Capítulo 3 - Wine
n/a: mais uma música ma-ra-vi-lho-sa do Khalid na mídia, dessa vez com a Normani (Love Lies). Link da playlist nos comentários!
Vamos lá ❤️
Capítulo 3 - Wine
– Sabe quando você fecha os olhos e quer muito pensar em alguém, mas sua mente fica em branco? – A cantora disse sem realmente racionar, com os olhos fechados, enquanto apertava a taça de vinho em suas mãos.
Eles estavam desde às nove da noite tentando compor uma letra para o instrumental incrível, aos ouvidos de Suran, que tinham desenvolvido no dia anterior. Obviamente, havia muito o que melhorar, pensava Suga. Os dois, porém, estavam pasmos com a facilidade que tiveram para desenvolver aquela intro.
Em pouco tempo, 30 segundos se tornaram 3 minutos.
Suran tinha até se esquecido o que era bloqueio criativo e Suga teve uma experiência de produção musical totalmente diferente da que estava acostumado quando se juntava com Namjoon e com os produtores da BigHit. Foram algumas horas "brincando" no piano e fitando, com seu olhar periférico, o sorriso doce da cantora que, aparentemente, era direcionado a ele. De vez em quando, ela solfejava algo, fazendo com que alguma coisa estranha acontecesse com as batidas do coração do mais novo. E, mesmo que fosse estranho, aquilo era um impulso interessantíssimo para criar.
Em contraste com o dia anterior, já passava da meia-noite, a garrafa de vinho já estava quase no fim e não havia sinal de que a letra para o instrumental sairia tão cedo. Suga balançava a taça, observando o líquido escuro girar, enquanto amaldiçoava seu comportamento na noite anterior. Ele tinha certeza de que o bloqueio para compor a letra estava relacionado ao constrangimento decorrente do pequeno "incidente" do dia anterior. Afinal, Min Yoongi nunca se despedia de alguém que não fosse com uma reverência ou, no mais despojado, com um aceno. Ele só conseguia mandar um raríssimo "beijo no ar" para suas fãs e, ainda assim, ficava todo encabulado quando algumas delas, em algum fansingn, queria pegar na sua mão.
O tal "incidente", para Suran, havia sido só um abraço normal, mesmo que pensasse que Suga-ssi não fosse exatamente o tipo de pessoa que gostasse de "contato" ou que se despedisse com um abraço, já que ele recolhera rapidamente sua mão – rápido até demais – quando elas se tocaram acidentalmente sobre as teclas do piano.
– Quer mais vinho, noona? – Suga se levantou abruptamente do tapete, fazendo com que Suran acordasse dos seus devaneios, notando que sua pergunta reflexiva ficaria sem resposta.
O mais novo, mesmo sem consentimento expresso, dividiu o resto do conteúdo da garrafa em cada uma das taças, voltando a se sentar no tapete.
– Hmmm, me ajuda, às vezes, pensar que eu estou escrevendo uma história. – Suga encarava uma folha de papel em branco que estava sobre a mesa de centro da sala de Suran que ouvia interessada o método curioso do mais novo. – Eu componho uma música para aquela história que criei... Porque eu também não vejo ninguém quando fecho os olhos...
O mais novo suspirou mais audível do que gostaria e levou a taça aos lábios enquanto a cantora o encarava curiosa.
Criar uma história?
Suran voltou a descansar sua cabeça no braço do sofá e pediu que Suga colocasse o instrumental para tocar mais um vez, enquanto buscava alguma inspiração. Afinal, sobre o que ela queria falar? A batida era boa, a música era calma e não viu outra opção, tinha que ser uma letra romântica, o que significava que ela teria que inventar uma história de amor...
– Qual história você gostaria de ter vivido? – Suga temeu se antecipar e responder a mais uma pergunta retórica, enquanto uma série de coisas passavam por sua cabeça. – Eu queria saber o que é gostar mesmo, mesmo, de alguém, sabe?
– Amar alguém? – O mais novo disse quase inaudível. – Não faço ideia do que seja.
Suga soltou uma risada anasalada e deu mais um gole no vinho, tentando entender como a conversa havia ficado tão "profunda" do nada. Realizando todas as aleatoriedades que estavam saindo da sua boca, Suran desencostou do sofá e apoiou os cotovelos sobre a mesinha de centro, passando a encarar novamente o papel intocado, no qual não havia sequer um rabisco.
Irritada com seu blackout criativo, ela faz um movimento brusco com os braços que só serviu para derrubar o restante do conteúdo da taça sobre a mesa, manchando a folha branca.
Sem se preocupar em parecer mal-educada, a mais velha deixa a sala em meio a xingamentos atrás de algo para limpar a bagunça antes que acabasse chegando em seu tapete peludinho e branquinho... Seria um desastre. Ao menos, a taça não tinha se partido em milhões de pedacinhos.
