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Icarus - parte 2

Por Lena

Tic!

Tac!

Sem tempo para pensar.

Mas se a questão é a falta dele, de onde o tiramos para pensar tudo ao mesmo tempo?

Tempo não havia por assim dizer, ele estava acabando, logo não poderia desperdiçá-lo, mas convenhamos, nossas mentes são especialistas em fazer malabarismos com o tempo espaço dos pensamentos, prova tal os sonhos, que passam uma história completa, boa ou ruim, tudo num flash, nossa mente é capaz de evocar um quadro completo de complexas emoções como se olhássemos por uma janela, e nela enxergar tudo aquilo que pudermos lembrar e imaginar, tudo isso na velocidade de um pensamento.

Poderosa é a mente, mas não vamos para um estapafúrdio discurso de coach, e sim para algo mais pé no chão, mesmo que esse chão esteja literalmente sobre as nuvens, e a cabeça da pensante pensadora também esteja um tantinho longe, longe uns três anos atras num dia não muito bom, um horrível dia, que sejamos sinceras, nem Lena sabia como lembrava dele, apenas de ter três pares de mãos dentro de seu tórax aberto e explodido com as costelas partidas amostra. A máscara de oxigênio sufocava, o cabelo grudando de suor e sangue, cada tragada de ar vinha morna e molhada, os rejuntes do piso fazendo a maca trepidar, os esguichos vermelhos que saiam, e o terrível sono que vinha.

- Fica acordada! – Gritou Alex injetando uma seringa de adrenalina na bolsa de soro carregada por um agente, podia ver o sangue subindo no tubo transparente voltar conforme era aplicada a injeção. Uma segunda bolsa de sangue era trazida, porém diziam não haver pressão o bastante.

Pressão, isso é com o coração né?

- Fica comigo Luthor! Não vai agora! Não comigo aqui! – Berrou Anri pintada de vermelho dos óculos às mãos metidas dentro do peito de Lena, segurando seu coração para que não saísse do lugar. – FICA COMIGO LENA!!!

Kara, foi o nome que veio a mente, e junto dele a lembrança dos óculos enfeitando a face de seu doce anjo, enquanto às pressas era levada para a cirurgia, anos atrás após enfrentar Krugger com as All Stones e as bruxas do círculo Izalith.

Como lembrava da cena ou da pulsante sensação nas mãos ela não sabia dizer, há quem diga que quando você vai o espírito assiste um tanto mais do epilogo do corpo; outros que quando se caminha no limiar da vida se enxerga um tanto melhor; ou que quando se está prestes a morrer sua vida toda passa diante de seus olhos.

Os olhos azuis atrás dos óculos que se iam também no meio da bola de fogo em que tornara Darla uma pilha de metal derretido, no agora longe da lembrança que não sabia como lembrava.

- Mana, responde. – Chamava Sig incrédulo olhando pelo vidro, a armadura dele se guardou dissolvendo na pele, indo para as veias que se apagavam sem qualquer comando de voz, apenas obedecendo aos pensamentos do usuário que mirava atento o fogaréu ao longe, na esperança de uma loira sair voando, nem que fosse de rodo.

Havia meios dela sobreviver àquilo, porém o silencio no comunicador derrubava esses mesmos meios, e o peito de Lena tal qual três anos atras se esvaziava num ralo aberto, pensando no inescapável fim.

- Mana responde, na escuta? – Chamou ele com os dedos no comunicador na orelha, e Lena pode sentir o desespero na voz dele em perder a irmã que escolhera, e ela mesma em pensar numa loira de óculos morta. – Arlet você tá em contato com a Anri?

- Estamos meio ocupados com uma invasão aqui. – Respondeu o comandante do Colossal pelo comunicador, numa voz veladamente amargurada. – Vamos tentar entrar em contato com ela, agora vocês dois vão logo, porque parados somos os próximos.

Insensível, puto sem coração, e não é que esse mesmo puto estava com a razão?

Haviam ido longe demais nessa brincadeira de mal gosto para dar trás, para lamentar um em face dos milhares antes, mas para cada dez desconhecidos que caiam, era um amigo, um conhecido, alguém alguém que não soava indiferente ao coração.

E Lena sentiu uma leve náusea de tudo, mas guardou o que pode em suas caixinhas, tentando não pensar na loira de óculos... a morena puxou o amigo pelo ombro, tinham de seguir, por mais que dentro dela também se debatesse a perda, por mais que doesse ser racional.

Virando-se para onde estavam, era uma sala até grande para aquele uso, depósito de suprimentos para escritórios. Cheia de altas prateleiras com pacotes de sulfites A4, grampos para grampeadores, caixas de clipes coloridos, pacotes de café e filtros coador, e um casal mandando ver numa dessas prateleiras, e nem era nas bolachas.

Pelos crachás no chão eram respectivamente: a CEO sentada na beira da prateleira, o cabelo escuro bagunçado e solto, o batom bordo borrado, faltando um dos saltos, a saia lápis preta embolada na cintura, botões da camisa vermelha arrebentados pelo chão, os seios nas mão da secretária loira com o cabelo se desfazendo do coque, a blusa no chão junto dos óculos, sutiã azul claro de renda, a calça abaixada com um cintaralho bem preso ao quadril, indo e voltando entre as pernas da morena, ambas gemendo e arfando desesperadamente ao som melado que emergia entre elas.

Paralisados com a inusitada cena, tanto por testemunharem a própria, como também por passarem totalmente desapercebidos pelo casal apaixonado trocando juras de amor, os comandantes estavam num mato sem cachorro.

- Amor, não para...eu tô quase. – Implorou a CEO puxando a amante pelo cinto, indo cada vez mais forte, o que foi a deixa para os comandantes perderem a paralisia de constrangimento alheio, e saírem o mais rápido possível da insalubre cena à não participantes, para darem de cara com três engravatados curiosos que espiavam a fechadura da sala.

Um caíra no chão apertando a testa pelo tranco da maçaneta, outro se engasgara ao fingir usar o bebedouro, e o terceiro só encarou os dois comandantes sem saber disfarçar o que fazia ali. Era difícil dizer quem ganhava na estranheza da situação, o dedetizador bigodudo de mochila gigante, a vampira do cabelo trançado com uma doze nas costas, os três tarados engravatados, ou desvio de função de prateleiras?

Foi quando a porta do deposito abriu com as duas moças completamente despenteadas, maquiagem borrada e roupas desalinhada. Então entreolharam-se os comandantes, as duas moças, os três esquisitos, e um cara de óculos saído do elevador chamando a secretária de:

- Amor? – Disse aquele homem de óculos e gravata borboleta e cara de imbecil.

- Ai merda; - Resmungou a secretária.

