Dia 345
D - S - T - Q - Q - S - S
E nós tentamos.
Eu, Jin e todos os seres existentes nessa galáxia, tentamos.
Tudo conspirava ao nosso favor, menos a culpa.
A culpa de Jin de achar que não deveria se dedicar a outra coisa que não fosse a criação de Yuna e o fim daquele casamento e a minha culpa de achar que estava no lugar errado, no momento errado, com a pessoa, que meu coração dizia que era a certa, mas as circunstâncias insistiam em dizer o contrário.
Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa.
E doeu. Caralho, como doeu. Doeu tanto quanto quando você bate o dedinho do pé na quina de um móvel e precisa sentir aquela dor por alguns segundos porque não tem nada que possa fazer para melhorar no momento da batida. Ou quando você puxa aquela pelinha no canto do dedo e ela parece não ter fim e você não pode colar ela de volta.
Mentira, doeu muito mais que essas duas coisas juntas.
Nós nos sentamos um de frente para o outro e simplesmente chegamos a conclusão que não dava mais. Não dava para sentir tanta dor e fazer o outro se machucar tanto.
Eu acreditava que amor não deveria machucar, mas eu não via outro nome para explicar o que eu sentia por Kim Seokjin.
Nós nos levantamos, nos abraçamos e cada um seguiu para um lado.
E assim que eu olhei para atrás e não o encontrei na multidão de pessoas que passavam pelo centro da cidade naquela noite de sábado, eu chorei.
Chorei igual um filho da puta.
Nossa, eu chorei muito. Muito mesmo.
Mais do que chorei quando vi Simba chamar Mufasa para ir para casa quando ele já não estava mais vivo ou quando vi Quasímodo ser amarrado e humilhado pelas pessoas naquela praça apenas por não ser considerado dentro dos padrões.
Ou quando Romeu achou que Julieta estava morta e tirou a própria vida. Ou quando Hazel, em a Culpa é das Estrelas, inicia aquele capítulo falando de Augustus e você percebe que o que você mais temia tinha acontecido.
'Tá, já deu para entender, não é?
Me doía horrores saber que não existiria mais um Seokjin + Namjoon por causa de outros motivos e não porque nós não nos amávamos mais.
Pelo menos eu acreditava que o que sentíamos era amor, porque eu nunca tinha sentido aquilo por ninguém. E era doloroso ver aquilo escorrer por meus dedos e não poder fazer nada, porque não era só a minha vida que estava em jogo. Naquele momento eu entenderia que Seokjin vinha com uma bagagem com algumas roupas amarrotadas e que ele deveria arruma-las antes de embarcar em uma nova viagem comigo ao seu lado.
E depois de chorar enquanto andava sem rumo, atraindo olhares preocupados de algumas pessoas que passavam por mim, eu entrei no primeiro bar que encontrei e pedi o barman para me dar qualquer bebida para que eu esquecesse o que tinha acontecido ali.
Eu queria acordar no dia seguinte e fingir que nada tinha acontecido, que eu poderia pegar o telefone e lhe enviar uma mensagem de bom dia, que seria respondida com alguma de suas piadas sem graças, logo de manhã.
Mas tomei aquele primeiro copo, sabendo que eu jamais esqueceria Kim Seokjin.
Nem mesmo a bebida mais forte dali conseguiria fazer aquilo.
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