季節 (Kisetsu) - Nossas cores (parte II)
Presente (24/12/2020 — inverno) / Akechi Mitsuhide
Apenas em conseguir olhar para seus olhos suaves que transbordam esse mistério sinto-me feliz, não pela metade, mas sim por inteiro.
Afago meus fios marcados pela permanente que fiz mais cedo, mal posso acreditar que até mesmo me arrumei para essa ocasião. Que tipo de emoção é essa que cresce a cada dia mais aqui dentro de meu peito?
— Pensando em algo bobo? — a vejo sorrir, é um ato singelo e ainda assim marcante pelo seu brilho. — É bem sua cara.
— Você está linda hoje, quero dizer, sempre está linda e tudo mais. É que hoje parece diferente.
— É a única pessoa que diz isso, sabe não é?
— A maioria não pode mensurar o quão incrível você é.
— É mesmo um idiota.
Para frente segue e como um perdido a persigo mantendo-me alguns passos atrás, nesse momento posso distinguir a diferença entre nossas alturas. Diante de uma pequena barraca para observando as flores violetas tão vibrantes, são como ela, únicas e imprescindíveis.
— Montaremos nossa lanterna. — digo próximo de seu ouvido. — Faça uma memória desta noite, pois para mim, ela já é marcante.
— Quem disse que aceito isso? — sua expressão muda para algo mais fofo que o comum.
— Por favor, — abro um sorriso. — este nobre rapaz necessita que você crie boas memorias.
— Pedindo desta forma pareço até uma vilã de mangá. — risonha, essa é a face que me revela agora. — Tudo bem, faremos do seu jeito, mas vamos primeiro passar em outras barracas para aproveitarmos esse momento.
Tomo proximidade caminhando agora ao seu lado como desejava, um pouco mais a frente uma barraca e nela páramos. Compro três tentativas, em minha mão direita tomo uma das bolas e contra o alvo arremesso errando-o.
Busco seu olhar e nele enxergo o brilho seguido de um genuíno sorriso, parece que consigo faze-lá sorrir mesmo com minha ruindade.
— Você realmente é ruim nisso. — abre espaço e de minha mão toma a bola. — Observe e aprenda.
Sorri dando uma leve piscadela, com a bola em mão, o seu arremessar contra o alvo mais distante e complicado, acertando-o com facilidade. A última bola é arremessada por ela, num instante chega ao seu alvo pondo final as tentativas compradas, seu prêmio é um urso dourado carregando uma tigela de macarrão.
— Você é muito ruim jogando, realmente não serve para o clube de arco e flecha.
— Eu tento, mas admito que não é meu forte.
— Agradeça minha boa vontade, teria gastado seu dinheiro para nada.
— Claro, claro, eu agradeço grande Katsumi número um de nossa escola.
— Antes eu fosse, talvez assim não sofresse tanto nas mãos de todos eles. — seus olhos percorrem a noite. — Triste tudo isso, mas acabou, eu acho.
— Não pense neles quando tem a mim. — seguro sua mão. — Acredito que apenas minha presença baste, nenhum deles será tão bom para você.
— Você é doido Akechi, não entendo essa vontade de estar insistindo em minha presença.
— Não posso dizer que também entendo, mas, quer saber de algo? — seu olhar me fita. — Acho que posso dizer que sou muito preocupado com sua presença.
— Talvez até mais daquilo que deveria.
— Podemos dizer que sim, acredito que seja por esse caminho.
O silêncio toma seus lábios, em passos lentos andamos até que mais uma barraca seja nossa próxima parada. Numa tenda adentramos, nas prateleiras, diversos chapéus, óculos e até mesmo capas inusitadas, algumas coloridas e outras bem diferentes.
— Vamos experimentar? — paro diante de seus olhos. — Imagino que nunca tenha feito isso.
— Não tive amigos para fazer isso, quando ainda morava em Tóquio foram raras às vezes em que pude ter um momento desses.
— Então terá outra aqui e agora.
— Não gosto de fotos, são ruins, sorrir é algo difícil.
— Jura? Isso é estranho de ouvir. — percorro as prateleiras. — Você faz parecer tão natural, sempre que te olho você está sorrindo.
— É um caso diferente. — suas maçãs ganham uma cor única, rosadas. — Você é bobo apesar de desejar sempre parecer sério. Por isso acabo sorrindo.
— Não me parece o caso, mas aceito.
Um chapéu verde marcado por uma faixa vermelha em sei entorno e um par de orelhas é minha escolha, coloco-o sob os fios de cabelo de Katsumi levando a incerteza de seus olhos.
Um par de óculos comuns deixo em sua face dando-lhe uma nova aparência, ela está bem mais bonita que o normal... esse sorriso...
— Se assustou com minha feiura foi?
— Nada disso, você está linda assim.
— Não sabe o que diz.
