Capítulo 4
- Charlotte?
A citada levantou os olhos de seu computador, olhando para quem à havia chamado. Em seus lábios, inconscientemente, nasceu um sorriso ao ver que era Engfa quem à chamava.
- Oi, Fa, precisa de algo? - Charlotte perguntou.
- Ah, não, é que já está tarde. - Engfa avisou.
Charlotte olhou ao redor, vendo que só havia ela e Engfa naquele andar do prédio. Charlotte xingou baixinho.
- É verdade. - Charlotte deu um sorriso sem graça. - É que as vezes, pra não dizer sempre, eu me entretenho tanto escrevendo, que acabo me dispersando do mundo ao redor.
Engfa sorriu e se sentou em uma cadeira ao lado de Charlotte.
- Eu te entendo, também fico sonhando acordada enquanto tiro fotos. - Engfa comentou. - É bom trabalhar com o que a gente ama.. Quer dizer, você está trabalhando, eu só estou fazendo estágio, não ganhando um centavo.
As duas riram, então ficaram se encarando. Charlotte percebeu que Engfa estava um tanto nervosa com algo.
- Sobre o que você está escrevendo? - Engfa perguntou, desviando o olhar de Charlotte, com o rosto vermelho. Charlotte sorriu com aquela visão, Engfa era fofa.
- Sobre o que mais seria? O assunto do momento: a Mulher Aranha! - Charlotte respondeu, sorrindo gigante para a tela de seu computador. - Graças à ela, minhas matérias estão sendo lidas, Engfa! Você tem noção disso?
Havia se passado algumas semanas desde que Charlotte havia publicado sua primeira matéria sobre a nova heróina de Nova York.
Sua matéria, obviamente, atraiu muita atenção dos cidadãos da cidade grande. Outros jornais entraram em contato com Charlotte, tentando arrancar alguma coisa dela, e Jameson, notando que tinha nas mãos a galinha dos ovos de ouro, estava dando mais créditos à Charlotte.
- A-acho que não é isso não. Você também tem talento e escreve muito bem. - Engfa elogiou, seu rosto estava mais vermelho que antes.
- Quem dera. - Charlotte suspirou, olhando para a tela de seu computador, onde havia uma foto da heróina, tirada por algumas das pessoas que Charlotte entrevistou nas últimas semanas. - Graças à Mulher Aranha, estou subindo na vida. Ela salvou minha vida, e minha carreira.
Charlotte desviou os olhos da tela e olhou para Engfa, que estava olhando para o chão, tentando reprimir um sorriso e seu rosto todo estavam vermelho como fogo.
- Você tá bem, Engfa? - Charlotte perguntou, levando sua mão ao rosto dela. - Não está passando mal, está?
- N-não! - Engfa respondeu, se levantando bruscamente de seu lugar. - É só que.. É que.. Tá tarde, não é?
- Sim. - Charlotte concordou. - Você já vai embora?
- Vou. E você?
- Eu ainda vou ficar mais um pouco. Gosto de deixar meu trabalho adiantado. - Charlotte disse, vendo Engfa assentir com a cabeça. - Você tem algo para me dizer?
- Ah, eu.. Eu queria saber se você.. É.. - Engfa começou a gaguejar, e Charlotte teve que se segurar para não rir. Engfa soltou um suspiro derrotado. - Não volte tão tarde para casa, Char, fico preocupada se você for atacada novamente.
Charlotte viu Engfa se despedir e ir em direção ao elevador, entrando no cubículo de metal e sumindo de suas vistas.
Charlotte bufou.
- Que saco, Engfa, por que você tem que ser tão insegura? - Charlotte resmungou. - Se você me chamasse pra sair, eu iria aceitar.
Enquanto isso, Engfa saiu do prédio onde estagiava, se xingando mentalmente.
- Porra, Waranha, você é uma idiota, mesmo! Saco! - Engfa resmungava enquanto atravessava a rua. - Por que você não chamou ela pra sair? Ou, simplesmente, para acompanhá-la até em casa?
Engfa parou do outro lado da rua, se virando para o prédio, olhando para a construção.
A mão de Engfa apertou a alça de sua mochila. Ela suspirou, tomando uma decisão.
- Ok. Vamos fazer isso. - Engfa se virou novamente, caminhando até o primeiro beco escuro que achou, entrando ali dentro.
De volta ao prédio, Charlotte estava quase terminando de escrever seu artigo quando, de repente, ouviu batidas na janela.
Charlotte olhou para trás, assustada, se surpreendendo quando avistou ela ali. A Mulher Aranha.
Charlotte viu a heróina acenando para si, e, em seguida, fez um sinal para que ela abrisse a janela. Charlotte rapidamente o fez.
- Mulher Aranha, você aqui! Oi! - Charlotte cumprimentou, um tanto nervosa. Não pensava à rever tão cedo assim.
