Em algum lugar na vastidão do universo.
Milhares de anos atrás.

Ela tinha uma missão e ela nunca havia falhado em uma missão.

Até aquele dia.

O criador dela havia a criado para um único propósito: destruir celestiais que por algum motivo ameaçavam causar o desequilíbrio e a destruição do universo.

Primeiramente ela tentaria dialogar, seu criador não era um ser mal. Ele era em sua maioria muito justo. Entretanto, se a conversa não funcionasse ela tinha permissão para erradicar a ameaça.

Os celestiais a conheciam. Ela era praticamente uma lenda entre eles.

Uma guerreira lendária.

Uma deusa.

A criação primordial de um ser poderoso.

Criada em semelhança à natureza.

Criada como personificação da vida e também da morte.

Uma moeda de dois lados.

Um ser que deveria espalhar amor, esperança e justiça ao redor do universo e além.

Alguém bom, mas ainda assim, alguém que faria o que fosse necessário.

Os celestiais sempre sabiam quando ela estava indo até eles, pronta para matá-los se necessário, e eles nunca poderiam se esconder dela, nunca poderiam lutar contra ela.

Ela era a arma perfeita.

A soldada perfeita.

Então os celestial armaram uma armadilha para ela.

Uma que a destruiria de dentro para fora, causando sua morte.

Entretanto, as coisas aconteceram um pouco diferentes do que eles pensavam.

A última vez que ela se lembrava de ter tanto poder, foi quando ela estava naquele dia no mar.

O dia de sua morte.

O dia que de alguma forma ela lutou tão bravamente que seus poderes a trouxeram de volta do mundo dos mortos dias depois.

Parecia que uma corrente elétrica estava passando por todo o corpo dela.

A consumindo.

A fazendo ficar no limite.

Ela sentia que iria explodir.

ㅡ Gaia? ㅡ Sersi chamou, agora já fora da água, assim com a outra Eterna.
ㅡ Você está bem Gaia? ㅡ a mão de Sersi estava estendida querendo tocar aquela que havia salvado sua vida, aquela que ela considerava uma irmã.

Gaia deu alguns passos para trás enquanto olhava envolta assustada.

Ikaris parecia estar tendo dificuldade com o Deviante ao qual ele lutava, assim com Druig, que havia sido arremessado para longe por outro Deviante após tentar se aproximar de Gaia para checa-la.

Os poderes de Gaia agiram por si só, sem a permissão dela.

A energia púrpura envolveu os Deviantes e ambos lentamente viraram pó.

A sensação invadiu os sentidos dela, como se ela tivesse levado um milhão de choques.

Gaia gritou caindo de joelhos.

Ela sentia a vida deles. Dos Deviantes que ela matou.

Sentia o poder triplicado em seu ser, a sufocando e parecendo muito como se ela fosse uma bomba relógio prestes a explodir.

ㅡ Gaia! ㅡ Druig gritou correndo até ela preocupado.

Gaia se arrastou para trás ainda no chão. Suas costas colidindo com uma árvore centenária.

ㅡ Gaia. ㅡ Sersi, Sprite, Ikaris, Kingo e Druig chamaram todos juntos. Suas vozes ecoando na cabeça de Gaia como um conjunto de ecos tornando tudo ainda mais difícil.

Algo penetrou a mente de Gaia.

Um fragmento de lembrança.

Um planeta sendo destruído em uma explosão púrpura.

Púrpura.

Como os poderes dela.

Gaia podia escutar os gritos dos seres. Dos animais. Das crianças.

Ela havia destruído aquele planeta.

Ela havia dizimado milhares de inocentes.

Por quê?

Quem ela era? Por que ela faria algo assim?

A pressão aumentou na cabeça de Gaia e a respiração dela ficou ofegante.

Ela abriu os olhos olhando para os rostos preocupados e assustados de sua família.

Ela viu seu reflexo nos olhos deles.

Ela parecia aterrorizante.

Seus olhos eram puro roxo brilhante, o branco do olho dela havia sumido, como se nunca tivesse existido.

Ela ofegou.

A árvore atrás dela virou pó.

A vegetação em seus pés começou a morrer de repente.

Morrer.

Gaia se levantou ainda mais assustada.

Morrendo.

Ela estava fazendo a natureza morrer.

Ela nunca havia feito algo assim.

Seu coração se apertou ao ver algo que ela tanto amava sendo destruído por ela mesma.

Isso a assustou.

Essa outra faceta do poder dela a assustou enormemente.

Se isso acontecia com ela absorvendo a vida de três Deviantes, o que aconteceria se ela absorvesse a vida de algum ser mais poderoso?

Ela mataria toda a natureza da Terra?

Ou explodiria o planeta que tanto amava?

Ela olhou mais uma vez para a família, falando coisas que ela não conseguia escutar porque tudo que ela ouvia era o ressoar do poder dentro dela, a instigando a explodir.

Gaia usou o ar para voar um pouco pra longe dos outros.

Tentando pensar em uma forma de se livrar da sensação que a consumia.

Ela se elevou sob a floresta Amazônica, parecendo pequena comparada com o tamanho da floresta, entretanto, ela poderia destruir tudo aquilo se quisesse.

Mas ela não queria, nunca iria querer algo assim.

Ela amava o planeta Terra, amava seus habitantes. E acima de tudo ela amava aquela natureza.

A natureza que havia sido sua melhor amiga e companheira em seus anos de solidão e coração partido.

A natureza sempre a mostrou a beleza de um planeta, a mostrou como perseverar, a mostrou como mudar e se tornar melhor, a nunca permanecer estagnada.

Gaia respirou fundo, tentando focar na parte que ela já conhecia de seus poderes, na parte que criava vida e não morte.

Ela pensou em todos os momentos que ela ajudou a natureza, pensou em todos os momentos que a natureza a ajudou.

Ela deixou o poder sair dela em ondas. Curando, regando, trazendo as plantas de volta à vida e fazendo as árvores que haviam sido cortadas brotarem novamente.

Ela estava quase acabando de descarregar aquele enorme poder extra quando Ikaris apareceu na frente dela.

E a forma que ele a olhou tristemente a fez entender em um segundo o que havia acontecido.

Gilgamesh não iria a ver logo.

Thena estava chorando agarrada a um corpo.

Ao corpo de Gilgamesh.

Gaia pousou e correu até o par se ajoelhando. Suas mãos voando para tocar o rosto do Eterno.

ㅡ Não. ㅡ Gaia sussurrou, as lágrimas rolando por seus olhos.

Era culpa dela.

Gaia deveria ter ficado com ele.

Ela não deveria ter ido para Vila.

Mas se ela não fosse para a Vila, talvez fosse Sersi que estivesse morta agora.

Morto.

Gilgamesh estava morto.

Gaia começou a soluçar, seus olhos parecendo uma pequena cachoeira.

Ela tocou o lado esquerdo do peito de Gilgamesh. O lugar onde seu coração costumava bater.

Ela tentou usar seus poderes para trazê-lo de volta, tentou usar a energia restante que ela havia sugado dos Deviantes para curar a morte.

Mas não funcionou.

E Gaia percebeu que aquela era e sempre seria sua maldição. 

Ela poderia curar a morte de toda a natureza, poderia curar sua própria morte.

Entretanto, ela não poderia trazer um Eterno ou até mesmo uma pessoa de volta à vida.

Era injusto demais.

ㅡ Gaia. ㅡ Druig se aproximou á passos lentos, como se ela fosse um animalzinho ferido que estava assustado.

Gaia se levantou e estendeu a mão em um sinal de pare, ainda chorando compulsivamente.

ㅡ Fique longe. Eu não quero machucar você. ㅡ ela sussurrou.

Druig abriu um sorriso triste e diminuiu a distância entre eles até estar de frente para ela, Gaia abaixou a mão lentamente.

Ele a puxou para um abraço apertado.

ㅡ Eu não tenho medo de você Gaia.
ㅡ ele sussurrou. ㅡ Nenhum de nós têm. ㅡ ele completou.

Gaia o segurou com se ele fosse sua tábua da salvação, como se ele fosse a única coisa que a fazia permanecer na superfície, a única coisa que a impedia de cair no abismo.

Naquele momento, ela até se esqueceu que estava com raiva dele, que estava magoada.

Ela chorou agarrada ao Eterno, Druig acariciava os cabelos loiros dela enquanto sussurava palavras de conforto. Enquanto dizia que tudo iria ficar bem.

Gaia se afastou dele um pouco depois.

Ela se virou e olhou para Thena.

Ela ainda estava no chão chorando. Ninguém a estava consolando.

Gaia se aproximou dela lentamente e se sentou no chão ao lado dela, de frente para o corpo de Gilgamesh.

Thena a encarou, seus belos olhos a olhando com tristeza, parecendo totalmente perdida.

ㅡ Thena. ㅡ Gaia sussurrou e sorriu tristemente para a deusa da guerra.

Gaia abriu os braços e Thena a abraçou no mesmo instante, se agarrando à Gaia como se ela pudesse fazer a dor parar, como se Gaia fosse a única coisa que restava para ela.

Gaia deixou Thena chorar agarrada à ela, consolando a outra Eterna.

Gaia queria ser consolada, queria continuar abraçando Druig e sendo consolada seja por ele ou pelos outros Eternos.

Entretanto, ela era a única, além de Gilgamesh, que nunca teve um pingo de medo de Thena, que nunca se sentiu receosa em estar perto da Eterna.

Então cabia a Gaia, não por obrigação, e sim por amor, consolar Thena, cuidar de Thena.

Isso era tão Gaia, colocar todos na frente de si mesma, colocar a necessidade dos outros acima das dela.

Gaia amava os Eternos mais do que amava a si mesma.

Eles eram a família dela.

E Gaia sempre colocaria a família em primeiro lugar.

Não importa o quê.

ㅡ Ela sempre foi a melhor de nós não é? ㅡ Sersi perguntou ao se aproximar de Druig.

Ambos estavam observando Thena e Gaia, que estavam na água para derramar as cinzas de Gilgamesh.

ㅡ Exatamente. ㅡ Druig murmurou.

ㅡ Ainda não acredito que isso pode ser real, que ela está realmente aqui. ㅡ Sersi comentou.

ㅡ Você não é a única. ㅡ Druig disse, seus olhos nunca se desviando de Gaia.

ㅡ Você acha que ela conseguiria fazer com Tiamut o que ela fez com os Deviantes?

Druig encarou Sersi por um momento.

ㅡ Tenho certeza que sim. Ela sempre foi a mais poderosa entre nós. ㅡ ele confessou. ㅡ Mas a que custo ela faria isso?

ㅡ O que você quer dizer com isso?ㅡ a Eterna perguntou confusa.

ㅡ Ela surtou depois de transformar os Deviantes em pó, ela tinha muito poder dentro dela. Você viu os olhos dela? Eu nunca tinha visto ela assim antes. ㅡ Druig respondeu. ㅡ Se isso aconteceu com ela absorvendo o poder de três Deviantes, o que vai acontecer se ela absorver o poder um celestial?

ㅡ Ela pode destruir a Terra. ㅡ Sersi sussurrou assustada.

ㅡ Ou destruir a si mesma. Eu não vou permitir isso. ㅡ Druig disse com determinação.

ㅡ Então o que faremos? Ela é a melhor opção que temos.

ㅡ Você ou eu faremos algo quando chegar a hora. ㅡ Druig murmurou voltando a observar Gaia.

ㅡ O que você quer dizer? ㅡ Sersi perguntou muito surpresa.

ㅡ Se eu não conseguir colocá-lo pra dormir, você irá transformá-lo em algo. Como você faz com todas as outras coisas.

ㅡ Eu não sei se sou capaz de fazer algo assim Druig. Eu nunca fiz algo assim antes. ㅡ Sersi rebateu.

Druig se virou para ela, a olhando com seriedade.

ㅡ Você ama a Gaia?

ㅡ Claro que sim. Ela é minha irmã. Ela é família. ㅡ Sersi disse com seriedade.

ㅡ Eu a amo também. E estou disposto a fazer qualquer coisa por ela. ㅡ o Eterno disse, seus olhos parecendo encarar a alma de Sersi. ㅡ O que você faria por ela Sersi?

Sersi observou Gaia, agora com um braço envolta dos ombros de Thena, cantarolando uma canção.

Gaia era a melhor deles. A única que sempre esteve lá por cada um dos Eternos, mesmo quando estava com a dor de um coração partido.

Gaia sempre os colocou em primeiro lugar.

Ela não teria pensado duas vezes antes de fazer o que pudesse para salvar qualquer um deles.

Para salvar Sersi.

Gaia havia salvado Sersi mais vezes que a Eterna podia contar.

Determinação tomou conta de Sersi e ela soube a resposta.

ㅡ Eu faria qualquer coisa.

I. Oiie xuxus. Como vocês estão? Sim, isso não é uma alucinação, eu realmente postei capítulo kkkk. O que vocês acharam do capítulo? Gostaram?

II. Eu já vou avisando que eu vou mudar muita coisa que acontece no filme, então já estejam avisados pra ninguém comentar que o que está acontecendo não aparece no filme kkk.

III. Ficaram curiosos com a primeira parte do capítulo? Quem vocês pensam que é o criador da Gaia? E que armadilha os celestiais armaram pra ela?

IV. Quem vocês acham que vai deter o Tiamut? A Gaia? O Druig? Ou a Sersi? Alguma teoria do que eu planejo pro final da história?

V. Desculpa por matar o Gilgamesh, eu realmente não queria, mas era necessário e eu quero seguir de acordo com o filme até eles encontrarem a Makkari, porque depois disso eu devo mudar muitas coisas.

VI. Não esqueçam de comentar, me motiva bastante quando vocês comentam, sério, se vocês comentarem bastante eu posto mais capítulo até o domingo kkkk.

VII. Mas é isso. Por hoje é só mas nos vemos em breve.
Byee ♡.

BY: Duda
2022.