Couraça impenetrável - parte 3
Por Alex
Fria, dura, um pé no saco. Digamos que sua irmã não fora a única a sepultar o próprio senso de humor. Não bastasse ser a chefe mandona antes, agora era a ditadora da borda de catupiry, porque vai ser chata assim em outro lugar, porra!
Mas, no fundo, Alex sabia, talvez fosse a única a saber da maior tragédia há seis anos, e não foi Krugger, não, foram os desastres que se seguiram.
Foi uma noite, um pouco antes do demônio branco surgir. No quarto da Luthor.
– Então, o que eu preciso ver que você teve que abrir a boca pra falar da Anri? – perguntou a comandante as suas costas. Certa de já ter entendido que o laboratório e a comandante do forte Mandíbula eram pura balela, apenas para se livrar da loira, que não devia ver o que elas iam ver.
– Se eu dissesse que gente ia brincar de toureiro com ela vestindo a capa, ela ia vir. Tinha que me livrar dela. Ela já está sob muito estresse pra aturar mais isso. E você também, mas você é a comandante, precisa vir mesmo que não goste, Mara encontrou ontem à noite. Na ala norte – respondeu.
A boca da comandante virou uma curva para baixo.
– É bom ser importante – resmungou.
– Isso tudo é por conta da Anri, ou é por que eu interrompi vocês no quarto? – divertiu-se a ruiva no final da frase. E se a Luthor estava apenas corada, agora ela podia se camuflar no meio de tomates.
– General, por favor. Vamos manter o profissionalismo aqui.
– Profissionalismo, depois daquele extintor? – Mirou nos olhos dela. Mas a morena desconversou e parou no meio do corredor.
– Olha Alex, por favor, não vamos falar disso – pediu tocando o seu ombro, e mirando o chão.
De muito mal grado, a ruiva cedeu, não ia dar muito certo puxar águas passadas, mas como irmã e cunhada...
Puta merda, essas duas.
Alex acendeu uma lanterna e rumou entre os corredores escuros dos laboratórios abandonados.
Quando chegaram na escada espiral, a comandante hesitou, como se não quisesse seguir, com medo de algo.
– Tem certeza que é por aqui?
– Ah, tenha dó Lena, todo mundo sabe, tá bem? Que a parada do Vodikello fica escondida atrás da porta do quarto andar, que no andar inundado fica o resto – A morena suspirou aliviada. – e que você batizou a cachorra com o nome da minha irmã, eu não contei; de gente puta com vocês duas, já chega eu.
Um pouco mais e chegaram ao alojamento correto.
E os olhos da comandante faiscaram com a visão daquele altar improvisado. Uma mesa de escritório com uma tigela no meio. Velas derretidas, um punhal e o que mais faltava.
Porém, um item fez tanto a general quanto a comandante engasgarem.
Havia um pedaço da capa de Supergirl que não estivera ali na noite anterior. Bordado nele, o ômega alado, brasão do demônio.
A morena furiosa chutou ao altar, e Alex tentou segurá-la, não era boa ideia saberem que foram descobertos.
– Comandante, acalme-se! – pedia Alex, segurando a morena por trás.
– Calma eu vou ter quando estourar os miolos desses filhos da puta! Quem eles acham que são, DEUS?! Como eles podem querer que ela morra, se é ela quem está defendendo o deles na reta! – Não tinha conversa, não agora.
E embora não fosse inteligente destruir tudo, a ruiva não poderia negar o quão irritada também estava por aquilo. Era sua irmã que esses desocupados queriam matar, por uma crença que não tinha sentido. Estúpido é aquele que faz estupidez, classificação a morder a espécie humana em sua totalidade.
Alex soltou a Luthor, uma vez que ela deixou a agressividade de lado. As duas reposicionaram o altar, mas queimaram o pedaço de capa com o ômega.
– Como eles entraram aqui? Será que clandestinamente? – indagava a comandante.
– Dariam bandeira. Devem ter se infiltrado de outro jeito. – A general ponderou bem as palavras seguintes: – É difícil dizer o que cada um leva de baixo do uniforme. Eles podem vestir o emblema da agência, não quer dizer nada. É a explicação que eu tenho, não vieram de fora, nasceram aqui dentro. – A ruiva apontou para o meio do peito da comandante, que arregalou os olhos de volta.
Um disparo veio da porta, e a morena puxou-a disparando também. O inimigo caiu de cara no chão para dentro do alojamento.
– Blastro – constatou Alex. – O primeiro capitão.
– Caiam todos, salvai-nos Deus do fim, expurgai de toda terra o mal, cavaleiro dos céus, do apocalipse... – rogava ele. – Morte, morte a todos eles, morte a Supergirl.
A prece dele resultou em mais um disparo da pistola da comandante. A general olhou um tanto atônita, porém não havia muito mais o que ser feito. Ele não exitou em atirar em suas costas e não aparentava se arrepender de nada.
Será que era o único Rainer no forte?
Haveriam mais?
Como saber?
Como antes, o que cada um leva sobre o peito é uma coisa, agora dentro dele, é um mistério. Mesmo a fria atiradora tentava, sem conseguir, segurar a água em seus olhos, após o que havia feito. E a general jamais suspeitara do primeiro capitão, um homem que vibrava a cada soco acertado da Supergirl em Krugger.
Alex abraçou Luthor que, devido ao ato, estava prestes a desmoronar, porém um sussurrar assoviou ao fundo, aproximando-se cada vez mais. As duas sacaram a arma, e de costas uma para a outra, apontaram para cada lado do corredor.
Uma voz amargamente familiar saltou no ar.
Krugger.
– Escutem, e escutem bem – dizia calmamente – Pois esse é meu ultimato a todos. Abandonem a Supergirl, ela deve ser deixada só, qualquer um que se recusar e insistir em estar ao seu lado será destruído. Esse é o meu aviso, acatem, e vivam um pouco mais ou sofram as consequências.
As duas mulheres caíram de joelhos, suando frio, com um zunido no ouvido e o peito estranho. Como se o voz não tivesse vindo de fora para dentro de suas orelhas, mas das profundezas sombrias de seus corações disparados. Entreolharam-se e, sem nada dizer, concordaram sobre o que fazer. As duas foram atrás da Supergirl.
Será que Krugger estava lá? Havia ela descoberto a localização do forte?
Estava uma verdadeira bagunça, todos os agentes para lá e para cá, com a arma em punho, e com os mesmos sintomas das duas mulheres, suor gelado e a sensação de invasão. O laboratório estava vazio, apenas o saco de soro ficara para trás.
– Mara deve ter voltado para o quarto com ela – disse a comandante.
– Mara na escuta? Capitã Mara, na escuta? – Nada de resposta. – Todos os agentes da ponte de comando, a seus postos, eu quero uma varredura de todo o forte e da superfície, pra ontem! – berrou Alex, no comunicador de pulso.
Verdade seja dita: é difícil dizer o que vai no coração de cada um, por detrás da couraça.
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