Alguém era corno, e antes que a plateia pudesse tirar os olhos do barraco prestes a rodar, Lena e Sig aproveitaram para esgueirar-se até o elevador e sumir antes que os notassem novamente.

Os comandantes soltaram o ar preso nos pulmões depois da inusitada cena, não que a Luthor já não tenha feito o mesmo por entre os andares da própria L-Corp, tá certo que ela era a dona mas... mas ai também teve a CATCO, a SUPERCORP, cada um e todos os fortes que visitara... Midvale...

ISSO NÃO VEM AO CASO AGORA SUA TARADA MALUCA!!!

O DOE... seu laboratório... a casa da cunhada... o covil dos Super Friends... Fortaleza da Solidão...

Lena mirou o teto do elevador, apertando a ponta do polegar e indicador entre os olhos bem fechados, tentando não pensar em tetos, merda.

- Sig; - Chamou Lena na tentativa de puxar o amigo e ela mesma para a cruel realidade, pois tinham de se concentrar.

- Já devem estar a caminho, mas vão levar um tempinho pra nos alcançar. – Respondeu ele apontando a câmera no teto. – Estamos um pouco longe de uma das entradas do exaustor, pelo menos a mais próxima esta uns quilômetros daqui. – Completou ele num hercúleo esforço em manter a cabeça no lugar.

PIIIM!!! Fez a porta ao se abrir no andar.

Subiu aquele cheiro úmido com borracha queimada e escapamento, cheiro de desanimo de manhã, o estacionamento no subsolo. Os comandantes saíram com as armas em punho, Lena com a 12 e Sig com uma das pistolas de fogo, que logo guardaram sem nenhum sinal de ameaça, uma vantagem que deveriam aproveitar, pois as defesas da cidade estavam ocupadas com a queda de um jato, mas não tardariam em encontrar os sobreviventes dele.

Eles passaram por entre os carros em busca de um que pudesse levá-los, enquanto Sig tentava contato com Anri pelo rádio, mas sem sucesso.

- Sig; - Chamou Lena novamente. – Qual carro?

- Um alto, - Disse ele um tanto assustado ao voltar sua atenção que não fosse na irmã morta. – Uma caminhonete seria ideal.

Eles renderam o pobre senhor que guarnecia a cancela do estacionamento, um gordo homem de bigode grisalho, botões do uniforme de segurança quase explodindo junto do cinto segurando as calças, Vince, era o nome no crachá. Coitado, nem no horário de almoço tinha sossego para terminar o macarrão da marmita, assistindo A Usurpadora no celular. Ele não ofereceu nenhuma resistência, muito pelo contrário, até ajudou nossos comandantes ao apontar onde haveria um carro alto de boa suspensão, tinha uma baita Dodge RAM no andar de baixo, Vince entregou-lhes a chave e foi terminar seu macarrão na companhia de Paola Bracho, não ganhava para tomar tiros pela BMW de engravatados que jamais lhe deram um bom dia.

***

Lena e Sig pegaram a caminhonete e se foram para a rampa de saída, recebendo um caloroso joinha de Vince com molho de tomate no bigode, senhorzinho mais simpático.

- Próxima estação, Paraiso. – Disse Sig assim que viraram a esquina. – Fica uma meia hora de carro daqui no centro da cidade, é um elevador de manutenção pro nível das instalações do canhão, é a entrada menos guarnecida e mais próxima do exaustor central.

Seguiram para a rodovia mais próxima cruzando a cidade então, um imenso viaduto de ponta a ponta na metrópole. Ao longe aquele sol alaranjado de fim de tarde pintava a cidade, tigrando o asfalto de sol e sombras de prédios, um lindo fim de tarde, feito para dar a sensação de paz e normalidade, como se aquela cidade não estivesse a quilômetros do chão, sentada sobre uma arma de destruição massa.

Uma mentira do tamanho do mundo.

- O que tá acontecendo com o céu? – Disse o Sig apoiado sobre o painel. O alaranjado entardecer falhava, como uma tela com mal contato, as nuvens tão macias piscavam, bem como o céu pixelava em chuviscos sem sinal, até por fim desligar a farsa da paz, e jogar a cidade numa sombria noite. As luzes dos postes se acenderam, e o sol distante era reduzido a um mero disco não sombrio por de trás da proteção da redoma sobre a metrópole, e assim revelar a cruel carnificina que ocorria no verdadeiro céu sobre eles. A guerra da Terra pairando nos céus da cidade nas nuvens.

Naves disparavam umas contra as outras, explodiam e se chocavam na redoma transparente de Neo Metrópoles, ou eram rasgadas por soldados caveira guarnecendo a instalação. Pequenos risquinhos avermelhados escorriam dos pontinhos espatifados que eram as naves destruídas, Lena e Sig sabiam exatamente o que eram cada uma daquelas formiguinhas despedaçadas, e alguém se importa com as formigas? Será que eles mesmos se importavam? Nem sabiam quem eram, e estavam tão distantes que quase não se podia dizer que aquelas formigas foram seres humanos antes de virar purê, mas mesmo que pudessem faria diferença?

Ambos eram cientes do que se seguia, porém nenhum deles derramou uma lágrima pelas formigas.

- Tava demorando, - Sinalizou Sig para as duas viaturas da polícia de Neo Metrópoles se aproximando atras deles, com direito a tudo o que uma boa perseguição tem direito, luzes azuis e vermelhas, sirenes barulhentas e aquela doze de adrenalina que explode com o começo da trilha sonora psicodélica.

- É, tava demorando; –Esbafori Lena entediada do clichê nos céus e atrás deles, terminando de carregar a 12 com balotes explosivos, coitados desses policiais, não ganhavam bem o bastante para o que estavam prestes a enfrentar. A morena abaixou o vidro da porta de trás, e assim que os agentes da lei fizeram o mesmo, tomaram um balote explosivo no colo, explodindo a cabine e chocando-os no carro vermelho vizinho.

Os agentes na viatura restante abriram fogo do outro lado da caminhonete, mas não durou muito ao tomarem balote explosivo abaixo da roda esquerda, os fazendo rodopiar pelos ares para cima de um carro azul.

Fácil demais, mas o que poderiam esperar da polícia comum? Assalariados de uma cidade civil flutuando nas nuvens enfrentando terroristas, era pedir demais, as pessoas aqui em cima apenas viviam suas vidas, trabalhavam em seus empregos, comiam suas marmitas, passeavam pelos seus shoppings, viviam suas vidas nos céus, longe do horror sentados sobre a morte que havia abaixo deles.

Um som de ar sendo cortado veio como um avião ao longe e mais adiante, dois soldados Prometheus flutuando sobre a pista, esperando por eles.

