Capítulo 04
  
  
Uma aurora boreal faz o mar se apaixonar
  

   
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ERA INCRÍVEL COMO O CÉU REFLETIA NO LAGO, Percy não se lembrava quando tinha sido a última vez que viu tantas estrelas. Aurora caminhava olhando para o céu e sabia exatamente onde pisar, parecia que enxergava melhor o que estava à sua frente seguindo um mapa no céu. Percy, por outro lado, tropeçou duas vezes quando eles subiram no píer.

Havia um barco pequeno com dois lugares, a madeira desgastada e o acabamento arranhado do carburador indicavam que ele não estava sendo usado há um tempo.

— Acha que vai funcionar? — Aury perguntou enquanto eles entravam no barco.

— Não se preocupe, essa parte é comigo. — Percy subiu a manga do braço direito e colocou a mão na água como se estivesse sentindo o ambiente.

Ele começou a controlar a água, criando movimento para o barco se mover em uma velocidade agradável pelo lago.

— Eu estava falando de tudo na verdade, essa missão. — Aurora falou olhando para o lago. — Não sei, começo a pensar que talvez fosse melhor voltarmos para o Acampamento…

Percy tirou a mão da água e o barco deslizou pela superfície do lado até parar no centro. Ele se aproximou de Aurora fazendo um grande esforço para falar de forma otimista.

— Se voltarmos agora você vai continuar com essa sensação de que alguma coisa está faltando. Vamos tentar mais um pouco e se não der certo, ao menos vai saber que fez tudo o que podia.

Aurora olhou para ele com os olhos brilhando.

— Agora foque em olhar pra cima, seu destino está no céu. — Ele falou gentilmente e mesmo que se sentisse ligeiramente nervoso na presença dela, pareceu fluir bem.

Aurora pegou o violão o tirando da capa, olhou para o céu enquanto colocava o instrumento no colo. Seus dedos percorreram as cordas fazendo notas suaves dançarem ao redor do barco e pela superfície da água.

Aí em cima nos céus,
você pode me ouvir?
Não encontro mais ninguém,
nem sei se devo estar aqui

Uma luz prateada começou a envolver o pequeno barco e fez a água se mover, a voz dela soou como se fosse a única música no mundo - única e de uma beleza que Percy sabia que nunca mais encontraria igual. E assim como ele, o céu ouviu e as nuvens se abriram, era possível ver a cauda da via láctea se estendendo.

Estrelas cadentes surgiram, uma chuva de meteoros que se intensificava conforme Aurora cantava. Percy ficava dividido entre olhar para o céu e olhar o reflexo das estrelas nos olhos da garota enquanto ela enfeitiçava a noite com sua melodia.

Onde eu cheguei?
Você pode me contar
Quem eu sou? Quem eu sereeei?
No meio da noite
Em algum lugar
Podereeeei te encontrar?

Cores intensas surgiram logo acima da cabeça deles, roxo e verde, uma luz que refletia no lago e Percy podia sentir a pele arrepiando.

— Uma aurora boreal… — Ele sussurrou deslumbrado.

Aurora ficou os olhos em uma estrela, o brilho dela tremeluziu e a estrela se moveu se aproximando, por um instante a garota achou que o céu iria desabar sobre o lago e que as estrelas iriam se fundir com a água de tão grandioso e terrivelmente belo que era aquele poder.

A estrela ganhou forma e conforme ela se aproximava flutuando sobre o lago, Aurora reconheceu a silhueta de uma mulher.

As mãos da garota apertaram o braço do violão, ela sentiu algo dentro dela sacudir como todas as constelações no céu e o vazio que antes sentia se dissipou por completo.

— Mamãe. — Ela sussurrou com lágrimas nos olhos.

Percy observou em silêncio respeitando o momento delas.

A estrela caminhou pela água até Aurora, estendeu a mão e tocou o rosto dela.

— Olá, filha.

Aurora segurou a mão da mãe contra o seu rosto como se aquele afeto fosse o que tinha procurado a vida inteira. A mulher tinha pele negra pintada pela noite, em seus olhos havia pequenos pontos brilhantes como constelações e o cabelo crespo se estendiam longo até as costas.