– Wine? – Suga balbuciou, enquanto observava Suran limpar a mesa, encarando a folha de papel, antes branca, agora manchada pelo vinho. A mais velha fitou-o confusa, voltando imediatamente a se concentrar em não deixar que nenhuma gotinha de vinho manchasse seu tapete. Antes que ela pudesse recolher e amassar a folha manchada de vinho, o mais novo se levantou e pegou a folha. – E se... Hmmm... Talvez... Wine...
– Suga-ssi, já está bêbado? – Ela brincou e foi solenemente ignorada pelo mais novo que continuava concentrado na folha. –Vou abrir mais uma garrafa...
– Wa, é isso... – era possível ouvi-lo falando sozinho da cozinha, enquanto Suran lutava com o abridor de vinho.
Quando voltou à sala com a garrafa na mão, a taça de Suga também estava vazia sobre a mesinha e o seu dono estava sentado de frente para o teclado.
A cantora se aproximou com cautela do mais novo que, aparentemente, estava em meio a um insight. Ela deu um gole no seu vinho e observava com as mãos do mais novo se fundiam às teclas brancas, de forma que o resultado sonoro parecia ser tão espontâneo, quase natural...
– O que você acha disso? – O mais novo solfejava baixinho, com sua voz um pouco rouca, uma melodia sobre a música tocada no piano. – E se tivesse alguma coisa a ver com vinho?
– Ahn, wine...
– Um sentimento amargo como o gosto do vinho, talvez sobre algum rompimento... Aquele sentimento contraditório de querer deixar ir, mas, ao mesmo tempo, não conseguir.
– Ye, ye, amargo, mas doce... – Suran disse reticente e deu mais um gole no vinho, enquanto escutava Min Yoongi freestyling no piano. – Hm, e se fosse algo como... Ainda não consegui esquecer... a doçura que ainda perdura? Hm, como o gosto amargo do primeiro vinho que tomamos? Aish, está péssimo...
– Ani, escreve... Poderíamos jogar com os efeitos do álcool e do amor... Sabe? – Suga se levantou, afastando-se do piano, e voltou a se sentar no tapete ao lado de sua noona que rabiscava algumas coisas na folha manchada de vinho.
O mais novo colocou o instrumental para tocar e observou Suran, a forma como seu cabelo colorido em tons de rosa caía sobre o rosto, o jeito como ela mordia o lábio inferior enquanto estava concentrada... Até ser surpreendido pelo olhar dela sobre o seu.
Ele normalmente viraria o rosto, envergonhado, mas não dessa vez.
Eu estou bêbado nessa noite...
Suran piscou algumas vezes e deixou um sorriso leve escapar, tendo os olhos de Min Yoongi sobre si, e um sentimento quase instintivo surgindo, querendo saber o que se passava por trás daqueles olhos.
Quero conhecer o seu coração...
– Ya, está tarde... – Yoongi disse intencionalmente para acabar com o clima estranho que, com certeza, era culpa do vinho.
Wine, que ideia mais estúpida. O mais novo pensou e preparou para se levantar, quando foi surpreendido pela mão da cantora em seu ombro.
– Aniyoo, não vai.... Q-quero dizer, fica mais um pouco... – ela se embolou nas palavras e retirou sua mão do ombro do mais novo, levemente constrangida. – Acho que... Agora que estamos conseguindo chegar a algum lugar...
Sentiu suas bochechas quentes e levou a taça aos lábios, encerrando seu conteúdo, na esperança de que o vinho pudesse cessar o constrangimento pelas palavras impulsivas que havia deixado escapar, ainda que, paradoxalmente, sua atitude impulsiva tivesse sido causada pelo mesmo.
Com certeza, efeito do vinho...
– Se você puder, é claro... Eu não quero atrapalhar... Você já está me ajudando muito... – O silêncio ficou estranho na sala, forçando-a a se antecipar numa tentativa cega de consertar o que havia dito.
Suran estava bastante incomodada com essa insegurança toda que sentia ao lado do mais novo. Por que nada do que ela dizia parecia ser adequado? Por que estar ao lado dele a fazia se sentir estranha e, consequentemente, questionar todas as suas atitudes?
– Eu estou aqui porque quero. – O mais novo soou mais sério e determinado do que intentava, fazendo com que Suran segurasse o ar por alguns instantes. – Ahn... vamos escrever logo isso...
Em uma espécie de autocorreção, ele tentou parecer mais descontraído, mas temeu ter soado rude. Suga só queria conseguir se portar como se aquilo tudo não fosse nada de mais, pois, afinal de contas, não era mesmo nada de mais. Ele estava compondo com outra pessoa como já havia feito diversas vezes com Namjoon. Era simples, deveria ser simples...