Sig avistou a alça de acesso da rodovia, e cortou na contramão desviando dos carros, raspando a lateral inteira da caminhonete na curva com os Prometheus perseguindo-os. O motorista acelerou sobre a guia e arrebentou as grades de um parque jogando a caminhonete na parte mais arborizada, atrapalhando bem os soldados caveira que não poderiam ir com tudo no meio daqueles civis.

- Estação Luz, daqui vamo pra Paraíso. – Disse Sig ao avistarem a placa de sinalização e atravessarem uma praça inteira. As pessoas gritavam desesperadas, o passeio no parque arruinado, nem a barraquinha de cachorro-quente escapou do para-choque desgovernado. Lena mirou a confusão deixada para trás pelo retrovisor, pânico e caos.

E lá se foram eles com caminhonete e tudo escadaria de acesso abaixo na estação Luz, fazendo os dois Prometheus desviarem o voo para o alto novamente, ou fariam um estrago daqueles na cidade que guardavam.

O carro ia de salto em salto a cada degrau, dando mais um pulo ao arrebentar as catracas, mais uma escada rolante e foram para os trilhos da plataforma de embarque direto para sombrio túnel, que mais largo permitia uma boa corrida sem que tivessem de se preocupar de tomar um trem na cara.

- Sabe pra onde tá indo, né? – Questionou a Luthor vendo o holograma do mapa em seu pulso.

- Se sei? Eu pegava o metrô todo dia em Metrópoles, é como andar de bicicleta. – Respondeu ele um tanto indignado na dúvida de suas capacidades moveis urbanas.

- E onde tá essa entrada que não tô achando no mapa? – Perguntou Lena, que vendo bem realmente não encontrava a tal entrada.

- Não vai estar, o comandante antes do meu irmão tirou ela dos arquivos por não ter uso formal, mas quando Sigward assumiu o comando, descobriu que usavam essa entrada pra contrabando de plutônio. É essa entrada que vamos usar.

De acordo com os arquivos, Sig havia sito manobrista em Metrópoles, e Sigward motorista de aplicativo, e ambos andavam sempre de trem e metrô. E Neo Metrópoles fora feita como uma réplica da antiga cidade destruída, e nada melhor para navegar pela malha ferroviária que um usuário, é quem usa que sabe como funciona prefeito, e realmente não demorou muito para chegarem próximo da estação, e nem era a própria que interessava, era a entrada da manutenção entre as estações.

***

Nada mais que uma porta de manutenção no meio de um túnel escuro frente aos trilhos. Os comandantes abandonaram o carro e seguiram para a tenebrosa entrada antes que desse tempo de um Prometheus alcançá-los, pois não seria um encontro nada agradável.

Os olhos vermelhos da Luthor cintilaram naquela escuridão, e numa puxada só arrebentou a fechadura e trancas da porta. Era um apertado e estreito corredor ladeado de enormes canos vazando vapor das emendas presas por parafusos do tamanho de bolas de tênis, com um teto tão úmido e malcuidado que as lâmpadas emitiam uma luz verde de puro lodo, desembocando numa segunda porta branca encardida, dando num minúsculo armário de zelador, um bobo, porém eficaz disfarce aos curiosos, pois só se você soubesse aonde ia para não dar meia volta na primeira fungada daquele ar estagnado de inseticida e umidade.

Lena trancou a porta trás deles, Sig foi até a parede oposta onde dedilhou os rejuntes dos azulejos como se digitasse um código na parede de tijolos do beco Diagonal. E imediatamente a parede se desdobrou dando passagem à um elevador arejado e muito mais bem cuidado que o resto da instalação, para um elevador inexistente ele estava muito bem cuidado, a parede de tijolos se fechou da mesma maneira que se abriu e descida começou.

E algo incomodava Lena, quase como se não pudesse respirar, afrouxou a gola do uniforme, e percebeu Sig fazendo a mesma coisa.

- Entramos nas instalações do canhão comandante Arlet; - Informou Lena tentando não se render ao incomodo sem fundamento.

- Que bom, agora derrubem essa merda. – Ofegou Arlet, seguido de raivosos latidos de Kara, gritos, tosse e disparos de armas ao fundo.

- O que tá acontecendo ai? –Questionou Lena. Alguns andares abaixo o elevador deu vista à orbita da Terra pela janela.

- Acharam a entrada do túnel no topo da montanha; - Esbravejou ele.

- Comandante Arlet, seu corpo está no limite da armadura. – Veio a voz de Desespero. –Comandante Arlet, detecto o início de uma reação em fusão nuclear se aproximando pela abertura no topo do hangar.

- Comandantes. Sig, Lena, foi uma honra. – Despediu-se Arlet, logo antes da transmissão findar, ao mesmo tempo em que um imenso cogumelo nuclear se ergueu das nuvens na Terra sobre o hemisfério norte.

O fim do forte Martelo de Guerra em luz diante dos olhos vermelhos de sua comandante. Sig desviou o olhar para a porta segurando um misto de adrenalina com pesar e angústia que era compartilhada entre eles, lágrimas escalaram os olhos de ambos, mesmo que não pudessem se dar ao luxo, mesmo que a expressão em seus rostos não fosse aos prantos, mas sim ódio.

Os nervos repuxando, a raiva e o ódio grasnando por sair.

Foi quando o elevador sacodiu com algo caindo sobre o teto.

Merda, se mexia e andava.

Os comandantes se posicionaram opostos com as costas nas paredes apontando as armas para o alto, Lena com a mira da 12, e Sig com uma das pistolas com o a ponta em chamas. A violência à frente das lágrimas, e o senho frente ao coração se debatendo. Fosse o que fosse estava tropego e cambaleante, pois se arrastava em círculos feito um cachorro procurando o rabo.

Ofegava sofridamente, ela buscava um meio de entrar.

Ela?

PLIFT PLOFT STILL, a porta se abriu!

- Te achei; - Gemeu ela do topo, logo antes de despencar para o chão.

PLOFFT!

Lilás de capacete com maxilar adornado por uma mandíbula dentada.

- Anri! – Chamou Lena reconhecendo a armadura de imediato.

- Mana! – Desesperou-se Sig.

Ambos se ajoelharam para acudir a banana madura no chão. A armadura roxa se guardou, e exibiu o estado da usuária. Uma faixa vermelha despontada de um corte na testa sobre o olho direito da loira, outro fio em mesma cor vinha do nariz e do canto da boca, e a parte não ensanguentada da cabeça estava coberta de fuligem de explosão.

- Me dá cinco minutos que eu já tô nova; – Anri tirou os óculos com o lado direito trincado do bolso e os ajeitou no rosto fechando os olhos para a siesta do meio-dia.

- ANRI?! – Berrou a Luthor um tanto aflita.

- Eu disse cinco minutos. – Resmungou a sonolenta a comandante do Mandíbula estirada.

