009
SHIM JAEYUN
point of view.
Pressionei o lápis amarelo sobre a folha de papel, colorindo o desenho enquanto ouvia atentamente as perguntas de Jisoo.
─── Como está na escola, Yunnie? Seu pai disse que você fez muitos amigos de uma hora para outra e ele se preocupou. ── a mulher indagou, me olhando com aqueles olhos gentis enquanto eu me distraía com livro de colorir que ela havia me dado.
─── Está bem, eu entendo a preocupação do meu pai. É estranho eu fazer amigos de repente, eu sei. ── respondi enquanto procurava a cor azul na caixinha de lápis. ─── Mas os garotos são muito gentis comigo, eles me incluem em tudo e não me deixam de lado.
─── E como eles são em relação aos seus transtornos? ── Jisoo voltou a perguntar.
─── Então, a gente virou amigo quando um deles fez uma pergunta sobre eu ser disléxico depois de ver alguns erros ortográficos em um trabalho. Quando eles souberam que sim, eu era, me pediram desculpa e tudo mais... Eles fizeram bastante perguntas, mas agora quase nunca tocam no assunto...
─── E então?
─── No começo eu senti que eles se aproximaram por pena, nunca percebi uma intenção maldosa, muito pelo contrário, achava que era só dó mesmo. Isso me incomodava, mas com o passar do tempo eles acabaram realmente se afeiçoando a mim. ── olhei para ela e sorri. ─── Bem, é o que eu espero...
Jisoo sorriu e balançou a cabeça, me olhando com os olhinhos estreitos.
─── Você é incrível, Yunnie. Eu tenho certeza que todos eles gostam muito de você. ── a morena falou. ─── Mas eu queria saber algo a mais... Seu pai comentou comigo sobre o Heeseung...
─── O que ele falou? ── perguntei preocupado, largando o lápis em cima da mesa.
─── Falou tudo o que eu já desconfiava, afinal você vem falando do Heeseung há algum tempo durante nossas consultas... ── ela frisou o nome do loiro. ─── Yun, você sabe que eu sou sua amiga, não sabe?
─── Sim, Jichu! ── concordei rapidamente.
─── E amigos não escondem nada um do outro...
─── Você promete que não vai falar para o meu pai? ── indaguei assim que entendi a onde ela queria chegar.
─── Eu não conto nada do que você me fala, Yunnie. Achei que já soubesse.
Sorri e senti minhas bochechas corarem enquanto lembrava do garoto loiro que fazia meu coração acelerar. Disfarcei, virando o rosto para procurar algum lápis de outra cor, mas nada passava despercebido pelos olhos de Jisoo.
─── Eu gosto dele, e ele gosta de mim. ── falei baixinho.
Jisoo arregalou os olhos e sorriu radiante, como se aquela fosse a melhor coisa que ela poderia ouvir.
─── Vocês se declararam? ── ela questionou curiosa.
─── Bem... Sim. Não sei, a gente falou que se gostava e nos beijamos poucas vezes. ── contei vendo a mulher sorrir feliz da vida. ─── Eu gosto muito do Hee, ele faz de tudo para me agradar e agradar nossos amigos, eu acho isso muito bonito da parte dele. Mas às vezes sinto que ele é muito sozinho, sabe? Isso me faz querer protege-lo, não sei...
─── Como assim, Yun?
─── Ele sempre nos convida para dormir na casa dele, e isso não é ruim. Mas eu percebi que os pais dele nunca estão em casa, estão sempre viajando a trabalho. ── fofoquei. ─── E às vezes ele vai para escola com olheiras fundas e aparência tão cansada, eu achava isso estranho.
Eu coloria o desenho enquanto falava para Jisoo sobre o Heeseung não conseguir dormir sozinho e sobre todas as coisas que vinha notando no garoto durante o tempo em que nos conhecemos.
─── Sinto que ele esconde algo. ── murmurei largando o lápis de cor e me apoiando na mesa de centro do consultório de Jisoo.
Jisoo me olhou pensativa, provavelmente elaborando algum conselho para me dar. E eu torcia para que ela conseguisse, faziam dias desde que percebi que Heeseung não estava bem e eu não sabia o que fazer para ajudá-lo.
─── Yun, você deveria tentar conversar com ele.
Mostre para ele que você é alguém de confiança e que não irá virar as costas para ele, independente do que ele esteja passando. ── ela suspirou. ─── É muito ruim ter pais ausentes, talvez Heeseung só queira alguém que o escute e o compreenda. Sem julgamentos.
─── Você tem razão, Jichu. ── sorri.
⏳
─── Você já tomou banho, Yunnie? ── meu pai perguntou, abrindo a porta do meu quarto e enfiando a cabeça para me olhar.
─── Sim, papai. ── respondi tirando a atenção do livro que eu estava lendo.
─── Você está lendo? ── ele perguntou ligeiramente surpreso mas tentou disfarçar. Soltei uma risadinha.
─── Sim, o nome é O Morro dos Ventos Uivantes. ── comentei, erguendo a capa. ─── Eu não tô entendendo nada.
