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秋 (Aki) - Flores sob o precipício (Parte III)

Aviso!!!

Este capítulo contém cenas de bullying e suicídio assim como diálogos mais pesados. Repito o que sempre digo em capítulos com esse mesmo teor, caso sofra com situações semelhantes busque ajuda dos órgãos responsáveis.
Desde já desejo uma boa leitura!


Início do capítulo


(08/12/2020 - outono)


Retorno ao banheiro evitando o encontro com as famigeradas perseguidoras desta escola, ligo a torneira sentindo temperatura fria da água. Junto um punhado em minhas mãos molhando meu rosto, meu corpo ainda sente as dores devido seu ataque de ontem, ser tocada por ele, a pressão sobe por minha garganta rasgando-a. Sob a pia o vômito, não consigo continuar aqui, não, eu não quero mais estar aqui nesse lugar.
Lavo meu rosto, pelo reflexo do espelho noto o aproximar do grupo, paradas frente à porta estão me observando. Meus braços são seguros e para trás sou levada sendo jogada contra a parede só banheiro, ardência percorre minhas costas doloridas, encaro seus olhares recebendo em retorno sorrisos falsos além de olhares agressivos.

Entre elas a figura de fios mais claros surge pondo-se diante de mim, segura meu queixo pressionando seus dedos contra minha pele marcada. Esses olhos distantes, mal posso acreditar que algo ruim como ela é irmã dele... engulo em seco sentindo o aproximar de sua face.


— Você não para de confundir a mente dele, por sua causa ele fará algo ruim. Serei denunciada devido a uma órfã como você, eu disse para se afastar dele e ainda assim não conseguiu aprender não é? — seu olhar feroz, não é como ele e jamais será. — Pensei que escutaria após tantos momentos que tivemos... estava errada.


Movo meu rosto desfazendo nosso contato, mas pouco durou, apenas noto sua mão se levantar ao alto e o abaixar repentino. Minha mente roda, meus sentidos são alterados e em instantes até mesmo minha audição se mostra alterada agora. Cedo aos meus joelhos tocando o chão gelado.


— Mais uma vez você se recusa a aprender não é? Menina da cidade grande, você é um desperdício que até seus pais morreram para não te criar. — a sinto pressionar meu rosto mais uma vez. — Como sempre você sendo uma figura patética Katsumi Taniguchi, a piada da escola, a solitária do qual todos sussurram pelas costas.




Fecho meus olhos para duas palavras sentindo mais uma vez, abro meus olhos, antes que outra tapa fosse possível seguro seu pulso. Contra o chão a empurro, mas logo sou presa por suas auxiliares, no final não existe reação. De braços atados apenas vejo seu levantar enfurecida enquanto ouço suas amigas rirem de nós.
Suas tapas subsequentes tão pouco doem, mostram mais sua frustração do que revolta genuína, largada ao chão pude ver as gostas vermelhas escorrerem por meu nariz.
Levanto meu rosto na busca pelo olhar e diante dele pude sorrir sem medo, não me assusta mais que essa crescente vontade de morrer. Não, é apenas uma criança fingindo ser forte. Busco me desvencilhar, mas é esforço gasto por nada, o sinal toca e como um alívio sinto a esperança percorrer meu peito.


— Acho melhor irmos embora, o sinal, vamos embora Mai. — sinto o afrouxar de sua mão em meu braço. — Seremos expulsas se formos pegas fora da sala, Akechi já nos denunciou e isso não será bom.

— Calma, não terminei de falar o que desejo com ela... se estão com medo fujam.


O bolso do paletó é preenchido pela mão nervosa que no puxar retira uma navalha, a proximidade se faz, mas antes que pudesse provocar algo me solto de uma. Acerto a face daquela que ainda se impõe a segurar meu braço, um soco em seu rosto e logo chão é o lugar onde se encontra.