- Mais um elevador e chegamos no nível do maquinário. – Começou Sig, ele mesmo se puxando para o foco e a realidade. – Não vai ser nada bom quando chegarmos, o que não vimos de soldados e armamento em Neo Metrópoles eles tem aqui embaixo. – Disse o loiro muito bem lembrado das papeladas dos protocolos de defesa homologados pelo irmão. – E eu não vou perder mais ninguém Luthor. – Terminou ele com um pesar que fez Lena lembrar do rosto de Arlet e do irmão gêmeo de Sig, como relâmpagos na noite.

PIIIM!!!

Fez a penúltima porta dessas no andar das instalações do canhão, elegantes corredores e halls desenhados para ostentar a riqueza da peça voadora de destruição. Paredes, pilastras e chão eram cobertos de mármore negro tigrado de prata, com luminárias de luz dourada no chão que desenhavam listras de ouro nas paredes até o teto, sofisticadas as vontades por de trás do gatilho, que jamais hão de amenizar o peso de tal desejo, para cada ação é gerada uma reação, e nada escapa disso, ou não deveria.

- Estamos aqui, e temos de chegar aqui. – Apontou Lena no mapa holográfico saindo do pulso.

- Melhor evitarmos os caminhos mais abertos, vai ser mais difícil pra eles nos segurarem num espaço menor, e mais fácil pra nós passarmos por cima deles. Boss, essas galerias são grandes, mas são conectados por corredores estreitos, não vai dar pra levarem artilharia pesada. – Apontou Sig. – Sigward e eu tentamos levar uma gatling experimental, e não passou nas dobras dos corredores. – A cada palavra Lena podia sentir as veias repuxar na dor da perda do irmão.

Irmão?

O dela?

Lex?

Ou outro irmão, que não o dela?

- Então bora moçada. – Chamou Anri cambaleando na frente deles.

A caminhada seguiu a firmes e cautelosos passos, sem baixarem a guarda. Cada virada era inspecionada antes pela mira das armas para depois seguirem nos corredores e galerias. Mas a loira de óculos não aguentava mais e diminuiu o passo ficando para trás.

- Vão na frente, alcanço vocês depois. – Esbaforiu Anri abrindo o zíper do macacão para tomar um ar. Expondo o colar verde sob o uniforme, e a borra carmim na barriga do lado esquerdo.

- Não fode Crash, você vai nem que eu tenha que te carregar. – Ralhou Sig.

E Lena sentiu como se estivesse prestes a perder mais uma irmã...irmã?

Não pera, que merda era essa?

- PARADOS!!! – Berrou um dos dez soldados pesados em trajes negros de elite, capacete, colete a prova de balas, equipamento de guerra, mirando os fuzis M16 nos três comandantes.

Fodeu.

Lena ergueu a 12 dando o primeiro disparo explosivo no tiroteio anunciado. Sig puxou Anri para trás da pilastra fugindo dos tiros, enquanto a Luthor pulou para trás de outra. Os comandantes se entreolharam acenando a cabeça um para o outro, e bateram os pulsos cruzando o peito chamando cada um à sua armadura.

- Joy. – Chamou Lena.

- Fear. – Chamou Anri.

- Furry. – Chamou Sig.

Os fios de metal começaram a sair das juntas dos joelhos para as pernas, dos cotovelos para os braços, dos ombros ao peito, escalando o pescoço desenhando a armadura de cada comandante. Sig com a viseira vermelha a cobrir todo o rosto, corpo robusto como tanque de guerra cor de brasas; Anri com a esguia armadura lilás, fortes ombros, maxilar com a mandíbula dentada; e Lena de leve armadura azulada viseira afiada em V; todos os três a seu modo e estilo, mas todos com o mesmo símbolo no peito, o "S" e o "L" de SUPERCORP.

Lena tomou a dianteira disparando a 12 ao cruzar o salão, dois soldados caíram com os balotes explosivos, os outros recarregaram e abriram fogo contra ela, porém as balas batiam e caíam, ou raspavam e ricocheteavam como faíscas para todos os lados, e mal viram quando o tanque ambulante que era Sig disparar uma rajada de chamas que levou três, e do meio das chamas saltou Anri com dois bastões de combate retrateis. Uma porrada no meio da cara e o soldado foi com a cabeça no chão, numa segunda porrada entortou o bico do fuzil do outro, e a loira deu um chute no meio do peito dele o arremessando violentamente na parede que afundou.

Restaram três que se concentraram no tanque cuspidor de fogo no meio do salão, e novamente não tiveram tempo de reagir com Lena disparando a 12 pela direita, e Anri arrebentando o capacete deles com um soco do punho esquerdo, seu braço mecânico.

O último deles caiu, e novamente os três comandantes se entreolharam guardando as armaduras. O metal desaparecera, mas a tensão e o preço do que faziam se mostrava em suas veias saltadas e o fatigado olhar; não só, pois aquelas bestas metálicas em que se tornavam, deles bebia tudo o que tivessem.

E Anri foi ao chão se apoiando nas mãos sem conseguir segurar o vomito; Sig escorou-se numas pilastras quase pondo os bagos para fora também; e Lena ficou zonza, o chão torto e seu nariz molhado com sangue escorrendo dele.

Tinham de seguir.

E a que custo?

Soldados à frente e atrás, e mais vezes tinham de torna as bestas metálicas para não perderem suas vidas, mas fazer com que outros perdessem então.

Tic!

Tac!

O tempo estava acabando, tinham de correr, e ao mesmo tempo poupar aquelas coisas se quisessem voltar para casa.

Foi a vez de Lena pôr os bagos para fora num dos salões que acabavam de derrubar mais doze soldados. Apoiada numa das pilastras Anri tentava ajudá-la, mesmo que estivesse até mais fraca e com mais cheiro de azedo que os três juntos.

- Escudo Zion. – Apontou Sig para uma das portas limpando o canto da boca nas costas da outra mão. – Ele segura a radiação do canhão para não vazar nos pontos mais agudos das instalações, acabando com ele a velocidade do colapso pela obstrução do duto central vai ser ampliada e se espalhar muito mais rápido. Vai parar o tiro mais cedo. Eu sei que vai, Sigward ajudou na implantação dele, eu tava aqui também.

A voz embargada segurando o choro pelo irmão.

- Vai; - Disse Lena. – Só lembra que você tem de guardar quatro minutos de armadura pra voltarmos.

- Ouviu a Boss enh Crash. – Cutucou ele a loira de óculos.

- Vai a merda Bandicot, - Respondeu Anri num sorriso dolorido.

- Cuida dela enh mana; e cuida da minha mana, Lena. – Foi o último pedido dele antes de se separarem, ele seguiu pelo corredor da esquerda do salão, e Lena e Anri seguiram em frente no central.

