Couraça impenetrável - parte 1
Por Comandante Luthor
– Não entendo o motivo dessa discussão. Krugger estava ao nosso alcance, usamos o que tínhamos – rosnou o comandante do forte Couraça, Manson... um insuportável de queixo largo e barba inexistente.
– Vocês usaram um canhão de Kryptonita com a Supergirl no caminho. Não preciso nem lembrar os senhores da importância dela – pontuou a comandante Luthor, tendo que se conter para não tacar a cadeira de reuniões na cabeça de alguém. – Nossa última heroína.
– A comandante quer dizer, SUA heroína – cortou Manson, irritado.
– Calma pessoal – pediu a comandante do forte Mandíbula, Anri, ajeitando os óculos no nariz. O que deixou Luthor um tanto desconfortável.
– Perdi um forte inteiro, não me diga para ter calma! É muito fácil essa senhorita vir aqui me criticar, quando ela é a única comandante de um forte com a Supergirl como defesa. Se bem que, depois do último evento, nem pra isso ela serve mais! – bufou o comandante do forte Couraça.
– Comandante Manson! – repreendeu o comandante do forte Colossal, Arlet, o gigante de dois metros.
– Estou dizendo a verdade, foi-se o tempo em que esses super-heróis eram alguma coisa, agora não passam disso, passado, seria melhor mesmo que a sua Super fosse logo uma lembrança, assim parávamos com essa babaquice messiânica, e fazíamos alguma coisa – Manson rosnava furioso a cada sílaba, e não era o único naquela sala de reuniões a bufar fogo dos pulmões.
Tanto que nem a comandante Luthor pôde com aquilo, pondo-se em pé pronta a atirar mais um extintor.
– Ordem! – pediu o comandante do forte Primordial, Claus, o mais velho deles, um baixinho senhorzinho careca e enrugado, de aspecto sereno de farto bigode grisalho. – Comandante Manson, o que sugere então? A Supergirl tem sido, e ainda é, nossa melhor e única opção.
– Com todo o perdão, mas discordo. Não entendo porque perdemos tempo com essa brincadeira de mal gosto quando temos o Icarus à disposição – cuspiu o comandante do Couraça.
– O senhor está maluco?! – questionou o comandante do forte, Ell Sigward, o loiro do rabo de cavalo e bigode. – Tem ideia do que pode acontecer se usar o Icarus? Pelo menos vinte Tóquios desapareceriam num piscar de olhos. E isso num tiro de raspão, em cheio, pode até acertar o centro do planeta. – Sigward pulou da cadeira, indignado da falta de sensatez bélica de usar uma arma tão massivamente absurda.
– De partida já chega a lua – completou o comandante forte Bestial, Sigmeyer, o gêmeo de Sigward, porém de cabelo curto e sem qualquer pelo na cara, que não suas orgulhosas costeletas.
– Eu não entendo qual a sua fissura com esse canhão de destruição em massa, pior que uma bomba atômica. Quero continuar morando aqui na Terra, obrigado – rosnou Luthor, segurando as pontas para não explodir.
– Tem medo que o meu canhão supere a sua Super? – zombou Manson.
– Seu canhão?! – vociferou Sigward, inconformado com a questão de posse.
– Boa sorte em conseguir mirar. Krugger é rápida demais para uma arma tão massiva. Destruiria tudo menos ela – disse a morena, certa de conhecer aquela geringonça do Cadmus.
– Fora o tempo de preparação para um disparo, não temos engenheiros suficientes para isso – atestou Sigward.
– E nem recursos – disse o comandante do forte, Lion Rick o moreno de cabelo cacheado penteado para trás e olhos azul piscina.
– Por hora nossa decisão quanto ao destino da Supercorp se mantém a mesma. Quanto tempo até a Supergirl estar pronta? – perguntou o comandante do forte Primordial, Claus.
– Duas semanas no mínimo – informou Luthor, lamentando cada silaba.
– Eu estou falando, quanto antes essa farsa virar passado melhor. O forte Xerxes foi a baixo, e vocês ainda vão na dela? Essa crença nesse Jesus de capa de vocês vai matar todos nós! – rosnou Manson.
– Reunião encerrada! – gritou o comandante do Colossal, Arlet.
Toda a sala branca se desfez, os hologramas dos comandantes se apagaram, restando apenas Luthor naquela mesa vazia.
Graças a Deus acabara aquela sessão de horrores, naquela sala de reuniões de mentirinha, antes da morena surtar. Ela se jogou na cadeira, puxando todo ar que pode, segurando-o, e contando até dez. Nove comandantes, e nove antas, ela inclusa, pensou. Do resto do resto, a resistência uniu-se sob a bandeira do S e do L.
