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- LUDMILAAAAA?!!! - Ouvi Brunna urrar. Parei de picar cebola para a sopa que eu fazia na hora.
- QUEEEEEEEEEEEEE??!! - Gritei de volta.
- TEM PÃO?!
- AMOR, A CASA É SUAAAA!!!
- E VOCÊ NÃO TEM OLHOS PRA PROCURAR ESSA DESGRAÇA, CARALHOOOO? - Bufei, rindo baixinho em seguida. Dei meia volta e procurei por todos os armários, dando a má sorte de só encontrar no último.
- TEEEEEEEEEEEM PÃO!! - Gritei de volta. Brunna desceu as escadas e apareceu rindo na cozinha, enrolada em uma mantinha verde. - Hey, volta para a cama, você mal comeu por causa do enjoo da gravidez e estou terminando sua sopa. - Ela parou ao meu lado, me abraçando e conseguindo olhar dentro da panela.
- E desde quando tu cozinha?
- Duh, eu sempre assistia a Ana Maria e o Loro José no mais você, é claro que sei fazer algumas comidas. - Ela mordeu o lábio inferior.
- Tá, mas cadê meu pão? - Levantei a sacola.
- Tá aqui.
- Ótimo! - Brunna pegou o pão da minha mão e se virou, prestes a sair da cozinha. - LUDMILLA!
- AI MEU DEUS, ABORTOU SEM QUERER? O QUE HOUVE? - Corri até ela.
- NÃO! Palhaça, não! - Brunna sorriu, me deixando mais na dúvida. - Olha, alguém tá chutando a Jabulani aqui...- Minha namorada puxou um pouco a mantinha e levantou a camisa, mostrando a barriga levemente se mover em um ponto específico. - Ah, praga, para de chutar...
- Ele ou ela tá chutando!
- Parece incrível mas já quero voar a chinela. - Brunna se apoiou na mesa, respirando fundo em seguida. - Que que é isso, eu tô parindo o Neymar e não sabia?
- Tá doendo?!
- Tá bem desconfortável... Mas não dói tanto. - Assenti. Me ajoelhei na frente de Brunna e coloquei meu rosto pertinho, levando um chute.
- Ai peste! Não chuta seu pai, mais que falta de educação! - Brunna riu. Os chutes pararam. - Mais dois meses e meio e você sai...- Falei mais baixinho, agora acariciando minha bola de aeróbica. - Amo você.
- Também te amo, Lud. - Fitei a minha namorada, percebendo uma cara de tédio.
- Isso é ciúmes, Babe?! - Ela deu de ombros.
- Quero sopa.
- A SOPA! - Me virei rapidamente, vendo o líquido da panela borbulhar. - AH PORRA!
- Não sei porque confio na sua culinária, você queima café.
- Hey, vai fazer bullying comigo? Te faço assistir 13 reasons why para você ver o quão grave isso é.
- Eu já assisti. - Ela riu. - Agora estou com vontade de chorar pela Hannah Montana de Taubaté em Estéreo. Aff, Ludmilla. - Ri baixinho, a abraçando após desligar o fogão
- Ainda dá para comer a sopa, vou levar para você e te dou na boca, Okay? - Ela sorriu maliciosa. - Hm.. desculpa pelo dou na boca..
- Que desejo de molho branco...- Falou, se aproximando e segurando o cós da minha calça de moletom.
- Hey! Olha o respeito.
- Eu só falei que queria molho branco. - Ela riu baixinho, me soltando e indo até a porta. - Você é tão maliciosa.
[...]
Aquele não foi o primeiro dia que Nelson chutou a barriga da Brunna, pois ela já estava perto do sétimo mês de gravidez, e sim, Silvana ainda não sabia sobre a prenhesa de Brunna.
Eu estava com medo de contar por causa da minha irmãzinha que se chamaria Luane. Eu não queria que minha mãe passasse mal e acabasse perdendo a Lu. Acontece que minha namorada tinha um serumaninho no útero e eu precisava contar, porque era minha obrigação, até.
- Você tem aquelas armaduras de ferro, as que os cavaleiros uma vez usavam? - Perguntei para o atendente asiático da loja, onde eu estava. Primeiro que eu já estava borrada de medo - não sei lidar com asiáticos, vai que ele me dava uma terceira teta - e segundo que eu apenas estava buscando proteção para contar ainda hoje, na janta, sobre a gravidez de Brunna.
- Armadula? Sim, sinhola, temos armadula! - Exclamou. Saiu com passos fininhos, até me irritando um pouco, bem lento, mas me controlei, olhando ao redor em seguida. Sem dúvidas, era uma loja esquisita. Fui até umas velas coloridas e observei o livro grande que tinha ali em cima.
"...Então os trigêmeos foram concebidos como forma de pagamento, sendo jogados no labirinto." - Dizia uma frase do livro. Eita que é Maze Runner e Orphan Black com tanta gente igual.
Imagina se viesse três no bucho da Brunna? Que trabalho! Que Deus me livre desse esforço.
- Cuidado! - O japinha falou, me assustando.
- Ai, credo, avisa quando chega perto, né? Quer que eu morra-
- Não! Você não pode continuar essa flase!
- Ai, eu vou ganhar uma terceira teta?
- Você leu o livro dos deuses?! - Olhei para o negócio da minha frente.
- Não.
- Ah! Que bom. Ele fala soble um homem que tinha ódio de deus, então semple que alguém faz um pedido usando o nome de Deus na flase, ele faz o contlalio só pala ilitar.
- Mas como é que é? - Olhei o livro possuído. - Ele faz o contrário pra irritar? - O japinha assentiu rapidamente. - Ah... então está tudo bem, eu nem pedi nada.
- Sim! Aqui, tem essa armadula! - Levantou a vestimenta de ferro prateada.
- Ah, eu vou levar. - Ele sorriu.
- Então... você gosta de kpop? - O encarei.
- Música japonesa? Não muito-
- É KOLEANA!
[...]
- Mãe? - Chamei, assim que saí do meu quarto com a armadura.
- Que- porra, para de ser estranha!! - Silvana pediu, me encontrando no corredor.
- É que quero falar com você. - Ela assentiu.
- Fala, estranha.
- A janta tá pronta?
- Tudo isso pra perguntar se a janta tá pronta? - Neguei, fazendo um barulhão com a minha roupa.
- Não. Preciso falar com você e com Cauã durante a janta. - Ela assentiu.
- Ele tá terminando de fazer comida. Coloca uma roupa descente, Ludmilla. - Neguei rapidamente, fui até a escada e me joguei da mesma, visto que era quase impossível dobrar os joelhos para caminhar.
Eu fiz um barulhão mesmo, mas parei de rolar perto do sofá, então fiz quase que um espacate e me segurei no sofá, conseguindo levantar com bastante esforço e força de vontade, em seguida fui até a cozinha.
- Oi Cauã.
- Oi Ludmilla- EITA TUFÃO!.- Falou, assim que me encarou. - QUE ROUPA FODA! - Sorri para ele.
- Quer o capacete pra cozinhar? Funciona, eu testei mais cedo. - Ele riu. - Aliás, por isso tô sentindo o cheiro de miojo aqui! Ah, eu sou muito lerda. - Cauã voltou a cozinhar, e eu fui tentar sentar.
[...]
- Então, família. - Exclamei, assim que minha mãe sentou na minha frente. - Brunna tá prenha, era isso mesmo, eu vou lá fora andar de bicicleta com a vizinha Carmen, tchau. - Me levantei rapidamente, quase derrubando toda a mesa.
Oh não, Silvana entendeu.
Meu Deus, ela tá segurando talheres.
POR QUE MESMO VOCÊ QUERIA CONTAR NA JANTA, LUDMILLA?
- MAS É O QUE?
- Mamis do meu coração, foi sem querer...- Silvana levantou.