A vejo escolher alguns itens do seu lado até que retorna tendo e mãos um chapéu com chifres dourados e uma barba postiça. Coloco os adereços e retorno ao espelho, realmente estou diferente.
— Parece com o quadro que temos na escola.
— O senhor da montanha. Não dá para negar.
— Se por um acaso seres como ele existissem você seria o mais próximo dele, onde já se viu arriscar sua vida pela de outra pessoa.
— Podemos dizer que foi a força de um sentimento maior, algo acima daquilo que posso compreender.
— Bom saber disso, que existem coisas que não entende.
— Por muito tempo eu acreditava apenas naquilo que eu poderia ver. Hoje mudei muito, mas deixe de lado isso, vamos tirar algumas fotos.
Seguro sua mão a conduzindo para dentro da tenda, no começo mostra sua postura comum e fria, mas que soltasse lentamente perante o som de cada bateria de fotos. Atenção era tudo aquilo que eu desejava, e que possuo agora dela, esse momento é algo mágico qual não esperava.
Antes que o último take de fotos fosse tirado, páramos olhando um para o outro, sinto minhas costelas doerem um pouco... acho que me excedi mais do que deveria.
Perco o compasso de meus passos, e antes que pudesse cair no chão seus braços me param segurando meu corpo. Enquanto as fotos são tiradas sou arrebatado pelo seu olhar, estamos tão próximos, posso ouvir sua respiração.
No último flash recobro minha mente tomando distância entre nós, em meus joelhos busco o apoio podendo respirar sem o peso da intensa falta de ar que me causa.
Esse olhar que fito agora, são os espelhos que me permitem enxergar sua alma. Posso entender aquilo que sinto em meu peito, não existe outra verdade além dessa, eu sinto algo por ela que não consigo mensurar.
Presente (24/12/2020 — inverno) / Katsumi Taniguchi
Ele ainda sofré com as sequelas de minha infeliz decisão. De todas as coisas que ocorreram, eu realmente não queria que ele fosse aquele disposto a perder tudo pada me ajudar.
Seus olhos, não perdem o brilho mesmo aie essa dor o persiga, nosso laço é estranho, sinto como se pela primeira vez alguém de minha idade pudesse entender aquilo que corre aqui dentro.
No desfazer de nossa proximidade busco o desviar de seus olhos, agora, não posso olhar para ele nessa situação tão ruim. Talvez este garoto em minha frente seja o mais louco deste mundo para depositar seu tempo em uma pessoa louca.
Afasto-me buscando a imagem do acender das luzes... acabou... cruzo as cortinas primeiro deixando sua presença para trás.
Logo surge com o mesmo sorriso brilhante nos lábios, Akechi, como pode continuar assim, agindo sem que a vergonha lhe consuma.
Aliso os fios de meu cabelo desviando minha atenção para as fotos que saem da máquina, ficaram boas o suficiente para dizer que estou bonita pela primeira vez.
— Ficaram boa, tudo com você fica bom.
— Diz isso apenas por conveniência.
— Nunca. — sorri mostrando o brilho que carrega consigo. — Deveria acreditar mais em si, é bonita, mais bonita do que todas as pessoas existente.
— Não é para tanto.
— Penso o contrário.
Toca minhas costas, nas mãos toma todas as fotos olhando para elas com algo diferente em seu olhar, um sentimento inusitado, não sei dizer o que é isso quando surge quando olha para mim. No entanto, posso afirmar que difere do brilho comum que carrega consigo.
Torno a voltar meu olhar para a paisagem que gradualmente parece ganhar um brilho mais suave, nuvens parecem se mover em seu próprio ritmo mais suave a cada minuto.
— Falta pouca mais de dez minutos para a chegada da neve.
— Esse momento apesar de tudo ainda é especial de um jeito único, minha mãe, ela adora esse momento.
— Sua mãe?
— Sim, — busco seu olhar. — ela adorava esse festival e sempre que podia contar, falava de suas histórias que aqui viveu.
— Lembrei que você não era daqui, todos diziam sobre a garota de Tóquio e quando eu a vi pela primeira vez parecia alguém tao legal.
— Nunca procuraram entender meu lado, mas não posso dizer que estão errados em tudo... realmente sou uma garota estranha.
— Não acredito nisso, o máximo de estranheza que possui é aceitar sair comigo. O representante chato, mesmo sendo popular, não sou nada atrativo e imagino que tenha percebido.
— Tenho dúvidas disso.
— Não deveria, acho que sou incapaz de gerar emoções em outra pessoa.
— Aquela sua amiga discorda disso, percebo pela forma como ela olha para você... carrega emoções por você e nem mesmo conseguiu perceber isso.
— Eu sei disso... prefiro não falar sobre isso devido a minha atual emoção, tem alguém que eu gosto e não desejo que essa emoção desapareça.
— É uma garota de sorte, então, — acabo por sorrir, ao menos tera alguém importante. — espero que consiga chegar até ela.
