Physical
O amor comum não é pra gente
Nós criamos algo fenomenal
Você não concorda?
ADRIEN
- Foda-se o Shadow Moth - comentei, olhando para Marinette de cima a baixo. - Esse vestido que você está usando é o maior crime de Paris. Eu acho que acabei de levar um tiro.
Suas bochechas se acenderam naquele tom avermelhado que eu tanto amava e ela abaixou os olhos como se estivesse tímida. Marinette, tímida.
Ela usava um vestido de sua própria linha, azul escuro em um tom que quase se assemelhava ao preto e que se agarrava às suas curvas com precisão. Um dos seus braços estava coberto por uma manga do mesmo tecido enquanto o outro se encontrava nu, com apenas as unhas escuras se destacando naquela pele clara. Suas pernas também estavam quase completamente cobertas, mas o vestido terminava na sua canela em uma linha vertical que levava os meus olhos diretamente para aqueles saltos extremamente finos.
Ela estava um espetáculo.
- Que eu saiba, é você quem precisa estar bonito hoje, senhor Agreste - ela rebateu, caminhando em minha direção e depositando um beijo na minha bochecha. Suas mãos se demoraram no meu casaco e eu quase a puxei para um abraço, mas percebi que Marinette Dupain-Cheng, a melhor estilista que a França já havia conhecido, estava arrumando a gola que estava milimetricamente dobrada no meu pescoço.
Hoje seria um dia especial para Mari, e eu sabia que ela precisava que tudo desse certo.
Não era nenhuma novidade para o público que Marinette havia dado corpo e alma na escola, universidade e em todos os milhares de cursos que ela fez questão de se matricular. Ela havia trabalhado com estilistas renomados, criado um estilo quase próprio e revolucionado a moda parisiense de tal jeito que o restante do mundo já a estava procurando para fazer entrevistas e se inspirar em suas peças.
Também não foi nenhuma surpresa quando eu havia me tornado o rosto de sua marca, saindo da prisão tecida pelo meu pai e traçando meu próprio caminho. A verdade é que eu gostava de modelar, gostava de desfilar e participar de ensaios fotográficos, mas nunca gostei da forma que ele exigia que tudo fosse perfeitamente feito do seu jeito.
Passei a desfilar para mim mesmo e redescobri uma paixão antiga que tinha passado tanto tempo sufocada.
Redescobri duas paixões, na realidade.
Não me importava em ter minha namorada como minha superior em alguns ensaios, nem mesmo em ser seu boneco de teste pessoal quando estávamos em casa e ela decidia que precisava de um manequim.
Não, eu gostava de ver o sorriso em seu rosto e apreciar a forma que ela cresceu como profissional. Como nós dois crescemos.
Então estar aqui, nesse evento, desfilando para grandes nomes da moda ao redor da Europa, era simplesmente surreal. Mari estava quase assinando contrato para que suas criações fossem vendidas em todos os continentes e a amostra de hoje, inovadora e uma das melhores linhas que ela já havia montado, seria o fator decisório para isso acontecer.
Era compreensível ela estar nervosa, mas eu mesmo não tinha dúvidas de que tudo ia dar certo. As vezes, quando estamos muito imersos nos problemas, nos preocupamos com cada detalhes e tendemos a ter uma percepção completamente pessimista, mas uma perspectiva de fora pode acabar sendo a solução para tudo.
Eu apostaria a fortuna Agreste inteira nas criações dela. Apostaria o meu miraculous em uma mesa de pôquer. Não havia um sequer cenário em que ela não conseguisse essa conquista.
- Eu tô coberto dos pés a cabeça com a nova linha de inverno Marinette Dupain-Cheng. É óbvio que eu estou bonito - brinquei.
Ela sorriu e ajeitou meus botões uma última vez antes de sair pelos bastidores procurando os outros modelos para repassar as instruções uma última vez.
Eu amava essa expressão em seu rosto, que escondia uma vulnerabilidade, mas que, ainda assim, demonstrava que ela tinha tudo sob controle e seria capaz de aniquilar qualquer problema que aparecesse.
Ainda mais que essa expressão de comando, eu amava o rosto dela quando estava aliviada. Em momentos como esse, em que o desfile havia terminado e ela recebia mais elogios do que poderia contar nos dedos de todo mundo da equipe.
Estávamos na festa de comemoração, bebendo champanhe e conversando com criadores alemães que só faltavam rolar e dar a patinha para a minha namorada. Eles queriam cair nas graças dela, assim como todas as outras pessoas naquele ambiente, porque sabiam que suas roupas eram a próxima promessa de moda em um futuro bem próximo.
Marinette, por sua vez, aparentava estar radiante e tranquila como eu não a via há tempos. Embora tinham ido a preocupação e a culpa, o desespero e a responsabilidade de mil homens que ela se obrigava a carregar. Ela estava feliz e eu me sacrificaria mil vezes para poder ver esse sorriso pelo resto das nossas vidas.
Pedi licença e puxei Mari pela mão, a levando para o meio da pista enquanto uma música animada tocava. Ela se desculpou rapidamente com os demais convidados e me seguiu na ponta dos pés, se apoiando nos meus ombros enquanto eu sorria e a rodopiava pelo salão, seu vestido rodando suavemente ao seu entorno.
Ela realmente estava linda de tirar o fôlego. Seu cabelo descia até a altura dos ombros em pequenas ondas e eu conseguia sentir o cheiro doce do seu shampoo agraciando o meu nariz e se alastrando no meu peito.
Sim, ela fazia tudo valer a pena. Eu nunca tinha duvidado dos meus sentimentos, não quando éramos crianças e muito menos agora como adultos, mas momentos como esse davam sentido para os meus dias.
Sim, eles eram inegavelmente difíceis e amaldiçoados por batalhas infindáveis, mas nem tudo era baseado em trevas. As vezes um sorriso era o suficiente para apagar uma tempestade e dar início a um arco-íris.
Nem tudo era uma batalha sangrenta, e acho que nós dois precisávamos daquela constatação.
As luzes estão apagadas, siga o som
Amor, continue dançando como se não tivesse escolha
Então vamos lá, vamos lá
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