Capítulo 10
Charlotte e Engfa estavam deitadas na cama da jornalista, ambas nuas, mas cobertas pelo lençol. Charlotte estava deitada com a cabeça no ombro bom de Engfa, e a fotógrafa estava com os braços ao redor da cintura de Charlotte. Ambas estavam em silêncio, sentiam que nada precisava ser dito. Era o momento perfeito.
- Que bom que é você. - Charlotte comentou, rindo baixinho e deixando um beijo no peito de Engfa. - Me sinto muito feliz.. E também muito inteligente por ter descoberto sua identidade.
Engfa riu, deixando um beijo na testa de Charlotte.
- A Mulher Aranha me ajudou muito. Ela me dava mais confiança para chegar em você. - Engfa comentou.
- Como você decidiu ser uma heróina? Usar os seus poderes pra ajudar as pessoas? - Charlotte perguntou, levantando a cabeça para observar o rosto de Engfa.
- Acho que isso veio do meu pai. - Engfa comentou. - Ele era policial, e a coisa que ele mais amava, depois da família, era a profissão dele. Ele sempre amou proteger as pessoas, era tão altruísta, e eu admirava isso nele.
Charlotte sorriu ainda mais, vendo o brilho nos olhos de Engfa, quando ela falava de seu pai.
- Tenho certeza que ele estaria muito orgulhoso de você. - Charlotte garantiu, levando sua mão até a bochecha de Engfa, fazendo um carinho ali. Engfa segurou sua mão e deixou um beijo em sua palma.
- Não tenho tanta certeza assim. - Engfa deu um riso sarcástico. - A polícia não é muito minha fã. Eles não gostam do jeito que eu lido com os bandidos.
As duas riram, e ficaram em silêncio novamente, apenas se abraçando e trocando carícias.
Até que a atenção das duas se voltou para o toque de um celular. Engfa se desvencilhou delicadamente de Charlotte e foi até o seu traje, retirando de um bolso o seu celular. Charlotte se perguntou como que o aparelho não caía dali, sendo que Engfa dava saltos e piruetas pelos prédios da cidade.
- Alô? - Engfa atendeu a ligação.
- Engfa! Graças à Deus! - Era sua mãe.
- Mãe? O que aconteceu? - Engfa perguntou, a ansiedade, o medo e o pânico voltando à mil.
- Nada, nada, minha filha. É que eu acabei de sair do trabalho e soube do que aconteceu no prédio do seu tio.
- E a Milk? Tem alguma notícia dela? - Engfa perguntou, olhando apreensiva para Charlotte.
- Nada. Seu tio não atende minhas ligações. Está tudo uma correria. - Ela comentou. - Seu chefe não te mandou para fotografar toda aquela bagunça, não é?
- Não, não, eu fiquei no Clarim. - Engfa garantiu. - Ele mandou outro fotógrafo no meu lugar.
- Menos mal. - Sua mãe suspirou aliviada. - Você já está saindo do Clarim? Toda essa situação me deixou apreensiva, e quero você em casa logo.
- Sim. Já estou indo para casa. - Engfa respondeu, se despedindo da mãe logo em seguida e desligando a ligação.
No mesmo momento em que a ligação de Engfa e sua mãe terminou, o celular de Charlotte começou à tocar: era Freen.
- Char, aqui na Emergência está uma loucura! - Foi o que Freen disse assim que a ligação foi atendida. - Somente agora eu dei uma pausa pra tomar uma água.
- Tá tão ruim assim? - Charlotte perguntou, segurando a mão de Engfa com força.
- Agora está mais calmo, mas uma hora atrás estava horrível! - Freen suspirou. - E você? Como está?
- Eu tô bem. Jameson me mandou para cobrir o que estava acontecendo, mas não me machuquei. - Charlotte respondeu. - Eu também vim pra casa mais cedo.
- Que bom. - Porsche disse. - E Becky? Já chegou?
Charlotte voltou à se preocupar. Rapidamente, soltou a mão de Engfa e foi até a janela de seu quarto, que dava direto para a rua, abrindo-a e olhando para fora. Ela suspirou aliviada quando viu Becky dobrando a esquina.
- Está chegando. - Charlotte respondeu.
Engfa também se apressou até a janela, olhando para fora, na mesma direção que Charlotte.
- Ei. Eu conheço ela. - Engfa murmurou, vendo Charlotte à olhar com curiosidade.