Estavam chegando, um corredor, dois e três, por fim o hall do elevador de vidro blindado, porém esse não se abria para qualquer um, e Lena foi para o teclado do terminal ao lado dele passando o pulso que identificou a chave comandante, permitindo acesso à interface de comando.

- Vai, vai; - Pedia Lena teclando o mais rápido que podia.

- Gente chata complicando nossa vida. – Riu Anri com as costelas doendo.

- O que você queria, que a senha fosse Martha? Não estamos num filme ruim do Zack Snyder com roteiro pior ainda. – Resmungou Lena irritada.

- Me diz que já tá indo. – Essa loira queria morrer? – Bandicoot podia ter falado onde tava a gatling pra ajudar. Quem sabe ia mais rápido.

Lena fazia o possível teclando e brigando com o sistema, a chave de comandante apenas permitia o acesso ao sistema, mas de resto era digitação de protocolo, uma das defesas, a burocracia digital, pois se para um comandante era assim, imagine para um infeliz de fora da corporação.

- Sabe que, acho que eu sempre soube que a gente não ia dar certo - Começou Anri, e o peito de Lena se apertou instantaneamente.

-Anri pelo amor de Deus. – Disse Lena mais cansada que incrédula, porém claro, não pode deixar de sentir um certo remoer no peito.

- Estou no gerador do escudo. – Avisou Sig no rádio.

- Ótimo, derruba essa coisa. – Vociferou Lena.

- Pode deixar; - Respondeu o loiro de bigode ao som do lança chamas ao fundo.

- Não acho que vou ter outra chance. – Avisou Anri ao proteger Lena duma rajada de tiros invocando parte da armadura sobre o peito.

Soldados vinham do único corredor de acesso do hall, posicionando-se rente as paredes, e a comandante do Mandíbula se preparava para a ofensiva.

– Eu sempre soube, mas eu preferi acreditar na mentira, mesmo quando você me chamava de Kara no meio do sexo. Mas mentir cansa, simplesmente cansa, então não vou mais mentir, foi o que eu decidi; - Um peso imensurável se fez no peito da Luthor, e assim que a porta do elevador abriu Lena puxou Anri que relutou a entrar junto, mas a morena não a soltaria, não permitiria deixá-la para trás, porém a loira de óculos foi mais esperta desarmando-a ao unir seus lábios repentinamente lembrando-a dela que não essa.

Foi muito rápido, Anri empurrou Lena para dentro o elevador e esmagou o terminal externo com a mão mecânica, trancando uma para dentro e a outra para fora.

- ANRI!!! – Berrou Lena com as mãos apoiadas na porta de vidro blindado, então viu os Prometheus se aproximarem enquanto a comandante do Mandíbula se cobria com a armadura.

- Mana! O que você tá fazendo ai? – Questionou Sig pelo comunicador.

- Anri vem pra cá, eu vou abrir a porta! – Mas assim que disse isso, Anri enfiou os bastões energizados de eletricidade nas divisas da porta trancando de vez a entrada. – Anri você não tem tempo mais de armadura!!!

- Eu te amo, Lena Luthor; - Foi a última coisa que disse a comandante do Mandíbula, antes de se entregar aos brados e rugidos do combate. Anri disparou em direção aos soldados e Prometheus que enfraqueciam devido ao colar, o que igualava o combate, permitindo um. Um deles voo rasante pela direita, e num giro a loira desviou acertando as costas dele numa cotovelada metálica, um segundo tentou socá-la, porém foi ele a tomar um socão mecânico no fuço, alguns soldados tentavam a sorte usando bastões de choque, que rapidamente foram surrupiados, e seus antigos proprietários usados de escudo dos disparos dos colegas.

Tic!

Tac!

E sabe-se lá Deus como Anri burlava o tempo de armadura, porém não para sempre, e a besta metálica se desfez em fios se guardando sob a pele, restando apenas por seus óculos para melhor enxergar. A comandante do Mandíbula suava, ofegante quase por cair com os efeitos colaterais das bestas de aço, as veias saltadas, algumas estouradas, hematomas e cortes no rosto, vermelho escorrendo do nariz e da boca, o cabelo quase todo branco, e mesmo assim lutando, fazendo frente aos Prometheus que enfraqueciam cara a cara com ela, tomando no meio do fuço um bastão, ou uma pisada, ou uma esquerda motorizada da loira de óculos. Mas ela não era de aço, ninguém é, cansava, e estava cansada, não poderia lutar para sempre, não contra um exército que não terminava nunca.

- Anri! – Chamava Lena batendo no vidro.

- Aguenta ai mana, logo eu vou ai! – Dizia Sig no comunicador.

- Anri! – Gritou Lena, logo antes da loira de óculos perder o colar de kryptonita num agarrão, e um amontoado de soldados caveira cobri-la. – ANRI?! –Desesperou-se perdendo-a de vista, porém Lena voou para trás quando o corpo da comandante do Mandíbula fora atirado violentamente na porta do elevador.

Anri era imobilizada e forçada contra o vidro, com aquelas dezenas se caveiras a puxando. Os olhos da loira esbugalharam de dor, e Lena sentiu uma pontada nas costas, quando Anri vomitou uma torrente de sangue, enquanto era desmembrada na frente de Lena, que assistia aterrorizada a loira de óculos ser esquartejada viva.

As mãos sombrias agarravam e apertavam, uma mantinha a cabeça firme contra o vidro, outra segurava em seus cabelos dourados, uma terceira puxou a boca até rasgar as bochechas, a espinha extirpada do pescoço, pernas separadas do tronco, e braços decepados dos ombros. Aqueles olhos azuis de óculos olhando para ela, sentindo aquelas coisas também, como se fossem em seu próprio corpo.

Não dava.

- KARA!!! KARA!!! KARA!!! – Gritava Lena em completo desespero socando o vidro, enquanto Anri lia os lábios da morena, entendendo exatamente o que ela dizia, até por fim ter sua cabeça arrancada do corpo.

- Mana!!! – Berrava Sig pelo comunicador.

E Lena continuava clamando por Kara, até o vidro trincar novamente, com os Prometheus tentando arrebentar a porta para pegá-la. A morena foi ao terminal teclando o código para descer. O elevador foi envolto em um escudo de energia e desceu antes que os defuntos pudesses alcançá-la, porém isso não apagava de sua mente o inferno que assistira.

Tudo ficou mudo, como se mergulhada numa banheira quente, e os ouvidos estivessem cobertos de água, água não, sangue, banhada em sangue, sempre foi assim, sempre foi esse o significado de tudo, a vida de uns é a morte de outros, ainda que não se vejam ou se conheçam, o herói nada mais é do que o vilão banhado no vermelho do outro lado.

E nesse sangue se banhara sempre, mas não se via e nem queria ser como o herói, porque herói é o nome que se dá para a ação fechar os olhos para as consequências dos atos de alguém, seus, ou do seu ídolo. Não se criam heróis, se criam vilões, e eles justificam as atrocidades dos heróis, sem eles os heróis são só vilões.

...

- Mana, eu to chegando! – Berrava Sig no comunicador. – Mana?! Boss?!

Mas Lena nada escutava.

As mãos tremiam, o corpo suava frio, as veias batiam, e o coração soluçava em silêncio. A respiração chiava pelo nariz ensanguentado, e a garganta se apertava com o gosto metálico na língua. Lena já não mais conseguia, não tinha mais nada nela que restasse, perdida na morte dela, seu amor...

Foi quando num lampejo enxergava a imagem do sombrio hall em luzes de ouro, marcado de batalha, cheio de corpos e vermelho.

- M-ma-mana... – Gaguejou Sig no rádio, e a imagem da borra de sangue e pedaços da loira piscou na mente da Luthor feito flash. – GHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH!!! – Urrou ele de puro terror em lágrimas e ódio.

As veias se repuxaram como se cheias de cacos de vidro, e Lena foi ao chão agonizando na dor...

Do amigo...

Dela...

Deles...

- AAAAAAAAAAAAAAAAHHH!!! – O grito vinha dele, e de Lena no elevador apertando o chão, as veias brilhando como brasas quase explodindo. As imagens do vermelho, dor, desespero, pavor, horror, fogo e sombras, silêncio.

De repente parou, simples assim a dor agonizante se foi, e a morena se recuperava respirando sofregamente, fraca até para puxar o ar para dentro.

Do comunicador apenas sons de tiros, e um seco corte na transmissão, e nesse momento Lena aceitava o destino, afinal o que podia fazer?

Nada.

Talvez torcer para o corte da comunicação ser apenas pela descida de mais um nível, que ali possuía uma barreira de força por conta da radiação do core do canhão, por essa razão o elevador tinha de ser envolto num segundo escudo, para passar o primeiro.

O último andar.

Lena saiu num corredor metálico suspenso entre duas enormes turbinas de resfriamento, pistões gigantes subiam e desciam por todos os lados e lá estava o duto exaustor mais adiante. Uma imensa bocarra circular de uns seis ou sete metros de diâmetro no distante chão, com sua continuação no longínquo teto inclinado. A morena se apoiou na balaustrada apreciando a vista em seus olhos vazios, o forte vento soprando e revoando as mechas soltas da trança. Os sentidos entorpecidos do mais opaco silencio, o dever que mais não se lembra, mas seu corpo o faz por mais que mente ausente esteja.

Ela pulou, e fios prateados a envolveram durante a queda.

Garras se formaram ao final de cada um dos dedos, e ela se pendurou numa das mãos com o braço esticado enquanto a armadura terminava de vesti-la. Era diferente, as placas antes bem desenhadas e lisas de corte limpo, agora tinham uma aparência mais picotada, animalesca, como os pelos arrepiados de um gato preto. Agachada com os pés frente ao corpo, inclinada para trás com uma das mãos servindo de apoio, se foi a Luthor deslizando boca do inferno abaixo.

Um quilometro mais abaixo e pode sentir o metal vibrar com a proximidade do núcleo, bem como a inclinação o qual poderia engoli-la para o core de Kryptonita 008 caso se descuidasse. O metal vibrava junto as batidas de ondas de energia, batendo como um coração, e o brilho esverdeado mais adiante, mas Lena não tinha de olhar aquilo, e sim isso: O desnível da comporta guardada à direita.

Lena dedilhou o desnível mesmo com as ondas de energia aumentando, quase prontos com carga total, tinha de se apressar, pois uma vez iniciada a sequência de disparo as comportas não se fechavam, e o canhão não disparava se fechadas antes, tinha de ser tudo agora, para dar a sobrecarga que queriam. Mais insistentemente cutucou o desnível da parede até encontrar a abertura num pequeno vão o qual invadiu com as mãos e puxou, rasgando o calço da proteção. Meteu as garras no metal da porta e puxou-a para fora, mas era pesada, fácil não vinha, rangia horrores bem como se puxava de volta.

As rajadas de energia verde a empurrava, descascando a armadura, mas ela não ia parar, que a desintegrassem ao pó, mas jamais iria parar.

Penosamente o metal guinchava se arrastando na força da Luthor, que com todo o que tinha puxava aquela enorme porta de seis metros. Só tinha de puxar com as mãos e empurrar com os pés no chão até passar as travas de segurança, depois disso a porta soltava e trancava por conta dos pistões de pressão do fechamento do duto.

Passara da metade, quando uma onda de radiação quase a arrancou do chão. As armas viraram pó, pedaços da armadura se esfarelavam, e a viseira trincava.

Mais uma pouco, só mais um pouco.

As veias de Lena repuxavam, as lembranças vinham, a dor da morte de cada um, a falta de ar em Arlet, o terror de Sig, o desmembramento de Kara...

Kara, repetia a mente alvoroçada.

As lembranças dela.

Só mais um pouquinho, aguenta, rogava à armadura que não cessava de se alimentar dela, e se esfarelava como uma nuvem de areai no seu entorno.

Faltava pouco, conseguia alcançar a parede na mão esquerda e a porta na direita.

- GHAAAHHH!!! – Rugiu após meter as garras na parede, e ter o corpo suspenso ao ser puxada opostamente com o corpo sendo o nó a segurar uma parede e uma porta gigante. Os músculos arrebentando sob o julgo da besta de aço, a mente atormentada pelos pensamentos sem controle, e o coração apertado num canto sem escolha.

O brilho verde cada vez mais aumentava ao fim do duto, cada rajada de energia era um pedaço da armadura que era levada, e cada golpe era transmitido e cobrado do real corpo da morena, se debatendo para fechar a porta do apocalipse de seu mundo.

Kara.

Esse era seu mundo.

Kara.

Lampejava sua mente.

Kara.

Faíscas saiam da armadura cada vez mais cortada pela radiação palpitando do coração do canhão.

Kara.

Chorava o seu coração.

Kara.

Só mais um pouquinho a comporta quase fechada, prestes a selar o fim de seu mundo.

O peito por explodir, a adrenalina no teto com a dor e as lembranças, como quando ela segurou o tsunami de National City, quando tentou segurar Krugger no círculo Izalith, ou a tarde alaranjada do fim, quando chorou no tapete com as mãos cheias do vermelho que perdera, quando teve a loira em Midvalle, quando lutou com Pesadelo, quando tomou Kryptonita vermelha, e teve sua última noite...com seu mundo.

As travas soltaram e duma vez a comporta se fechou com um empuxo de energia, atirando Lena violentamente. A armadura falhou, se confundindo onde solidificar e Lena bateu nuca com tudo na parede que entortou.

Kara, lembrou-se do sorriso dela ao acordarem na cama.