— Eu disse para se afastar dele, mas insiste nisso não importa o que eu faça. — empunha a navalha apontando sua lâmina para mim. — Sou obrigada a fazer isso para que aprenda qual é o seu lugar aqui, escória, não tem saída para você.


Balança a navalha buscando minha presença, evito-a num primeiro momento, mas logo sou cercada novamente. A lâmina cruza minha blusa rasgando-a como se nada fosse, como papel, aos olhares expõe um pouco de minhas marcas e por elas noto o parar de seus movimentos.


— Ficou louca Mais! — grita uma de suas amigas.

— Louca? Essa sem família insiste em adentrar nosso mundo como se fosse algum relevante para ele. É a escória!

— Pare com isso!


No instante em que busca as mãos de Mai tem a navalha apontada para si, avanço a derrubando no piso, contra meus olhos aponta a navalha e antes que pudesse atacar seguro-a pela lâmina. O calor preenche minhas mãos, o sangue escorre por minha pele manchando meu braço.
Tomo a faca lançando o objeto para o alto, a mão acerta meu rosto empurrando-me para trás e sem equilíbrio retorno ao piso. No levantar sinto o pisar sob minha barriga, minha barriga arde em dor ao seu toque.


— Alguém como você não deveria estar aqui, não deveria ficar próximo a ele!

— Mai, chega disso! Vamos embora!

— Ela ainda não aprendeu, depois de tantos meses ela não aprendeu. — Me solte!


Abro meus olhos observando sua agitação em meio aos braços da amiga, se debate de um lado para o outro buscando sair. Livre dos braços das amigas recolhe a lata de lixo e sob minha cabeça despeja os papéis, de seu bolso retira o celular sofrendo com o iluminar dos ‘flashes’.


— Não se preocupe Katsumi, você está linda.


O professor surge atrás do grupo impedindo sua saída, levanto-me do piso e sem olhar para trás corro empurrando cada um daqueles presentes no banheiro para trás. Pelas escadarias corro sem parar, escorrego entre alguns degraus até que a porta do terraço ponha fim em meu correr. Entreaberta se encontra, é um sinal de que minha existência necessita de um final agora.

Caminho sentindo os ventos violentos baterem contra meu corpo, de um lado ao outro sou jogada até que a grade de proteção verde seja minha atual barreira. Movo-me segundo o caminho até minha morte certa, quando dou por conta encontro-me do outro lado da proteção. Eu aceito esse final, não existe maneira mais definitiva que esta, um salto de fé para a morte certa.

Ouço o bater da porta e no buscar de meu olhar sua presença ali, o choque por seu olhar e o evidente cansaço físico. Os olhos sempre me encontram quando não devem, tolo garoto, deveria desistir quando percebeu que todos em minha volta sofrem pelas consequências de minhas atitudes impróprias. Akechi, nossos encontros foram bons enquanto puderam durar... estou satisfeita em saber que ao menos você se preocupou comigo após a partida de minha mãe.


— Espera! — esticasse em minha direção. — Eu... espere Katsumi, por favor.

— O que vai fazer Akechi, me impedir de pular? Ingenuidade sua, pensar desta forma... não pode fazer nada.

— Eu denunciei, apenas espere, faremos diferente agora e você não sofrerá mais.

— Mai e tantas outras fizeram algo, não pode punir todos Akechi. Desista dessa ideia tola, não pode fazer e não fará por ser uma criança como eu.

— Eu sei que quer desistir. — pouco a pouco se aproxima. — Não faça isso, apenas não faça isso, eu prometi que iria te proteger. Eu vou te proteger.

— Akechi, saiba que no final de tudo não importa o quanto eu seja boa ou dedicada, existem coisas que não se pode combater apenas com trabalho duro e moral. Existem coisas ruins e não há nada que possa fazer contra isso.