- De onde? - Charlotte perguntou.
- Somos da mesma faculdade, mas de cursos diferentes. - Engfa explicou.
- Quem tá aí? - Freen perguntou do outro lado da linha.
- É a Engfa.
- Engfa? - Freen gritou. - Ai, meu Deus! Char... Ai, meu Deus!
- Cala a boca! Quando você voltar pra casa, a gente conversa sobre isso. - Charlotte à interrompeu, não querendo se envergonhar na frente de Engfa. - Eu vou desligar; vamos te esperar com a janta pronta.
Freen agradeceu e elas se despediram, com Charlotte desligando a ligação em seguida. Charlotte fechou sua janela.
- Char, me empresta suas roupas. - Engfa pediu, colocando seu traje.
- Tá bom. - Charlotte foi até seu guarda-roupa e procurou roupas que servissem em Engfa.
Alguns minutos mais tarde, Engfa e Charlotte estavam sentadas no sofá da sala. Rebecca entrou pela porta e sorriu para a visita.
- Oi. - As duas garotas se cumprimentaram.
- Becky, essa é a Engfa. - Charlotte apresentou.
Becky fez uma careta engraçada.
- Ah.. Você é a famosa Engfa, é? - Becky perguntou.
- Sou, sim. - Engfa assentiu. - Famosa?
- Você é o assunto preferido da Char. - Becky comentou, rindo alto quando Charlotte jogou uma almofada nela.
- Rebecca, some! - Charlotte gritou, com o rosto vermelho de vergonha.
Becky riu ainda mais e correu para o seu quarto. Charlotte choramingou.
- Agora ela vai me zoar ainda mais!
- Como assim? - Engfa perguntou, olhando para Charlotte com divertimento.
- Ela ficou mexendo comigo depois daquele dia que ela nos pegou quase transando. - Charlotte fez beiçinho. - Dizendo que, eu era tão boa jornalista, que estava dando tudo de mim, pra descobrir sua identidade!
Engfa riu ainda mais.
- Eu adorei essa garota! - Engfa disse, vendo Charlotte revirar os olhos.
- Eu juro que não estava!
- Eu sei que não estava. - Engfa à acalmou, se aproximando lentamente, vendo Charlotte se encolher no sofá. - Mas, sabe, Becky não estava errada: se você tivesse liberado pra mim, naquele dia, você teria descoberto minha identidade muito tempo antes.
Engfa sorriu quando viu o rosto de Charlotte ficar vermelho. Ela gemeu de dor quando Charlotte socou seu ombro machucado.
- Ah! Me desculpa, me desculpa! - Charlotte pediu, fazendo um carinho no local. - Eu esqueci.
- Da um beijinho, que sara. - Engfa pediu, vendo Charlotte rir e negar com a cabeça. - Você é tão má comigo.
- E você é muito saidinha. Cadê a Engfa que tinha vergonha até de me dar "bom dia"? - Charlotte perguntou, cruzando os braços.
Engfa novamente foi para cima de Charlotte, subindo em seu colo.
- Você não gosta? - Engfa perguntou, vendo Charlotte abaixar a cabeça, mas ela segurou, com sua mão, o queixo de Charlotte, e à fez olhar para si. - Responde, amor.
- Não! Não gosto! - Charlotte respondeu, sentindo seu rosto todo arder. Arder pela aproximação de Engfa, pelo olhar dela, pelo toque, pelo apelido carinhoso. - Saí de cima!
Engfa à enlouquecia e, se ela continuasse tão perto, Charlotte iria à jogar no sofá e iria agarrar ela. E elas haviam transado há poucos minutos atrás.
- Eu me afastaria, se você não estivesse me agarrando. - Engfa respondeu, divertida, e Charlotte percebeu que suas mãos estavam no corpo de Engfa, agarrando as roupas que ela vestia.
Charlotte soltou as roupas e colocou as mãos no rosto, que estava muito quente. Engfa riu e segurou suas mãos, as afastando, e encheu seu rosto de beijos, fazendo Charlotte rir.
- Engfa. - Charlotte chamou depois que o ataque de beijou parou. - Preciso te falar uma coisa.
- Sobre o que?
- Sobre aquilo... Aquele monstro, criatura, sei lá. - Charlotte respondeu, vendo a postura de Engfa mudar para algo mais sério, tal qual o assunto.
