Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Clarity

Mergulho do alto em ondas congeladas onde o passado volta à vida
Luto contra o medo pela dor egoísta, e valeu a pena todas as vezes
Seguro firme antes de batermos porque nós dois sabemos como isso termina
Nosso relógio bate até quebrar seu vidro e eu me afogar em você de novo

MARINETTE

- Uma moeda pelos seus pensamentos - Adrien sugeriu, se abaixando na borda do barco e se sentando ao meu lado, suas pernas nuas fazendo redemoinhos dentro d'água. Estávamos comemorando nosso aniversário de oito meses de namoro em seu iate particular, um dos benefícios, segundo o homem, de ter uma fortuna pendurada no seu sobrenome.

- Só uma moeda? Você já foi menos pão duro que isso, gatinho - brinquei, passando minhas mãos pelos seus braços cruzados. O loiro soltou uma risada pelo nariz e espirrou água em mim, me fazendo soltar uma gargalhada. - Não é nada demais, só... muita coisa na cabeça, eu acho.

- Pois duas cabeças pensam melhor do que uma - ele comentou, me abraçando de lado. - E, ainda mais importante, duas cabeças carregando o mesmo peso são melhores do que só uma cabeça quase explodindo. - Virei a cabeça com um suspiro, me deparando com seus olhos fixados nos meus e vendo que ele falava com sinceridade. - Me fala o que tá te incomodando, amor. Odeio te ver com essa carinha.

Amor.

O apelido era tão recente para um sentimento tão antigo e incompreendido. Eu tinha sentido meus joelhos tremerem na primeira vez que essa palavra havia deixado seus lábios e tinha precisado de todo o meu autocontrole para não me lançar em sua direção e sufocá-lo com beijos. Agora, no meio do mar e com seu corpo quase colado no meu, precisei me segurar para não chorar com o carinho e a delicadeza de suas palavras.

A verdade era que eu ainda estava um pouco abalada com a nossa última missão. Faziam meses que Shadow Moth estava agindo de maneira suspeita, akumatizando pessoas repetidas e distribuindo poderes insignificantes com uma frequência preocupante, quase como se quisesse nos esgotar antes de dar o golpe final.

E a pior parte era que seu golpe estava funcionando.

Havia dias em que eu e Adrien mal chegávamos em casa, cansados depois de uma batalha, somente para descobrir que mais alguém tinha sido feito de vítima. Havíamos passado a chamar cada vez mais heróis, torcendo para que uma equipe maior tornasse o trabalho mais fácil, mas isso só implicou em mais pessoas sendo puxadas para esse redemoinho de exaustão.

Eu não me lembrava quando havia sido a última vez que eu havia dormido por mais de quatro horas, tendo que me levantar da cama frequentemente para batalhar akuma atrás de akuma. Pior ainda, eu tinha me acostumado com pesadelos toda vez que conseguia pegar no sono, tendo sonhos terríveis a respeito de Chat Blanc, de Shadow Moth capturando os kwamis e de todos os meus amigos morrendo sem parar. E tudo, absolutamente tudo, sempre seria culpa minha.

Então passei a fazer mais vigias, usando o tempo em que não estava lutando para patrulhar Paris e tentar encontrar algum indício, qualquer coisa, que pudesse acabar com o completo terror que nossos dias haviam se tornado. Eu não dormia, não trabalhava com as minhas criações e não tinha energia para mais nada. Pensando bem, tinha passado a me sentir vazia, como se Marinette não existisse e somente Ladybug, em sua versão mais estressada e exausta, vivesse dentro de mim.

- M'lady? - Adrien chamou, me tirando do transe em que eu me encontrava. Balancei a cabeça, cansada, e voltei a prestar atenção em seu rosto, um universo de perguntas e de preocupação me encarando por trás de olhos verdes.