Meu pai gargalhou, sentando ao meu lado na cama.
─── Você devia ler livros mais curtos e atuais, nenê. Você vai se confundir com o modo de escrita desse aí. ── ele aconselhou.
─── É, eu sei. ── suspirei. ─── Mas esse é o livro favorito do Hee, queria ler para conversar com ele sobre. ── confessei sentindo meu rosto queimar de vergonha.
Queria uma brecha para falar com meu pai sobre meus sentimentos por Heeseung, porém ainda tinha um pouco de receio da reação dele.
─── Hum... ── ele murmurou. ─── Você e o Hee, são tipo melhores amigos? ── ele questionou como quem não queria nada. Pressionei os lábios e pisquei algumas vezes, pensando no que falar.
─── É, tipo isso. ── murmurei me batendo mentalmente por não conseguir dizer o que eu realmente queria.
Não que fossemos namorados, mas eu queria contar para meu pai sobre o quanto eu gostava dele e ele de mim. Sobre os beijinhos, sobre a paciência de Heeseung para me ensinar os conteúdos da escola... Sobre Heeseung por inteiro.
Não gostava da sensação de estar mentindo para meu pai por puro medo da sua reação. Ele não era uma pessoa ruim, não iria brigar comigo... Eu tinha certeza disso!
─── Bom... ── ele levantou. ─── É melhor você ir dormir, é quase meia noite e, mesmo amanhã sendo sábado, você tem que arrumar esse chiqueiro que você chama de quarto. Boa noite, meu bem.
─── Boa noite papai. ── suspirei enquanto fazia um beicinho, vendo ele abrir a porta do quarto.
─── Yun?
─── Hm?
─── Você pode contar tudo para mim, tá bom? Eu amo você independentemente de tudo, durma bem. ── então ele saiu.
No mesmo momento senti meus olhos se inundarem, sorrindo fechado enquanto encarava a porta recém fechada. Afinal, ele me amava independentemente de tudo.
Meu pai era a pessoa mais importante da minha vida, eu o amava mais que tudo nesse mundo. Ele não era meu pai de sangue, mas era absolutamente tudo para mim.
Era ridículo sentir medo de falar para ele que eu gostava de um garoto, eu sabia disso. Mas, ainda sim, eu simplesmente travava quando tentava falar. Eu sei que ele não me julgaria por gostar de um garoto, mas ele era tão ciumento que eu tinha medo de ele se chatear.
Ri sozinho quando lembrei de quando Chae falou que estava namorando, Chan quase morreu e passou a semana inteira reclamando que sua garotinha não era mais uma bebê. Mas então ele se tranquilizou quando conheceu a Yeji, segundo ele era mais fácil entregar sua filha querida para uma garota do que para um menino.
Fechei o livro e suspirei, decidido a ir até o quarto do meu pai e falar que eu gostava de Heeseung e que nós havíamos nos beijado. Porém mal tive tempo de levantar da cama, meu celular vibrou tantas vezes seguidas naquele curto espaço de tempo que eu me preocupei e o peguei na mesma hora.
Heeseungie
Yun, você está acordado?
Eu sei que está tarde, mas eu não tô bem
Você pode me ajudar?
Eu estou naquela pracinha perto da escola e não quero voltar para casa
Posso ir para a sua, por favor?
Eu entendo se não der
Esquece
Vou ver se o Niki está acordado
Boa noite Yun
[01h17am]
Na mesma hora eu me desesperei, digitando tão rapidamente que nem liguei para os diversos erros de digitação.
you
Hee o que aconteuc
Esta muito tarde para vc
ficar na rua
Vem pra cá agr
Cv ts brm?
[01h19am]
Heeseungie
Obrigado Yun, estou indo para aí
[01h20am]
Levantei na mesma hora e arrumei o meu quarto o mais rápido possível, juntando as roupas do chão e as jogando no cesto de roupas sujas que ficava no banheiro do meu quarto. Catei todos os papéis amassados, raspas de lápis e embalagens de comida que estavam pela minha escrivaninha, jogando tudo no lixo.
Corri para o quarto do meu pai e bati na porta.
─── Papai o Hee pode dormir aqui? Aconteceu algo na casa dele e ele não quer voltar, tá bom? ── falei rapidamente, vendo meu pai franzir o venho e suspirar.
─── Yunnie...
─── Por favor, por favor, por favor... ── implorei fazendo a expressão mais pidona que eu pude.
─── Tudo bem, mas eu estou de olho em vocês dois! ── ele cedeu, me encarando com os olhos cerrados enquanto apontava para o meu rosto.
Balancei a cabeça e fui para sala, esperando impacientemente Heeseung chegar.
Não dei bola para o pijama azul com ursinhos estampados, nem para os cabelos bagunçados, os óculos de descanso e o aparelho dental móvel que eu usava para dormir. A única coisa que eu pensava era em Heeseung e a preocupação que eu sentia.
Alguns toques na porta foram dados e o som baixo que soou foram o suficiente para me despertar. Rapidamente corri para abrir a porta e céus... Eu não estava preparado para ver o que vi.
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