Em algum lugar na vastidão do universo.
Há milhares de anos atrás.

Ela não deveria ter ido sozinha, Hipnos, chamado na verdade de o Ilusionista, pensou enquanto se teletransportava para o lugar que ele imaginou que ela iria encurralar os Celestiais.

Três Celestiais.

Três desertores e assassinos, que haviam destruído vários planetas que ela protegia, que ela amava.

O Ilusionista sabia que ela estava tomada pela raiva.

E ter a Morte com raiva não era algo muito promissor para o alvo de sua ira.

Normalmente ela não faria algo estúpido, na verdade, ela nunca havia feito algo estúpido.

Ela era perfeita.

A guerreira perfeita, a líder perfeita.

A criação perfeita.

O Ilusionista costumava invejar ela no começo. Invejar o poder dela e a forma que ela já havia visto o criador deles mais de uma vez.

Entretanto, ela era a criação primordial de seu criador. Sua criação perfeita.

Ela era a mais poderosa deles.

Vida, Morte e Natureza. Juntas formando quem ela era.

Apesar da inveja, o Ilusionista se viu cada vez mais intrigado com ela e logo percebeu que ela era um ser maravilhoso, alguém para ser seguido, alguém para se depositar a confiança.

E o Ilusionista confiava nela cegamente agora. Ele daria sua vida pela dela sem pensar duas vezes.

Ela era a líder dele.

Sua melhor amiga.

E ela estava prestes a se meter em uma situação não muito boa.

O que aqueles Celestiais fizeram, a forma que eles destruíram os planetas que ela protegia e amava.

Isso desencadeou algo nela.

A fez agir pela emoção, não pela lógica.

Quando o Ilusionista apareceu no lugar que ele sabia que ela iria atrás dos Celestiais, ele percebeu que não havia apenas três deles.

Não.

Haviam Cinco Celestiais.

Era uma emboscada.

Uma que ela havia caído.

E o Ilusionista temia não ser poderoso o suficiente para salvar a si mesmo e principalmente salvar á ela.

Phastos não pôde acreditar naquilo que seus olhos estavam vendo.

Gaia estava caminhando até ele, vestindo roupas normais e parecendo a mesma.

Ela estava viva.

Ela correu até ele, e logo as pernas de Phastos voltaram a funcionar e ele se pegou caminhando rapidamente até ela.

ㅡ Oi Phastos. ㅡ ela sussurrou antes de pular nele o abraçando fortemente.

Phastos a segurou firmemente sem acreditar que aquilo era mesmo realidade.

Sersi e Ikaris haviam o contado mas vê-la, abraçâ-la. Isso era outra coisa.

Todos os Eternos eram muito próximos de Gaia.

Gaia era o coração dos Eternos, ela era a cola que os unia, aquela que se estivesse passando por algo, todos largariam tudo para ir até ela e ajudá-la.

E quando ela morreu, foi como se parte dos Eternos tivesse morrido também.

Gaia os fazia enxergar aquele planeta e seu povo com outros olhos, os fazia enxergar o amor e a beleza nas coisas mais simples.

Sem ela, os Eternos eram apenas uma uma pequena parte, uma casca vazia do que eles costumavam ser um dia.

Onde quer que eles fossem, a sombra dela, as lembranças sobre ela os acompanharia. Ela estava em todo lugar, ao olhar para uma flor ou presenciar uma tempestade.

A natureza os lembrava dela.

Gaia era uma ferida aberta que nenhum dos Eternos conseguiu curar, uns mais que outros.

E tê-la de volta era um presente, um milagre muito bem vindo.

A ter de volta trouxe o melhor dos Eternos novamente, os trouxe a serem mais como costumavam ser.

Ela era aquilo que fazia deles uma família.

Sempre havia sido ela.

O sol particular deles.

O coração dos Eternos.

Sersi observou os olhos de Phastos cheios de lágrimas. Observou o rosto feliz e emocionado de Gaia.

Eles eram família.

O sono não demorou muito para envolver Gaia.

Eles estavam a caminho do Domo. A caminho de Makkari.

A caminho de deter o despertar do Celestial Tiamut.

E agora, mais do que nunca, ela tinha que descobrir o que havia acontecido com ela.

Ela tinha que saber quem ela realmente era.

E o único jeito de fazer isso era dormindo.

Uma explosão se fez presente, o planeta Terra se partiu em um bilhão de pedaços e Tiamut despertou em toda sua glória, ele observou Ikaris.

ㅡ A vida de sua família pela minha? Você não acha que é um preço alto demais para se pagar Eterno?

ㅡ O quê você quer dizer com isso? ㅡ o Eterno perguntou confuso.

Tiamut nada disse, ele apenas negou com a cabeça e desapareceu de repente.

Onde ele estava alguns corpos flutuavam pelo espaço.

Ajak. Pálida, sem vida alguma.

Gilgamesh. Olhos fechados, o buraco da mordida do Deviante ainda presente.

Thena. Kingo. Phastos. Makkari. Sprite. Os cinco parecendo quebrados, como um robô que havia sido destruído.

Mais ao lado estava ela. Sersi. O amor da vida de Ikaris. Ela parecia estar dormindo.

Ikaris a envolveu nos braços. Chamando desesperadamente por ela.

Mas Sersi não abriu os olhos, ela estava morta.

O som de choro se fez presente e Ikaris se virou e encontrou Gaia olhando para o corpo de Druig, que estava destruído assim como o dos outros.

ㅡ Gaia? ㅡ Ikaris chamou.

Ela se virou para ele e Ikaris ofegou.

Gaia parecia muito ferida, haviam cortes e hematomas por todo o corpo dela, e seu abdômen parecia que havia sido cortado, assim como suas coxas.

ㅡ O que você fez Ikaris? ㅡ a voz dela era fria e sentida.

ㅡ Eu... eu não sei Gaia.

ㅡ Como você pôde? ㅡ ela elevou o tom de voz. ㅡ Nós confiamos em você! Nós amávamos você! ㅡ ela gritou.

ㅡ Gaia-

ㅡ Eu amava você! ㅡ ela gritou o interrompendo. ㅡ Você era meu irmão.

De repente ela engasgou, sua mão apertou seu abdômen e seus olhos foram perdendo o foco.

Ikaris a segurou nos braços.

ㅡ Você nos matou Ikaris. ㅡ ela sussurrou, lágrimas ainda escorrengo de seus olhos. ㅡ E agora você terá que lidar com isso. Sozinho para sempre. Eterno e sem família.

Com isso a vida lentamente se esvaiu dela.

Pânico tomou conta de Ikaris.

Gaia estava morta.

Outra vez.

E dassa vez a culpa era dele.

Ikaris acordou em um sobressalto, suas mãos tremiam depois do pesadelo que ele acabara de ter.

Ele observou os outros.

Todos pareciam dormir calmamente, incluindo Sersi.

Exceto Gaia, deitada na última poltrona do jato se debatendo e parecendo sussurrar algo.

Druig dormia na poltrona um pouco mais à frente, ele parecia que acordaria em breve, como se sentisse que algo estava errado com Gaia.

Ikaris suspirou e foi até a loira.

Ele colocou a mão nos ombros dela e tentou acorda-la sem a assustar.

Gaia acordou em um sobressalto.

Os olhos completamente roxos, sem o branco dos olhos.

ㅡ One Above All. ㅡ ela sussurrou encarando o nada.

Depois disso, ela desmaiou nos braços de Ikaris.

Ela estava no espaço novamente.

Outra cena estava se desenrolando bem em frente aos olhos dela.

A Gaia de cabelos escuros, aquela que Hipnos havia dito ser ela, estava aparentemente cercada por cinco Celestiais enormes.

Ela parecia tão pequena comparada com eles, mas ainda assim, o poder dela parecia cintilar.

ㅡ Vocês cruzaram uma linha que não era aceitável. Quem vocês pensam que são? Indo contra as ordens do criador e achando que são capazes de criar algum tipo de vida com toda essa destruição. ㅡ ela cuspiu às palavras, raiva emanando dela em ondas.

ㅡ A escória quer nos ensinar como devemos ou não agir. ㅡ um deles murmurou em um tom cortante.

A energia púrpura envolveu ela ainda mais.

ㅡ Escória? ㅡ indignação se fez presente na voz dela. ㅡ Eu sou a criação primordial do criador. Eu estou viva á muito mais tempo que qualquer um de vocês. Ao meu ver, eu não sou a escória aqui.

Um dos Celestiais avançou até ela e logo ele deixou de existir.

Ela sorriu enquanto absorvia a energia do Celestial, se sentindo infinitamente mais forte.

O homem de antes, o Ilusionista, Hipnos, se teletransportou e apareceu alí.

Gaia observou a cena confusa demais.

ㅡ O que você pensa que está fazendo? ㅡ  ele perguntou para a Gaia de cabelos escuros, preocupação em sua voz.

Ela não o respondeu.

ㅡ Pouco a pouco, vocês serão extintos. Indo contra nós? Você pode ser forte e se auto proclamar a Morte. ㅡ o mesmo Celestial continuou a falar, ignorando o Ilusionista como se ele não passasse de um mero inseto.
ㅡ Entretanto, criação primordial, todos têm uma fraqueza. Todos podem ser mortos, até mesmo você.

Dito isso os outros quatro Celestiais atacaram a mulher em conjunto, e um deles atacou o Ilusionista. Os poderes dela criaram uma barreira protetora ao redor dela e ao redor do amigo.

O poder púrpura sugando a energia vital dos Celestiais.

Entretanto, quando o terceiro Celestial acabou de morrer, ela parecia sobrecarregada, seu corpo estava perdido em meio ao poder púrpura.

Seu corpo quase parecia não existir mais.

Tudo que se podia ver era a energia púrpura.