Charlotte pôs a cabeça para fora da janela, olhando para o chão. Elas estavam no sexto andar, e a Mulher Aranha não estava se segurando em nada, suas costas estavam grudadas na parede, e isso era o suficiente para sustenta-la.
- Eaí, gatinha. - A heróina à cumprimentou de volta, deixando Charlotte vermelha.
- Meu nome é C-Charlotte. - Ela corrigiu, ouvindo uma risadinha da mascarada.
- Eu sei o seu nome, mas prefiro te chamar de gatinha. - A Mulher Aranha respondeu, deixando Charlotte ainda mais tímida.
- Como você sabe meu nome?
- Eu li a sua matéria sobre mim. - Mulher Aranha respondeu. - Eu vim te agradecer por ter feito um bom trabalho. Graças à você, eu tenho vários fãns.
- Ah, de nada.
- E sabe de uma coisa? Eu acho curioso que o mesmo jornal publique coisas boas, e, ao mesmo tempo, ruins sobre mim. - A heróina comentou, fazendo Charlotte rir.
- Você também leu a matéria do Kaene. - Charlotte concluiu. - O Jameson deixa ele fazer o que quiser, publicar o que quiser, não importa se ele está dando uma imagem totalmente deturpada de você. Na verdade, originalmente, Jameson queria que apenas coisas ruins sobre você fossem publicadas.
- E por que você não o fez?
- Porquê eu não conseguiria falar mau de você. - Charlotte respondeu. - Você salvou minha vida aquele dia, como eu poderia?
A Mulher Aranha fez um sinal positivo com a cabeça, Charlotte imaginou que ela poderia estar sorrindo por debaixo da máscara.
- Vem comigo? - Ela perguntou, fazendo Charlotte à olhar com curiosidade.
- Pra onde? - Charlotte perguntou, meio desconfiada.
- Você confia em mim? - A heróina recebeu uma risada de Charlotte.
- O que eu deveria responder? "Oh, minha heróina, eu confio em você de olhos fechados"? - Agora foi a vez de Charlotte ver a mascarada rir.
- Tipo isso. - Ela respondeu.
Charlotte revirou os olhos, indo até seu computador, salvando o arquivo e o desligando. Em seguida, pegou sua bolsa e foi até a heróina.
- Vamos lá. - Charlotte disse, sendo surpreendida quando teve sua cintura agarrada com força e seu corpo foi puxado contra o corpo da Mulher Aranha.
- Feche os olhos. - Mulher Aranha orientou, sendo obedecida no mesmo instante. - Se agarre com força em mim.
- O que você.. Porra! - Charlotte gritou quando sentiu seu corpo voar e um ar gelado bater em seu rosto. Ela se agarrou firmemente no corpo da heróina. - Ah, não! Merda!
Charlotte podia ouvir a risada divertida da Mulher Aranha. Charlotte queria tanto poder bater nela, mas estava mais ocupada à agarrando para que não caísse e morresse na queda.
Depois de algum tempo, a heróina parou de se pendurar pelos prédios e parou. Mas continuou segurando a cintura de Charlotte. E Charlotte continuava abraçada à heróina, com medo de abrir os olhos.
- Pode abrir os olhos, ou você quer tanto continuar me agarrando assim? - A heróina debochou, fazendo Charlotte se soltar no mesmo momento.
Os olhos de Charlotte se abriram, então dobraram de tamanho. Quase ficou tonta quando viu que a heróina à havia levado até o topo do Empire State Building.
- Porra! - Charlotte se agarrou em uma barra de metal que havia atrás de si.
- Tem medo de altura, gatinha? - A Mulher Aranha perguntou.
- Não tenho medo de altura, tenho medo de cair. - Charlotte respondeu. - E não, eu não caio de pé.
- Como você sabia que eu ia fazer essa piada? - A heróina perguntou, com uma risada.
- É clássica. - Charlotte respondeu, escorregando pela barra de metal e se sentando. A Mulher Aranha fez o mesmo. - Por que você me trouxe aqui?
- Porquê eu queria mostrar esta vista pra alguém, e você foi a primeira pessoa que veio na minha cabeça. - Ela respondeu.
- Hmm, é realmente bonita. - Charlotte concordou. - Posso te fazer uma pergunta?
- Não vou te dar meu nome tão facilmente assim, Charlotte. - A heróina disse.
- Nem eu quero que você me diga. Que tipo de jornalista acha que eu sou?
- Não igual ao Kaene, eu suponho. - Mulher Aranha sugeriu.
- Claro que não!
- Bom.. - A heróina assentiu. - Você é uma boa jornalista. Deve descobrir a minha identidade por conta própria, pelos seus próprios meios.
- Então você me permite ir atrás de sua identidade? - Charlotte viu a Mulher Aranha assentir com a cabeça. - Por quê? O que te garante que eu não vá colocar o seu nome e rosto nas minhas matérias?
