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秋 (Aki) - Dias de outono

Avisos
Este capítulo possui uma cena de relações mais pessoais e uma menção ao ato de tirar a própria vida. Esses são os avisos deste capítulo.





Presente (31/11/2020 - outono)


A música ambiente, como senti falta deste lugar e sua suave hospitalidade. Podem dizer o que quiserem sobre meu amigo, porém negar que Natsuki é um excelente lugar para se beber em Takayama soa como um crime. Com seu sorriso não tão retrancado serve as bebidas para aqueles que apenas se aproximam por sua beleza de cidade grande. Desço meus olhos indo de encontro a caneca e seu líquido amarelado e sua cobertura repleta de espuma. A como é bom estar aqui nesta noite agradável, ainda mais com tal presença ao meu lado. Tímida ajeita o cabelo atrás de sua orelha, é linda como uma estrela.
Os olhos joviais brilham, sem dúvidas um par de estrelas diante de uma imensidão tão vazia quanto a minha, toco sua pele a vejo sorrir. Nossos olhos se encontram, quem diria que mesmo após anos de distância conseguiria dividir um momento com alguém tão cativante.

— Fazia tempo que não descansava assim. — diz risonha, esse sorriso é diferente. — Um dia de descanso para dar início ao fim de semana.

— Queria poder compartilhar deste pensamento, amanhã terei trabalhos familiares.

— Hum!… Yuriko certa vez disso que você era um homem bem atarefado.

— Infelizmente, mas não vou deixar que isso me abale. — seguro sua mão e a vejo sorrir. — Ainda mais com uma presença tão bela quanto a sua.


O som do violão ecoa pelo estabelecimento, pelo visto todos estão curtindo esse músico, ao menos os sorrisos deixam tal fato implícito. Ergo nossas canecas e com um brinde despejo o líquido amarelado por meus lábios, o sabor mais forte é revigorante de um jeito que jamais vi.

Sem dúvidas é uma das melhores criações que o sabichão fez em sua vida de artesão, fico feliz em ver esse seu sucesso depois de tantas batalhas difíceis. Agora que percebo seu sorriso, realmente este homem superou parte de seus problemas.


— Um pouco de álcool não faz mal a ninguém, não concorda? — a vejo sorrir, há anos atrás eu jamais diria que estar em sua presença seria possível nesta vida. — Hanako?

— Devo concordar. — vira o copo e ao fim esboça uma careta suave e risonha, impossível de se ignorar ou resistir perante tal encanto natural. — Sinto que não sou tão competente como você quando o assunto é bebida.

— Todos temos nossas fraquezas.

— E que quais são às fraquezas de um homem como você? — reclina-se na cadeira, esses lábios rosados... — Não irei mentir, apenas aceitei por saber o que leva um homem como você a sair comigo. Tenho curiosidades em descobrir sobre como costuma se portar.


Seus olhos castanhos buscam uma evasiva fitando desta vez o centro do espetáculo sublime de um artista em ascensão.


— Desde que me convidou fiquei com essa incógnita em minha mente, o que te leva a esboçar interesse em alguém diferente como eu.

— Minhas fraquezas? Não possuo certezas, tudo que falo é especulação..., entretanto se fosse especular seria sentimentos — vejo seu olhar se perder na confusão de minhas palavras. — quanto mais fortes piores são de se lidar. Tenho um ponto fraco quando se trata de sentimentos mais intensos, costumo perder minha compostura diante deles.

— É inusitada vindo de um homem habituado a lidar com esses mesmos sentimentos.

— Concordo, mas larguei tal trabalho, não sou mais aquele que um dia fui. — degusto de minha cerveja mais uma vez. — Talvez seja reflexo da imagem de homem durão a qual tanto despejam sobre mim... no fim o que importa é que não sou mais um escritor ou gerente, sou o que desejo ser.

— Interessante. Nunca testemunhei esse lado seu, particularmente me interessei por você após ler cada livro que escreveu... me sentia atraída  pela tal acácia, é uma personagem diferente.

