❝Por que eu continuo me atraindo?

Vem apenas você à minha cabeça (oh)

Eu não posso explicar essa emoção❞

─ CASE 143, STRAY KIDS

★

─ Meu Deus. Não sei se isso é uma partida de basquete ou uma reunião da grifinória. ─ Jisung gritou em meio a multidão que vestia a camiseta oficial do time escolar, espremendo-se em meio aos corpos agitados que gritavam na arquibancada.

As cores vermelho e dourado predominavam ali e a torcida do time adversário não parecia tão animada quanto a do time que vencia por três pontos.

O jogo já havia começado a algum tempo e, sendo honesto, Seungmin não estava nada contente com sua situação atual.

Ele simplesmente odiava estar em meio a uma grande quantidade de pessoas, principalmente se estas estivessem gritando, suando e fedendo como agora. Mas o que ele não fazia pelo australiano, não é?

O Kim sabia que ambos não eram amigos íntimos ou algo do tipo, mas seu coração palpitava ao lembrar dos olhos escuros esperando sua resposta ao convite. Como Seungmin diria a ele que odiava esportes?

Isso estava fora de cogitação, por isso, tudo o que podia fazer agora era esperar até que a partida acabasse.

Pelo menos não estava sozinho ali.

Quando finalmente conseguiram encontrar dois assentos vazios, Seungmin finalmente pôde concentrar-se na pessoa que havia feito com que ele saísse de casa em pleno sábado à noite.

As madeixas claras e medianas estavam presas em algumas pequenas presilhas, e Bang Chan vestia o uniforme que contrastava perfeitamente com sua tez branquinha. Sua expressão focada e seus olhos flamejantes fizeram com que Seungmin bambeasse. Por sorte, estava sentado. As sobrancelhas franzidas e o nariz empinado em completa confiança também chamaram a atenção do coreano, que ficava arrepiado com os pensamentos que se passavam por sua mente criativa.

─ Você tá com tanta fome assim? ─ Seungmin despertou de seu pequeno devaneio ao direcionar o seu olhar para o baixinho sentado ao seu lado, que sorria de forma travessa. O Kim arqueou a sobrancelha esquerda diante da expressão exagerada do moreno. ─ Pra estar comendo o Bang com os olhos desse jeito, só pode ser isso ─ O Han riu de forma escandalosa, arrancando um revirar de olhos de Seungmin.

─ Eu vim pra assistir o jogo, não? ─ ele murmurou, cruzando os braços sobre o peito. ─ Já deixei de ler meu livro, que aliás, estou quase terminando, então nada mais justo do que prestar atenção, certo?

─ Aposto que você nem sabe o que um ala-armador faz ─ O baixinho o desafiou, recebendo silêncio como confirmação ─ Imaginei. Você e eu sabemos que não está aqui pelo jogo, então não tem motivo para mentir.

Seungmin deu-se por vencido e voltou a observar o local, e por breves segundos, cruzou seu olhar com o de Chaeyoung, que estava de pé a alguns metros de distância.

Sorriu pequeno para a mais nova, que retribuiu cordialmente.

Não haviam se falado desde o término, mas Seungmin soube através de um amigo em que comum que ela estava conformada. Isso fez com que o Kim se sentisse aliviado de certa forma, afinal, ela não merecia sofrer.

Na verdade, era a última coisa que ela merecia.

[...]

Seungmin não sabia onde Jisung havia se enfiado. O baixinho havia sumido nos minutos finais do jogo sem dizer uma única palavra, mas o moreno sabia que não havia necessidade de se preocupar com o melhor amigo, que provavelmente estava muito bem acompanhado, então decidiu procurar por Bang Chan e parabenizá-lo pela vitória.

O Kim sabia que não tinha permissão para adentrar o vestiário, mas poderia esperar pelo australiano do lado de fora, afinal, precisava fazer sua saída de casa valer a pena.

O moreno esperou até que o local esvaziasse um pouco, apenas o suficiente para que ele conseguisse caminhar por ali com mais facilidade e então deixou seu assento, rumando o corredor dos vestiários enquanto respirava fundo em uma falha tentativa de se acalmar.

Não conseguia entender o motivo de estar tão nervoso, mas não conseguia evitar.

No entanto, seus passos, antes decididos, foram diminuindo seu ritmo e seus ouvidos captaram o momento em que uma risada típica de um filme adolescente sobre garotas ricas e mimadas soou de trás da arquibancada.

De início, não deu muita importância a esse fato, mas quando conseguiu perceber a voz de Bang Chan pronunciar um agradecimento tímido, sentiu que precisava espiar discretamente o que acontecia ali.

Antes não tivesse feito isso, já que quando se aproximou em passos leves e silenciosos e apoiou suas mãos em uma das barras de sustentação dos acentos, viu Bang Chan sorrir abertamente para Tzuyu, que acariciava lentamente o braço direito do australiano, subindo e descendo seus dedos pela pele branquinha.

A líder de torcida também sorria, e seus dentes brancos e perfeitamente alinhados pareciam ofuscar até mesmo as luzes do local.

Na visão de Seungmin, eles estavam próximos demais e por algum motivo, aquela cena lhe embrulhou o estômago.

Não queria presenciar o beijo que provavelmente ocorreria em poucos segundos, então saiu dali rápido o suficiente para não ser notado, bufando de maneira irritada e frustrada.

Ele geralmente se sentia assim quando cenas intensas entre Bang e Changbin eram narradas nos livros de Felix. Os beijos sempre muito bem detalhados e os momentos de prazer entre ambos deixava Seungmin subindo pelas paredes.

O coreano jamais imaginou que se sentiria assim por alguém que não fosse o seu doce, delicado, amável e incomparável Bang Chan literário, no entanto, era exatamente assim que se sentia agora.

Sua mente trabalhava a mil e seu coração batia acelerado diante de todos os pensamentos e sentimentos que tomavam conta de si.

Parecia egoísta até mesmo para ele, mas não queria perder Bang Chan. Já havia o perdido para Changbin e talvez não suportasse vivenciar tal dor mais uma vez.

"Eles não são a mesma pessoa. Que merda!"

Praguejava mentalmente e nem mesmo sabia para onde estava indo. Apenas queria poder voltar no tempo e nunca ter saído de casa naquela maldita noite.