21. Pra sempre.
Olhos de pêssego e céus azuis, estarei com você em sua jornada
É à luz do luar, quantas músicas eu escrevo
Você será meu sol, como eu não poderia confiar
Em você, olhos de pêssego?
Peach eyes - Wave to earth.
Narradora: Sarah.
O céu estava nublado, anunciando a possível chegada da chuva. No quarto pequeno, estava eu e Jeon, dormindo agarradinhos, típico de quem tem um amado. Eu amava aqueles momentos com ele, era surreal, parecia mentira que Jeon Jungkook estava a namorar comigo, uma simples professora de História.
O som da respiração pesada do homem indicava que o mesmo estava a dormir pesadamente.
Não vou mentir, tudo o que aconteceu com Jungkook me fez sentir medo; medo de perder algo que estava começando a ser meu, medo de me perder na trajetória. Medo, medo e mais medo.
Em parte, eu sabia exatamente quem era Rafe Cameron antes de me envolver seriamente com ele, dependente químico, alcoólatra, tudo oque meu pai era, eu me via como minha mãe, que poderia morrer a qualquer momento. Não queria isso para mim, um fim tão trágico, como se fosse um peso morto na terra, alguém inútil. Foi nesses pensamentos que eu decidi me livrar disso, de todo esse medo e ser feliz.
Mas não seria fácil, porque estamos falando de Rafe Cameron.
Ele era capaz de tudo, um psicopata total.
Voltei ao lugar onde estava quando percebi a mão de Jeon mudar de lugar, acariciando minha coxa, logo depois, escorregando seus dedos em cada curva que havia em minha cintura de garota.
-Bom dia.-A voz rouca me fez estremecer, mas não de medo, e sim de amor. Meu coração se aquecia a cada vez que via os olhos e ouvia a voz tão preciosa de quem tanto amo. Respondi a sua saudação com um sorriso e a mesma palavra, a essa hora já era possível ouvir o som gostoso da chuva caindo forte, um verdadeiro "toró".
-Que bom que 'tá chovendo.-A chuva me trazia algum tipo de conforto, eu até conversava com minha mãe enquanto chovia, me recordo de tomar banho de chuva sem roupa, com a pura e belíssima inocência de uma criança.
-O que você quer?-O homem ao meu lado se apoiava no travesseiro, me olhando fixamente.-Quer casar comigo?
Meus olhos nunca se arregalaram tão rápido, mas um singelo sorriso surgia conforme Jungkook continuava a dizer:
-Tem uma igrejinha aqui perto, é só a gente juntar as testemunhas e casar.
-Eu quero um vestido avaliado em uns milhões e com brilho, mas não tanto.-Entrava na onda dele, quem sabe não cola?
-Mal posso esperar pela lua de mel.
-Que safadeza, senhor Jeon!-Coloquei as mãos no peito parecendo ofendida.-Não sou desse tipo!-Comecei a rir junto com ele, seria de verdade, um sonho casar com ele.
-Vamos aguardar...
Após nós trocarmos algumas carícias a mais, me levantei, Hae-in estava sentadinha no sofá jogando e eu dizia:
-Bom dia!-Um lindo sorriso foi colocado no rosto da menina, que sorriu mais ainda com o pai, que estava atrás de mim.
-Pai, tô com fome.
-Novidade não é?-Meu namorado estava risonho, nem parece o mesmo cara que conheci a uns cinco meses atrás.
Me retirei da conversa dizendo que era uma péssima cozinheira, e para minha surpresa, Hae-in concordou me lembrando do acontecimento da sopa de algas...
Fechei os olhos com força, nossa, nunca comi nada tão salgado daquele jeito.
Se algum dia eu acabar me casando com esse ser divino - meu Jungkook - ele vai ter que cozinhar dia e noite, e eu tenho sorte.
[...]
Depois de nos alimentarmos, a propósito foi uma deliciosa refeição que optamos por pedir em um aplicativo de comidas. Hae-in iria para a escola hoje, e como eu estava meio medrosa ultimamente, tomei a decisão de acompanhá-la.
Hoje não era meu dia de dar aula de História em nenhuma turma, e o bom de ser professora de uma matéria só é isso, você não vai a semana toda, eu, Sarah, vou somente três dias.
-Tchau, Hae-in!
-Você vem me buscar?-Acenei uma concordância para a mais nova que sorriu e entrou na escola.
Quando cheguei em casa, não avistei Jeon primeiramente, estava um silêncio absoluto, virei meu rosto para a pequena mesa que tinha do lado direito do meu apartamento, e lá estava meu namorado segurando as diversas fotos e bilhetes que um "desconhecido" havia me mandado. Meu coração bateu forte, eu realmente escondi isso dele, oque não era certo, mas era o melhor a se fazer, pelo menos para mim, uma opinião egoísta.