— Curioso, poucos gostam dela, a maioria, inclusive eu mesmo, temos preferência a outros personagens... por exemplo a protagonista com l seu jeito durão e imprevisível conquistam qualquer um.

— Também tenho um fraco sobre pessoas duronas, mas é que Acácia, parece sofre por não poder tocar em seu amor verdadeiro. — esse olhar se perde na infindável beleza da música que agora toca.— Sinto-me como ela, desejo alguém que não posso ter, essa confusão nos torna semelhantes querendo ou não.

— Entendo seu ponto, admito que pessoas nestas condições são bem interessantes.

— Uma pena que o amor seja tão sofrido... por isso o admiro, contou para todos que ama Murano e agora casaram.

— É por este caminho. — término minha bebida voltando-me para seus olhos. — Quanto a você Hanako, o que alguém na flor de sua primavera jovial carrega? Estou certo que seus sentimentos são mais forte e instáveis devido à força e determinação que possui.

— Eu? — a dúvida se espalha pelo olhar e logo parte dando realce a curiosidade. — Bom... possuo interesse em muitas coisas e muitas delas tão distantes, entretanto tem uma delas aqui em minha frente.

— Quem seria? — fito seu olhar audacioso. — Seu sorriso brilha desta forma.

— É um homem muito interessante ao qual devo meus interesses literários, apesar da frequência nunca tive tantas oportunidades para dizer sobre tais pensamentos.

— Curioso este caso, mas entendo bem seu lado — seus dedos dançam a borda da caneca... Hanako, sei onde quer chegar. — Nunca fui de conceder brechas, mas esta é uma que não irei me arrepender.

— Agradeço, graças ao álcool e — ela bebe do restante de sua caneca cerveja. — a minha súbita coragem. Essa é a parte mais importante à minha visão.

— De fato o álcool induz nossos pensamentos ao mais próximo do realismo que tanto desejamos… que desejo é esse que busca, essa é uma incógnita para mim, mas espero que encontre.


O encontro de nossos olhos ocorre por meio do segundo de silêncio musical, diante da beleza que carrega percebo esse sentimento ao qual marca esta noite. Talvez seja uma forma de recordar minha jovialidade de outros tempos distantes ou apenas uma forte sensação presente em tais noites repletas de solidão e anseios.
Posso não saber explicar com palavras tais sentimentos que por muito tempo tentei repelir com tudo que tenho, mas através de seus atos, percebo a semelhança de nossas emoções tão confusas.

Em outros momentos eu negaria tal ato ou simplesmente deixaria de cogitar toda a possibilidade e desejo acumulados. Entretanto, algo nela ressoa diferente daquilo que normalmente vejo nestas noites, algo diferente daquilo que percebo em meu casamento.
Por isso não gosto de comparações entre heróis ou vilões envolvendo meu nome, não sou o herói que a mídia ou as pessoas dizem, também não sou um vilão por apenas seguir meus anseios... gosto de dizer que transcendo esses paradigmas, que me tornei humano pela primeira vez em toda minha vida.

Questões como tempo e espaço se tornam nulas com a beleza de seu corpo agora colado ao meu, borro seu batom manchando seus lábios com meu beijo, suave é o desfazer deste toque doce. Acaricio a face levando à cor da timidez para suas maçãs, deito sobre a cama seu corpo que reage instintivamente ao toque mais delicado de minhas mãos.

Tomo a posição acima de seu corpo desfrutando dos sabores carnais de seus lábios, desgrudo nossos lábios experimentando ponto por ponto de seu corpo lindo. Essas curvas sutis, porem belas trazem sua imagem conturbada a minha mente, sei que amanhã irei me arrepender desta atitude precoce que tomei.
Por entre suas pernas percebo a gravidade de meus atos, um herói não estaria aqui prestes a trair sua esposa... não posso ser um herói quando nem mesmo consigo controlar tais anseios corporais.

