春 (Haru) - A garota da meia-noite
Sinto o ar me faltar em seu aproximar, e quando as luzes se evanesceram me perdi da última visão de seu olhar âmbar.
Tão escuro ao mesmo tempo, tão intenso. Quando ele ficou assim... e num toque me sinto desarmada por ele, meu corpo rente ao seu, os lábios me consomem enquanto seu perfume amadeirado me instiga.
O desabotoar de minha camisa segue em seu próprio ritmo, e entre as pausas de seus beijos fito mesmo em meio ao escuro os orbes brilhantes que são seus olhos.a seus olhos tão brilhantes, e no atracar de seu toque ouço minha voz.
Mas num piscar de olhos me sinto presa diante dos braços me colam ao chão, a face do homem com qual um dia vivi encaro. Minhas lagrimas escorrem, os calafrios me percorrem e grito de socorro, deixo escapar minha voz aos seus ouvidos.
— Calma. Estou aqui. — As palavras que ouço, respiro sentindo sob minha cabeça o repousar de seu toque. — Estou aqui, ninguém vai te machucar.
As memórias me assombram mais do que gostaria que fizessem, não importa quantas vezes tente, num susto sempre afastarei seu corpo do meu, meus olhos fecho sentindo o surgir das lagrimas. Não consigo fazer isso, o toque de afago percorre minhas bochechas.
— Está tudo bem, não precisa chorar.
— Desculpa. Eu apenas não consigo fazer isso, desculpa estragar seu aniversário.
— Katsumi, estamos juntos faz um ano e meio e você não estragou nada. Entendo o que te faz ter medo, esperarei o seu tempo como prometi naquele templo.
— Tem tantas garotas no seu departamento, acho melhor escolher outra namorada. Não sofrerá com elas.
— Gosto de você, não delas, e sendo honesto...
Em seu colo me deito, seu afago em minhas madeixas sinto percorrendo cada centímetro de meus cabelos. Gosto da sensação de pertencer a ele, ao seu abraço, seus gestos por menores que sejam me lembram do conforto e não de meus pesadelos.
— Amanhã vai ser um dia cheio, teremos muitos calouros. Os veteranos já estão planejando realizar um encontro após as aulas e talvez eu participe, seria bom para você ir tambem, garota da meia-noite.
— Hum, ainda lembra disso?
— Sim, a primeira vez que vim aqui e pensei que teriamos filme quando na verdade estudamos até a meia-noite. O ponto agora não é esse, mas sim como adoro participar desses eventos, afinal foi em um deles que nos conhecemos que nos aproximamos de verdade.
— Você parecia motivado naquele jogo.
— Queria impressionar uma pessoa em especial, por isso joguei tão bem aquela partida. De nada vale ser bom caso não possa conquistar você.
O sorriso cínico em seus lábios, suspiro atraindo até meu rosto o afago. No sutil aproximar nossos lábios se encontram, Yoru, eu gosto realmente de você.
Nossos lábios se afastam, o celular ouço vibrar, ele o apanhou e ao olhar para sua tela sorriu como uma criança boba.
— O que houve?
— Meu irmão, ele alugou um apartamento perto do campus.
— Não conseguiu um pela faculdade?
— Todos estão cheios, e pelo que entendi ele veio com uma pessoa um tanto inconveniente para ser honesto. De qualquer forma ele não aspira frequentar a faculdade, mas cogito morar com ele.
— Inconveniente? Acho que essa é a primeira vez onde vejo você não gostar de alguém logo de cara.
— Nas férias conheci essa pessoa, não gosto muito dela desde que nos brigamos numa casa de campo. Vai por mim, ela parece bonita por fora, mas é horrível por dentro.
— E por que brigaram? Acho que nunca ouvi essa história.
— Certa vez tivemos que...
Antes que pudesse continuar as batidas, a porta o calam, e com sua abertura encaro aos olhos travessos. Ela realmente chegou mais cedo como prometeu fazer. Minhas mãos conduzo ao rosto sem graça pela cena, esqueci que meu sutiã a sua vista se encontra, Yoru, por outro lado, apenas sorri enquanto afaga meus cabelos.
— Pensei que a essa altura já ia estar distante aniversariante. Seu colega de quarto te expulsou foi?
— Não se preocupe, Natty, estou indo embora. Vim apenas deixar minha namorada em casa, se tivesse namorado iria entender meu lado como cavalheiro.
— O dia em que arrumar um namorado me for útil, conversaremos melhor senhor das bolas.
— Quando escuto isso, entendo os rumores, também não facilita.
— Rumores? — questiono ele que me olha com pena. — Que rumores são esses que está falando?
— Não sabia disso? — Yoru me fita incrédulo desta vez, às vezes esqueço dessas suas reações mais extravagantes. — Falam que a Natty é lésbica e que por isso não aparece com homens.
— Tome como aviso, se não tomar cuidado vou roubar sua namorada, é melhor ficar esperto Yoru.
— Engraçadinha.
— Deveria pedir para pararem com esses rumores, pode te prejudicar.
— Está tudo bem, mas saiam dai logo, vamos comer. Trouxe pizza.
Rimos a noite, e quando as onze tocaram o relógio eu me despedi dele tornando a encarar meu comodo vazio, por mais que eu tente as coisas não saem como eu queria que fossem.
Me deito sentindo o conforto de meu travesseio, faz um ano que as coisas tem sido assim. Desde que ele foi embora tem sido assim para mim pelo menos, eu me pergunto se também é para ele ou se apenas eu fiquei com as memórias ruins daqueles dias de outono. Só queria poder reencontrar ele, Akechi, me pergunto como você está vivendo e o que está fazendo agora.
E no quebrar da incônscia de meu sono salto da cama, a minha roupa apanho no armário e ao deixar do comodo me arrumo encarando ao final Natty sentada no sofá. Ela realmente não brinca quando o assunto é a moda, suas roupas do pé a cabeça estampam à elegância, e o preço, é um absurdo ela gastar tanto dinheiro em roupas de marca.
No frigobar apanho uma garrafa de água com gás, tomo um gole sentindo a queimação dos gases descer por minha garganta como fogo e no tossir acabo por chamar sua atenção.
— Vai para onde vestida assim?
— Lembra daquela loja que fomos na semana passada?
— Acho que sim.
— Bem ela me ofereceu uma proposta de ensaio, até o meio-dia não vai me ver na universidade.
— Planeja ir ainda?
— Sou uma das veteranas em nosso departamento. Estranho seria se eu não fosse, ainda mais quando a professora que dará aula vai apenas repor o que perdemos na semana passada.
— Entendo.
— Mais tarde teremos uma confraternização para os calouros, você vai?
— Não sei.
— Já está assim?
— Vocês é que são bem rápidos.
— Será divertido, foi recomendação da sua mãe, ela disse que pode ser um lugar bom para passarmos o tempo.
— Sei, vocês vão passar o tempo com garotos e enquanto você? Não tem medo de ser ofendida?
— Gostar de mulheres não é tão problemático quanto parece. Mas e você, como tá? Antes de bater, eu ouvi você pedir socorro.
— Estranha. Tentei de novo e travei mais uma vez quando as coisas ficaram mais íntimas... lembro de tudo e acabo ficando com medo.
— Não fica assim, e não se force mais do que o necessário, por favor.
— Acho que vou terminar com o Yoru, não quero fazer ele sofrer por conta disso e tão pouco sinto que superarei essa coisa em mim tão cedo.
Diante de meus olhos se ajoelha segurando minha mão, os da Naty olhos parecem tão grandes de perto que soam fofos. Sob a ponta de meu nariz deixa o toque abrindo um sorriso ao notar o meu, ela é realmente a melhor parceira que eu poderia ter escolhido como companheira de quarto, apesar de nosso quadro de aulas quase não ser compatível.
— Vou voltar mais cedo para termos tempo de ir até o jogo. Mas quero pedir que pense com cuidado sobre isso, Yoru é um cara legal e que merece sua honestidade assim como você também merece ser feliz.
— Por isso quero terminar, não consigo dar o que ele quer.
— Saiba que vou te apoiar no que quiser fazer, todas faremos isso, portanto não tenha medo da sua escolha. E sendo honesta, talvez seja bom você passar um momento sozinha.
— Vocês são as melhores amigas que eu poderia pedir.
Minhas coisas pego deixando ao seu lado nosso dormitório, acho que nunca cansarei de dizer isso. A primavera é diferente quando estamos aqui, depois que comecei a estudar aqui passei a entender o quão bela uma estação pode ser. A escola de humanidades, sociologia e letras.
O prédio por si é uma experiência única de se ver, o corredor tomado pelas árvores que precedem a entrada, as luzes que voltas dão entre os galhos chegando até suas folhas. Talvez seja o prédio mais bonito por tudo o engloba e não apenas por sua arquitetura.
A primeira aula é onde paro, fico feliz de estar aqui, porém é estranho pensar nisso quando eu nem mesmo tenho foco nelas. Nunca tive vontade em fazer letras, mas estranhamente me parece divertido.
Apanho meu notebook o deixando pronto para a aula, na lateral a mensagem surge. Um jantar familiar marcado para hoje, por um momento esqueci que esse evento estava previsto. Significa que após o jogo terei que me encontrar com Yoru, espero ao menos que esse jantar não seja chato como o último que pretendia fazer e no final apenas nós dois fomos. Por outro lado, é uma ótima forma de pedir desculpas pelo que aconteceu ontem.
Não foi a primeira vez que tentei, mas, parece que saber disso torna tudo pior do que já é, de qualquer forma ainda posso pedir desculpas por aquilo mesmo que ele diga que não é preciso. Engraçado como isso me remete ao passado, pouco antes de descobrir o que eu queria fazer de verdade. Posso dizer que apenas pude conhecer ele por conta dela.
Passado (13/03/2021 — inverno)
— Katsumi, — sua voz, ela é diferente de Naomi e bem, tem um conforto e calmaria distintos, algo que me encanta mesmo não sabendo bem o motivo disso ou mesmo como explicar. — precisa levantar dai. Ele não voltará tão cedo e o "EJU" já passou.
— Gosto dele, muito mesmo, tanto que nem sei explicar o motivo disso... porém não tem sentindo nada... mesmo fazendo o EJU ainda não sei o que quero fazer.
— Sei disso. Akechi é um menino de ouro e por muito tempo fui feliz em ajudar seu pai a cuidar dele. Porém, isso não justifica você ficar aí, as provas já passaram e apesar de ser aprovada para a universidade, Minamoto não pode ficar deitada para sempre esperando ele voltar.
— O que me recomenda Hoshino-san? — me viro encarando a seus olhos violeta, ela é bonita, entendo o motivo de minha mãe ter se apaixonado tão avassaladoramente. — Não tenho muito o que fazer nesses meses vago.
— Tenho uma recomendação, podemos ir fazer compras. Seria bom ter roupas novas para os encontros que terá e quem sabe impressionar um novo amor. Esperar eternamente por ele não me parece certo.
— Ninguém vai gostar de mim. Sou estranha o suficiente para afastar as pessoas, você viu isso quando conheci seus funcionários.
— Se pensar dessa forma realmente ninguém irá. Dito isto se levante e ponha uma roupa bonita para irmos às compras.
— Sim, — sorrio para ela. — irei me arrumar mãe.
Presente (01/04/2024 — primavera)
Desvio meu olhar para o relógio, e enfim acaba o primeiro tempo. Em minha bolsa arrumo meus pertences, e ao término me levanto encarando seu aproximar e seus olhos tão inquisitivos. Se eu não ha conhecesse tão bem diria que esta doente, mas tendo em vista o brilho posso dizer que não é nada grave.
— Você vai ver hoje a noite?
— O jogo? Talvez, ainda não tenho certeza se desejo ir, também terei um encontro familiar e ir para o jogo me parece estranho agora.
— Soube que tem um novato do departamento de artes plásticas, ele vai jogar hoje com alguns dos ingressados e falaram que ele é quase tão bom quanto seu namorado.
— Ninguém é melhor que o Ryusei, isso posso afirmar.
— Vai ser interessante. O time da universidade contra os calouros, mal posso esperar para ver o que teremos desse jogo.
— Jura? Você parece mais interessada em saber do novato.
— Tem muitos esse ano. Espero que a maioria não desista após enlouquecer quando as coisas entrarem no ritmo normal.
— Hashimoto-chan, por favor, não os assuste.
— Fala como se eu soubesse de tudo... de qualquer forma acho que será bom contanto que nenhuma veterana se apaixone por eles.
— Fala do ano passado? Soube que a Mina foi para Quioto, as pessoas pegaram pesado com ela quando souberam daquela fofoca.
— Rumores são um problema.
— Fala como se não soubesse da metade deles, todos sabem que quando o assunto é rumores você sabe de todos.
— Não é para tanto, mas admito.
E antes das palavras finais, ele surge como o cavaleiro branco que é. Ryusei, me pergunto por que sempre surge do nada e ao nada vai em instantes sempre parecendo tão legal.
O problema é isso, são suas roupas, seu sorriso, a gentileza que exala, e os olhares de todas demonstram bem isso, o que acho particularmente engraçado.
— Está tudo bem? Posso roubar minha namorada para um almoço importante?
— Importante? Alguma comemoração especial?
— Meu irmão veio para a faculdade hoje, honestamente? Ele é incrível, mas vive uma vida distante dos holofotes e a universidade trouxe isso de volta para ele.
— Imagino que ele tenha arrumado algum tempo. Tudo bem, eu aceito ir. — lhe devolvo um sorriso, mas, ao mesmo tempo, me pergunto como faremos isso sendo que honestamente faz pouco tempo. — Porém, nunca conversamos sobre ele direito.
— Tem razão, não falo muito sobre ele. Na verdade, pouco falo sobre minha família, mas hoje todas as suas dúvidas serão tiradas.
— Tem algo que eu gostaria de te contar.
— O que é?
— Será que podemos a-
E antes que eu pudesse dizer mais palavras me silenciam, um toque desperta sua atenção e pelo desviar do olhar encara o aparelho. Não contei para ele, mas sinto que devo, ao menos se quiser ter um pingo de honestidade com ele nesse momento onde me sinto tão insegura sobre tudo. Com pesar me encara, aparentemente eu nem consigo dizer a verdade para ele quando sei que deveria o fazer.
— Amor, me desculpa, mas vai ficar para depois. Tenho que encontrar com meu professor para falar sobre uma amiga, meu irmão não poderá fazer isso.
— Tudo bem, sem pressão. Nos vemos no jogo então.
— Obrigado por ser compreensiva.
— Sempre serei.
E assim quem saiu da sala de aula, tomo minha deixa fazendo o mesmo também. Na entrada troco meus sapatos, e enfim deixo o prédio caminhando pelo corredor de árvores em sua frente.
Pensar que em um dia comum eu teria mais aulas agora me preocupa, porém, hoje como muitos calouros ingressaram seus departamentos assim como os professores decidiram aliviar. O problema em si é ficar parada, não sei o que dizer ou pensar, ainda mais agora que marcamos esse jantar em família.
Antes dissemos que mais cedo ou mais tarde iriamos passar por isso e honestamente não é uma mentira por completo. Só que agora quando estou tão perto me sinto estranha, existem tantas coisas que quero fazer antes de me encontrar com sua família.
Seus pais, irmãos, nunca conversamos sobre eles e isso me espanta ainda mais agora que horas me impedem de conhecer eles. Às vezes eu realmente queria que essas emoções fossem algo mais fácil de entender, principalmente agora que preciso descobrir o que quero.
Talvez eu devesse perguntar sobre isso para minha mãe, Akechi não é uma mulher, mas talvez algo possa tirar de um encontro assim.
Sigo para longe do campus tomando o metro, e após meia hora de trajeto desço na estação de Ginza, e não muito longe dela, a sacada única que entendo o motivo de chamar atenção.
A entrada do estabelecimento, o grande Kataomoi, adentro sendo recebida pela funcionária que me guia a mesa no segundo andar.
Nela me sento sendo surpreendida pelo seu repentino chegar, e não importa o horário em que venha aqui, ela sempre estará atarefada. Sob a mesa deixa seus pertences direcionando a mim seu olhar, que fora seguido pelo doce sorriso que fez minha mãe se apaixonar.
— Vim mais cedo, não ha muito o que fazer na universidade e soube que precisava de ajuda.
— Então vai aceitar minha proposta? Ou pode ficar aqui, e ajudar. Será um prazer ter sua presença.
— Pensarei na sua proposta, por hora quero ajudar e perguntar algo, mas essa pergunta eu não tenho tanta certeza se pode me ajudar.
— E sobre o que é?
— Tem alguém que gosto, mas digamos que existem alguns problemas ocorrendo entre nós, e eu não quero que essa pessoa sofra mais do que o necessário. Não sei como contar isso sem magoar essa pessoa.
— Se o que diz for aquilo que entendo, então não existe uma resposta certa, não quando há dúvidas em seu peito. Quando cheguei a ver Naomi pela primeira vez, eu realmente queria ficar com ela, mas nunca pude contar esse segredo até que o momento foi criado e acho que deve criar esse momento caso realmente deseje contar esse segredo para essa pessoa.
— Meio que eu não quero mais namorar essa pessoa. Minha cabeça está confusa, e eu sinto que persistir nisso terminara do jeito errado.
— O que posso dizer é que vocês jovens são muito complicados, mas em minha posição não posso dizer que não fui. Acho que distrair sua mente será a melhor opção enquanto pensa na melhor opção, e se ainda não chegar numa conclusão você sempre pode cancelar os eventos.
E por um pequeno instante eu realmente pude me esquecer de tudo, trabalhar para ela é minimamente diferente de tudo que tentei e, ao mesmo tempo, me deixa feliz. Ajudar a organizar seu estoque mesmo que seja pesado em certos momentos é diferente, ao menos posso sair um pouco do ciclo vicioso de estudar e estudar.
Quando a hora chega deixo seu lugar indo em retorno ao dormitório, minhas vestes troco após o banho vou de encontro a sala de aula.
Uma aula estranha que escolhi, mas foi o acordo entre todas nos, e assim fizemos ao escolher a disciplina da professora mais curiosa dessa universidade. Particularmente acho ela interessante, mesmo sabendo que termina seus dias limpando a bagunça dos alunos.
Num instante seus óculos caem pelo nariz e ela empurra, endireitando-os. Um gesto simples, mas suficiente para que todos os alunos se derretam por ela... na verdade... uma única pessoa não se move por ela, o que é curioso.
— Riho-sensei. — um dos veteranos se pronuncia, a fala é mansa e típica dos casos comuns que sempre terminam da mesma forma. — É verdade que você saiu com a diretora? Sabe todos os alunos do terceiro e segundo ano estão comentando sobre isso, nós os veteranos estamos tentando abafar o caso, mas como não sabemos a verdade é difícil manter a fofoca apagada.
— Obrigado pelo aviso Kenta.
— Riho-sensei, eu não sei até que ponto esses rumores são verdade, mas se me permite falar é um desperdício de uma mulher linda como você não se interessa por outros homens. Há muitos alunos apaixonados pela senhora e se me permite dizer posso me considerar um deles.
— Agradeço ao seu entusiasmo com minha pessoa com tudo Não estou interessada em pirralhos, muito menos aqueles que se contentam em ouvir os rumores infundados contra a minha pessoa. Porém, direi algo, mas não leve para o pessoal, ainda que eu me interesse por mulheres isso não lhe diz respeito, afinal quem passa as noites com elas sou eu e não você, portanto mantenha sua curiosidade estritamente na aula e nada além dela.
Isso me faz recordar quando os rumores eram sobre mim. Ainda que eu seja uma das veteranas, não posso deixar de pensar em como palavras e finalizações podem debilitar a vida de uma pessoa. Ao menos posso compreender o que a professora quis dizer, que bom que percebi que as palavras podem causar danos. É até curioso, certamente sabia que era verdade, minha mãe me disse uma vez que a professora Riho é alguém por quem pesa muito ainda que o passado não tenha dado certo.
Com tudo pergunto quem se prestaria o papel de disseminar rumores contra uma das melhores professores da universidade.
Sem dúvida essa pessoa tem tempo até demais para perder, queria apenas que essas pessoas tivessem mais o que fazer.
Isso me lembra dos primeiros dias de faculdade, depois do dia em que conheci Yoru muitos rumores começaram apenas por um gesto amigável de sua parte. Pelo menos aquele instante foi engraçado.
Passado (01/04/2021 — primavera)
A primavera. Desde aqueles dias de escola que no me animava tanto com algo tão bobo quanto uma estação do ano. Aqueles dias foram a última vez em que ele falou comigo e desde então nunca mais tive notícias suas.
Quando pensei no que fazer tinha em mente sua presença, viver num apartamento próximo à universidade, estudar e depois trabalhar com Murano ou minha mãe.
No final nada foi possível, e eu fiquei para trás esperando ele voltar sabendo que isso nunca acontecerá.
Parece que fui a única que se iludiu com essa imagem, mas devo esquecer isso, prometi para mim mesma que esse momento seria diferente de todo meu ensino médio. Chega de coisas ruins, a senhorita Hoshino está certa, meu dever é tornar essa experiencia algo único e não um sofrimento.
Naomi me trouxe aqui, quero dizer, minha mãe... ainda é estranho pensar que alguém tão boa quanto ela possa ser minha mãe. Me sinto feliz em saber disso e por conta farei o certo.
Caminho pelo campus aberto, é engraçado ver como há tantas pessoas diferentes no mesmo lugar e, que ainda assim, não um isolamento geral. Talvez meus temores sobre me dar bem sejam infundados, não é como se eu precisasse temer algo, as coisas não são mais como antes quando eu me calava ao errado esperando um milagre ocorrer. Não, não há motivo para ter medo agora, existem pessoas que é apoiam e isso por si já é uma força maior do que aquela que eu tina no passado.
Em meu corpo sinto o aperto, meus braços são agarrados, e no puxar encontro o abraço. Contra seu peito me choco, apenas ouço ao fundo o pedido de desculpas sem nem abrir meus olhos. O perfume que sinto, ele é bom, mas eu diria que um tanto feminino para alguém tão forte, sua respiração pesada escuto e no tocar das minhas costas o arrepio me percorre a espinha.
Inclino meu rosto encontrando acima algo tão familiar, mas ainda assim novo, ele é diferente e mesmo assim consegue me fazer lembrar do rosto dele de uma forma tão distante.
— Desculpa ser tão súbito, eu tentei avisar, mas seus fones não a deixaram ouvir minhas palavras altas.
— Des-desculpa. Eu deveria ser mais atenta.
— O importante é que não se machucou, não posso dizer o mesmo de meu amigo na bicicleta. — o sorriso que seguiu por seus lábios, é lindo, como alguém pode ser tão simétrico... — Que rude de minha parte, nem mesmo disse meu nome.
E no afastar do abraço seus olhos se voltam até mim com aquele sorriso, talvez eu esteja delirando, mas seu rosto é muito...
— Meu nome é Yoru. E apenas isso, um jovem aspirante a jogador de basquete.
— Isso é o que chamo de uma boa apresentação, Yoru. — deixo meu sorriso transparecer. — Obrigado por me salvar.
— E você? Qual é o seu nome?
— Katsumi, Katsumi Minamoto. Filha da famosa diretora das instituições Minamoto, Naomi Minamoto.
— Uma beleza de característica vitoriosa. Pelo visto será um grande ano. É um prazer de conhecer, Katsumi.
— Digo o mesmo.
— Espero que possamos nos tornar grandes amigos.
Presente (01/04/2024 — primavera)
Encaro o quadro, desvio meu olhar buscando no horário a resposta e lá está ela.
Com o final da aula guardo meus pertences enquanto observo Natty ficar para trás, e junto dos veteranos sigo indo ao encontro do ginásio. Na arquibancada os novatos, mas somos nós quem roubamos atenção ao adentrar, a sensação de ser observada por tantos ainda não é tão reconfortante quanto eu pensava.
Na arquibancada nos sentamos observando de perto a quadra, normalmente eu seria o tipo de pessoa que iria embora para o dormitório, e por lá ficaria até o amanhecer, mas, especialmente hoje, seria justo vê-lo jogar. E irmos juntos ao famigerado jantar.
Ao entrar na quadra seu sorriso é de longe uma das primeiras coisas que enxergo, seu aceno em minha direção provoca a euforia de alguns.
Quando começaram tudo que pude ver foi como se diverte fazendo isso, ele realmente é um atleta, um atleta que não pude ser mesmo após sair daquele lugar. Pegar um arco não é mais tão animador quanto antes, e por isso aprecio que ele se diverte sendo mais ágil e apto do que os outros. Infelizmente, não pude realizar o sonho que minha mãe de sangue quis, e agora nem mesmo pude realizar o de minha adotiva.
— Você não tem certeza disso não é? — me viro encontrando seu olhar, Natty, ao se sentar segura meu braço. — Seus olhos entregam isso, mas parece que existe um motivo maior para sua escolha, algo que, honestamente, não sei o que é.
— Será que é certo ficar ao seu lado quando eu nem mesmo consigo me abrir com ele por inteira? Por vezes pego-me pensando nisso, não me refiro apenas ao... você sabe do que estou falando, me refiro ao coração e o quão difícil ele é.
— Parece que tudo envolve esse seu passado, sabe, às vezes seria bom se você apenas esquecesse dele e seguisse em frente por mais difícil que seja fazer isso. Talvez esse jantar seja bom por isso.
— Não sei se consigo fazer isso. Conhecer seus pais quando não tenho certeza do que sinto é estranho e tão pouco quando tenho medo de falar com ele sobre isso.
Por entre aqueles na quadra, o semblante que durante vi, aquele cabelo castanho escuro bagunçado passa por todos. Abaixo das madeixas vejo seu sorriso, eu, conheço esse sorriso, Yoru é realmente diferente de tudo que eu já vi.
E mesmo sabendo disso não entendo o porquê tenho tanto medo em seguir em frente, porque eu ainda continuo pensando nele e em tudo que vivi...
— Você precisa falar com ele. Antes que as coisas compliquem.
— Eu sei, mas será que consigo?
— Você vai precisar tentar.
— Será que consigo?
— Amiga, ainda bem que eu não sou você.
— Sem graça.
— Apenas tente ser você mesma, tenho certeza de que vai conseguir sair dessa... Yoru aceitara sua decisão. Ele sempre aceita.
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