- Eu sei que você é uma pessoa de caráter, então sei que não vai fazer isso. - Ela respondeu. - E, se fosse para alguém revelar minha identidade, gostaria que fosse você, e não o Kaene, que faz a minha caveira no jornal.
Charlotte assentiu, sentindo um vento gelado arrepiar o seu corpo. Ela apertou ainda mais o seu casaco ao redor de seu corpo. Elas estavam altos, o que tornava o ar mais gélido. Já era primavera, mas o frio ainda não havia acabado por completo.
- Faça sua pergunta. - Instruiu a Mulher Aranha. - Mas apenas uma.
- Como você conseguiu seus poderes? Ou você nasceu com eles? - Charlotte perguntou.
- Foram duas.
- Não foram, não. Foi uma pergunta só, que se baseia na origem das suas habilidades. - Charlotte explicou.
- Espertinha você, hein. - As duas riram. - Eu não nasci com eles. Adquiri eles faz algumas semanas.
- Como?
- Fui picada por uma aranha. E é somente isso que vou te contar, por agora. - A Mulher Aranha disse.
Charlotte franziu a testa, ficando pensativa sobre aquela pista que havia recebido.
Depois de alguns minutos pensando, seus olhos arregalaram.
- Puta merda! - Charlotte xingou, olhando para a heróina com surpresa.
- O que? Já descobriu? - Ela perguntou, com uma risada. - Se eu soubesse que seria tão fácil assim, não teria dado essa dica.
- Não descobri, mas tenho uma ideia de onde começar. - Charlotte respondeu.
- Porra, se continuar assim, você vai descobrir minha identidade rapidinho. - A mascarada comentou, recebendo um sorriso convencido de Charlotte. - Você é incrível, sabia?
Charlotte sentiu o rosto esquentar, mesmo com o ar gelado tocando em seu rosto.
- Assim você me deixa tímida. - Charlotte comentou, ouvindo a heróina rir.
- Você é fofa. - A Mulher Aranha disse. - Acho que já está na hora de irmos. Quer que eu te dê uma carona até em casa?
- Olha.. - Charlotte se inclinou um pouco para frente, olhando para baixo, quase ficando tonta novamente. - Eu não tenho muita escolha. Eu moro no Brooklyn.
A Mulher Aranha ajudou Charlotte à se levantar, em seguida, sentiu os braços dela à abraçando e seu rosto ser enterrado em seu pescoço. A heróina riu ainda mais e levou sua mão até a cintura de Charlotte.
- Você está gostando muito disso, não é, gatinha? - A heróina à provocou, recebendo um tapinha no ombro.
- Eu só não quero cair. - Charlotte se justificou. - E não me chame de.. Ah!
Antes que Charlotte pudesse terminar sua frase, a Mulher Aranha se jogou do alto do Empire State, fazendo Charlotte gritar com o susto.
Minutos mais tarde, Charlotte estava na frente de sua casa, com os pés no chão. Ela pode finalmente respirar aliviada.
- Entregue, sã e salva. - Mulher Aranha disse. - Gostou do nosso passeio?
- Gostei, muito obrigada. - Charlotte agradeceu.
- Que bom. Mas agora eu tenho que ir. - A heróina avisou, recebendo um assentir de Charlotte. - Ganho um beijo de boa noite?
- Tá achando que eu sou fácil assim? Se liga, Mulher Aranha. - Charlotte revirou os olhos, se virando e pondo a sua chave na fechadura da porta.
- Ok, desculpe, gatinha. - Charlotte agradeceu por estar de costas, se não, a Mulher Aranha poderia ver o seu sorriso bobo. - Boa noite, Charlotte.
Charlotte olhou por cima do ombro, vendo a heróina disparar suas teias pelos prédios baixos das casas, voando para longe.
- Tá vendo, Engfa? É assim que eu gostaria que você fosse. - Charlotte murmurava para si mesmo, enquanto entrava dentro de casa.
Quer dizer, ela não queria que Engfa fosse totalmente igual à Mulher Aranha. A heróina era exibida e convencida demais. Mas, só com um pouquinho de atitude da Mulher Aranha em Engfa, estaria perfeito.
Deixando esses pensamentos de lado, Charlotte foi para seu quarto, pegou seu notebook e foi até o site online do Clarim Diário, procurando a matéria que ela havia publicado semanas atrás sobre as aranhas da empresa do tio de Engfa.
- Ela foi picada por uma aranha que deu super poderes para ela, e, coincidentemente, essa empresa estava modificando o DNA das aranhas. - Charlotte falava alto, para si mesma. - Será que, uma dessas aranhas, picou ela? Ok. Se sim, quem é ela? Uma funcionária? Ou..
Charlotte achou a matéria, a abriu e deu de cara com a foto que Engfa havia tirado de Milk, na frente dos recipientes das aranhas.
- Será..?
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a Charlotte acertou o ninho mas errou o passarinhokkkkkk
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