Deixo meu toque e presença em seu caloroso íntimo provocando sua voz outrora contida, presa no fundo do baú de seus desejos. A vejo fechar seus olhos, pela cama se contorce na busca de apoio e no abrir nosso contato visual ocorre levando o típico vermelho à sua face.


— Este é o sentimento pelo qual se atrai?

— Sim... — seus dedos enroscasse entre meus fios de cabelo.


A perdição de meu ser contemplo na nudez de sua pele, na obscuridade deste desejo permito-me se perder sendo consumido por toda vontade carnal. Sinto o calor dos lábios aliado do toque mais íntimo de sua pele, o beijo cala sua ânsia. A sincronia de corpo e alma se une a dança de nossos prazeres e pela carne pereceu em meus braços no segundo em que atingiu o pico de prazer. Aconchego seu corpo tomado pela fadiga em meus lençóis enquanto afasto-me observando as marcas em suas costas, cicatrizes que mal pude notar, Hanako, deve pensar que sou um lixo de ser humano agora que viu minha verdadeira face... amanhã certamente perderá sua vontade.
Permanecer ao seu lado... sinto-me indigno de tal ato. Sento-me no colchão tocando o cobertor sobre sua pele molhada de suor, descanse, busco a saída desde quarto partindo para fora.
Acendo a luz de meu celular deixado sobre a bancada, duas e meia da madrugada, recolho as roupas deixadas pelo chão dobrando-as.


— No final não foi uma ideia ruim permanecer comprar está casa. — ponho as roupas sobre uma das poltronas na sala e logo tomo proximidade da janela observando o céu. — Ausente de nuvens como eu desejo ser, a que ponto cheguei... se soubesse o quanto me arrependo talvez conseguisse perdoar meus erros.

A lua parece tão daqui de dentro desta casa, parece que nunca muda sua beleza mesmo diante de olhares tão tristes.

— Será que faz o mesmo quando não estou na França?


O vibrar desperta minha atenção e com seu desbloqueio sou capturado pela mensagem de quem não esperava, não agora.
"Estou em Tóquio, amanhã estarei aí, espero que não esteja fazendo nada de errado como combinamos". Admito que não desejava ver você agora, entre todos aqueles que poderiam acabar com minha ordem mental, você é a única que faz isso apenas com a presença.


— Às vezes queria que tudo fosse como naquela época onde eu descobri sua existência e me permiti demonstrar interesse. só queria poder voltar ao tempo onde eu apenas cogitei tirar tudo de você por sentimentos inexplicáveis.


Passado (04/11/2004 - outono)


"Distante observo sua essência, devaneio e singularidade. Próximo observo seus anseios, cores e insanidades." Não entendo como alguém pode dizer tais coisas e negar nossa existência com tanta simplicidade.
As folhas douradas com o bater dos ventos dançam acima de minha cabeça em um espetáculo natural. As cores estão ótimas assim neste dourado, pode não ser minha favorita, mas adoro ver essa cor.
A sombra protege meu corpo do sol que ainda brilha mesmo entre algumas nuvens, esse cheiro, a chuva logo irá cair molhando tudo em seu caminho.

— Hoshino e Naomi, — observo o dançar de ambas pelos campos de pessegueiros. — será que eu devo... — estico meu braço em sua direção, talvez eu deva.

Leviana rodopia pelos campos, essa é uma visão diferente de Naomi… uma que eu nunca pude presenciar em toda minha vida nesta escola e que talvez nunca possa ver. Seu sorriso bobo, caretas e até mesmo sutis piscadelas, não consigo ver semelhança entre aquela que conheci há poucos dias e está que se apresenta em minha frente.
Agora que percebo, as palavras que me disse antes fazem sentido, "Não pode tentar, ela e você estão em níveis diferentes", concordo plenamente com nossas diferenças sociais. Entretanto, daqui percebo que o motivo pelo qual não quer que eu tente é outro muito peculiar, motivo esse a qual todos citam por suas costas.


— Se lembro direito você não queria por... — o vento se agita e seu arrebitar levas as folhas de outono ao céu. — esta deixa é minha.


Pego minha mochila e caminho seguindo por entre o dourado campo até ela, sem notar minha presença a loira deixa Naomi seguindo seu trajeto. Passo a passo me aproximo, em minhas costas sinto o frio arrebitar dos ventos, vai chover. O sol ressoa atrás dela, brilha tanto quanto Amaterasu e sua esfera solar. Essa garota é no mínimo diferente daquelas que pude conhecer nesses anos.
Diante de seus olhos noto a beleza singela de seu sorriso, a curva saliente ressalta as covinhas que saltam com seu sorriso. É contagiante, me sinto estranho olhando ela de tão perto, é quente e reconfortante ao ponto de que...

— Hanzo ? — a vejo sorrir. — Pensei que iria para de procurar, disse que estava com medo de mim.

Estou, mas meu medo é outro, pensar em você, penso tanto e no final nada faz sentido aqui dentro... só que você me faz feliz ao ponto de esquecer tais coisas.


— O que me diz disto, perdeu sua fala? — a vejo inclinar sua cabeça enquanto me observa, se eu não soubesse que ela é durona diria que está fofa como uma garota comum. — Já sei, veio atrás da Murano? O que existe entre vocês? Gosta dela? Amigos ou será que já são namorados.

— Não! — me altero, minha voz se mistura a falta de ar e pela tosse sou consumido… jamais poderia gostar da Murano, não atendo seus gostos. — Eu estava apenas de passagem quando vi vocês duas.

— O tempo está tão lindo assim. — estica seu braço em direção aos céus como se fosse pegá-lo...que estranho. — Pressinto uma chuva mais forte, será interessante ou agradável de se assistir de qualquer forma.


Não lembro quando foi a última vez em que a vi neste estado, talvez eu nunca tenha presenciado esse seu lado mais garota. Poucas foram às vezes em que a vi tão descontraída, mesmo diante de suas amigas, ei jamais presenciei essa Naomi. Seria isso amizade? Não que eu nunca tenha tido amigos, é que sinto nunca ter passado por algo semelhante com ninguém.

— Naomi.

Sinto o molhar repentino, uma a uma e logo diversas delas. Tão geladas e pesadas que fazem minha pele arder a cada contato mínimo. Mesmo abaixo deste céu agora marcado pela chuva ela continua ali, existindo de forma graciosa e de um jeito semelhante aquela mulher... ela é como a chama dos palcos.
Risonha fita-me e no movimento rápido pude sentir seu toque tão repentino ao mesmo instante em que se mostra suave como pluma. Meu punho é envolto por sua palma e pela força sou alçado em sua direção como uma fagulha de sombras ansiando pela luz matinal.
Corremos e corremos, tão rápidos e velozes que talvez pudéssemos ter ultrapassado as velocidades mais comuns. Engraçado, aqui, neste campo percebo o quanto parte de sua carta faz sentido. "Amores a primeira vista são impossíveis de se ignorar, mesmo que o tempo passe, são impossíveis de evitar". Cruzamos o campo e logo o deixamos para trás, seu toque está mais intenso. A rua nos agracia com o templo xintoísta, eu vim até aqui antes, ignorando tudo nos escondemos abaixo dos telhados. Agora que percebo, estamos ensopados, provável que fiquemos doentes após esse banho.


— Não sirvo para correr após os treinos. — me curvo tomando apoio em meus joelhos. — Sinto como se fosse morrer.

— Tem razão. Não troco minha equipe de arco e flecha por nada. — ela sorri, mesmo deste jeito, essa expressão é... fofa? — Aqui estamos salvos da chuva.


Seus olhos parecem possuir um brilho diferente, o contraste de energias... seguimos fluxos tão diferentes assim. Eu sou tão pesado e ela é puramente calma e clara, agora posso dizer que  entendo seus motivos Murano.


Presente (01/12/2020 - outono)

A manhã invade o céu trazendo consigo uma maior claridade, balanço os ovos na frigideira e espalhando seu aroma pela cozinha. Certeza de que isso será o suficiente para acorda-lá, viro os ovos e os coloco sobre uma das fatias de pão.
Escuto o toque, vestida com minha camisa branca se apresenta com um terno sorriso em face, está lindo com a aparência de quem teve uma noite bem dormida.


— Bom dia. Dormiu bem? Espero não ter te acordado.

— Bom dia. — tímida se aproxima tomando-lhe uma cadeira. — Não me acordou, pelo contrário, me senti perdida em pensamentos.

— Pensamentos? — deixo o prato diante de sua visão servindo-a. — Espero que goste.

— Obrigada, quanto aos pensamentos são sobre a nossa noite. São sobre você ser casado, não quero causar problemas..., mas admito que gostei do tempo que passamos juntos.

— Não causa, o único errado sou eu, não precisa ter medo. Minha esposa no final não liga contanto que estejamos juntos.


Puxo uma cadeira e me sento.


— Gostei de tudo que tivemos Hanzo.

— Também gostei.


Dou um sorriso e juntos tomamos café, após um banho e sua recusa deixo-a em casa e sigo caminho indo de encontro a residência mais distante da cidade de Takayama. Pelas curvas subo até a estrada para o casarão. Próximo de Shirawaka busco o caminho por entre o mar de árvores e sigo até sair na frente do casarão. Levo o veículo para a fonte e diante da mesma estaciono, desço e logo deparo-me com o formato peculiar que sempre me pega. Caminho pela entrada observando cada funcionário, e pensar que antes de tê-los por aqui tudo foi coordenado por meu pai e por mim. Cumprimento cada homem e mulher, sigo para dentro sendo recebido com um abraço de minha mãe, mesmo tendo passado quase que o dia inteiro aqui ontem ela ainda faz isso.


— Bom dia mãe, vim buscar nossa menina.

— Fuyuka!


O grita certamente chegou até seu quarto, escuto o ruído alto, correndo e pelo visto não sozinha... como sempre.


— Good Morning! — energética tão cedo, não muda mesmo. — Já estou indo, não fuja Hanzo.

— Cuidado nas escadas, você corre demais pela casa! — grito de volta. — Pode cair!


Escuto seus passos e logo um estrondo, pelas pequenas escadarias desce arrastando seu traseiro junto de seus dois parceiro, Aoi e Aka. Impossível não rir desta cena cômica, aproximo-me estendendo minha mão em apoio para se levantar. Ao segurar volta a ficar sobre às duas pernas sem deixar de nos mostrar seu inconfundível sorriso capaz de limpa qualquer sentimento ruim.


— Eu disse.

— Meio tarde não é — se encontra entre as risadas gostosas. — Podemos ir ? Preciso chegar cedo.


Antes que pudesse dizer algo adentra a cozinha sendo seguida por nossa mãe, coço a nuca, nunca mudam de postura. Logo atrás desce o mais velho vestindo um kimono azul escuro, em saudação de respeito curvo-me.


— Pai, bom dia.

— Bom dia meu filho. — toca meu ombro. — Não entendo como Fuyuka consegue ser tão barulhenta, não nega a origem que possui. Você e Yuriko a criaram bem.

— Graças a vocês dois, não faríamos nada se não fosse por vocês terem nos criado.

— Não. Vocês dois possuem mais participações nisso que nos, protegeram ela naquela montanha.

—Pai, esqueça sobre isso, agora é um novo tempo.

— Tem razão, é o tempo onde você tratará para casa sua esposa e filha.

— Talvez sim, talvez não, casamentos são coisas complicadas de se lidar e eu não sou capaz de pensar muito sobre agora.

— Use a celebração da colheita que faremos, a convença com um pedido romântico. Garanto que irá resolver o problema.

— Tentarei. — melhor não contar sobre ela, não até saber o motivo de sua volta. — Prometo tentar.

— Tenha um bom dia filho.

— Obrigado pai, Fuyuka! Vamos.

Juntos caminhamos ao encontro do carro estacionado, nos lábios carrega uma bandeja de pão… tão apressada até para comer. Tomo o laço de sua mão e faço um rabo de cavalo em seu cabelo escuro.


— Ficou bom, devia virar cabeleireiro.

— Quem fazia isso era eu, Yuriko não gostava muito de beleza.

— Como? Ela é tão linda, não entendo.

— Nunca gostou tanto de demonstrar feminilidade... não a julgo.

— Estranho.

— Muito, agora entra.

— Calma! Você terá a grande honra de me levar até a escola hoje, se sente incrível não é? — como pode ser tão convencida assim, realmente somos parentes. — Quem imaginaria que teria essa honra.

— Apenas entre de uma vez, ah, lembre-se que eu não irei te buscar então trate de ligar para a senhora Go antes de sair da escola.

— Sim, sim, sei como funcionam as coisas caro irmão.

— Ponha o cinto para irmos logo, tenho uma reunião em uma hora.

— Pare de reclamar Hanzo, parece com nossa mãe, não acredito que até mesmo meu querido irmão está se tornando um velho.

— Cuidado com o que fala, não se esqueça que não saímos de casa ainda pequena. — deixo um peteleco em sua testa, em poucos segundos a vermelhidão se apossa da área que acertei. — Pigmeu.

Dou partida e em silêncio partimos rumo a Takayama, apesar de não ser minha época favorita gosto de ver essas folhas cobertas pelo dourado da estação e pelo visto não somente eu. Fuyuka encantada se encontra, ver ela assim faz com que meu peito seja envolvido em um conforto, talvez irmãos mais velhos sejam de fato super protetores.
Volto-me para a pista, esse lugar estava tão quieto ultimamente... sinto que em pouco tempo teremos movimentações. Pela sonoridade sou atraído, mal percebi que ela havia ligado o rádio e nem que estava cantarolando... Fuyuka é mais rápida do que pensei.
Ver essa expressão, a voz mais livre e a jovialidade dela afloradas desta forma me fazem acreditar que tomei a escolha certa no passado e que jamais posso pensar de forma diferente. Irmãos servem para isso no final das contas, os mais velhos quase sempre serão o sacrifício para a estrada do amanhã. O final da melodia traz sua voz de volta a conversa e assim seguiu por minutos e minutos aos quais mal pude perceber seu avanço, paro no sinal vermelho observando seus traços alegres.


— Como estão as aulas de canto ? Soube que nossa mãe vem brigando com você por seus excessivos atrasos.

— Sabe que dou sempre um jeito não é? Diferente de você e da nossa irmã, eu tenho habilidades bem mais sofisticadas e um tanto quanto rústicas, o que complementa minhas desculpas, ou melhor, fugas necessárias. Como gosto de dizer, sou boa o suficiente para perder algumas aulas de partitura e canto. — nem um pouco egocêntrica. — Sou como a Yuriko, boa em tudo que toco.

— Não gosta de comparações, porém gosta quando a comparamos com Yuriko... sabe, apesar de ser minha irmã juro que não consigo compreender você.

— Talvez seja pelo fato de você não pedir desculpas a Yuriko, ela diz que você ainda é muito indisciplinado como eu por isso não consegue entender ela.

— Pelo menos percebo o quanto estão conectadas em algo. Todas desejam enganar os homens ao seu lado, no seu caso, está me enganando com desculpas e nosso pai com promessas.

— Nada disso, na verdade, todos nós somos diferentes, por isso nós somos tão incríveis.

— Incríveis? Entendo.— Eu só queria entender o motivo de estarem brigados, lembro que faz bastante tempo.

— Esqueça sobre esse assunto, é algo que envolve apenas dois adultos e suas divergentes opiniões sobre futuro.

Sigo caminho até chegar no primeiro dos destinos, a entrada da escola Minamoto, é estranho estar aqui após tanto tempo longe que passei. Alegremente desce do carro, sorridente entra na escola e só me faz acreditar que está aprontando algo nesse período final, antes de pensar no festival deve se atentar as provas finais... pré-adolescentes nunca mudam.

Diante da mudança paro o carro, afastado da escola em um local ainda não inaugurado observo a carga e descarga de caixas e materiais dos diversos caminhões.
Coordenando tudo está a silhueta feminina que esboça sua forte presença e ao lado o homem que nunca em toda sua vida conseguiu deixar o posto de guardião. Seus olhos ferozes notam minha presença e logo tornei-me seu alvo, aproxima-se portando em mãos a prancheta e uma caneta azul.


— Então é verdade, o que este homem planeja permitindo que ela venha para está cidade após tantos anos longe?

— Você é o marido Hanzo, eu sou apenas a secretária dela.

— Reii — fito seu cabelo em um tom quase azul-escuro. — o que planeja aqui?

— Nada que você não saiba Hanzo, mas pode perguntar diretamente para ela... basta subir.

— Saíram cedo de Tóquio.

— Claro, ela pretende trazer seu negócio para esse lugar como planejado de última hora por sua mente.

— Não pretendo voltar apenas por isso.

— Hanzo, nem tudo é sobre você, Murano precisa ficar longe da França por um tempo para seu tratamento.

— Tratamento?

— Não soube? — vejo a decepção em seus olhos. — Murano tentou se matar enquanto esteve ausente, a solução em um primeiro momento foi trazer ela para cá.

— Por que não me avisou — seguro seu punho. — era sua obrigação como secretaria.

— Somo amigos Hanzo, mas não transfira sua responsabilidade como marido. Quem ignora as ligações dela não sou eu, espero que entenda.

— Hanzo, Reii — Tatsuo surge atrás dela carregando uma caixa. — Murano está chamando ambos.


Seguimos para dentro do lugar que aos pouco vai ganhando sua cara comum a qual tanto estou habituado na França. A lógica por trás de sua marca, um lugar que fosse romântico para aqueles que amassem ao mesmo tempo, em que fosse confortável para aqueles que sofreram desilusões... um ambiente calmo e aconchegante capaz de cativar toda e qualquer alma disposta a experimentar dos prazeres de se apaixonar por uma refeição seja ela comum ou diferente, mas que no final o obrigasse a experimentar novas sensações provavelmente nunca sentidas, esse é o "Kataomoi". Lugar que serve de elo as memórias distantes, seu domínio que mantém o coração ligado aos sentimentos platônicos que carregava naquela época.

Subo os degraus e logo noto o cessar de ambos, para trás deixo-os seguindo meu caminho até sua sala. Parados ao pé da escadaria Reii e Tatsuo me observam, terei de encarar ela sozinho desta vez.
Seguro a maçaneta abrindo da porta, a sala se encontra totalmente arrumada diferente do restante do lugar, sua escrivaninha no centro e atrás as janelas que iluminam agora sua presença, o cabelo longo e solto percorre a altura de sua cintura balançando com o soprar dos ventos mais tímidos.

Fecho a porta chamando sua atenção, o violeta sem vida me fita de cima a baixo sem esboçar nada além da fatídica melancolia já conhecida por mim. Cruzo a sala deparando-me com os papéis sobre a mesa, plano de organização, pelo visto ela veio para permanecer.


— Imagino que perceba a gravidade disso... essa volta repentina provoca seu pai.

— Essa é sua maior preocupação? Meu pai? Não sei como consigo me surpreender com você ainda.

— Não é isso que preocupa agora, Reii me contou sobre a crise. A ansiedade voltou?

— Isso te interessa agora?

— Sabe que sempre me interessou, não desejo vê-la sofrer.

— Mais do que eu já sofro? — seu olhar frio recai sobre meus olhos. — Ou pensa que estou me divertindo com esse casamento Hanzo? Abdique de muito por sua causa, tudo que eu quero agora é ficar em paz e longe de tudo.

— Também não me divirto.

— Não parece, pelo visto se divertiu bastante ontem... quem era a nova vítima de seus desejos sexuais?

— Ontem? Sobre o que está falando?