Supercorp Alliance.
Leu na parede da escura que era aquela masmorra, e não pode deixar de escapulir um riso travesso. Nomezinho ridículo de capa de fanfic. O quão melhor seria se fosse só isso mesmo, um nome miúdo para espremer os olhos na thumbnail. Ou o nome engraçado que pensou, quando...
Sem perceber, a morena dedilhava a blusa sobre o peito. Respirando ainda mais fundo quando puxou um cordão vermelho que usava de colar; na ponta dele havia um anel prateado. Frouxo em seu dedo, talvez por não pertencer as suas medidas, mas as de outra pessoa.
***
Que dia horroroso estava sendo aquele. Tudo o que queria era um banho e sua cama. Arrastando os pés, Luthor foi para o quarto, arrancando as botas e jogando o casado em qualquer lugar. Abre cinto dos infernos! Largou a arma e finalmente estava livre. Somente com a camiseta branca e a roupa de baixo, ligou o chuveiro, para esquentar a água, apenas para ver uma loira, de calça arriada, sentada no vaso do mesmo banheiro em que se encontrava.
Certamente ninguém iria escutar aquele grito, mas, para quem quiser saber, quase que a cabeça de alguém chegou ao teto com o pulo do susto.
Após o banho, a morena foi para o quarto se atirar na cama. Morta de vergonha, e, novamente, sem perceber, estava afundando a cabeça nos lençóis, ainda com o cheiro dela, com o cheiro das duas. Sua mente foi para um lugar escuro chamado "passado" quando... pela primeira vez, elas...
– Desculpa, eu devia ter falado alguma coisa assim que você entrou – disse a loira, saída do chuveiro.
– Não tem de se desculpar. Eu que devia ter lembrado que você estava aqui. – A comandante desviou o olhar.
– Me desculpa – pediu Super, com um chorinho triste na voz.
– Já falei que não tem porque, para de se cobrar tanto. Além do mais, bom ver que as coisas estão funcionando dentro de você. Com os ferimentos internos, não era nem pra você conseguir comer. Mas você se recupera rápido. – Sorriu, e a loira se arrastou para a poltrona.
– Não tanto quanto algumas pessoas – murmurou.
Luthor sentiu uma alfinetada no peito.
– Seja profissional, Supergirl, podemos estar no meu quarto pessoal, mas somos apenas sócias na Supercorp. – A morena mirou a poltrona. Que dó, jogada no encosto, tendo de arrastar o soro para lá e para cá. – Deixa que eu seco.
Tomou a toalha em mãos e esfregou os longos fios amarelos.
– Isso é ser profissional? – perguntou Super.
Você é um artigo importante da agência, tem de estar bem, do contrário, vira um vão no quadro de funcionários, e não adianta navegar num barco furado – explicou sem ter coragem de mirar aqueles olhos azuis.
– E você tá bem? – Aquela voz quentinha e chorosa, que tão bem conhecia.
Não teve jeito, e ela cruzou os olhares, presas uma na outra.
– Tem uns dias que quase. Acho que há seis anos ninguém fica um dia bem. Os piores pra mim são quando... – faltaram palavras, fôlego e forças para responder com a boca o que o coração esgoelava desesperado. – Quando eu tenho que assistir a Supergirl contra Krugger, os relatórios são um saco – desconversou.
– É o meu dever, proteger o mundo e as pessoas. É meu dever derrotar ela. – disseram aqueles lábios, mas, nos olhos, na pele e no calor, a comandante sentia outra coisa. E sem que alguns dos deveres chamasse, ou mesmo que por um instante pudessem ignorar.
O silêncio entre elas era algo um tanto diferente, um que há anos se repetia de forma involuntária, diante das inúmeras negações.
Não.
Não e não.
Supergirl e a comandante Luthor carregavam o mais terrível silêncio, mas não as duas mulheres além dos títulos, não era silêncio, não era vão, não era terrível, era a ausência de palavras que pudesse falar, o que o peito de cada uma pedia.
Mas não dava, não depois do que houve entre elas.
Não podia, não era lugar, não era hora.
E jamais seria.
Estavam em guerra. De um jeito ou de outro, dentro, ou fora daquele quarto.
A curta distância delas se desfazia a cada respiração. Sem que pudessem escapar do inegável magnetismo entre ambas. Porém a porta acionou, e abriu-se com Alex.
– Comandante, tem uma coisa que você precisa ver – chamou a ruiva.
***
Da autora:
Como fomos hj Supercorps?
O clima ficou quente entre os comandantes, e nossa comandante preferida está com a cabeça aonde? Um abração de lobo em vocês lindas, e até o próximo WITHIN!!!
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