012
SHIM JAEYUN
point of view.
─── Hee, você já terminou a sua carta do trabalho de filosofia? ── perguntei enquanto terminava de recortar as figurinhas para colar no dever de casa que eu e Heeseung estávamos fazendo.
─── Ainda não, e você? ── ele questionou, concentrado em colar no cartaz os recortes que eu entregava para ele.
─── Terminei. ── respondi com as bochechas levemente coradas ao lembrar da cartinha.
Eu torcia mentalmente para que Seungmin não nos forçasse a ler para a turma toda, caso contrário eu me jogaria no Rio Han.
─── Posso ler?! ── Heeseung perguntou animado, virando sua atenção para mim no mesmo instante.
─── Não, Heeseungie! É para ler só no dia. ── neguei rapidamente, rasgando sem querer a figura que eu cortava pelo desvio de atenção.
O loiro suspirou e deitou sua cabeça em meu ombro, murmurando o quanto eu estava sendo maldoso. Ignorei seus comentários enquanto ria baixinho do seu pequeno drama, tentando voltar minha concentração para o cartaz que eu enfeitava para entregar na próxima aula de educação artística.
Heeseung estava morando aqui desde o último domingo, ou seja, há exatos cinco dias. Por incrível que pareça o seu quarto já estava pronto desde quarta-feira, meu pai havia feito questão de pressionar os homens que ele contratou para reformarem o quarto o mais rápido possível ─ tudo isso para que Hee não precisasse dormir comigo por mais noites.
Era desnecessário dizer o quanto eu estava adorando ter Heeseung morando na mesma casa que a minha, não só pelo crush arrebatador que eu tinha por ele, mas também por que ele era o meu melhor amigo. Os dias da semana saíram de entediantes para uma festa do pijama infinita com Hee e isso era incrível.
Nós íamos para a escola juntos, voltávamos para casa, almoçávamos e depois Heeseung ainda me ajudava a estudar e revisar as matérias. Quando terminávamos de cumprir nossos deveres ─ estabelecidos pelo general Christopher Bang para que a casa continuasse em ordem ─ nós assistíamos filmes, fazíamos bolo, jogávamos videogame. E, às vezes, trocávamos alguns beijinhos escondidos do meu pai. Normalmente isso ocorria antes de entrarmos na escola, quando saíamos e antes de cada um ir para o seu quarto dormir.
Eram poucos, considerando que passávamos vinte quatro horas por dia juntos, mas nós ainda sentíamos um pouco de receio da reação do meu pai. Por isso, hora ou outra eu me pegava pensando: o que, exatamente, eu e Heeseung éramos?
Para meu pai, e os pais de Heeseung, éramos namorados.
Mas de fato Heeseung nunca me fizera um pedido... Será que ele estava esperando ter certeza dos seus sentimentos? Oh meu Deus, e se ele estivesse esperando eu fazer o pedido?
Talvez eu devesse agilizar o processo e pedir Heeseung em namoro logo.
Ah...! Mas e se ele não aceitasse?
Eu iria ficar realmente bem triste e envergonhado.
─── Garotos? ── a voz de meu pai me puxou do mundo da lua, fazendo com que eu virasse toda a minha atenção para ele.
─── Sim, papai? ── perguntei confuso, porém logo soltei uma risadinha ao ver o mais velho vestindo uma calça jeans verde militar, um colete da mesma cor e um chapéu de pescador. Ele realmente entrava no clima de pescaria quando ia para o litoral com meus tios.
─── Só para avisar que eu já estou indo, deixei meu cartão de crédito para caso precisarem comprar algo. Juízo, pelo amor de Deus. ── o Bang anunciou, fazendo uma expressão exagerada na última frase.
─── Você não ia às oito horas? ── perguntei confuso.
─── la, mas tenho que buscar o Minho, Hyunjin e o Changbin ainda... Você sabe como eles são atrasados, não é? ── papai revirou os olhos. ─── Bom, é isso! Tchau, garotos.
─── Boa viagem, Chan! ── Heeseung desejou sorridente para meu pai enquanto eu abanava minha mão, sorrindo também.
Comecei a arrumar a escrivaninha que havíamos bagunçado enquanto ouvia meu pai praguejar do lado de fora por sua vara de pescar ser grande demais para o porta-malas. Heeseung gargalhava, olhando meu pai através da janela que dava para a rua e o mais velho apenas lhe mandou o dedo do meio depois que conseguiu fechar a traseira do carro, dando partida no mesmo logo em seguida.
─── Seu pai realmente deu o dedo do meio para mim? ── Heeseung perguntou rindo descrente.
Soltei uma risada, jogando os papéis picotados no lixo.
─── Você estava rindo dele, agradeça por não ter sido um chute.
Hee deu mais algumas risadas, arrumando a cama do meu quarto para deitarmos.