— A mulher, o perfume ainda está na sua camisa... seu armário é grande, ao menos poderia evitar a repetição de suas roupas... principalmente aquelas que envolvem suas amantes.

— Murano.

— Não voltei por sua causa, de longe foi a pessoa que mais pesou contra minha volta. Esse lugar é minha casa tanto quanto sua, e não se preocupe, pois, só dormirei em casa hoje à noite.

— Sabe que pode ficar.

— Não quero deitar-me no lugar por onde diversas mulheres já passaram. Não sou idiota uma completa idiota, sabe bem o motivo pelo qual busco fingir não enxergar.

— A casa também é sua.

— Terei meu próprio lugar, Reii já está procurando então não se preocupe comigo... apenas siga apagando seus rastros e eu seguirei deixando de lado os meus.


Cruzo a sala segurando seu braço, sei que tem gesto é inútil nesta altura do campeonato, porém a envolvo em meu abraço aconchegando seu corpo. Afago seus cabelos esse que por um ano inteiro não vi, beijo sua testa e tudo que recebo é seu olhar indiferente perante a situação.


— Hanzo tudo isso é desnecessário e você sabe bem disso, meu gosto não será alterável e tão pouco irei mudar de opinião sobre sair de casa caso está seja sua maior preocupação.

— Quero mostrar que não está sozinha, apenas isso.

— Se não fosse por Reii e Suyen talvez eu estivesse morta hoje. Seu abraço não me conforta, ele apenas traz raiva ao meu coração... apenas raiva.


Sou empurrado por seus braços batendo minhas costas na estante, essa suave dor não é nada comparado ao que ela sofre. Eu fiz isso a sua vida e não tem como reparar, não mais, indiferente se vira evitando olhar em meus olhos.


— Que droga Hanzo! Evite fazer isso quando não estamos diante de outros... ser obrigada a ter que abraçar, não gosto ainda mais por ser você.

— Desculpa, queria apenas redimir minha falha e poder te consolar da forma como deveria ter feito.

— Culpa agora não resolveram nada, mas te chamei aqui para dizer que eu e o prefeito iremos inaugurar o Kataomoi em três dias... será uma comemoração para homenagear as famílias.

— Isso envolve minha presença certo?

— Bom que percebeu.

— Tudo bem, eu estarei presente como seu marido como sempre fiz. — indiferença permanece em seu olhar... — Agora eu queria te contar algo importante antes que descubra da forma errada e que provavelmente vai te magoar... ela está aqui.


Vejo seu descompasso natural devido minha fala tão direta, seus olhos se voltam a mim e por eles noto a surpresa se seu ser que ao ruído do abrir da porta busca uma expressão mais séria. Ignorando minha presença, Reii caminha em sua direção assumindo a posição ao seu lado dizendo algo que sou incapaz de ouvir devido a relativa distância.


— Temos um compromisso em poucas horas, esteja pronto às quatro da tarde.


Passa por mim sem dizer mais nada, eu queria que tudo fosse diferente entre nós dois, entretanto parece que a cada instante tudo que envolva nossa relação morre lentamente seja por minhas mãos ou pelas suas ações mais frias. No final estamos apenas adiando o inevitável, a verdade é que desde seu início esse casamento está a fadado ao fracasso... e neste fracasso o maior culpado... sou eu.

Minha fraqueza gerou isso e agora pagarei por minhas ações irresponsáveis movidas por tudo que fosse negatividade, desejei que não fosse tão tarde para me redimir das negligências que causei, porém, vejo que é... Murano... espero que em um futuro próximo você possa conseguir perdoar tantos erros que cometi.











Notas do autor

Vim explicar o significado de algumas palavras usadas neste capítulo.

A palavra "Aoi" significa azul

A palavra "Aka" significa vermelho

A palavra "Kataomoi" significa amor platônico / amor não correspondido.

Um fato curioso é que existe uma música chamada "Kataomoi" também, essa música é cantada pela solista Aimer e foi sua música a principal referência que usei para criar o significado do lugar.

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