Eu sabia que não era justo com ele esconder algo assim tão grande, sabia que ele eventualmente teria que descobrir sobre tudo que me fazia tremer durante a noite, mas eu o amava demais para que sequer uma fração de todo esse desespero caísse nas costas dele. Não, toda essa bagunça era minha responsabilidade e eu nunca seria capaz de colocá-lo no meio de toda essa confusão. Eu nunca conseguiria fazer as palavras saírem, não teria coragem de contar sobre todos os meus demônios e ver seu coração se partindo por mim.

- Desculpa estragar o nosso passeio - comentei em resposta, sentindo uma onda de vergonha cair sobre mim como uma avalanche. Era o nosso aniversário de namoro e Adrien tinha tirado o dia de folga na sua agência para poder passar tempo comigo, cancelando uma sessão de fotos que eu sabia ser importante (ainda que ele tivesse me garantido de que não era).

Ele tinha aberto mão de um trabalho para ficar comigo porque sabia que, por mais que morássemos juntos e fôssemos nos ver de noite, em casa e na patrulha que fazíamos diariamente, minha mente estaria em outro lugar. Em alerta. Preocupada, por mais que ele não tivesse ideia da dimensão do porquê.

- Você é humanamente incapaz de estragar um passeio, Marinette. Você poderia ter me jogado dentro d'água, de roupa e tudo, e eu ainda nadaria que nem um gato molhado de volta para o barco para te dar um beijinho - ele afirmou, balançando as pernas dentro d'água para dar ênfase à sua fala. Não consegui conter o pequeno riso que me escapou pelo nariz, apoiando a cabeça em seu ombro em seguida e sentindo seus dedos desenharem círculos pelo meu braço.

Eu podia me sentir cada vez mais derretida dentro do seu aperto, minha respiração se tornando cada vez mais engasgada e todos aqueles sentimentos implorando para sair. Meu coração se debatia contra a minha minha caixa torácica como se tentasse escapar daquela prisão de ossos e eu tinha a plena consciência de que ele havia reparado nessa mudança.

- Somos eu e você contra o mundo, se lembra? Isso não se limita às missões, Mari - sua voz era baixa, cuidadosa, se perdendo no silêncio da imensidão azul que era o mar ao nosso redor. - Você é uma das melhores coisas que já me aconteceram e me dói te ver assim, me dói fisicamente te ver tão mal. Você acha que eu não percebo, e até pode ser verdade que eu não sei o que se passa na sua cabeça, mas eu sei quando o amor da minha vida se sente tão mal que não tem forças para falar mais de uma dúzia de palavras.

Respirei seu cheiro, uma mistura surpreendente e inebriante de limão, perfume masculino e maresia. Às vezes, quando tudo dava errado e eu não conseguia fazer nada além de me culpar e depreciar, eu me perguntava como eu tinha passado tanto tempo sem saber que Adrien era Chat Noir. Os dois tinham o mesmo cheiro, o mesmo abraço, a mesma voz e tudo parecia tão nítido, tão óbvio.

- Eu não quero que você sinta que precisa compartilhar essas coisas comigo, mas quero que sinta que pode. Nada pode ser pior do que te ver assim. Eu não prometo que vou entender tudo, até porque não sou o guardião e não consigo me colocar no seu lugar desse jeito, mas te garanto que vou continuar aqui te abraçando e ouvindo.

O barulho do vento batendo contra as ondas se tornou palpável, o silêncio sendo completamente abafado e sobrecarregado. Me inclinei para trás e apoiei minhas costas em seu peito, sentindo seus braços se fecharem protetoramente em torno do meu corpo.

- Promete que não vai me soltar? - perguntei, sentindo minha voz falhar e uma queimação tomar conta dos meus olhos. Adrien intensificou seu aperto em mim, erguendo uma mão para afastar uma lágrima que já descia teimosa pela minha bochecha.

- Promessa de gato, princesa.

- Eu não vou te contar tudo, não agora - concedi. - Eu prometo que uma hora você vai ficar sabendo de cada detalhe, mas eu juro por tudo que é mais sagrado que, se eu tentasse confessar tudo que ta me machucando, eu nunca mais conseguiria parar de chorar.

- Não tem pressa, Bugaboo. Eu não estou indo pra lugar nenhum - ele respondeu. - No seu tempo.

Tomei mais uma longa respiração, tomando coragem para proferir as mesmas palavras que assombravam alguns dos meus pesadelos. Sonhos em que eu contava toda a verdade e Chat Noir descobria sobre sua versão akumatizada, me culpando por esconder algo tão importante e deixá-lo em segundo plano.

Nessas situações, a culpa não era o pior. Eu estava acostumada com ela. Eu carregava a culpa e fazia dela uma irmã, um peso no meu peito que tirava todo o ar dos meus pulmões e me jogava da beira de um precipício toda vez. Não, a culpa era o de menos. O pior era quando ele decidia se afastar.

Eu prontamente me jogaria do precipício se isso se tornasse verdade. Não havia nenhuma relação tóxica de dependência entre Adrien e eu, não era esse o ponto, mas eu já não aguentava carregar sozinha o peso de toda essa responsabilidade. Eu já o tinha perdido uma vez e definitivamente não aguentaria perdê-lo de novo.

- Você foi akumatizado, gatinho.

Seu corpo se retesou e ele pareceu ficar petrificado, seus dedos parando o carinho em minha pele por apenas alguns segundos antes de continuar.

- Quando?

- Eu e a Bunnix conseguimos viajar no tempo e impedir que acontecesse de verdade, mas foi tudo real enquanto eu estava lá. Você descobriu a minha identidade secreta e começamos a namorar mas, para proteger minha forma civil de um akuma, você precisou se transformar em público... o Shadow Moth descobriu a sua identidade e usou isso contra você, eu não sei direito como, mas ele te transformou no Chat Blanc.

- Chat Blanc?

- Sua versão akumatizada - murmurei. - Ele era um gato branco, com olhos muito azuis em formato de fenda e que tinha o seu poder da destruição de um jeito muito mais forte. Quando eu cheguei lá, o Chat Blanc estava sozinho em cima de um prédio rodeado por escombros, como se ele já tivesse destruído o resto do mundo ao seu redor. Ele estava completamente sozinho e me partiu o coração ter que lutar contra ele... lutar contra você.

Percebi que a pele de Adrien estava ficando esbranquiçada ao redor dos locais onde meus dedos o apertavam, desesperados por contato, então me forcei a afrouxar meu agarre. Seus braços, no entanto, não me soltaram.

- Ele chorou na minha frente e me implorou para salvá-lo, mas ainda me matou por dentro ter que lutar contra ele - chorei, sentindo os soluços aumentarem gradualmente e chacoalharem o meu corpo. - Ver você akumatizado e gritando meu nome completamente alterado, dizendo que eu não te amava e tentando pegar o meu miraculous, dizendo que seria melhor que o mundo explodisse... foi demais para mim. Eu consegui voltar no tempo e impedi que você descobrisse a minha identidade, mas passei a ter pesadelos toda noite com o Chat Blanc.

Esperei que ele dissesse alguma coisa, qualquer coisa que me desse algum vestígio de como ele estava se sentindo com essa notícia, mas Adrien continuou encarando o mar com uma determinação assustadora.

- A gente sempre faz as grandes revelações em lugares com vistas marcantes, não é? Revelamos as identidades sob a luz do luar, vendo Paris inteira do topo de um prédio, e agora o mar - ele comentou, apoiando sua cabeça na minha. - É uma boa ideia, calmante de certa forma... mais agradável do que me imaginar como um vilão.

- Gatinho...

- Esse era o seu pesadelo, não era? - Adrien perguntou repentinamente, erguendo a cabeça para me encarar. - Quando aquela criança assistia filmes de terror, tinha pesadelos e fazia os piores medos das pessoas se tornarem verdade... eu me lembro de já ter visto uma versão branca de mim mesmo andando por Paris, mas nunca parei para analisar.