O espaço que nos separa agora é nulo, no cruzar da grade de proteção sinto sua próxima como nunca havia tido o prazer de sentir. Talvez eu tenha encontrado alguém tão louco quanto eu, ou pode ter simplesmente ignorado essas razões e abraçado a irracionalidade.
Esse vento frio me envolve em seu abraço, sinto-me estranha, parte de mim não quer isso e anseia pela permanência neste mundo para honrar sua memória... enquanto a outra deseja sumir deste mundo o mais rápido possível.


— Por que está lutando tanto, o que ganha com isso além de dor e tristeza… não sou importante nem mesmo memorável para tentar tanto.

— Eu não quero perder alguém importante para mim, não diga besteiras quanto a isso, se tornou extremamente importante para mim.

— Apenas pare com isso. Viva sua vida sem pensar em mim, será melhor.

— Todos vão ter problemas, ninguém é bom ou ruim de fato, precisamos tentar, você precisa tentar.

— Mais do que já tentei durante todos esses meses? Não sabem da minha história tão pouco o que passei, fingem se importar e quando eu mais preciso não estenderam a mão, me jogaram para o fundo do poço. — ando em direção a beira do prédio. — Não vou mudar Akechi, aquela menina que conheceu há meses morreu no acidente.

— Não, isso é mentira, ela está aqui em minha frente. Desista dessa ideia e venha comigo. — busca minha mão. — Não se entregue ao pesar Katsumi, você é mais forte do que acredita ser.

— Não terei paz se fizer isso, a escola, em casa, nenhum lugar pode me trazer conforto. — sinto meu corpo balançar. — Essa sou eu em essência Akechi, não se sinta culpado por nada, a única covarde nessa história fui eu e apenas eu.


Pelo desfazer da fita dou um passo para frente recusando as memórias boas que um dia abracei, frente a morte certa avanço. No pisar em falso desço, mas meu entra em inércia ao sentir o calor em minha palma. Lágrimas em seus olhos brilhantes, a mão que segura meu corpo se põe a resistir diante de meus olhos.
Mesmo que tente não consegue me puxar para cima, não pode, eu decidi o caminho que irei trilhar neste final de vida. Num impulso agarra meu corpo protegendo-me em seu abraço, é como se meu mundo fosse mais lento agora... ele está disposto a tal ato apenas para me ajudar, acredito que agora posso entender melhor sua fala mãe.

Que no momento certo eu encontraria alguém doido o suficiente para se colocar em risco apenas para me ajudar, que isso revela o quanto essa pessoa seria fiel a minha causa não importando ela qual for. Akechi, me desculpa por tudo e caso saímos vivos disso direi aquilo que guardo aqui dentro a sete chaves... serei mais corajosa... não terei medo de fazer o certo.
Obrigado por ser essa fonte de coragem, representante ingênuo.


Presente (09/12/2020 - outono)


O conflito de reações me perturba e por esse conflito abro meus olhos visando as luzes mais fracas, busco o levantar iminente, mas acabo por voltar ao colchão macio incapaz de manter-me sentada. Essas pontadas em minha cabeça, acabo por coçar minhas pálpebras ainda pesadas abrindo meus olhos ao poucos.

Em meu braço a agulha ligada ao tubo, essa sensação de algo percorrer meu braço é estranha, eu odeio isso. Pelo visto eu sobrevivi a queda, sinto a lágrima escorrer solitária por meu rosto... não sei se isso era o que eu desejava, mas prometi a ele que faria o certo não importa como.
Forço-me a sentar, levanto a blusa notando as ataduras que envolvem meu abdômen. Não será mais segredo aquilo que passei, agora todos sabem imagino eu.

No abrir da porta as presenças se fazem levando os olhares para mim, como esperado, seus olhos carregam o brilho de quem sabe de toda a verdade não apenas da escola, mas também das marcas roxas. Um forçado sorriso percorre seus lábios mais cheios, talvez, acredito que é hora de falar para ela e assim evitar que tudo saía de controle.
Tímido é seu movimento que para logo diante da cadeira sentando-se de frente para meus olhos, não gosto da forma como me enxerga agora, parece que está aqui por pena como outras pessoas.


— Bom ver que está acordada, fiquei preocupada.

— Eu... sim.

— Jovem Katsumi, foi um acidente e tanto apesar de não ter gerado sequelas mais graves em seu corpo. Mas não é sobre isso que tenho preocupações, tem lesões curiosas pelo corpo.

— É um assunto difícil pelo que vejo, mas precisa contar o que houve. Sei que não deve ser fácil passar por tudo isso.

— A senhorita Naomi possui razão nisso que fala, estamos aqui hoje para ajudá-la nessa complicação.

— O que sofreu hoje no banheiro foi levado e será punido pela manhã, agora quanto ao resto, preciso que fale abertamente comigo para que eu possa ajudar nessa questão.

— Entendo...

— Por hora apenas descanse um pouco mais, — vejo seu sorriso contido. — esteja melhor, assim poderá contar sobre o que passou.


A deixa fora dada e logo ambos saíram do cômodo para que eu pudesse repousar, deitei, mas não pude dormir tão pouco relaxar com esses pensamentos em minha cabeça. Saber que quase morri levando comigo Akechi, sinto-me frustrada com essa situação. Fecho meus olhos e pelo abrir noto a sua presença agora dormindo na poltrona cinza próxima da cama.
Sonolenta abre seus olhos e por um segundo nossos olhares se encontram, não precisava ficar aqui e ainda assim está... essa mulher é estranha, sua insistência, penso que entendo melhor quando diz sobre as pessoas que insistem em ajudar mesmo quando você as afasta. Ela é uma pessoa boa no final de tudo, não preciso temer ela, não seria pior que aquele homem.


— Acordou… — seus olhos são belos, agora realmente pude ver melhor seus olhos... refletem sua alma. — que bom, está quase amanhecendo.

— É estranho estar aqui, em uma cama hospitalar após meu ato de desespero. — sinto-me estranha frente a ela, seu olhar não julga.

— Hospital geral… — espreguiça-se na poltrona abrindo certo sorriso. — Hira, se não fosse este demoraria bem mais para locomover vocês dois.

— Obrigado por me ajudar… na verdade, não por mim, ele é mais importante. — minha voz soa mais baixa que o comum, é difícil. — O aluno que caiu comigo. Akechi, ele está bem?

— Se encontra em um quarto ao final do corredor, ele não teve tanta sorte e diferente de você se machucou bem mais. Seu braço e uma costela foram o preço. O curioso é que quando ele acordou fez essa mesma pergunta sobre você.

— É bom ver que ele está bem apesar de tudo... foi culpa minha isso acontecer.

— Ficaram bem logo, precisam de tempo é óbvio, mas precisa entender que existem coisas que estão além de seu controle. Sofrer ataques não é culpa sua, vai me dizer que acha justa apenas por se interessar nele?

— Eu não denunciei, é culpa minha.

— Felizmente ele denunciou e o comitê será acionado, mesmo eu não tenho poder para mudar sua visão apenas com palavras, entretanto, as suas tem esse poder... pode fazer diferença agora, tenho as provas e posso garantir uma punição adequada.

— Antes disso… — busco minhas mãos desviando o encontro de nossos olhos. — posso ver ele? Sinto-me culpada por colocar sua vida em risco.

— Ele em primeiro lugar… — ouço seu suave suspirar. — você não pode se mover ainda, sua perna deve ficar imobilizada ao menos por uma semana pelo que foi me dito.


Volto a buscar seu olhar, seu movimento suave revela o afagar de seus fios escuros que agora são ajeitados pelos poucos toques.


— Quero saber o motivo dessa atitude que tomou, dizem que você é ótima no arco e flecha, sempre se sai bem nas aulas e pelo que presenciei está na lista dos cem melhores alunos da escola. Queria saber mais afundo, apenas provas não bastam para alguém como eu, preciso de mais.

— Por que se interessa? Normas da escola?

— Não, estou aqui como Naomi e não uma funcionária da escola. Ninguém tenta morrer por nada, ainda mais quando se é tão jovem.

— Não tenho uma razão.

— Duvido disso pelo simples fato de que você possui todo o renome para um futuro bom, na sua idade muitos pensam dessa forma e poucos de fato conseguem. Ontem pela manhã você tentou matar algo dentro de você, o que foi?

— Eu não sei, eu só queria apenas sumir deste mundo depois de tanta dor, tudo que eu queria era acabar com a dor. — minha visão se embaça ao acumular das lágrimas. — Mas eu não queria que ele fosse junto, ele não deveria fazer se arriscar assim depois de tanto me ajudar.

— Suicidas e sua única visão para acabar com a dor, não julgo você, mas saiba que existem pessoas ao menos atualmente que podem ajudar você.

— Pessoas que possuem tudo não ligam para isso quando não são elas, como lidar quando o agressor vem de família importante? Não existe caminho quando não se possui dinheiro ou uma família viva.

— Sei o quão difícil é. Porém, existem formas, morrer não uma delas.

— Foi a única em que pensei.

— Enquanto crescia conheci uma menina semelhante a você, notas altas, boa conduta e a melhor no clube que participa. Essa menina após um episódio perturbador em sua vida pulou em um lago na primeira neve de inverno.


Abaixo meu olhar evitando nosso encontro, sinto suas palavras e isso me diz que tal amiga foi a própria. Sinto-me inútil, ela está certa, eu deveria ter buscado outra forma de reagir ao problema.


— Não estou julgando seu ato, longe disso, eu apenas quero ajudar você a sair deste lugar obscuro que entrou.

— (…).

— Pulei em um lago de temperaturas negativas onde quase morri, hoje, eu vivo em um dilema onde parar um tratamento me mata asfixiada... você está inteira, por mais difícil que seja, pode sair deste lugar ruim e crescer como nunca pensou.

— Por que fez isso se me permite perguntar?

— Eu queria acabar com minha dor, eu queria tanto que no final acabei ferindo todos aos meu redor, irmãs, mãe, pai e a pessoa mais importante para mim. — desliza seus dedos pelas pálpebras. — Ela apesar de diferente, é a alma mais importante que passou pela minha vida.

— Não parece, olhando com meus olhos parece ser forte como nunca vi.

— Pelo contrário, sou uma humana como qualquer outra pessoa nesse mundo e semelhante a você que viu um alívio na morte. Quase matei essa pessoa e hoje posso olhar para ela e dizer o quanto é importante para mim, quero que você possa fazer o mesmo.

— (…).

— Morrer não resolve nossos problemas, vamos apenas transferir eles para outras pessoas próximas que sentiram nossa falta. Para algumas pessoas até almas pensadas poderíamos nos tornar, sem propósito ou destino, essa ideia é ruim não importa qual o tamanho do problema que enfrente.

— É difícil.

— A vida é difícil, mas se deseja morrer tem que ser na hora certa e com a sensação de que fez tudo o que deseja enquanto em vida. Essa deve ser sua forma de pensar, eu sei da maldade que as alunas fizeram e também sei da maldade que o homem com qual vive fez.

— Não tenho mais meus pais, apenas me tornei uma presa para ele e mal pude reagir aos ataques violentos. — as lágrimas molham meu rosto. — Fui fraca.

— Está errada, foi a vítima, se alguém possui culpa nisso é ele por provocar feridas tão dolorosas em você. Ele não é um ser humano e será punido pelos atos que cometeu, garanto que nunca mais verá esse homem.


Mesmo que tente as lágrimas são mais fortes forçando sua queda inconstante, me lembro de quando ele fez aquilo e eu corri pela casa enquanto era agredida... a violência... tudo isso foi aumentando minha sentença de morte.


— Depois que minha mãe morreu ele me estuprou, tentei denunciar e fui agredida. Desde a morte dela sofro, comecei a trabalhar para juntar dinheiro e fugir para longe dele, de todos nessa escola, foi aí que o ‘bullying’ começou. Eu aceitei tudo calada até agora.

