010
SHIM JAEYUN
point of view.
Analisei o rosto de Heeseung em completo choque e horror, sentindo meu coração saltar em meu peito e logo em seguida se contorcer de dor.
O rosto sempre tão sorridente do garoto estava completamente diferente, não só pela expressão deprimente, mas também pelo olho roxo, as marcas
de mão em sua bochecha esquerda e o corte no lábio inferior.
─── Hee? O-o que aconteceu com você?!── exclamei em um sussurro gritante, sentindo minhas mãos tremerem quando puxei o garoto pelo braço e
ouvi seu baixo gemido de dor.
Instantes após questionar, Heeseung começou a chorar baixinho, olhando para qualquer lugar aleatório que não fosse eu. Segurei sua cintura com cuidado e o levei até o meu quarto em um ritmo vagaroso, sua perna devia estar machucada também já que o garoto mancava levemente para caminhar.
─── Desculpa te incomodar, Yunnie... ── ele sussurrou assim que o ajudei a sentar na cama.
─── Espera aqui. ── o ignorei, correndo até o banheiro do meu quarto e abrindo o armário onde ficava um dos pequenos kits de primeiros socorros que Chaeryeong havia espalhado pela casa após terminar seu curso de enfermagem.
Minhas mãos tremelicavam razoavelmente enquanto eu tirava tudo do armário, procurando com pressa o tão almejado kit e corri para o quarto novamente assim que o encontrei.
─── Hee, deita que eu vou limpar os seus dodóis. ── pedi sentando ao seu lado enquanto observava o garoto se deitar vagarosamente. ─── O que aconteceu? Você brigou com alguém? ── perguntei o óbvio, afinal era improvável ele ter dado um soco no próprio rosto.
Heeseung suspirou e fechou os olhos com força quando pressionei um pedacinho de algodão levemente umedecido por um antisséptico.
─── Meus pais estavam em casa... Ai! ── ele resmungou. ─── Acabamos discutindo. ── Heeseung foi simplista.
Eu não iria insistir, estava nítido que ele queria fugir do assunto, mas então lembrei do que Jisoo havia me dito na nossa última consulta.
Talvez Heeseung só precisasse de alguém para confiar, o ouvir sem julgamentos e o apoiar. Suspirei, colando um band-aid da Hello Kitty no corte em sua sobrancelha com cuidado para não o machucar mais ainda.
─── Heeseungie, você pode contar comigo para qualquer coisa... ── murmurei, procurando a pomada cicatrizante para aplicar no seu lábio inferior. ─── Não é bom guardar tudo para si, isso nos machuca inconscientemente. Eu só quero te ouvir e te dar um ombro para chorar quando tudo parecer desmoronar.
Pela visão periférica pude perceber Heeseung me encarar, juntando suas sobrancelhas enquanto seus olhos brilhavam com pequenas gotículas salgadas ameaçando deslizar pelas suas bochechas novamente.
─── Eu e meu pai temos problemas. ── o loiro resmungou, olhando para a parede atrás de mim.
─── Digamos que ele não aceita muito bem o fato de eu gostar de garotos.
Pressionei meus lábios e o encarei, suspirando melancolicamente enquanto acariciava a bochecha
do mais novo.
─── Acho que ele ouviu alguma conversa minha com minha mãe, sabe... Sobre você... ── suas bochechas instantaneamente se avermelharam e as minhas também assim que compreendi a frase do garoto. ─── Então minha mãe saiu para um plantão no hospital em que ela trabalha, e ele veio tirar satisfação comigo... Droga! Eu realmente não quero repetir as grosserias que ele me falou.
─── Não precisa, Hee. ── sussurrei deitando minha cabeça em minha mão enquanto encarava o loiro.
─── Eu o respondi, o xinguei... Eu provoquei sabe? E ele me deu um tapa, eu revidei com um soco, ele deu outro e assim por diante. Ele me empurrou na mesinha de canto do corredor e eu bati a perna e começou a doer pra caralho, não consegui manter a pose de invencível e comei a
chorar. ── Heeseung revirou os olhos quando parou para respirar fundo, me encarando de lado. ─── Ele mandou eu sumir, que não queria mais ver minha cara pelo resto da semana. Ele está de férias da empresa. ── o garoto riu em escárnio, derrubando algumas lágrimas enquanto negava com a cabeça.
Molhei meus lábios e suspirei, apertando o tronco do Lee em um abraço frouxo enquanto pensava no que falar.
─── Sinto muito, Heeseung. Seu pai é um idiota. ── a voz rouca do meu pai soou pelo quarto, assustando tanto eu quanto Heeseung. ─── Vim checar se vocês estavam bem e acabei ouvindo, desculpe. Você pode ficar aqui o tempo que precisar, te levo amanhã para buscar algumas roupas na sua casa.