Resgatou a folha da mesa e passou a encarar as anotações da cantora, tentando organizar seus pensamentos. Porém, toda tentativa de colocar as ideias no lugar foi por água abaixo quando a cantora puxou a folha de sua mão, ajeitou-se no tapete e tocou seu ombro pela segunda vez, causando um formigamento curioso no local, mesmo que estivesse usando um moletom amarelo de tecido grosso.
Suga olhou-a de lado, um pouco incomodado com a atitude indelicada da mais velha, aguardando que ela se explicasse.
– Nós estamos muito travados! – Ela estava aborrecida com a situação. – Você precisa se soltar mais! Nós precisamos!
E, por um instante, ela decidiu arriscar, tentou fazer o constrangimento acabar junto com o vinho que havia antes na taça, e ousou sacudir os ombros do mais novo, que deixou escapar um sorriso discreto. Um sorriso fofo, que fez alguma coisa pular dentro dela.
– Ain, eu não quero ter vergonha de dizer as coisas... Aish, você me deixa intimidada... – Suran disse, mais uma vez, sem pensar e, como resultado, só conseguiu esconder seu rosto.
– Eu, noona? – Suga, por um momento, quis segurar as mãos da mulher à sua frente, mas limitou-se a encará-la, tentando conter, sem sucesso, um sorriso que teimava em escapar do canto dos lábios. Mal sabia ela que também o deixava intimidado, e muito.
– Aniyoo, deixa pra lá... Eu estou sendo muito idiota hoje... É só que, ontem foi incrível e hoje está sendo tão...
– Ya, difícil... – o mais novo confirmou com a cabeça. – Vamos voltar daqui, eu gostei das coisas que a noona escreveu e gosto da ideia do vinho...
Aparentemente, as interferências impulsivas de Suran haviam surtido mesmo algum efeito. Os dois voltaram a se concentrarem na folha, adicionaram, rabiscaram e reordenaram algumas frases, uma espécie de brainstorming que poderia servir para desenvolver a letra. A primeira estrofe estava quase pronta e Yoongi resolveu trocar o tapete pelo sofá. E sem que se desse conta, ele adormeceu ali mesmo, ao som da instrumental, com o eco da voz da cantora de fundo.
Suran andava em volta da sala cantarolando a melodia, tão absorta em buscar uma intercessão entre essa melodia e o que estava escrito no papel que segurava que, só quando a música cessou, ela percebeu que o garoto silencioso estava, na verdade, adormecido em seu sofá. Ela não conseguiu evitar perder alguns segundos encarando-o, a cabeça apoiada sobre o encosto do sofá, sua pele branquinha, a linha desenhada dos seus olhos fechados, os seus lábios finos entreabertos, sua respiração pesada pela boca, as mãos dentro do bolso frontal do moletom amarelo...
Aigoo, por que eu estou pensando assim em você, Suga-ssi...?
Ela censurou imediatamente seus pensamentos, coçando os olhos como uma tentativa de desfazer aquela imagem, mas o garoto continuava ali à sua frente, dormindo sereno, como se o mundo inteiro tivesse parado, quase como uma miragem.
Será que ele desapareceria se ela fechasse os olhos?
Ela pegou a taça sobre a mesa de centro, deu mais um gole no vinho, sentindo aquela sensação mista, meio amarga, meio doce, e fechou os olhos querendo que tudo desaparecesse. Mas não adiantou, já que a primeira imagem, o primeiro nome, que veio em sua mente foi: Min Yoongi.
Ela jamais saberia, mas foi o primeiro pensamento dele, logo depois de fechar os olhos, naquele instante quando se está meio acordado, meio adormecido, e sua mente começa a reproduzir sons estranhos, indicando que em breve você entrará em um estado de inconsciência. Naquele momento, de olhos fechados, a primeira imagem, o primeiro nome, que veio em sua mente foi Suran noona.
Bem, talvez eles devessem ser mais cuidadosos com o que desejam...
Era estranho, sua mente não estava mais em branco, estava ocupada por aquele garoto à sua frente. Aquele sentimento curioso era, aparentemente, uma fonte incrível de inspiração, tanto que não sabia muito bem de onde surgiram as palavras, agora escritas no papel, que constituiriam a segunda estrofe da música:
Eu acho que estou tonta.
Você, que já está dormindo, por favor, não diga nada...
Estou acostumada com o labirinto entre nós.
🍷
n/a: hello amores, como estamos hoje?
Gostaram do capítulo? Será que foi só 'efeito do vinho'? haha
Me digam o que estão achando e deixem uma estrelinha pra mim ❤️
Desculpem pela demora, tive alguns dias de caos (que espero que tenham passado - amém), prometo que não vai se repetir! Espero que tenham aproveitado o fim de semana! Oh, desejo uma ótima semana pra todos!
Beijos da Maria.
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