— Eu entendo você, talvez mais do que gostaria.

— Você é diferente, aprendeu a ser forte em meio a tudo e eu desisti de tudo.

— Ser forte não significa nada quando você não consegue compreender os corações alheios e isso não existe outra forma de aprender que não seja vivendo. Katsumi, você pode deixar tudo isso para trás, eu prometo que farei o impossível para te ajudar.


Mal posso ver seus passos, apenas o borrão se espalha por minha visão. Queria parar de chorar, mas não consigo, é mais forte. Ela traz a segurança qual eu nunca tive desde a morte de minha mãe... eu queria ser mais forte.


— Você não tinha ninguém ao seu lado até agora, ficarei ao seu lado. Serei seu equilíbrio, foi para isso que me tornei professora.

— (…).

— Sei o quão estranho, mal me conhece e aqui estou eu jurando defesa. — sinto o toque em meu ombro. — Por mais estranho que pareça, algo aqui dentro me diz que devo fazer isso não para chamar atenção como alguns podem pensar, quero proteger você por saber que em baixo de todas essa aparência forte reside uma semelhante a minha que clama na busca por ajuda.


Seus braços me envolvem em um abraço, em seu abraço pude sentir algo que há tempos não encontrava, carinho, compaixão, alguém que me entendesse por completo e não apenas uma fração.


— A professora Naomi gosta de proteger seus alunos, mas nunca puderam ser sua primeira opção por mais importantes que ele fossem, mas a Naomi, a mulher que visto diariamente não suporta ver alguém definhar dentro de suas próprias trevas, essa mulher não irá permitir que outro alguém sofra quando pode ajudar mesmo que para tal abdique da carreira.

— Talvez seja tarde demais para isso, não sou digna de continuar vivendo quando coloquei a vida de outro em risco.

— Você pode ir tão longe. — seus dedos tocam minhas bochechas cortando as lágrimas que caem. — Tão distante quanto uma estrela, eu não conheci seus falecidos pais e tão pouco imagino sua criação. Entretanto, farei meu melhor para acobertar você, serei aquela que te mostrará o futuro e o quão belo ele pode ser.

— Não sei se mereço tal ato.

— Sua vida não pode ser resumida nesse infeliz acontecimento, admito também não ser a melhor, mais centrada ou adequada para induzir alguém a seguir seu próprio destino, mas farei meu melhor como adulta.

— Sei que deveria me sentir grata, mas sinto medo, medo de não funcionar, medo de falhar com outra pessoa além de meus pais e dele.

— Seu erro será não aceitar essa oportunidade, aí sim, falhará com seus pais e com a pessoa importante para você. Precisa crescer como eles desejavam, tenho certeza de que os planos feitos por eles são grandes e que seu desejo seja um futuro brilhante para você.

— (…).

— O momento agora é apenas um, sua recuperação, se atente apenas nela e o resto eu irei resolver. — nossos olhos se encontram, posso ver o brilho em seu olhar. — Não vou substituir sua mãe tão pouco seu pai, não quero ser uma avó ou tia, tudo que quero é que fazer parte o certo por alguém tão machucado pelas consequências alheias.

— Por quê? Poderia me ignorar...

— Já disse e repito mais uma vez, enxergo uma semelhança, por ela quero fazer com que possa ter um futuro diferente sem dor ou sofrimento.

— Eu... eu... obrigada por acreditar em mim.

— Agora você fará todo o possível para estar recuperada, precisará enfrentar situações ruins até certo ponto. Elas trarão a força necessária para você encontrar o caminho almejado por seus pais, como alguém uma vez disse, quanto mais escura for a noite mais brilhantes serão suas estrelas.

— Obrigada, Naomi.


Retribuo o abraço sentindo seu calor humano, obrigada por me ajudar. Sinto-me grata apesar de não conseguir colocar tais emoções em palavras.

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