Meus olhos estavam ligeiramente arregalados e eu estava tão chocado quanto Heeseung, que estava com a boca levemente aberta enquanto encarava meu pai.
─── Ah... ── coçou a garganta. ─── Muito obrigado, senhor Bang.
Sorri fechado, olhando para meu pai que estava escorado no batente da porta encarando Heeseung com um mínimo sorriso acolhedor.
Ah, eu sabia o quanto era raro papai sair por aí dando sorrisinhos. Eu valorizava aquilo demais.
─── Chan. Sem formalidades afinal, você é namoradinho do Yun. ── meu pai resmungou um pouco descrente e eu arregalei os olhos no mesmo instante. Heeseung me encarou um pouco assustado. ─── Vou pedir uma pizza para vocês, acredito que você não comeu nada e Jake não jantou também. ── o Bang falou, dando um aceno com a cabeça antes de sair do quarto.
Um silêncio constrangedor tomou conta, Heeseung me encarava levemente assustado e eu o encarava do mesmo modo.
─── Ele sabia?
─── Não! ── resmunguei em um sussurro gritante.
─── Ele vai brigar com você? ── Heeseung indagou um pouco receoso.
Pressionei os meus lábios e suspirei, pensativo.
─── Não, mas ele deve estar chateado por eu não ter contado antes. ── lamentei pensando no que dizer para o meu pai. ─── Já volto, não se mexa muito.
Ouvi o resmungo em concordância de Heeseung e levantei da cama, indo de fininho até a sala onde meu pai estava sentado, procurando por algum restaurante aberto no aplicativo em seu celular.
Fiz um bico pensativo e me aproximei de vagar, só chamando sua atenção quando me sentei ao seu lado.
─── Está chateado? ── perguntei assim que seu rosto virou na minha direção, brincando com os meus dedos enquanto os encarava em meu colo.
─── Não, desde a primeira vez que vi você e Heeseung juntos, eu já sabia que isso iria acontecer. ── ele respondeu, bloqueando o celular em sua mão enquanto suspirava. Fiquei em silêncio, me sentindo levemente culpado.
─── Me desculpe por não ter contado, estava com medo de você me xingar. ── suspirei.
Meu pai torceu os lábios, enrugando suas sobrancelhas em uma expressão pensativa enquanto me encarava.
─── Agora estou chateado. ── ele anunciou. ─── Como você pode achar que eu te xingaria, Jaeyun?
─── Ah, papai... Você não parecia gostar muito do Heeseung, achei que você iria falar que eu não tinha idade para isso, que eu deveria me concentrar em melhorar na escola. ── tentei lhe explicar o meu ponto de vista, sentindo minha voz tremer, sem conseguir sustentar o olhar de meu pai.
Ouvi o suspiro do mais velho ao meu lado mas não ousei o encará-lo.
─── Yun, você tem dezoito anos, eu não sou tão neurótico assim! Você e a sua irmã me veem como um monstro de sete cabeças, não é possível! ── ele resmungou, passando as mãos no rosto. ─── E eu nunca tive nada contra o garoto. Como eu poderia não gostar do cara que te ajuda a estudar, e que é nitidamente caído por você?
Soltei uma risada, sentindo minhas bochechas corarem. Abracei meu pai de lado, apoiando minha cabeça em seu ombro.
─── Desculpe, eu amo você. ── murmurei.
─── Eu também amo você, filho. A pizza chega daqui a pouco, já está paga. ── Chan falou antes de levantar. ─── Vou ir dormir, estou cansado e não terei preocupações com o Heeseung todo quebrado dormindo com você.
Arregalei meu olhos e senti meu rosto todo esquentar, negando com a cabeça enquanto via meu pai se afastar após suas insinuações.
Fiquei parado por alguns segundos e então voltei para o meu quarto, ainda levemente constrangido com a fala anterior de meu pai.
Sorri para Heeseung, que me olhava atentamente, e me sentei ao seu lado.
─── Quer ver algum filme, para se distrair? Não gosto da ideia de você ficar pensando em seu pai. ── sugeri o olhando com uma leve preocupação.
─── Oh, não se preocupe. ── ele se aproximou. ─── Você já me distrai o suficiente, Yunnie.
Sorri fechado e fechei meus olhos, sentindo o garoto roçar o seu nariz no meu antes de colar nossos lábios em um beijo levemente desajeitado por conta do seu machucado.
A cada segundo que se passava, eu tinha mais certeza de que era completamente e inteiramente apaixonado por Lee Heeseung.
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