- Meu pesadelo costumava ser uma coisa boba, mas passou a ser sobre o Chat Blanc depois que tudo aconteceu.

Sua expressão se converteu em uma de dor. Não por ele mesmo, eu sabia, Adrien era muito altruísta para se preocupar com sigo mesmo, mas comigo. Retribui o carinho que ele fazia sobre mim e passei a desenhar círculos na pele firme do seu braço, precisando de confirmação que ele estava aqui. De que ele estava bem.

- Por que você não me contou, Mari? - ele perguntou, encarando meus olhos molhados como se estivesse encarando todas as respostas das perguntas que o deixavam inquieto. - Eu entendo que deve ter sido muito pesado e que na época não era ideal, mas depois a gente descobriu as nossas identidades. A gente namora, a gente mora junto... por que não me contou antes?

- Eu queria te contar - me apressei em afirmar, agarrando seu queixo entre meus dedos e raspando, de leve, a unha pela sua barba loira. - Eu me senti péssima em guardar isso de você, eu sei que fui egoísta, mas lembrar do Chat Blanc me deixa ansiosa a ponto de não conseguir respirar e não queria colocar esse peso nas suas costas também. Ele era horrível gatinho, era tudo que você não era. Ele não se importava mais com nada e queria ver o mundo acabar, ele cantava que estava sozinho no mundo e dizia que seria melhor se eu morresse também... me desculpa, me desculpa, me desculpa, eu sei que eu deveria ter te contado, me desculpa.

Me desculpa.

Me desculpa, me desculpa, me desculpa.

Eu não mereço o perdão de alguém tão puro como você, mas me deixe ser egoísta por mais alguns instantes. Por favor.

Por favor. Por favor.

Senti meu peito se elevar no seu abraço, subindo e descendo com respirações erráticas que eu não era capaz de controlar. Eu não estava no controle de nada. Eu não podia controlar o nosso futuro, controlar Shadow Moth e continuaria estragando tudo, continuaria errando e deixando meus amigos se machucarem. Adrien iria embora, ou pior, sairia machucado e eu não seria suficiente para salvá-lo. Todos morreriam e a culpa seria minha.

E, quando esse momento chegasse, eu passaria o meu miraculous para frente. Eu abriria mão de ser Ladybug e me deixaria definhar, virando um nada. Uma casca vazia de alguém que, um dia, teve tudo.

Talvez, depois de abrir mão de mim mesma, eu me juntasse a eles, me entregasse a Shadow Moth e deixasse que ele me matasse também, já que era muito covarde para pagar minha dívida com todos os meus amigos. Eu sempre estaria em dívida com eles e não haveria nada que eu poderia fazer para consertar.

Minha visão começou a ficar turva e eu estava vagamente consciente de Adrien falando comigo, mas eu não conseguia distinguir palavras além das que meu próprio cérebro tentava me induzir a pensar. Comecei a hiperventilar, sentindo meu coração implorar para sair, e passei a gradativamente sentir seus dedos acariciando a pele das minhas costas em movimentos suaves. Adrien ergueu meu queixo e percebi que ele havia se movido, agora estando com o corpo inteiro em alerta e voltado para mim.

- Respira fundo meu amor, tá tudo bem - ele garantiu. - Já tá tudo bem, eu to aqui. Nada nesse nível vai acontecer de novo, a gente vai ficar bem. Eu prometo pra você.

Chat nunca mentiria, não para mim.

Então eu acreditei.

No entanto, não sabíamos que esse seria o momento que ficaria gravado no meu cérebro quando tudo fosse para o inferno. Não sabíamos que eu realmente olharia para trás e acreditaria. Não sabíamos que ele era a única bondade no mundo em que eu continuaria acreditando.

E eu definitivamente não sabia que tudo ficaria bem, ainda que se quebrasse completamente.

Perseguindo implacavelmente
Ainda luto e não sei por que
Se nosso amor é uma tragédia, por que você é meu remédio?

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro