Capítulo 2
O celular de Charlotte tocou, a fazendo parar de digitar a matéria que ela escrevia em seu computador.
Seus olhos foram para o aparelho e avistaram o nome "Freen". Charlotte pegou o telefone e atendeu a ligação.
- Tô ouvindo. - Charlotte deixou o celular no viva-voz e continuou digitando no teclado.
- Você ainda tá no jornal? - Freen perguntou.
- Tô, por quê? Estou terminaando de escrever a matéria das aranhas, lembra? Precisa sair amanhã. - Charlotte explicou.
- Mas você viu que horas são?
Charlotte franziu a testa e olhou para o relógio pendurado na parede, vendo que eram quase 23h da noite.
- Puta merda! - Charlotte xingou, ouvindo o suspiro de Freen do outro lado da linha. - Hoje era meu dia de cozinhar, não era?
- Sim, mas tudo bem, Becky fez a janta. - Freen respondeu. Charlotte coçou a nuca. - Vem pra casa, Char. Você terminar isso amanhã.
- Eu já vou terminar aqui, Freen. Depois eu vou pra casa. - Charlotte garantiu. - É que.. Você sabe bem.
- Eu sei. - Freen concordou. - Você quer mostrar competência pro Jameson.
- Se eu me esforçar, ele vai me mandar pra cobrir coisas mais importantes que aranhas modificadas. - Charlotte continuou. - Ninguém lê esse tipo de coisa, meu artigo vai ser ignorado. Fala sério, cinco anos de jornalismo, com especialização em investigação, e me botam pra fazer uma matéria sobre insetos!
- Aranhas não são insetos. - Rebecca corrigiu, sua voz estava baixa, dando a entender que estava longe do aparelho.
- Eu não sou bióloga. - Charlotte riu fraco com a correção. - De qualquer jeito, vou terminar isso aqui ainda hoje. Talvez, assim, o Jameson veja o meu valor, e me a chance de provar que posso ser melhor que o Kaene.
- Mas você mesmo não disse que o Kaene é filho do melhor amigo dele? - Freen perguntou. - Isso é um privilégio e favoritismo, não é questão de valor.
Charlotte choramingou. Nunca conseguiria ser melhor que Kaene.
À menos que conseguisse uma coisa tão fantástica e que só ela soubesse. Assim, Jameson não teria outra opção, à não ser, deixá-la cobrir aquilo.
- Ok. Char, termine logo essa droga de matéria sobre insetos.
- Não são insetos! São aracnídeos! - Rebecca corrigiu.
- Aracnídeos, tanto faz. - Freen riu. - Termine logo isso e volte para casa imediatamente. Eu não consigo dormir se uma de vocês duas está fora de casa.
- Ok, mãe. - Charlotte provocou, ouvindo Freen a xingar e desligar a ligação logo em seguida.
Charlotte se apressou em terminar de digitar a matéria em seu computador. Se demorasse muito, era bem possível que levasse uns cascudos de Freen, por chegar tão tarde.
Freen e Charlotte eram melhores amigas há 9 anos. Se tornaram amigas quando Charlotte se mudou de Sitka, no Alaska, para a cidade grande. Charlotte precisava de um lugar para ficar, e Freen precisava de alguém que à ajudasse a pagar as contas. Se encontraram e estavam juntas desde então, hoje em dia ambas tem 28 anos.
E também havia Rebecca, a namorada de Freen, que havia ido morar com elas há dois anos.
Charlotte se lembrava que Rebecca, ou Becky, como gostava de ser chamada, no início sentia muito ciúmes de si, achando que ela gostava de Freen. Mas logo ela percebeu que seu ciúmes era sem sentido, e fez amizade com Charlotte.
Charlotte terminou de escrever e abriu sua pasta, para procurar uma foto para por de capa na matéria.
Abriu a primeira imagem, vendo que era uma das fotos que Engfa havia tirado dela.
Engfa havia editado a foto, tinha a deixado perfeita. Charlotte até poderia postar ela em suas redes sociais.
O sorriso nasceu nos lábios de Charlotte inconscientemente ao lembrar de Engfa. Ela não a via desde o dia da entrevista com Milk, há duas semanas. Para Charlotte, estava difícil fazer com que Jameson não percebesse a falta de sua estagiária, mas ela estava dando conta. Só não sabia por quanto tempo mais conseguiria encobrir a mais nova.
Charlotte suspirou e balançou a cabeça. Se continuasse pensando em Engfa, ficaria ali a noite toda. E Freen iria a matar!
Deixou as suas fotos que Engfa havia editado de lado, e pegou as fotos que mais interessariam, como a de Milk, de um biólogo olhando alguma coisa no microscópio, e uma aranha dentro de um dos recipientes.
Salvou a matéria e a deixou pronta para que, no dia seguinte, apenas chegasse e a publicasse.
Desligou o seu computador e se levantou, arrumou suas coisas dentro de sua bolsa e alisou a saia que usava, para que ela não ficasse tão amassada.
Saiu do prédio do jornal, se despedindo do segurança que ficava ali na porta e começou à andar em direção ao metrô.
Ela chegou sem dificuldade na estação, comprou seu bilhete e apenas ficou esperando seu metrô chegar.
- Ah, não. - Charlotte resmungou, depois de algum tempo.
Só havia ela ali mas, de repente, um grupo de garotos desceu as escadas da estação, tropeçando e rindo pro nada. Estavam bêbados.
Charlotte se encolheu. Rapidamente, mexeu em sua bolsa, retirando suas chaves e as colocando entre seus dedos.
Ela respirou fundo, rezando para que os garotos simplesmente passarem reto, sem notar sua presença.
- Olha só o que temos aqui.
