n/a: a música do capítulo está na mídia na sua melhor versão "quem sabe faz ao vivo" (Somewhere, GroovyRoom feat. Suran e Ph-1).

Capítulo 6 – Somewhere

– Boa noite, sarang... – a voz de Suga saiu abafada pelo telefone.

– Bom dia, você quer dizer... – Suran disse tentando conter, sem sucesso, aquela sensação curiosa que sentia toda vez que ouvia a voz dele, enquanto tentava administrar o celular no ombro, bolsa pendurada no outro, chaves na mão.

– Ya, verdade, aí é dia... Sempre me esqueço... – ele disse preguiçoso se enroscando debaixo do edredom, logo depois de fechar as cortinas e ligar o ar condicionado em alguma temperatura que o fizesse esquecer do clima quente dos trópicos.

– Estou indo pro estúdio ouvir a última versão que você mandou... Vamos gravar o rap hoje. – a cantora jogou a chave dentro da bolsa e se encostou na parede do corredor para adiar um pouco o fim da chamada, já que o sinal cairia quando ela entrasse no elevador.

– Sério? Com aquela letra? – o desdém na voz de Suga a fez mais velha rir. – Alguém topou gravar aquele lixo? Eu disse que reescreveria...

– Anyo, eu gosto daquela letra, você que é muito exigente... Além disso, ela fez parte do nosso processo... – ela tentou não suspirar, mas não conseguiu, se sentia uma adolescente apaixonada lembrando das memórias ainda bem vivas...

E, do outro lado do mundo, sem que notasse, ele sorria, em um misto de raiva e alívio ao pensar naquele rap...

Nas memórias daquele processo...

Bem, a música que deveria ter ficado  pronta em uma, duas semanas, no máximo,  se arrastou por quase um mês em um processo de composição e gravação que parecia querer negar o seu próprio fim.

Min Yoongi havia se acostumado facilmente à rotina de sair dos ensaios da "Wings Tour" e ir direto para o apartamento da sua noona... Toda aquela desculpa de estavam compondo juntos, mesmo que ele à época já soubesse que era muito mais que música.

Toda vez que a porta se abria e lá estava ela uma vontade de tê-la o assaltava de uma forma que a segunda coisa depois do "boa noite", às vezes até a primeira, era relembrar aos lábios dela como eram os dele.  Como eles já eram, sem saber, um do outro.

"Estamos compondo juntos", Suran, naquela época,  diria  para sua amiga como se fosse algo perene, que sempre fora daquele jeito e sempre seria, pois assim  desejava. Estava transcrito no seu sorriso e no brilhinho no fundo dos olhos da cantora e, a partir daí, ela não faria mais nada além de passar minutos dissertando sobre o quanto Yoongi é incrível... Tão inteligente... Entende tanto do música... Ele faz mixagens incríveis... O jeito como ele usa os sintetizadores... e a harmonização das batidas... Ela tagarelaria sem parar sobre ele e, enquanto isso, os seus pensamentos divergiriam entre o processo de composição, as taças de vinho, os olhos dele sobre ela e a e a forma como ele os fechava para ouvi-la cantando, o toque dos seus lábios, o aperto da mão dele na sua.

Mas os dois sabiam que, fatalmente, algo romperia com o processo cíclico.

E esse algo foi, para Min Yoongi, o início da turnê. Um roteiro com as datas das passagens foi entregue em mãos, indicando o fim do processo. Não que ele não esperasse por esse momento. Alguma hora teria que acabar, ainda que fosse algo que seu seu inconsciente tentara ao máximo adiar.

Como algo que nunca começou poderia acabar?  Ele resmungou sozinho no estúdio encarando uma foto da sua noona no celular.

Bloqueou o aparelho e passou a olhar para uma folha em branco, tentando decifrar o espaço vazio que ficava só de pensar no encerramento de todo aquele processo que ele colocaria um ponto final com aquela letra. Ele escreveu, rabiscou e amassou algumas folhas. Ele estava cansado, com raiva por não conseguir compreender o que queria colocar no papel, como deveria pôr fim ao processo.

Eram quase três da manhã quando ele pegou, em um ato de impulsividade, um táxi até o apartamento de Suran, que acordou assustada com o barulho da campainha.

– Eu trouxe a letra do rap... – ele se apressou a dizer, sem nem mesmo tirar a máscara, e apresentou um papel dobrado que estava no bolso do moletom preto.

– Isso é ótimo... – a cantora ainda sonolenta tentou se localizar naquela noite, mas só conseguiu deixar um bocejo escapar depois que fechou a porta atrás de si. – Você quer alguma coisa? Que horas são? Já dá pra tomar café da manhã?

Ela tentou soar divertida, mas não encontrou nenhuma receptividade do garoto, que só estendeu a folha dobrada.

– "Estou ocupado, bae...Pare de pegar o telefone, nossa conversa acabou. Eu sou um cara frio. Quem não se comporta daquela forma? Quem não consegue fazer isso se estiver bêbado? Pegando e largando o seu telefone, cobrindo com impressões digitais. Quem não consegue fazer isso? Eu sei, tenho 24 anos, não sou muito bom com términos. Na verdade, eu queria estar mais acostumado com isso, como estou em fazer mais dinheiro do que as pessoas da minha idade. Mas por você,  que é muito mais sensível que eu, vou tentar agir como um adulto. Eu não tenho escolha, é como penso..."  – a cantora lia tentando entender a letra do mais novo, que balançava a perna  impaciente. – Hmmm, ficou...