-Estava pretendendo esconder isso de mim a quanto tempo?-O olhar dele era de raiva misturado com um pouco de preocupação, fechei a porta e caminhei devagar próximo a ele.-Não chega perto.-Aquela frase me chocou, ele estava furioso.-Então quer dizer que minha namorada recebe fotos e "cartinhas de amor" e eu não fico sabendo?
-Não.-Murmurei com os olhos cheios d'água.-Eu tive medo; medo de contar a você e o pior acontecer. E, bom, já aconteceu.-Eu apontava para os diversos ferimentos que Jungkook tinha pelo corpo, por culpa minha.-Ou você acha que foi um acidente?-Foi como jogar as cartas restantes na mesa e xeque mate.
-Preferia ficar correndo perigo constante ao me contar? Sabe como eu me sinto? Me sinto um lixo por não conseguir nem proteger você.
-Eu nunca disse isso. Você consegue, mas, pra quê você entrar nisso também? Foi tudo tão rápido até quando você estava no hospital.
-Preciso de ar fresco.-Uma lágrima escorreu no canto dos meus olhos, pingando certamente no meu moletom fofinho e azul. Ele recolheu seu casaco e uma cartela de cigarros, me olhando pela última vez, antes de eu desabar me apoiando na mesa, com uma mão no meu rosto, sentindo a lágrima quente escorrer na pele fria.
Que merda.
Da janela do apartamento eu avistava ele fumando perto do parquinho, o ódio não era compreensível. Afinal, eu também era vítima de tudo isso. Não teria como adivinhar nada.
A tarde já estava acabando desde quando tudo aconteceu, e Jeon voltou naquele momento. Eu estava sentada no espaçoso sofá, inquieta, enquanto trabalhava. Meu olhar se chocou com o dele ao mesmo tempo, foi como uma corrente de choque, e arrependimento.
-Desculpa.-Ele murmurou, tristonho e arrependido.-Você.-Puxou o ar com dificuldade.-, só poderia ter me contado.
-A culpa não é sua.-Fechei a tela do notebook, me levantando e tirando o casaco do antebraço dele, apoiando o mesmo atrás da porta.-Ninguém saberia que o caralho do meu ex de uns cinco anos atrás faria isso.-Revelei, fazendo ele me olhar com ternura, como se estivesse se sentindo ainda mais culpado. Mas o foco sumiu quando lembrei de Hae-in.-Tinha que buscar Hae-in agora, que merda.-Peguei meu celular no bolso de trás da calça, vendo na tela várias chamadas perdidas da garota, meu coração acelerou pela segunda vez, mas agora, batia muito mais forte, saí correndo de casa, sendo acompanhada por Jungkook que não estava entendendo nada.
O celular de Jeon tocou, paramos para ver quem era e Hae-in apareceu na tela. Fiquei nervosa, mil coisas passavam pela minha cabeça, depois dele falar um pouco com ela, Jungkook me estendeu o celular, dizendo que Hae-in queria falar comigo.
-Você pode vir até o banheiro da rodoviária?-Não entendi muito bem, porque raios ela estaria lá? Disse que iria o mais rápido possível junto com o pai dela.
Andamos rápido, logo chegando lá, bati na porta e disse que era eu, sinalizei para Jeon que era melhor ele esperar do lado de fora.
-Tia?-Respondi "oi", abrindo uma brecha da porta do banheiro, olhei por ela toda, não vi ferimentos.-Eu...-Percebi a voz embriagada da garota, rolei meus olhos para baixo, vendo uma mancha de sangue, mas não era de machucados, entendi tudo rapidamente.
-Você menstruou. Parabéns!-Que situação, sinceramente, acho que isso nem devia existir.
Ajudei Hae-in a colocar o absorvente, por mais que fosse vergonhoso, ela não ficou com vergonha de mim, ela confiou. Saímos do banheiro, Jeon estava alternando os olhares para mim, e para a filha dele, mas nem precisamos nos explicar, porque Hae-in saiu do local com a mão tampando a parte de trás da saia, então Jeon meio que "sacou tudo".
[...]
-Naquela hora, hoje mais cedo, a gente teve nossa primeira briga.-Jungkook começou falando, Hae-in já estava dormindo, ou melhor, jogando, enquanto eu e o homem estávamos assistindo "American Pie" agarradinhos! -E eu já tinha me arrependi não demorou dois minutos.
-Você não consegue ser bravo.-Eu ri com meu próprio comentário, ele fazia bico se sentindo ofendido.
-Não é justo!
-Comecei a receber aquelas coisas já faz dois meses. Todo dia tem uma correspondência diferente, mas hoje, não teve.
-Talvez porque eu esteja aqui.
-Não. Ele é um psicopata, Rafe não se importa se tem o FBI comigo aqui dentro, ele é capaz de tudo.-Olhei fixamente para Jungkook, me inclinei e distribuí um beijo na sua bochecha, ele sorriu com o ato, fazendo o mesmo, só que na boca, um beijo na boca.
-Mas eu estou aqui, com você, pra sempre.
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Oiee! Vota por favor! O que acharam da narração da Sarah?
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