalo infernal que a ruiva fizera, quando passara sua altura, mesmo sendo mais nova. Segurou as não merecidas lágrimas. Pois no fim, era sua culpa.
Eu não deixei elas morrerem
Eu não deixei ela morrer.
Eu matei ela.
Martelou atrás da testa, e foi direto para a cama da ruiva. Talvez fosse noite já, quando escutou uma cantoria do andar de baixo. Desceu as escadas indo para a sala de jantar, mas parou no corredor escuro ao escutar a voz de Anri. Espiou na beira da porta: os dois comandantes na cabeceira da mesa de jantar, discutiam com o holograma da mecânica completamente embriagada na videochamada.
- Comandante Anri, não temos tempo pra isso, como pode beber numa hora dessas?! - Berrou Sigmeyer, batendo as duas mãos na mesa. O bigode amarelo franzido sobre o forte queixo.
- Nunca tomou um porre depois de ficar puto, puto-com uma merda que você mesmo fez, Banditcoot? - Perguntou a loira de óculos tortos.
- Anri pelo amor de Deus, o que é que você pensa que tá fazendo? Precisamos de você, pois não temos ideia do que houve com o jato. - Disse Luthor, talvez na esperança de puxar algum juízo naquela bêbada.
- O que eu to fazendo? - Deu uns goles na garrafa aos risos. - É uma boa pergunta, acho que eu só to tentando esquecer que eu to triste. Triste a muito tempo, sabe Lena. Quando você triste; triste com alguém que você, você, - Anri falava enrolado, esquecendo as palavras na boca da garrava. O que a fazia virar o liquido nos lábios ainda mais, cada vez que perdia o fio da meada. - Triste com a mulher que traiu, te traiu não, não-traiu, não, e te traiu, e-e, e você não consegue para-parar-pararrrrrrr de amar a filha da puta. Sabe? - O álcool além de roubar o juízo, também tinha o poder de roubar as vírgulas na boca das pessoas, pois a loira de cabelo curto, óculos e olhos azuis não tinha mais condições se quer de dialogar. Risonha com os lábios na garrafa, mirou Lena. - Mas tudo bem, porque-porque, eu so muito foda, e eu-sou, bibliotecária-eh-eu-vou-beija-la-senhorita-Luthor. - Ela virou a garrafa, rindo a toa. Quando do nada ela ficou perdida. - Oiii Sig. Oiii Leh, vocês vem sempre aqui? Nossa Leh você é tão-tãoooo-linda, deviam...eu-devia fazer um templo pra adorar-a-sua-beleza, pera eu vou me ajoelhar-aqui, ajoelhar-pra-você, em-você, não-agora, não, em você de-quatro-por-você, agora é pra sua-liiiiiindeza, - E veio o estrondo da queda da cadeira.
Eles desligaram a ligação, trocando entre si mais algumas palavras de desaprovação. Teriam de esperar até a manhã, quando a Crasher estivesse menos bêbada. Supergirl entrou na sala de jantar, culpando-se da péssima anfitriã que fora.
- Me desculpe por hoje mais cedo. Comandante Sigmeyer, comandante Luthor, fiquem a vontade, os quartos e o que mais quiserem, esta a disposição. - Disse aos hospedes da casa. Ambos um tanto ruborizados, devido ao pastelão, mas era o rubor de Lena a intrigar a kryptoniana.
Depois do estresse com a loira de óculos, os comandantes foram esfriar a cabeça na água fria. O loiro do bigode se meteu no chuveiro do corredor, e a Luthor no banheiro do quarto da senhora Danvers, enquanto a super separava algumas vestes que lhe servissem. Sigmeyer era grande, largo de ombros, como uma geladeira. Sorte ter alguns moletons extra grande. Deixou a muda de roupa num banquinho ao lado da porta do banheiro, e foi para a suíte. As roupas da Luthor eram fáceis, pois qualquer coisa lhe servia, afinal era um tanto menor, pequena frágil, boa de envolver nos braços. Escutando o chuveiro, e o vapor por baixo da porta, lembrou dos dias que passaram naquela casa, muito tempo atrás.
Num bobo impulso, apertou a maçaneta, girou, e tomou um susto com o atravanque, pois estava trancada. Na hora o chuveiro desligou, e a super não sabia o que fazer, se não deixar as roupas sobre a cama, e sair fugida para seu quarto, escondendo-se de baixo do cobertor de Alex, como a ridícula caçula assustada, que foge para a cama da irmã mais velha. A lembrança voltou para entristecê-la, mas aos mesmo tempo outra mágoa se misturou em seu interior.
O que diabos estava fazendo?
Não sabia, mas também não conseguia tirar da mente o que dissera Anri, sobre esquecer uma mulher que te traiu, sobre deixar de amar, quem você ama tão desesperadamente.
- Lena, - Murmurou para si, quando ouviu passos no corredor, e a conversa dos dois comandantes:
- Eu não acredito nisso. - Disse ele por de trás da porta.
- Ela deve ter errado alguma coisa. - Respondeu ela.
- Quando foi que a Anri errou um parafuso nesses jatos? A criatura sabe desmontar e montar um jato desses de olhos fechados. Eu vou tentar ver o que faço, não posso garantir que vou conseguir, afinal ela é a mecânica da turma, não eu.
- Sig, dorme um pouco. - Pediu.
- Eu não tenho conseguido dormir ultimamente. Já tentei remédios, mas só aumentam minha ansiedade. Além do mais, eu pedi pra vir, prefiro ocupar a mente. Cabeça vazia, oficina do diabo. Você que precisa dormir um pouco Boss. Não te vi descansar nenhuma vez desde que cheguei no forte. Vai lá, e boa noite. - Disse ele com os passos se afastando.
Sigmeyer, o irmão gêmeo de Sigward, assassinado no atentado Rainer quando...ela havia fugido, e abandonado a todos, outra vez.
Eu sou uma merda mesmo.
Seu interior nem dizia, simplesmente o sabia, a tal ponto, que era fácil repetir a frase sem pensar. Escutou a porta abrir-se e expandir a faixa de luz vinda do corredor adentrando o escuro quarto.
- Pode ficar com o outro quarto comandante Luthor, a cama é maior. Eu quero ficar sozinha. - Era mentira, tudo era mentira quando se tratava de Lena. E sem que nada fosse dito, os passos vacilaram, e a fresta de luz findou, com os pés da Luthor distanciando-se.
Sendo o pior de tudo a gritante necessidade que tinha dela, pelo luto, ou por precisar descarregar parte da gigantesca tensão, dentro do acordo não verbal entre elas. As vezes o final das frases fugia, restando somente:
Preciso dela.
Somente isso, sem uma justificativa pudera cabível no tangente a querer Lena.
Querer?
A super apertou os punhos no cobertor contra a testa. Céus, queria Lena, queria ela sem que pudesse pensar, sem que pudesse escolher, mas como podia querer isso quando todo o mundo estava como deixou? Como poderia querer aquele corpo, se a pouco mais de uma semana enterrara o corpo de sua própria irmã? Como poderia querê-la tanto, quando traída fora?
Se tinha passado uma hora, se ela tinha apagado, ou se tinha piscado, pouco importava. Mesmo a mente aos rodopios intermináveis, seu corpo a torturava desejando a Luthor de todas as possíveis formas, e seu coração a lembrava de como a teve naquela casa, tantas vezes. Naquele quarto em que ela dormia, ou no seu próprio, mesmo naquela cama.
De lado com os corpos colados, a morena estava por trás, acariciando entre suas pernas, brincando com seus mamilos enrijecidos, a pele ardendo de desejo, e queimando aonde seus lábios passavam no pescoço. Arfando e jogando o quadril contra o dela, roçando no molhado sexo da Luthor, também completamente perdida à suas costas. Por baixo do cobertor, sufocando a pura combustão, abafando o suor que já não sabiam de quem era.
Que merda eu to fazendo? Perguntou à sua mão dentro da calcinha, e seus mamilos traidores de baixo do pijama.
Porra que inferno!
Pulou da cama e com muita força nas pernas bambas, correu para o chuveiro do corredor. Meteu a cabeça na água fria, caindo de joelhos no chão, e as mãos quase arrancando os azulejos do box. Suas pernas abertas continuavam em ebulição, fervendo e cozinhando seu cérebro, carente de juízo, mas a bêbada sem noção não era ela.
Desligou a água, os cabelos agarrados em seu corpo gotejando por todo banheiro. O corpo gelado do pija...pijama???!!!
Sim, esquecera de tirar o pijama antes de se jogar na ducha fria. Irritada foi arrancando as roupas molhadas, jogando-as dentro do box. Raios! Agarrou a primeira revista por ali, um catalogo de langerrie.
PUTA MERDA ALEX, VOCÊ ERA UMA MULHER CASADA!!!
Agarrou outro calhamaço de revistas, todas catálogos com alguma modelo morena na capa. Sendo extremamente fácil imaginar Lena com aquelas peças, ou sem não é mesmo.
PORRA!!!
Droga, mesmo aquele banheiro tinha seu próprio catalogo de lembranças com a Luthor. Não estava difícil mudar o foco, estava impossível. Arfou ao lembrar dos banhos juntas, ou quando...
CHEGAAA!!!
Jogou os olhos para o chão, focando na água que expandia do tapete encharcado, transbordando como ela.
NÃO, NÃO, NÃO. Ladrou dentro de si.
Arremessou as revistas no cesto, e mirou a soleira torta da janela, e sua mente cheia das negações, cedeu ao veloz pensamento do incidente.
- Lena, Lena, - Ofegava mordendo o ombro do blazer azul, apoiada na janela. - Lena para, ou eu vou, - Apertou a soleira atrás de si, enquanto o som melado entre suas pernas não sessava. - Lena, por favor para, eu vou, - Implorava, mas a Luthor apenas a encarou de perto, sem parar de fodê-la um segundo por baixo do vestido.
- Mas eu quero isso, quero você me apertando dentro de você. - Declarou, com aqueles olhos famintos, empurrando os dedos cada vez mais forte dentro dela.
QUE DROGA, MERDA, PUTA QUE PARIU!!!
Estava de joelhos no ruidoso tapete, com a testa apoiada naquela soleira, o corpo fervendo, e os dedos lambuzados, arfando sem controle novamente, se entregando ao que não devia.
Mas queira.
Fechou os olhos e tentou não pensar nela, e sim no que seu corpo precisava, apenas aliviar toda a tenção. Então se recompôs pondo-se ereta, tentando cuidar do estrago, mas não dava certo, seu corpo rejeitava as caricias direcionadas ao breu em sua mente, que não a ela.
- Sério isso? - Perguntou à seu corpo, e a enorme excitação que escorria e endurecia sua carne, e fervia seus nervos.
Oh tristeza essa, mas o corpo tende a suas próprias vontades, assim como o coração, que rejeita quando não quer, e foda-se a mente e seu ridículo juízo de valores.
Como podia algo tão pequeno e miúdo, ser tão forte e duro com ela, ao ponto de esbofetear o cérebro, e levar sua razão a nocaute. A droga daquela situação estava demasiada horrível, tornando seu tesão em frustração. Era o fim, chega dessa brincadeirinha doentia e sem graça. Levantou-se, e senhor que tontura, o sangue faltou na cabeça, só podia. Engana-se quem pensa que só os homens tem de lidar com duas cabeças. As mulheres também, pergunte a qualquer uma, a de baixo costuma ser um inferno quando quer, e costuma foder a de cima.
Tudo bem, uns minutinho quietinha, e estaria melhor, mais calma, menos irracional. Foi ai que o trinco da porta clicou, e a porta abriu atrás dela. Supergirl engoliu seco quando um par de braços bem conhecidos abraçaram-na por trás, e um volume deliciosamente maravilhoso apertou em suas costas. Arrepiando com a forte respiração e lábios roçando seu pescoço.
Não dava para ficar pior...ou será que melhor?
***
Como fomos hoje Supercorps? Eu ri da mini super chorando do flango assado, Anri bêbada, meu Deus como não se apaixonar? Ou como escapar daquele banheiro? Quero dizer, se é que alguém quer escapar dele, hey supers me contem oq estão achando.
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