– Tá uma merda, eu sei... – ele rebateu após concluir que ficava ainda pior se lido em voz alta.

– Não é isso... Quero dizer... "Eu queria estar mais acostumado com isso, como estou em fazer mais dinheiro do que as pessoas da minha idade"? Desde quando você escreve rap ostentação? – a cantora segurava o riso encarando o garoto a sua frente com as sobrancelhas arqueadas.

– Não é esse o ponto... Não me faz rir! – o garoto protestou, tentando conter o sorriso que já escapava pelo canto da boca. – Eu escrevi isso em um momento de confusão emocional...

– Eu só estava brincando, eu entendi... Você "queria ser melhor em términos". – ela não sorria, mas seus olhos continuavam fixos nos olhos do garoto, que nunca pareceu tão garoto.
E era desse jeito que ele se sentia, um garoto ruim em términos, diante de uma mulher, pela qual ele estava, inegavelmente, apaixonado. – Então, "nossa conversa acabou"?

– Você pode, por favor, parar de citar a letra... – ele pesou sua mão sobre a mão pequena de sua noona que segurava aquele rabisco, que já havia se arrependido em ter escrito.

– Mas não foi você que trouxe um término escrito em forma de rap ostentação? –  mesmo tentando segurar por alguns segundos, os dois começaram a gargalhar juntos. – Vem cá, "garoto frio", vamos conversar, prometo que não vou ficar mexendo no celular...

Suga deixou ser conduzido pela mão de sua noona, enquanto ainda sorria envergonhado e, ainda assim, se divertindo com as provocações.  Eles se sentaram no sofá, procurando, um de frente para o outro, uma forma de encerrar aquele processo.

– Eu gosto muito de você, Yoongi-ah... Vou ser sempre muito grata, por que você me resgatou do bloqueio criativo, compomos uma música legal... Eu entendo se você não quiser mais produzir, posso falar com o Slow Rabbit-nim... –  o garoto sentiu uma pontada no peito, como sentia toda vez que ela a chamava daquele jeito e não conseguia prestar atenção em nenhuma palavra. Ele não queria ter aquela conversa, não queria encerrar aquele processo.

– Eu não quero ser um adulto agora, não quero ser bom em términos, não quero isso... – em um gesto desesperado, ele pegou a folha de papel, amassando e arremessando-a para longe. – Eu quero a noona...

E naquela noite, o coração dos dois bateu acelerado, marcando o início de um novo processo.

Fim de um processo,
início de outro...

– Sinto sua falta... –  ele verbalizou o resultado daquelas memórias de dois meses atrás, se mexendo minimamente debaixo dos edredons da cama daquele hotel, tão distante dela.

– Você está dizendo isso por que está com sono... – ela implicou, fingindo não estar tão afetada pelas palavras,  tratou a jogar a chave no fundo da bolsa e chamar o elevado, notando que já estava atrasada.

– Eu sempre estou com sono e... Sempre com saudades.

– Hmmm, pra um "garoto frio", você está bem sentimental...– ela não se cansava de implicar com o mais novo usando a letra do rap, sempre funcionava. – Também estou morrendo de saudades...

– Você nunca vai para de me atormentar com essa letra né?

– Nunquinha...– ela desejou que esse novo processo, sim, fosse eterno. –  E-eu preciso desligar... Vou entrar no elevador, Changmo-ssi está me esperando no estúdio. – disse sentida em ter que cortar a conversa daquela forma.

– Ah, tudo bem... Deveria ter ligado mais cedo... – o garoto bufou do outro lado da linha, amaldiçoando a diferença de fusos.

– E eu estaria dormindo... – soltou uma risada abafada, fingindo não estar chateada com a situação.

– Namorar à distância é uma merda mesmo... – curto e grosso, como era de se esperar do mais novo, fazendo sua noona rir. – Pelo menos eu tenho você...

– Daqui a pouco acaba... – a cantora suspirou, ciente de que a turnê só começara e que depois do Brasil eles ainda fariam muitos shows. – Você tem... Saranghae, Yoongi-ah...

🍷

Oie... eu vou pedir desculpas, mas antes quero saber como estão todos e se gostaram do capítulo? ❤️

1. Mil perdões, esse capítulo estava emperrado aqui por conta de varias coisas eu não conseguia terminar. Desculpem de verdade :(

2. Eu estou devendo um glossário pra vocês, por que eu saio jogando as palavras em coreano  e nem tchum... hahaha prometo que farei em breve!

3. Eu vou ficar afastada por razões de força maior do wattpad pelas próximas três semanas. Aaamas você sempre some, sim eu sei (sorry), mas dessa vez vou sumir real, não vou postar nenhuma oneshot de aniversário hahaha mas o sumiço é por uma boa razão (e eu estou bem, não se preocupem).  Prometo que voltarei melhor, obrigada por entenderem, não desistam de mim 💔

4. Eu tenho duas  historinhas (oneshot) que eu postei no niver do Namjoon e do Jimin, aí quem quiser/puder dar uma olhadinha, estão aqui no perfil. Eu ficaria muito feliz!
Também tenho coisinhas no BTS_colabs (e o perfil tem várias outras histórias também). Não precisam sentir saudade, tem bastante coisa minha pra ler por aí!

Beijos da Maria, vamos juntos espalhar bastante amor por aí!
❤️