Viu o apartamento alaranjado com cheiro de brisa, as cortinas esvoaçando numa manhã deliciosa após fazerem amor uma noite inteira, e ardeu em seu rosto o olhar de Kara sorrindo aquele sorriso quentinho dela... ardeu também a nuca numa trovoada molhada e quente, e tudo desapareceu ao abrir dos olhos naquele inferno frio e azulado, onde as únicas coisas queimando em seu rosto eram as queimaduras de radiação.

Em posse do pouco que suas faculdades mentais ainda conseguiam lembrar que não fossem o paraíso perdido: poupar quatro minutos de metal.

A morena se virou de bruços no chão, esgotada e queimada, com duas faixas de cabelo branco em cada orelha, da raiz às pontas, e um fio vermelho escorreu entre seus olhos voltando ao carmim, e o senso se direção se perdia, em cima, em baixo, direita, esquerda.

Penosamente arrastou-se para direção oposta da comporta, mas a subida era íngreme demais, e em mais um esforço demasiado para o corpo que já não mais suportava, chamou a falha armadura cobrindo parcialmente o corpo, se concentrando nas mãos para fossem encouraçadas por completo. Então subiu com a cabeça meio aberta, usando as garras para trepar as paredes. Lutando para expulsar o ar de seus pulmões gritando, enfrentando as lindas sombras que se apresentavam a cada vez que fechava os olhos.

Kara.

Mirou o relógio em seu pulso a contagem regressiva, não podia usar mais a armadura se quisesse voltar.

Voltar para que?

Para ser sincera nunca houve um voltar, não existe voltar atrás, não existe máquina do tempo como nas bestas histórias, e se á fazem, espero de coração que sejam minimamente honestos diante da realidade, existem segundas chances, mas não existe apagar o que se foi. Também não se faz bem sobreviver em função do julgo passado, mas também não se deve esquecê-lo, tão pouco anulá-lo, nosso passado é o que nos traz ao presente, então aceite e viva, pois só se tem uma vida, e ela é cara demais para perder tempo com jumentices de gente burra.

Viva, ainda que seja difícil, vale a pena, pois se o que é bom passa, o que é ruim também, de sonho em sonho passado, passe o pesadelo.

Lena alcançou o topo do duto, e de lá buscou outro elevador, pois não poderia voltar por onde veio, a menos que aprendesse a voar. Novamente no nível dos corredores escuros tomou o último elevador que a retornaria à cidade. Sem mais aguentar sentou-se no chão, largando as costas na parede, tendo a vista da partida lua, nunca havia parado para admirar sua beleza, quebrada e ainda sim uma boniteza só. Sempre foi e sempre o será, talvez sejamos nós a esquecer da beleza nas simples coisas, como um bobo sorriso, ou o cheiro do ar depois que o escapamento e o cigarro se vão. O gosto da água que sem sabor, é o que procuramos quando não gostamos de outro. Nossos olhos que atravessam o transparente ar, e enxergamos, as vezes né, as vezes não vemos o que está diante de nós.

Um tranco sacodiu a cabine e o elevador parou, travado entre o subsolo e o térreo. Lena apertou os dedos na porta, e empurrou a parede com o pé, para ver o chão queimado do andar da rua. A abertura não era muita, mas o bastante para a Luthor se esgueirar e sair do elevador que se soltou imediatamente após sua passageira o deixar. Sorte, ou um puto azar, pois aquela era uma das entradas conhecidas para o nível do canhão, geralmente bem guardadas, mas ao dar uma olhada no hall encontrou apenas o cheiro de carne queimada, chão chamuscado de calor, e azulejos derretidos, os restos de um incêndio, ou ruinas da passagem de um dragão?

Tic!

Tac!

E o chão tremeu.

Não tinha tempo para analisar, apenas correr, porém correr era o que todos os cidadãos de Neo Metrópoles tentavam fazer, instaurado fora o pânico e trafegar pelas ruas era impossível com o mar de gente desesperada e rios de carros parados abandonados. Pensando rápido a morena subiu por cima do parapeito de uma loja de café, e trepou uma marquise que usou de calçada na falta de uma, a Kryptonita vermelha para algo servia.

Novamente o som do vento sendo cortado, mas antes que pudesse virar a cabeça para ver o que era, Lena estava voado e foi arremessada para dentro dum edifício. Os cacos de vidro caiam, enquanto ela tentava se pôr em pé no meio das mesas e computadores de um escritório deserto. O vidro arrebentou mais adiante com um Prometheus pousando na sua frente.

Merda.

Imediatamente buscou sua 12, que 12? Suas pistolas, que pistolas?

Merda tripla.

O defunto branco voo contra ela e num impulso a muito esquecido, Lena estalou os dedos e o fez ficar mais devagar, a permitindo desviar e dar um gancho de esquerda, porém mal fez cócegas nele, a Kryptonita vermelha tinha um limite, uma Kryptoniana. O defunto de armadura se ajeitou e mais dois se uniram a ele para estraçalhar a Luthor tal qual com Kara.

Kara... Kara, ela não saia de sua mente.

O peito palpitava com as asas negras se movendo em seu peito, mas sem a esmagar como antes, ao tentar fazer magia. Que informação mais atrasada de merda. Agora que descobria isso? Quando estava para morrer...

A Luthor em pensamento ordenava a armadura a emergir, porém uma grande explosão ao longe sacodiu a cidade, e uma segunda ali perto com um brilho verde apagou os olhos rubros da morena, os devolvendo ao azul e verde e junto levou a força dos Prometheus, que foram ao chão instantaneamente em agonia, o limite de um Kryptoniano, Kryptonita verde.

Mais explosões verdes pela cidade, e Lena não ficou para ver onde eram, muito menos ver seus efeitos caindo por aí em dor sendo que ela própria também fora afetada sem a força da Kryptonita vermelha, apagada pela radiação verde.

Nas ruas e dentro dos edifícios, pânico e mais pânico, com pessoas correndo desesperadas buscando um meio de se salvarem. Rachaduras cresciam nas construções, alguns prédios desmoronavam, ou eram engolidos em imensas crateras abertas, como este em que estava, o chão inclinou para a frente se rasgando e engolindo-a.

A armadura se sobrepôs à sua pele numa manobra defensiva junto da magia, usando os pedaços de construção no ar como plataformas de salto, para a estrutura mais próxima, enfiando as garras nas vigas de sustentação de um enorme prédio com os vidros estourados, com um braço de magia azulado por sobre a falha armadura. Dependurada da haste do teto numa mão só, se deparou com a última pessoa que imaginou encontrar, Amanda Waller na sala de comando vazia. A viseira trincada abriu e expôs o rosto da Luthor, as duas feras se encararam. Nenhuma palavra foi dita, não havia necessidade, uma no feroz olhar dizia:

"Você sabe muito bem o que fez, trocou nosso mundo por ela, boa sorte nesse pesadelo."