- TU TA BEM BOA, NÉ LUDMILLA? MEU DEUS, COMO VOCÊS VÃO CONTAR PARA A FAMÍLIA DELA? COMO VOCÊS VÃO CRIAR ESSA CRIANÇA, CRIATURA?? LUDMILLA TU TÁ VESTINDO UMA ROUPA DE METAL, COMO TU VAI CRIAR UMA CRIANÇA? - Abaixei minha cabeça.
-Comodinheirodafaculdadequeopaideixoupramim..
- FALA PRA FORA!
- Com o dinheiro da faculdade que o pai deixou pra mim. - Exclamei. - Daí eu já fiz a prova para entrar na universidade com uma bolsa, já estou trabalhando também, eu vendo colchões, lembra? E os pais da Brunna já sabem..
- AAAAAAAAAAAHH NÃO ME SEGURA!
- Não tô segurando..- Cauã falou.
- ENTÃO SEGURA QUE EU TO BEM LOKA. - Corri, sentindo algo bater na minha cabeça. Puxei o capacete de ferro e vi a faca fincada, me fazendo gritar.
- AAAAAAAH CAUÃ, SEGURA ELA! - Gritei, movida pela adrenalina. Voltei a colocar o capacete e perdi a conta de quantos chinelos voaram em mim, mas alguns minutos depois Silvana parou. Credo, quantos pares de chinelo minha mãe tem?
- Ludmilla, vem aqui, eu paro com a agressão e a gente conversa.
- A senhora não tá mentindo?
- Vem aqui. - Silvana falou, parando na porta da sala. Ela estava com os braços cruzados, e outro chinelo em uma das mãos.
Oh, sim, ela estava mentindo.
- Passa para a cozinha.
- Você não vai me bater, né? - Perguntei, aos poucos me aproximando. Silvana negou, porém os olhos dela estavam vermelhos.
- Passa. - Encarei o chinelo. - Ludmilla, se tu correr vai ser pior.
- Mas mãe-
- COZINHA, LUDMILLA!? - Passei correndo, felizmente não apanhando mais ainda sim com pavor. - Tira essa roupa ridícula.
- Não! Vamos negociar, eu tiro só o capacete e você larga a chinela? - Minha mãe pareceu pensar. -... e fica bem longe das facas. - Ela bufou, jogando a chinela no chão e calçando em seguida. Assenti lentamente, tirando o capacete e de cara levando uma chinelada frontal. Mãe!
- Pronto, parei. - Assenti. Deixei o capacete sob a mesa e voltei a me sentar. - Me conta isso direito, Ludmilla.
-.Bom.. já faz quase sete meses. E não é só a Brunna. Cacau, Ariana e Vero também estão grávidas. É basicamente o mesmo tempo de gestação, então...
- Meu Deus, ah mas vai faltar creche. - Soltei uma risadinha.
- Mãe, a senhora aceita isso?
- Ludmilla, é meu neto, eu nunca poderia recusar. Você também é minha filha, eu estou acostumada com suas cagadas. - Soltei uma gargalhada. Era verdade, Silvana é a melhor pessoa por me suportar tão bem. - Eu aceito, se as duas estiverem felizes com isso...- Minha mãe bufou. - Ai credo, estou nova demais pra ser chamada de vovó. - Tirei toda aquela roupa de metal e corri até minha mãe a abraçando.
- E o que você acha, Cauã? - Perguntei.
- Ah, eu tenho que achar?
- Sim, você faz parte da família, agora. - Ele sorriu.
- Eu tô bem de boa.
- Vamos comer, Ludmilla sai. - Minha mãe disse, me fazendo rir baixinho.
Fui até meu lugar na mesa e finalmente começamos a janta, dessa vez com toda a consciência leve de que agora, o próximo passo era contar para Brunna e Silvana sobre o apartamento que eu tinha achado, e sobre Jorge ter oferecido ajuda para pagar o aluguel, mas que só aconteceria depois do primeiro ano do bebê.
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