- Pode falar. - Engfa incentivou.
- Se lembra do dia que você foi picada? - Charlotte viu Engfa assentir. - Você se lembra do que a Milk falou sobre os andares superiores da empresa?
- Não. - Engfa negou. - Acho que, nessa parte do tour, eu já estava passando mal, pelo efeito do veneno da aranha.
- Certo. - Charlotte assentiu. - Mas a Milk disse, que eles estavam fazendo algo nos andares superiores, que não estávamos prontos para ver. Alguma vez ela comentou com você o que eles faziam lá?
- Não. A gente nunca falava sobre trabalho. - Engfa coçou a nuca, com uma expressão pensativa. - Quer dizer, uma ou outra vez, ela falou algo sobre cura.
- Cura? - Charlotte franziu a testa. - Cura de quê?
- Eu não sei. - Engfa respondeu. - Mas, você se lembra de antes de eu ser picada? Eu usava óculos, mas, depois de ser picada, eu não precisei mais usar: minha miopia, simplesmente, sumiu.
- Eu nem notei isso. - Charlotte comentou.
- Que bom saber que você repara tanto assim em mim. - Engfa resmungou, fazendo um beiçinho, emburrada.
- Ah, desculpa. - Charlotte riu, se aproximando e deixando um selinho nos lábios de Engfa. - Achava que você estava usando lentes.
- Ok, tá desculpada. - Engfa disse, ficando séria novamente. - Onde você está tentando chegar com tudo isso, Char?
- Eu acho que Milk e seu tio estavam fazendo algum tipo de experimento, usando as aranhas e humanos. E o resultado foi... Aquilo.
- Será possível? - Engfa perguntou, olhando assustada para Charlotte.
- Pode ser que sim.
- Eu preciso saber se é verdade. - Engfa disse. - Amanhã vou até meu tio, perguntar sobre.
- O que?! Não! - Charlotte segurou o braço de Engfa, como se assim pudesse impedi-la. - Pode ser perigoso!
- Não vai ser nada perigoso, Char. - Engfa garantiu, pondo a sua mão em cima da dela. - É meu tio, não vai me fazer mau. Não estamos em um filme.
- Mas eu me preocupo. - Charlotte comentou, sentindo a mão de Engfa apertar a sua. - Fiquei com tanto medo hoje. Com medo de você se machucar seriamente, ou até pior.
- Não precisa se preocupar comigo. - Engfa deixou mais um selinho nos lábios de Charlotte. - Agora que eu consegui ser sua namorada, não vou morrer tão cedo.
- Eu sou sua namorada? - Charlotte perguntou, sorrindo quando Engfa ficou com as bochechas vermelhas.
- Se você quiser. - Engfa murmurou, recebendo um selinho.
- Claro que eu quero, amor. - Charlotte sorriu divertida, vendo o rosto de Engfa pegar fogo. - Aí está a minha Engfa envergonhada e fofa!
- Calada. Eu tenho que ir. - Engfa anunciou, vendo Charlotte deixar os ombros caírem. - Segura as pontas pra mim no Clarim?
- Tá bom. Vou dizer que a sua diarréia piorou e teve que ficar em casa. - Charlotte riu junto de Engfa.
- Vou ficar morrendo de vergonha quando voltar, mas é por uma boa causa. - Engfa comentou.
Engfa saiu do colo de Charlotte e as duas foram até a porta, de mãos dadas.
- Tchau, gatinha. - Engfa deixou um selinho nos lábios de Charlotte.
- Tchau, Fa. - Charlotte se despediu, abrindo a porta. Engfa saiu por ela e Charlotte ficou à olhando até que ela sumiu pela esquina.
Charlotte fechou a porta e percebeu que Becky havia voltado para a sala, e estava à olhando com um sorriso malicioso.
- Não começa! - Charlotte pediu, correndo para a cozinha.
- Eu nem disse nada. - Becky riu e foi atrás de Charlotte, à encontrando bebendo um grande copo de água. - Ela te secou, hein?
- Becky, para com isso! - Charlotte choramingou, vendo a amiga gargalhar.
- Só vou parar quando eu quiser! - Becky disse, vendo Charlotte fazer um bico. - Me ajuda à preparar o jantar, a Freen vai chegar tarde e cansada. Enquanto isso, você vai me contar tudinho sobre a Engfa.
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