Merda.
Os garotos, que eram três, pararam à poucos metros de distância de Charlotte, que se afastou minimamente, olhando para o túnel, tentando ver se seu metrô estava chegando. Mas não, não estava.
Os garotos a analisaram de cima à baixo, rindo e fazendo piadinhas.
- Oi, lindinha. Tá sozinha? Quer companhia? - Um deles perguntou.
Charlotte soltou um grito quando outro deles agarrou sua saia e tentou levanta-la.
- Me deixem em paz. - Charlotte pediu, tentando se afastar, mas foi agarrada por um deles. - Me solta, porra!
- Ih, tá estressadinha, amor? Tá na TPM, é? - O que estava à agarrando perguntou, cheirando seu cabelo. - O que você acha da gente te acalmar agora? Ela tá precisando de um pau bem dado, não acham?
- Eu disse pra me deixarem em paz! - Charlotte fez um movimento de cabeça, batendo a parte de trás de sua cabeça no nariz do homem, que a soltou e ela se afastou.
Ela viu outro deles vir até si, ela foi rápida e deu um chute no meio de suas pernas, arrancando um grito dele.
- Sua vadia! - O terceiro homem xingou, desferindo um tapa em seu rosto. Foi tão forte, que Charlotte caiu no chão.
Com o rosto abaixado, ela pôs as mãos na frente do corpo, tentando impedir que eles viessem até si.
Para sua surpresa, nada veio. Nada além de gritos surpresos, e uma risada feminina.
Os olhos se Charlotte se abriram lenta e levemente.
Ela pode ver os três garotos lutando contra uma única mulher fantasiada com uma roupa azul e vermelha. Charlotte não sabia dizer se a conhecia, pois ela usava uma máscara que cobria toda a sua cabeça.
A pessoa fantasiada, embora estivesse lutando contra três, estava levando a melhor.
- Ah, vamos lá, rapazes. Agora pouco estavam indo tão bem, por que agora não conseguem me atingir? - Ela perguntou, com uma risada debochada.
A mulher saltou alto, surpreendendo Charlotte quando ela se pendurou no teto, de cabeça para baixo, fazendo dois dos garotos se darem um encontrão e caírem no chão.
Algo saiu de seus pulsos, e aquilo grudou nos outros dois garotos. Os puxou e eles caíram em cima dos outros.
Mais coisas saíram de seus pulsos e ela deu uma voltam completa, prendendo os garotos com aquilo. Parecia uma corda super forte, já que os garotos se debatiam e não conseguiam se soltar.
A mulher mascarada voltou para o chão, se virando em direção à Charlotte, soltando uma exclamação, surpreso.
Charlotte olhou por trás dela e viu que o último garoto vinha por trás, pronto para ataca-la.
Antes que Charlotte pudesse avisá-la, a mulher se virou e deu um soco no garoto, tão forte que o garoto voou para longe.
De novo a "corda" saiu dos pulsos do mascarado, o puxando até ela. O garoto foi arrastado até os pés da mulher, que o segurou e prendeu junto dos outros quatro.
- Sua filho da puta! Solta a gente! - Eles mandavam aos gritos.
- Caladinhos. - A mulher mandou, soltando aquela coisa que saía de seus pulso na boca deles, os impedindo de falar.
A fantasiada se aproximou de Charlotte, que se encolheu, mas ela levantou as mãos, como se falasse que não iria machuca-la.
- Você está bem? - Ela perguntou, vendo Charlotte assentir. - Eu posso me aproximar? Não vou fazer nada contra você.
Charlotte hesitou um pouco, mas assentiu.
A mulher se aproximou e tocou em seu rosto, na região de uma bochecha. Charlotte gemeu de dor e ela afastou a mão.
- Desculpe. - Ela pediu.
- Como fez isso? - Charlotte perguntou, apontando com a cabeça para os garotos. - Parece teia de aranha.
- Ah, eu mesmo que fiz. - A mulher mostrou seus pulsos, onde tinha um pequeno aparelho. - Aperta pra você ver.
Charlotte, meio hesitante, levou sua mão até ali, apertou e aquilo saltou e grudou em sua roupa e em seu cabelo.
- Uau! - Charlotte sorriu, animada e curiosa. Levou sua mão e a tocou e puxou. Parecia uma criança com um brinquedo novo.
- Acho que é o seu metrô.
Charlotte desviou o olhar da teia para a mulher e, em seguida, para o metrô que estava chegando.
- Você deveria ir pra casa. - A mulher orientou, se levantando e estendendo a mão para Charlotte.
Charlotte pegou a mão dela e se levantou. A mulher era apenas um centímetro mais baixo que ele, mas era mais forte, apertava sua mão firmemente.
- Obrigada. - Charlotte agradeceu.
- Não precisa agradecer. - A mulher disse. - Não gosto de babacas.
A mascarada se virou para ir embora, mas Charlotte a chamou.
- Espera! Quem é você? - Charlotte perguntou, ouvindo ela soltar uma risadinha.
- Esse é o motivo da máscara, não podem saber quem eu sou. - Ela respondeu. - Mas pode me chamar de Mulher Aranha.
- Mulher Aranha? - Charlotte franziu a testa.
- Exato. Até mais, gatinha.
Então ela correu para fora do metrô.
Charlotte observou a mulher sumir, então olhou para os garotos presos na teia, agora todos dormiam de tão bêbado que estavam.
Antes que as portas do metrô se fechassem, Charlotte entrou e se sentou, repassando tuda cena que havia presenciado à poucos minutos. De novo, e de novo.
______________________________________________
engfa chamando a char de gatinha ajsjdjjdjjfjfd eu fico fraquinhaaaaa 🙈
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro