XV. Quem é você, e o que fez com o Jimin?
- Jade? - Vejo o Jimin mexendo a mão na frente do meu rosto, como quem tenta recuperar a minha atenção, depois de eu ter passado alguns segundos off. - Tudo bem?
- Ah...sim. Sim, tudo bem. - Respondo, pigarreando.
- Rachel disse que você queria falar comigo. O que era?
- Era...é... - Olho pros lados pensando em alguma desculpa. Encontro minha mochila recostada no pé da minha cadeira e penso em algo. - ...eu queria pedir ajuda com a matéria.
- Matéria? Dificuldade em alguma coisa?
- Sim, sim! - Pego meus cadernos dentro da mochila no desespero. - A professora de biologia disse que teríamos uma aula hoje sobre célula. Ela indicou que começássemos a revisar essa matéria em casa porque já vimos antes e eu fiquei com uma dúvida. E como você é bom em biologia...
Abro meu caderno e procuro minhas anotações sobre qualquer parte da matéria de células que eu estudei. Um silêncio permanece enquanto eu procuro e sinto que estou sendo observada. Olho pro rosto do Jimin e o pego já olhando pra mim.
- Hm...o que foi? - Pergunto, receosa.
- Você é engraçada. - Ele diz, sorrindo.
- Eu sou engraçada? Por que?
- É que você é agitada. Você fala meio rápido e parece fazer as coisas na pressa. Na verdade eu acho isso fofo em você. - Jimin parece sem graça com o próprio comentário final.
Ele acha minha agitação por causa dele fofa.
- Você...acha isso fofo? Eu odeio essa agitação do nada...mas fico feliz que seja fofo pra você. - Sorrio, olhando pro caderno. - Torna menos bizarro.
- Não é normal seu? Ser agitada? - Jimin questiona.
- Mais ou menos. Às vezes alguma coisa de fora faz ficar pior. Tipo falar com alguém. Apresentar trabalhos na frente de todo mundo. - Explico.
Eu não sei se gosto de falar coisas comprometedoras assim como contar pro meu crush que falar com alguém pode me deixar agitada, quando claramente eu estou agitada. Soa como uma atitude da minha parte, e não sei se gosto ou odeio ser ousada porque me deixa mais agitada ainda.
...eu sou imprudente. Cancela.
- Quer dizer... - Olho pra ele. E lá estava aquele mesmo sorriso de quando eu dei "Bom dia" minutos atrás. Aquele sorriso suspeito. - Então, ciclo de Krebs. Aqui.
Aponto pro caderno.
Jimin começa a me explicar desde o início do tópico que eu apontei. Mas não consigo prestar atenção em uma palavra do que ele diz. E não preciso. Eu entendi essa matéria faz tempo. Só queria me livrar de ter que inventar outra coisa pra falar com ele depois da Rachel ter me enfiado nisso.
- Entendeu até aqui? - Ele pergunta, e olhamos um pro outro. Não sei o que responder porque claro e óbvio que eu não estava ouvindo nada.
- Ah, sim, sim...entendi. Você explica bem. - E eu minto mal. Minha resposta sai com uma voz sem firmeza alguma, acompanhada de gestos corporais claros de nervosismo. Que ranço dessa timidez.
O sorriso resultante da minha resposta é tão suspeito que me enche de vontade de perguntar se ele sabe de algo, se está enfiado no evento de dia dos namorados, é algum informante ou...claro que tem aquela opção. Ele mesmo poderia ser o Oráculo. Mas não posso simplesmente perguntar sobre isso. Também tenho medo da resposta. Se ele for...credo. Me arrepio inteira só de pensar. Não sou a pessoa certa pra aproveitar essa possível chance e o papo torto de ontem pra chegar nele. O que me faz pensar que se ele realmente fosse o Oráculo, quer dizer que alguém que me conhece muito bem pra saber que não vou fazer nada está envolvido nisso. Ou só estão supondo que outra pessoa faria o mesmo. De qualquer forma, a hipótese me faz voltar na possibilidade da Rachel estar envolvida nisso de novo. Faria todo o sentido, mas ela diz que não.
Confiar na melhor amiga e no meu lado pessimista dizendo que o Jimin não teria interesse em mim pra participar disso, ou assumir que ela é informante de quem estiver por trás disso e também assumir que o Jimin com certeza é o Oráculo e está dando em cima de mim fervorosamente?
Bom, eu sou uma imbecil sem qualquer auto confiança, e você sabe em qual verdade pessoas assim escolhem acreditar, não é? Pois é, eu também me odeio por isso.
- Algo te incomoda? - Ele pergunta, apoiando o rosto nas mãos. Ah, meu Deus... - Parece pensativa.
- E-Eu?? Não, é que...eu estava pensando em algumas coisas, sim. Mas não estou incomodada com nada. - Digo, ajeitando a postura.
- Entendi. - Ele olha pro meu caderno aberto novamente. - Quer que eu continue explicando? O professor ainda não chegou, posso te ajudar mais, se quiser.
Penso bem. Que forma melhor de passar mais tempo ouvindo a voz desse anjo sem ser obrigada a sair da minha zona de conforto e puxar assuntos aleatórios se não fazendo ele me explicar uma matéria que eu já aprendi?
- Se não for um incômodo. - Respondo, me apoiando na mesa, com um leve sorriso. Mais audácia do que jamais tive.
- Nunca seria. - Ele sorri de volta e retorna para sua explicação. E eu para minha brisa eterna sobre a possibilidade do envolvimento dele no evento da escola, somada com pausas de apreciação do homem mais fofo do planeta terra.
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