— Tem razão, mas posso dizer que tenho mais sorte ainda nisso. Não sei se ela gosta de mim da mesma forma, mas eu estou realmente satisfeito com essa emoção.
— Talvez essa emoção seja apenas um delírio momentâneo.
— Pode ser que sim, talvez seja isso mesmo e eu estou imaginando coisas infundadas em minha cabeça.
Busco uma visão semelhante à sua, o céu e sua formação de nuvens tão curiosas.
— Sabe de uma coisa Katsumi, talvez eu deva revelar para ela como eu verdadeiramente me sinto ao invés de adiar esse evento.
— Estou longe de ser a melhor pessoa para ajudar você nisso, nunca tive essa experiência, gostar de algum é complicado.
— Katsumi.
Desvio meu olhar na esperança de encontrar seu olhar, admito, acho que realmente gosto disso que acontece entre nós. Uma emoção inusitada qual eu sinto certa fatalidade após tantas voltas confusa, por mais que soe triste eu espero que ele encontre essa garota da qual tanto gosta.
O silêncio nos envolve por instantes, seguimos até uma barraca e após comprar a lanterna assim como as flores retornamos a um banco mais calmo.
Conversar com ele é algo curioso, admito, posso chamar ele de amigo apos tantas desventuras. Entre sorrisos e carretas terminamos a lanterna, mas pelo toque de meu celular sou interrompida.
— Alô.
— Katsumi, não vou poder te acompanhar na volta para casa.
— Tudo bem, posso voltar sozinha.
— Pedi para que um motorista esteja a sua disposição, apenas ligue para ele.
— Não precisa de nada disso, voltarei sozinha hoje... aproveite a noite com sua companhia.
Desligo a chamada retornando minha visão para aquela que é nossa lanterna, seu corpo carrega o ideograma de emoções. Uma boa escolha para nossa atual situação, ponho em seu centro a flor de coloração púrpura.
— Katsumi, tem algo que eu desejo falar.
— Tudo bem, pode me falar após levarmos essa lanterna ao céu.
Abro um sorriso ao testemunhar a primeira queda do floco, deixando o abraço das nuvens, em rodopio, cai até que sua pare acima de minha testa.
O inverno enfim chegou, gosto desta estação, mesmo que seja um momento triste de minha vida, algumas lembranças boas me fazem perceber que mesmo nessa dificuldade ainda existe algo pelo qual estou disposta a viver.
Juntos tocamos na lanterna, nossa união é aquilo que nos traz a força para lançar ela ao céu como todas as outras que iluminam agora a noite.
Desejo que todos os que julgo importantes assim como aqueles que passaram pelo mesmo que passei possam viver sem arrependimento, medo ou tristeza, que todos possam amar aqueles que lhe são importantes.
— Katsumi, tem algo que eu desejo revelar mesmo que um pouco tarde para isso.
— São meia-noite, como tempo não nos falta, pode contar o que deseja.
Sinto o tocar de sua mão, a minha, como uma dança qual eu evitei por tantos e tantos anos como uma medrosa. Em seco acabo por engolir sentindo a palpitação elevar-se em meu peito, mesmo contra minha vontade busco sua face recebendo em retorno seu olhar brilhante assim como o sorriso singular.
— Tive medo de dizer isso logo quando descobri, antes de entrar na escola, foi quando vi você pela primeira vez.
— Antes da escola?
— Você estava lendo, mas logo parou quando uma menina chorosa surgiu. Ajudou ela mesmo que mal a conhecesse e aquilo foi incrível para mim.
— Foi algo comum.
— Para mim não foi tão comum, ajudou uma pessoa e isso é nobre. Aquela menina era minha irmã mais nova, ela estava muio doente, num deslize de meu pai ela fugiu e gracas a você pudemos encontrar ela.
Um sorriso surge em meus lábios, palavras me faltam assim como a voz de ausenta. Sua fala foi o suficiente para isso ocorrer.
— O que eu desejo dizer, é, você é uma pessoa incrível que não deveria ser limitada as opiniões ruins... saiba que eu te admiro muito, não tenho palavras para esboçar o quanto.
— Eu também te admiro Akechi, você é uma pessoa incrível de estos heroicos quais eu jamais poderia realizar.
Sua mão repousa acima da minha, um sorriso surge em meus lábios, não consigo controlar ele como gostaria de fazer. Para o céu torno a olhar observando o cair da neve, enquanto aqui dentro, meu peito se aquece.
— É apenas isso que desejava dizer, eu admito, gosto de você Katsumi Taniguchi.
Meus olhos vão a seu encontro, meu peito está estranho... falta-me ar e diante desta imagem tudo que posso ver é seu sorriso. Os olhos buscam o outro lado, incapazes de me olhar, então essa é a emoção mais curiosa de todas? Alguém gosta de mim pelo que eu sou.
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