春 (Haru) - Laços
Em direção a ela caminho recebendo seu sorriso gentil, sendo honesto, isso me faz pensar em como me apaixonei tão rápido por ela. Ao descer dos degraus vejo seu caminhar em minha direção também, a garrafa de água me entrega, abro e no beber dela ouço o suspirar de alguns na arquibancada. Me viro para seus olhos tomando a toalha de suas mãos afagando meu rosto.
— Você foi incrível, agora entendo o motivo querer tanto se dedicar. Ninguém pode com você, me pergunto se sempre foi assim ou apenas mudou depois de se apaixonar pelo jogo.
— Acredite se quiser, mas meu irmão era melhor, o problema dele é que sempre foi muito altivo em questões estranhas como se matar de estudar. E hoje, bem, ele prefere ficar isolado em um estúdio pintando e se remoendo de coisas que às vezes queria que fossem diferentes.
— Ele não parece ser dos mais felizes, olhando dessa forma, ele é bem solitário para alguém que você diz atrair fama. Talvez sejam as situações que o colocaram nisso.
— Não importa agora, cedo ou tarde ele vai aparecer apesar de não ter vindo hoje como havia prometido. Quero que se conheçam antes dele sumir mais uma vez.
— Faremos isso, mas agora eu pretendo voltar para o dormitório, então nos vemos mais tarde.
— Tudo bem. Hoje quero mostrar para minha família que conheci a pessoa que quero levar para o restante da minha vida e sei o quanto você fica preocupada com sua aparência, então entendo.
Aproximo-me do seu rosto, deixando sob as maçãs os meus lábios. Afasto-me, percebendo seu rubor. Às vezes, esqueço o quanto gestos simples têm um significado tão profundo para ela. Agora compreendo o que meu pai disse a respeito das mulheres. É preciso que uma acerte o coração para as coisas permanecerem com esse sentimento, com a sensação de como se fosse para sempre.
Recolho meus pertences seguindo para fora do ginásio, e ao ligar de meu celular deparo-me com as chamadas perdidas saltando a tela uma após a outra.
— Ei!
A atenção me chama, em minha frente, alguém que não pensei que veria num dia como esse. Sua imagem, isso é inesperado. Avanço em sua direção, e antes que pudesse passar sinto o agarrar de meu braço.
Abaixo do boné preto encaro os olhos condenadores que possui, é incrível como não importa minha ação com ela ainda vai me intimidar dessa forma tão comum a nós.
— Preciso conversar com você. Urgentemente.
— Aqui?
— Não. De preferência em algum lugar mais vazio com poucos olhos, não quero ser vista com você... isso dá azar.
— Vamos para o aparatamento então. E não sou eu quem sou o azarado, é você, nem mesmo conseguiu fazer sua entrada sem pedir ajuda.
— Cala a boca e vamos logo, qualquer lugar silencio que não seja aqui serve. Nem que seja um quarto de hotel.
Seus olhos normalmente não são suaves, nem mesmo translúcidos como estão agora, por mais inquisitiva que parece em certos momentos. Abro a porta de meu carro para ela que ao entrar me encarar, sigo para o lado do motorista e no sentar encaro seu olhar.
— Sobre o que quer falar, — dou partida no carro deixando o estacionamento. — tem relação com ele.
— Akechi precisa de ajuda.
— Veio falar sobre meu irmão? Serio que o instante em que poderia dizer qualquer outra coisa vai falar sobre ele, Akechi já grande o suficiente para lidar com aquilo.
— Sabe que não funciona assim, ele precisa de ajuda, no mínimo que o irmão dele poderia fazer é ajudar a ele nesse momento.
— Ele disse que lidaria sozinho com isso, tentei ajudar ele e isso por si já foi um motivo para ele depositar em mim certas frustrações. Ele se cobra muito, e isso piorou ainda mais quando ele decidiu que seria um pintor como nossa mãe... e esse problema simplesmente acabou com sua confiança.
— Queria que ele não tivesse escolhido isso no final.
— Ele escolheu e agora precisa enfrentar isso se não será engolido.
— E agora precisa de sua ajuda se quiser sair da merda de buraco no qual entrou, por isso estou aqui, ele vai agir orgulhosamente e dizer que não importa o que os outros digam.
— Droga. Eu apenas queria que meu irmão fosse normal e você menos emocional quando fala dele. Parece até que estão namorando.
— Vai me ajudar a falar com ele? — seus olhos são convincentes, mais do que normalmente gostaria que fossem. — Não quero preocupar a senhorita Qi, e não acho justo falar com o senhor Hanzo depois dele ter feito tanto por nós dois, enquanto estávamos lá Hainan¹.
— E por que comigo é diferente? Alguma razão em especifico?
— Porque o irmão dele é aunica pessoa no mundo todo que ele seria capaz de ouvir sem expressar descontentamento e sabe tão bem quanto eu que isso é uma absoluta verdade sobre vocês dois.
— Serio que isso realmente importa para ele? Akechi me expulsou de seu estudio na semana passada quando sairam as materias o repreendendo, não queria manchar minha imagem e no fi acabou fazendo isso ao me colocar ao seu lado.