─── Vamos ver anime? ── ele perguntou e eu concordei, saltitando para dentro das cobertas e sorrindo enquanto sentia Heeseung me abraçar. ─── Qual? A gente não devia ter começado a assistir vários ao mesmo tempo.
─── Naruto! Estamos chegando no arco do Pain, é o meu favorito. ── falei animado, sacudindo Heeseung que ria da minha empolgação.
─── Admita, você só gosta de ouvir ele falando shinra tensei.
─── E você da Sakura gritando: onegai, Naruto. ── afinei a voz, imitando o grito da personagem enquanto Heeseung ria. ─── Arrepiei só de lembrar, da o play logo!
Iniciei o episódio e então ficamos em silêncio absoluto, completamente concentrados no anime. Enquanto isso Heeseung distribuía carinhos pelas minhas costas, fazendo com que hora ou outra o meu corpo se arrepiasse inteiro.
Momentos como esse era o que eu mais adorava ter durante o dia, ficar apenas quietinho com Heeseung enquanto eu recebia carinhos como um gatinho carente. Logo me desconcentrei completamente do anime.
Não que não fosse interessante, era realmente maneira demais a cena do Konohamaru derrotando um dos caminhos de Pain, só que observar Heeseung havia se tornado o meu maior hobbie e isso deixava o resto demasiado entediante.
Eu me desconcentrava de absolutamente tudo apenas para apreciar o rostinho perfeito que Heeseung tinha, o biquinho que seus lábios formavam por ter a bochecha esmagada pelo travesseiro enquanto ele olhava para a tela da televisão, eram mais interessantes do que qualquer anime do mundo.
Isso sem nem contar com as expressões chateadas que ele fazia quando acontecia algo ruim com o seu personagem favorito, ou as de emoção que ele fazia quando Naruto fazia o seu discurso de: ei cara, eu também já fui como você. A pintinha em sua testa eu não gostava muito de olhar, já que, eu quase sempre entrava em um surto interno de cutecute quando a encarava por muito tempo.
─── Yunnie, eu estou ficando com vergonha. ── Heeseung falou de repente, me fazendo perceber as suas orelhas e bochechas completamente coradas enquanto o loiro ainda encarava a televisão. Sorri de lado e me questionei do tamanho da minha queda por Heeseung.
Eu gostava tanto dele, queria poder fazê-lo sorrir para sempre assim como ele sorria toda vez que eu contava sobre a minha consulta na psicóloga e sobre o como eu estava feliz por progredir na escola. Fazê-lo se envergonhar toda vez em que eu o encarava demais, me perdendo completamente na imensidão da beleza que o Lee possuía.
Talvez eu amasse Heeseung.
Jisoo havia me dito que era possível ser isso o que eu sentia pelo garoto de cabelos loiros, levando em conta as incansáveis horas que eu passava falando sobre cada detalhe de Heeseung para ela.
Então eu neguei, falando que era cedo demais para amar alguém.
Jisoo não sabia de tudo sobre os meus sentimentos, certo?
Errado.
Ela sabia sim.
Eu amava Heeseung tanto que se eu pudesse desejar uma única coisa, sobre ser ou ter qualquer coisa no mundo, eu desejaria ser a felicidade eterna de Heeseung.
Eu desejaria ter Heeseung ao meu lado para sempre.
─── Hee?
─── Sim, bebê? ── o Lee respondeu sem desviar o olhar da tela, me fazendo corar com o apelido.
─── Você quer namorar comigo? ── perguntei sem ao menos pestanejar, sentindo meu interior inteiro vibrar em nervosismo.
Heeseung me encarou na mesma hora, com os olhos completamente abertos enquanto sua boca abria levemente em uma expressão completamente chocada e surpresa.
─── O que?
Talvez eu devesse ter feito um pedido mais bonitinho? É, mas pedido nenhum no mundo seria tão sincero e ansioso como esse. Nenhum pedido planejado teria a reação chocada de Heeseung. Nenhum pedido planejado teria a minha reação de choque ao perceber que eu havia pedido o garoto que eu amava em namoro absolutamente do nada. E eu não teria a surpresa dupla de sentir os lábios finos de Heeseung contra os meus enquanto o garoto exclamava diversas vezes o quanto queria ser sim o meu namorado.
─── Sim, sim, sim e sim. Meu Deus, era para eu ter feito o pedido!
Sorri até sentir as minhas bochechas doerem, abraçando o pescoço de Hee enquanto o garoto me beijava por todo o rosto, sempre demorando em meus lábios.
─── Eu amo você, Heeseungie. ── confessei baixinho, pouco me importando em parecer apressado demais.
─── Eu amo você bem mais, Shim Jaeyun. ── o garoto sussurrou, grudando sua boca na minha em um beijo lento e profundo.
Talvez essa fosse a noite mais feliz da minha vida e eu fosse o Jaeyun mais bobinho da face da terra.
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