Dia 346 e 354
D - S - T - Q - Q - S - S
Depois daquela noite, eu decidi que nunca mais beberia mais do que duas cervejas.
Eu lembro de Yoongi aparecer no bar e me arrastar até seu carro, lembro de vomitar duas vezes, uma pela janela e mais uma na frente do apartamento do meu salvador, vulgo melhor amigo.
Lembro também da enxaqueca — essa era a mais inesquecível de todas — que acordei no dia seguinte. Antes que Hoseok colocasse a sopa de ressaca na minha frente e me desse um sorriso carinhoso, típico de quem já sofreu de amor antes e me compreendia, seu namorado me deu um tapa na cabeça.
"Você delirou a porra da noite inteira", ele falou. E eu até reclamaria de dor e talvez o batesse de volta, mas depois de ver seu olhar desesperado e as olheiras possivelmente da noite mal dormida, eu entendi que eu era o último que podia ter raiva de alguma coisa ali. "Você nunca mais toma mais do que duas cervejas, entendeu?" Yoongi disse, digo, determinou.
Era estranho sofrer de amor.
Por mais que eu já tivesse visto meus amigos sofrendo por outra pessoa, nunca achei que seria uma das vítimas da síndrome do coração partido. Eu acreditava que aquele chororô que Jimin fazia sempre que terminava um relacionamento, não passava de altas doses de estresse e que logo depois superaria. Mas agora ali estava eu, na frente de Hoseok e Yoongi, soluçando alto e com um aperto no peito muito real para ser apenas psicológico.
Eu aprendi a nunca mais olhar para Jimin chorando e achar que era drama.
Porque ter o coração partido realmente doía.
Então Hoseok se sentou ao meu lado e fez carinho nas minhas costas pedindo para que eu comesse alguma coisa, já que não comia nada desde a noite anterior. Eu sentia o olhar doloroso de Yoongi do outro lado da mesa e sequer conseguia parar de chorar para falar alguma coisa.
Depois eu descobriria que ele estava se sentindo culpado por achar que ele foi o culpado de eu ter conhecido Jin.
Na época mal sabia ele que Jin já tinha capturado meu coração bem antes daquele dia.
D - S - T - Q - Q - S - S
Como éramos um grupo de amigos muito exagerados e que tudo era desculpa para nos reunirmos na casa um do outro, no domingo da semana seguinte, fomos para casa de Jimin e de Taehyung. O alvo das frases de auto ajuda e de filmes antigos que Taehyung dissertava era sempre Jimin, mas pela primeira vez, o destinatário de "As vezes parece ser o fim, mas na verdade é o começo", era eu.
Enquanto o Kim falava sobre Jimin ter o dado uma tartaruga de pelúcia que ele tinha batizado de Michelangelo — e que vamos combinar: era a cara de Taehyung fazer uma coisa daquelas —, Park tinha chegado a conclusão que não bastava o som dos 5 falando sem parar em sua sala e que queria ouvir música.
Eu não conhecia quem cantava, mas depois de duas músicas empolgantes e com uma batida alegre que eu me vi cantarolando junto, uma terceira começou. O ritmo dela também não era triste, mas ouvir os cantores repetirem "Where do broken hearts go?" a todo momento me fez prestar atenção no que a música dizia.
" Now I'm searching every lonely place
Every corner calling out your name
Trynna find you but I just don't know
Where do broken hearts go?"
Eu bebi um gole da cerveja que estava em minha mão, para tentar tirar o bolo que se formou na minha garganta. Será que todas as músicas do mundo falavam de amor? E 80% delas falavam de corações partidos? E por que eu não conseguia parar de pensar em Kim Seokjin?
"Tell me now, tell me now
Tell me where you go when you feel afraid?
(Where do broken hearts go?)
Tell me now, tell me now
Tell me will you ever love me again?
Love me again?"
Eu não tinha percebido que o som esquisito que ecoou na sala na verdade veio da minha garganta. E que assim que eu senti meu rosto ser tomado por lágrimas, Yoongi se levantou arrancando a garrafa de cerveja da minha mão, enquanto Jimin desligava a música pela metade. "Eu disse que não era para passar de duas cervejas", o ruivo falou, puto da vida.
Então como podem ver, quem decidiu que eu não passaria de duas cervejas na verdade foi meu melhor amigo e não eu.
E Yoongi assustava quando falava sério, então eu preferi aceitar a ordem do que o contrariar.
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