Ela estava com mais poder do que poderia aguentar.

Ela estava prestes a explodir.

Ela se virou para o Ilusionista, que a olhava preocupado.

ㅡ Eu sinto muito. ㅡ ela disse alto o suficiente para que o Ilusionista pudesse ouvir.

Dito isso, ela usou seu poder para envolver o Celestial restante e ir para longe.

O Ilusionista a seguiu a tempo de assistir a tragédia.

ㅡ Eu vou morrer. Mas estou satisfeito que você morrerá comigo. ㅡ o Celestial disse.

A mulher fechou os olhos tentando se concentrar e se conter.

Mas foi em vão. Era tarde demais.

A explosão devastou os planetas próximos, matou o Celestial restante e apenas não atingiu o Ilusionista, porque ele se teletransportou antes que o poder dela chegasse até ele.

Gaia observou a destruição que ela, aparentemente, havia causado, ela quase podia ouvir os gritos finais dos seres.

A imagem lentamente se desfez e Gaia se virou para encontar Hipnos a encarando.

ㅡ Não encontrei o seu corpo. Eu procurei por muito tempo, mas foi como se você tivesse desaparecido.
ㅡ ele começou. ㅡ Milhares de anos depois eu estava checando alguns Celestiais quando ouvi eles falando sobre como o Celestial Arishem estava tendo sucesso em seu propósito com a ajuda de suas recentes criações. Os Eternos.

ㅡ Eu estou tão confusa. ㅡ ela murmurou.

ㅡ E eu entendo isso, mas preciso te contar o máximo de coisas que eu posso antes que você acorde.ㅡ Hipnos debateu. ㅡ Eu fiquei intrigado com os Eternos, mas nunca dei muita atenção porque eu estava procurando por você.

ㅡ Como você me encontrou então?

ㅡ Um boato correu pelo espaço dizendo que Arishem estava com problemas com uma de suas criações. Uma criação que não existiam cópias dela. ㅡ  Hipnos contou. ㅡ Então eu fui à fundo em toda a história e invadi os sonhos dos seres dos planetas que essa criação "defeituosa" poderia ter estado.

ㅡ E então?

ㅡ Eu invadi os sonhos de algumas pessoas da antiguidade, elas sonhavam com um ser bondoso, alguém eterno e chamada de Gaia, a mãe terra, a mãe natureza.

ㅡ E você simplesmente soube que era eu? ㅡ  Gaia perguntou desconfiada.

ㅡ Eu desconfiei, mas meus poderes enfraqueceram um pouco com o passar do tempo. Tive dificuldades de invadir os sonhos do povo da Terra. ㅡ ele explicou. ㅡ Arishem estava sempre por perto, as vezes me observando. Não pude agir antes.

ㅡ O que mudou?

ㅡ Você começou a se lembrar de quem você costumava ser. ㅡ Hipnos explicou. ㅡ Ao começar a se lembrar, seus poderes ficaram mais fortes, consequentemente, a influência de Arishem sob você se esvaiu. Então, eu te encontrei.

ㅡ Mas eu ainda não consigo entender. Por quê que os Celestiais me queriam morta?  Quem eu sou? Quem é meu criador? Onde eu me encaixo nisso tudo?

ㅡ Os Celestiais te queriam morta porque você, assim como nosso criador, era contra o design deles, contra criar vida através da destruição. ㅡ Hipnos disse. ㅡ E eles sentiam inveja porque você era poderosa o suficiente para criar vida sem destruição.

ㅡ Como isso pode ser possível? Como eu posso ter tamanho poder?

Hipnos riu levemente.

ㅡ Uma vez eu te perguntei como se mata um Celestial. ㅡ o Ilusionista comentou.

ㅡ A resposta sou eu. ㅡ Gaia disse.
ㅡ Mas por quê?

O Ilusionista abriu um sorriso levemente malicioso.

ㅡ Porque você, minha velha amiga, É uma Celestial. Mas não qualquer Celestial.

A respiração de Gaia ficou presa.

Ela arregalou os olhos.

ㅡ Você é a Celestial Primordial. A primeira criação do One Above All.

I. Oiee pessoas. O que acharam do capítulo? Gostaram?

II. Esse capítulo foi tiro atrás de tiro. Estavam de colete? Kkkkk.

III. Finalmente o grande mistério da história foi revelado, nossa querida Gaia é na verdade uma Celestial e não uma Eterna. E o criador dela é o One Above All. Ele é basicamente a definição de Deus nas hq's, mas aqui na história ele só vai ser um ser super poderoso e antigo, não uma divindade.

IV. Alguma teoria de vocês foi provada ser verdade com esse capítulo?

V. E o que vocês acharam do pesadelo do Ikaris? Um spoiler do que está por vir ou apenas a mente dele o convencendo a mudar de lado?

VI. Alguma teoria pros próximos capítulos?

VII. Por hoje é só mas nos vemos em breve.
Byee ♡.

BY: Duda
2022.