E a outra respondia:

"E você sabia que eu trocaria o mundo por ela. Tudo por ela."

Num silencioso adeus abandonou Waller, que como uma boa capitã, afundaria com seu barco.

Lena conseguiu entrar num dos corredores rota de fuga dos civis e funcionários nas asas do canhão. Desesperados e em pânico, muito diferente da fria líder deles. Seguindo sua fuga para fora daquele inferno alado. Outra vês o corredor se inclinou, porém desta vez ela já estava do outro lado, enquanto os que ficaram para trás foram pegos numa explosão verde, assustando e debandando os demais. Alguns poucos caíram de joelhos chorando chamando por seus entes deixados, antes de serem derrubados e pisoteados.

Mais à frente havia o hangar com os módulos de fuga quase se acabando, e os poucos restantes sendo disputados em pura selvageria. Em socos, tiros, dedos em olhos, e gritos. Tudo bem, Lena não precisava de um módulo de fuga, não que não fosse ajudá-la, o hangar das asas eram os mais distantes do raio de disparo do canhão, e convenhamos, as armaduras ajudavam a cair, não a passar no meio de um disparo maciço, e esperava que não conseguissem disparar, essa era a ideia.

Lena tentou passar pela confusão sem ser notada, o que não foi difícil, o problema é que essa muvuca derrubou uma granada de estilhaços em seu pé.

Merda infinita!

Estourando os dois módulos de fuga restantes e quase sua perna esquerda, a Luthor rolou para quase a beirada da instalação, perto do escudo de oxigênio quase caindo para espaço. E novamente sua visão turvou, e cada fechada de olho a levava ao sonho do quente sorriso de Kara na cama com ela, e cada vez que os abria assistia seres humanos despedaçados pelo chão, e os que não estavam partidos, despedaçavam uns aos outros, ao passo que as visões se misturavam cada vez que piscava, via Kara sendo despedaçada novamente, e Kara com ela na cama sorrindo.

E as pessoas se rasgando, se matando, se destruindo, com ou sem pesadelo.

Não.

Esse era o pesadelo, nós mesmos.

Uma chuva de tiros despedaçou os sobreviventes brigando, uns quinze soldados apartaram a matança com mais matança, e mesmo os que imploraram por socorro também foram assassinados.

- MERDA! Não sobrou nenhum pra gente! - Gritou um deles com marcas de queimaduras, ao constatar que nenhum módulo de fuga restara. - Puta merda! - Raivosos de estarem condenados.

- Olha quem tá ali! – Gritou um outro apontando a arma para Lena no chão.

- Não atira não! Essa desgraçada a gente vai matar na porrada!!! – Rugiu um loiro jogando o capacete longe, liderando os outros.

Morreria agora?

Talvez.

Já não tinha mais forças.

Tomou um chute na barriga, e lembrou da perda, os olhos lampejaram, saiu dela uma magia que arremessou o soldado loiro para o espaço, que o esmagou fazendo seus olhos saírem das orbitas e intestinos saírem por trás, comprimindo seus membros até que ele virasse uma geleia vermelha no ar. O amigo dele acertou um chute na cabeça dela esguichando sangue, e Lena quase perdia a consciência se indo para o sonho com Kara no apartamento.

- Vamo joga ela pra fora! – Disse um deles, e a arrastaram puxando-lhe pelos braços, um apertou a perna esquerda o qual certa vez tivera o fêmur esmagado, e outro feitiço mudo, porém era o limite, e Lena vomitou sangue, lembrando-a do sim no altar.

Era o fim.

Foi quando de algum lugar uma enorme criatura sombria com cauda e cheia de espinhos incandescentes e boca cheia de dentes mordeu a cabeça de um dos soldados e sacudiu-o como uma boneca de trapos até que soltasse o pescoço do resto.

Sangue espirrou, e os soldados se desesperaram, largando Lena e atirando naquela coisa em que os tiros batiam e caiam, ou ricocheteavam em fagulhas.

- Que porra é essa?! – Espantou-se o líder dos soldados, da medonha criatura retorcida com tubos nas costas cuspindo fogo contra os inimigos. Os soldados em chamas gritavam, correndo tentando se livrar do fogo que derretia seus equipamentos na pele, até caírem e morrerem com suas carnes cozidas.

- Sig? – Chamou Lena atrás dele, e ele rugiu disparando chamas para o teto como um dragão de bronze com pontas em brasa. Tomado de fúria e ódio, loucura e dor.

Ele se voltou para a Luthor, agarrando seu pescoço e deixando-a em pé, a boca da fera metálica se abriu expondo o rosto do loiro. Veias negras saltadas sangrando óleo pelo nariz e boca, cabelo e bigode pálido, dentes pontudos e afiados, tão fundido à armadura, que seu sangue havia enegrecido e engrossado.

- Você ainda tem alguém pra encontrar depois daqui, – Murmurou ele apalpando o pescoço de Lena. – Ainda tem um mundo que precisa de você.

Seu alguém e seu mundo.

Foi quando sentiu algo grudar em seu pescoço.

- MATA ESSE MONSTRO!!! – Rugiram mais guardas, e disparos cortaram o hangar, estourando parte da cabeça de Sig por trás, fazendo voar cérebro, crânio e óleo em chamas.

Algo ardeu o peito de Lena, logo antes de ser empurrada para fora do escudo de oxigênio da estação com a armadura do gêmeo de Sig a vestindo. Enquanto a de Sig fechou a bocarra sobre a cabeça dele, o engolindo e rugindo aos agressores atirando.

Rugidos, tiros, gritos e explosões tomaram o hangar, quando uma gigantesca bola de fogo tomou tudo empurrando Lena para longe da mega explosão das asas no céu, sem nada poder fazer, somente lembrar dela.

Seu mundo.

Seu sorriso.

Kara.

"Se eu tivesse o mundo

Que eu queria ter

Trocaria tudo

Por você

Só você"


"Os meus dias são

Tristes e sem cor

Sem o seu calor

Tudo é dor e solidão"


"Fecho os meus olhos

E vejo você

Sempre o Sol do meu ser

Sorrindo pra mim

Com toda a sua luz"

"Nos meus sonhos, vou sempre ter você

Seu sorriso é o que me faz viver"

"Vou guardar aqui dentro de mim

O seu sorriso lindo até o fim"


***

Da autora: Hey Supercorps, como vão?

E como fomos nesse cap, me contem vamos lá me abram um sorriso nessa cara aki que chorar pra escrever algumas partes.

Caso alguém pergunte qual a musica ali no fim do cap, é  o fechamento 3 de Inuyahsa, SEU SORRISO dublado enh gente.

https://youtu.be/eJ5q0kuWkq0

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