— Nunca vai deixar de ser um tremendo babaca não é? Deus, nem entendo o motivo de eu ainda insistir em ter dialogo com você .
— Sempre foi mais minha amiga do que dele. Por isso ainda nos damos tão bem.
— Jura que se lembra daquilo?
— Lembro de um dia aonde brincamos até que você achou que seria uma boa ideia permanecer ao lado da cerca.
— Que vergonha. Foi a primeira vez que alguém mme viu chorando, e esse alguém tinha que ser justamente você, o cara mais sem graça que já conheci em toda minha vida remota.
— Remota? Se forçar mais se perde. Você é tudo menos remota e sabe disso.
— Um trabalho não justifica minha abordagem.
— A maior modelo que um país poderia querer. Um titulo pouco honesto não é? — deixo escapar meu sorriso. — Fala como se fosse dificil apagar seus rastros.
— O tempo que perde criando essas fantasias é o mesmo que poderia ser usado para ajudar Akechi. Parece que me preocupo mais com ele do que o proprio irmão.
— Cale-se por favor. Não quero estragar minha noite.
Dirijo seguindo o caminho que apelidei de onde as estrelas caem, sempre pensei que isso e todas às vezes em que presencie as luzes brilharem atraves de cada lampada desde as maiores até as menores. Era comum virmos até aqui quando ele chegava em Toquio, mas como tudo que nos rodeia, acabamos nos afastando sem uma razão obvia ou logica. Abaixo o vidro do carro encarando no sinal vermelho as flores caindo junto ao vento.
— Hoje é o dia em que vou apresentar todos. — digo atraindo seus olhos, por reflexo desvio encarando a paisagem. — Por algum tempo fiquei pensando em como contar isso a todos, sobre ela, a pessoa que escolhi.
— O que tem de tão importante nela? Parece até que você conheceu um anjo.
— Justamente. É como se ela realmente fosse um anjo, um anjo que estranhamente caiu em minha vida como se fosse um presente ou uma forma de me redimir dos meus pecados mais desonestos.
— Como pode falar isso quando passou tanto tempo sozinho? Duvido que tenha certeza do que sente por ela.
— Não posso dizer sobre todos os homens, mas alguns não precisam de tantas certezas como pensam. E eu tão pouco preciso delas, naturalmente semore fui muito certeiro quanto aquilo que eu sentia, e continuo sendo para ser honesto.
— E como foi com ela? Digo, quando teve tanta certeza disso que sente por ela?
— Quando? — desvio meu olhar encarando a cor unica de seus olhos, um tom amarronzado que parece carregar o vermelho. — Foi na volta da faculdade, após diversas conversas estavamos mais proximos, porém naquele jogo eu me senti diferente e tudo por conta dela.
Passado
O apito me dispersa me obrigando a encarar o placar, são mais do que vinte ponto de vantagem e resta pouco mais de seis minutos. Se eu quiser me destacar a hora é agora, esse realmente é um momento que posso chamar de meu, agarro a toalha e sigo pelo corredor parando ao encarar sua face de preocupação.
Um sorriso sinto escapar por meus lábios, ela não deveria estar aqui, ajeito meus cabelos ensopados enquanto sinto o fixar de seus olhos em mim... ela tem astucia.
— O que faz aqui? Pensei que odiasse o lugar pelo cheiro de suor.
— É um dia importante, mas está disperso.
— Hum, não dá para fugir de sua observação. Não se preocupe, ganharei.
— Yoru. Façamos uma promessa aqui e depois vejamos como será. Certo?
— Que promessa cogita fazer? Juro que estou prestando atenção em você.
— Se ganhar hoje e conseguir impressionar a todos aceito seu desejo.
Paro diante de suas palavras, o sorriso escapa e no abaixar de meu rosto tento evitar o encontro dos olhos. No piso sua sombra se aproxima, elevo meu olhar encontrando não apenas seu sorriso, mas sentindo seu gesto, o carinho unido ao toque quente que sob minha bochecha.
Meu coração, por que está assim? ME sinto ansioso por algo que não entendo, por que estou sorrindo? Eu não estou entendo...
— Temos um trato, Yoru, agora vá e ganhe.
Me sinto desnorteado, o apito ecoa e num choque sinto-a atingir minha face. Na quadra me sento sentindo seu piso polido, foco, respira e foco.
Levanto-me recolhendo a bola, o apito soa e na quadra os movimentos de todos os que estão entregando seus corações ao esporte e não apenas isso. Todos que estão tentando a vaga, não posso perder o foco nem a concentração, afinal assim como eles também tenho motivos para.
— Vencer!
Intercepto o passe tomando a dianteira no ataque, o piso está mais polido que o normal, sinto meus pés desliarem sob ele. Driblo com a bola, a cada quicar sinto o peso que carrego em mim, a intensidade de ter meu coração saltando a cada segundo e o poder de decidir tudo.
Esse calor que me domina é aquilo que sempre disse gostar, a imagem dele é como esse que surge em minha frente. Paro fitando a seus olhos, o suor percorre minha face e no desviar de meus olhos os pontos empatados com os segundo chegando ao limite.
Akechi se estivesse aqui como faria, será que seu coração estaria correndo como o meu ou seria frio e calculista? Não importa não é. Uma resposta certa para isso jamais existirá, não quando somos sombras opostas em pensamento, você sempre será a razão entre nos dois.
Quico a bola que vai a minha direita, meus passos me inclinam a esquerda e antes que pudesse sequer chegar a bola tomo ela em minha mão ultrapassando o jogador adversários que para na quadra. Salto sentindo o peso deixar meus pés, o aro parece tão perto e, ao mesmo tempo, distante. Tempo e espaço se perdem enquanto encaro o maior adversário, a cesta que ele havia me ensinado antes de parar, Akechi farei por nós, ergo meus braços lançando a bola ao aro e junto dela sinto o calor deixar meu peito por um instante.
Junto ao suor desço sentindo tudo parar, a parábola perfeita, um arremesso que aprendi com minha sombra e aquele que será responsável por me fazer passar por ela, algo sem forma. O aro estremece e com ele o explodir do ginásio, as vozes ecoam junto do apito final.
No piso caiu sentado, eu consegui, Akechi, eu consegui o arremesso sem forma que me ensinou quando ainda eramos apenas dois idiotas brigando por atenção.
Meu corpo é alçado, todos me encaram enquanto suas vozes clamam por minha pessoa como se eu fosse seu salvador.
— Yoru! Yoru! Yoru!
Eu consegui passar por você irmão, mesmo que não esteja aqui, eu consegui por nós dois, seu grande idiota.
Presente
— Quando ganhei tive certeza, depois daquilo saímos algumas vezes e quando eu menos esperei estávamos juntos como um casal. E agora planejo tornar tudo isso mais serio, apresentar nossas famílias, é o que quero mesmo sabendo que talvez tudo possa acabar amanha de manhã.
— Ficou corajoso mesmo, nem parece aquele menino de antes.
— Tive que aprender.
— Lembro bem de como teve.
Paro o carro estacionando na vaga em frente ao prédio, e pensar que cá estou eu após nossa pequena discussão de dias atrás. Tudo por culpa dela, às vezes, parte de mim realmente não queria ser um tanto quanto prestativo aos problemas dele.
Desço do carro sendo seguido por ela, o elevador tomo subindo até o último andar e ao abrir da porta seu local de descanso ao mesmo de trabalho. Uma estufa que apenas alguns podem acessar, e devo dizer, mesmo sendo alguém que se foca apenas em pintar, esse lugar está muito bem organizado. Talvez seja efeito dela, Yiren, nunca vi ninguém tão dedicada a ele quanto ela.
— Ele louco ou o quê?
— Como ele conseguiu reunir tudo isso? Essa é a sua pergunta? Esqueço como seu irmão funciona.
— Tem dez quadros aqui, sei devido à arrumação. Quando foi que ele pintou tudo isso... melhor... por que pintou tudo isso? E por que tem tantas telas pintadas espalhadas pelos cantos.
— Uma exposição vai ocorrer na universidade Minamoto e ele tem pensado no usar. Quanto a essas, elas são o problema, são para um evento que ele irá hoje e o motivo de eu ir até você.
— Às vezes eu acho que meu irmão enlouqueceu.
— Sabe que não são tão diferentes assim, né? Lembro das vezes em que ficava até mais tarde naquela quadra, era cansativo apenas de olhar.
— Você dizia gostar de ver, mentia é? — deixo escapar um sorriso, e tenho certeza que isso não passou despercebido de seus olhos. Um leve soco acerta em meu braço trazendo seu sorriso a tona. — Era mentira né?
— Não, mas eu realmente queria que você me chamasse para jogar.
— Você se lembra do que aconteceu da última vez em que fizemos isso?
— Lembro. Uma pena que não possamos mais voltar aqueles dias.
— Espera. Podemos deixar o saudosismo para depois e focar nele, peça para ele não ir ao evento.
E no canto sua silhueta se faz presente, a presença desperta minha atenção e com o sorriso neutro os olhos gêmeos me encaram. Nunca pensei que diria isso, mas que curioso, uma barba falha em seu rosto e as olheiras evidentes abaixo das pálpebras.
Akechi é um louco por completou ou esta se tornando um lentamente.
— O que fazem aqui.
Notas do capítulo:
Hainan, ou popularmente conhecida como o Hawaii da China, é a menor província da República Popular da China. É também a única província desse país constituída por um arquipélago. Trata-se de uma ilha. Tem como capital a cidade de Haikou e conta com cerca de 10 milhões de habitantes, o que é bem pouco em comparação a outras províncias.
Atualmente, a província tem investido no turismo, aproveitando as suas praias paradisíacas, as suas montanhas cobertas de florestas luxuriantes e a sua cultura diversificada. No entanto, a condição de ZEE (Zona Econômica Especial) permite que a província combine o desenvolvimento urbano com o mantimento de uma ambientação com paisagem litorânea e tradicional.
Imagem da cidade de Haikou
Personagens:
Nesse capitulo uma nova personagem foi intrudiza, seu nome é Wang Yiren, e com o passar do tempo ela será melhor apresentada.
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