— Desculpe pela demora, o tempo para mim é diferente lá em cima. — Ela olhava para Aurora com muito carinho e então se virou para Percy. — Espero que não tenham enfrentado muitos problemas até aqui.

— Ah, só quase morremos algumas vezes no decorrer da vida, mas é o esperado para um semideus. — Percy murmurou. — Eu sou Percy Jackson, filho de Poseidon.

— Muito prazer, Percy. — Disse a estrela. — Eu sou Mérope.

— Uma das plêiades. — Aurora falou como se a compreensão tivesse lhe pegado naquele momento.

— Sim, eu sou a estrela perdida. Zeus transformou a mim e minhas irmãs em estrelas para nos proteger do caçador Órion - outro filho de Poseidon. — Mérope contou a eles. Ela ergueu as mãos e pequenas estrelas surgiram formando silhuetas e formas, como constelações que tomavam a forma dos personagens conforme ela narrava. — Uma vez me apaixonei por um mortal e isso não foi bem visto pelas minhas irmãs e por Zeus, é proibido nos aproximarmos de um mortal. Como castigo diminuíram meu brilho e fui esquecida pelos humanos que não podiam me ver a olho nu, só posso vir à Terra a cada dezesseis anos.

— Então, por isso levou tanto tempo… — Aurora sussurrou. — Não era por não querer.

— Claro que não, senti sua falta por todo esse tempo. — Mérope sorriu para ela. — Você tem a determinação do seu pai, espero que William esteja bem.

— Ele sempre observa a sua constelação, acho que ele sente você ali. — Aurora sorriu para a mãe.

— Foi a primeira vez que me senti enxergada por alguém. Saiba que você é fruto de um amor imenso, Aurora. E mesmo quando eu não puder me manifestar diretamente, estarei sempre com você. — Mérope beijou a testa da filha e as duas se abraçaram por um longo momento. — Escute, Aurora. Tempos sombrios estão chegando para o Olimpo e os semideuses. Tenho alguns itens espalhados pelo mundo, meus fragmentos de estrela que podem lhe ser útil de alguma forma.

— Posso falar com Quíron e organizar uma missão. — Aurora olhou para Percy como se perguntasse se a ideia fazia sentido.

— Estamos tentando fortalecer o acampamento ao máximo, vai ser importante. — Percy concordou e Mérope sorriu pra ele, a sensação foi de quando se olha para o céu nublado e consegue ver uma estrela brilhando como se fosse unicamente para ele.

— Vou poder te ver de novo? — Aurora perguntou à Mérope.

— Toda vez que olhar para o céu, eu estou com você. — A estrela abraçou a garota.

Percy sentiu um certo contentamento por ter ocorrido tudo relativamente bem.

Mérope beijou a testa da filha mais uma vez e sua forma se transformou em um facho de luz que seguiu até o céu, se aninhou na constelação de touro e piscou três vezes como se estivesse dizendo "eu amo você".

Aurora e Percy olharam para o céu por mais uns instantes. Os dois se aproximaram e acharam uma posição confortável no barco, naturalmente foram se aproximando até que a cabeça de Aurora estivesse descansando no ombro de Percy enquanto ele a abraçava. Ela temeu que o vazio voltasse dentro dela quando o sol começou a surgir, mas percebeu que ainda se sentia preenchida.

— Pronta para ir pra casa? — Percy perguntou quando as primeiras cores do amanhecer refletiram no lago.

Ela entrelaçou os dedos com os deles.

— Sim.

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notas: eu sinto que deve ter umas três pessoas que leem essa fic, mas eu vou continuar ela e concluir porque ela é especial demais demais pra mim. e mesmo que tenha uma só pessoa lendo, já vale a pena. se você estiver acompanhando, por favor deixe seu comentário, significa muito pra mim! escrevi essa capítulo com Sandy & Júnior na cabeça: SE A LENDA DESSA PAIXÃO FAZ SORRIR OU FAZ CHORAAAR, O CORAÇÃO É QUEM SABE. Todas as musiquinhas e versinhos eu faço enquanto escrevo e pra esse capítulo eu até peguei a guitarra e consegui achar as notas dos versos da Aurora. E aqui vai uma imagem de como eu imagino Percy e Aurora vivendo juntos.