Capítulo 37
PVO – NATHALIA
No domingo após aquela notícia de que Tae vai para o Exército, que pegou a todos de surpresa, nós voltamos a nos encontrar. Queríamos nos despedir dele e ficar perto do Suga e do Hobi, eles iriam precisar de nós e do nosso apoio.
Foi um domingo difícil. Tae arrumou algumas roupas em suas mochilas, alguns produtos de higiene pessoal, apenas o básico e o essencial. Não iria levar celular, pois lá o contato com o mundo externo é controlado. Celulares e redes sociais não são permitidos, há apenas os telefones de uso comum para quando são permitidas as ligações.
Nas instruções que Tae recebeu, ele deveria cortar o cabelo em um lugar de sua preferência ou quando ele se apresentasse, o mesmo seria cortado na base em que serviria. Em um determinado momento Tae havia subido até o quarto e de lá ele trouxe uma sacola a qual entregou a Hoseok, que ao abrir encontrou um saco plástico, um pente, uma tesoura e uma máquina de cortar cabelo, que ele havia comprando durante a semana. Hobi olhou aquele conteúdo e balançou a cabeça negando o que havia ali.
-Eu não posso fazer isso tigrinho, eu não posso. –Hobi repetia entre lágrimas e com as mãos trêmulas, que ele não poderia fazer, que ele não conseguiria.
-Suga, por favor. Faça por mim. –Tae pedia estendendo a sacola para o mesmo.
Suga levantou do sofá e sem nada dizer buscou o banquinho do barzinho que havia sala. Ele o posicionou onde só havia o piso de mármore branco, foi até Tae pegou os objetos, segurou na mão dele e o levou até a banqueta. Tae sentou, Suga lhe deu um breve selinho, colocou a capa em seu corpo para que os cabelos não o sujassem. Pegou o saquinho transparente e pediu que Hobi o segurasse para ele. O silêncio na sala havia se instaurado tão pesadamente que doía respirar, o ar estava denso.
Delicadamente Suga pegou uma mecha do cabelo de Tae, aproximou-se e cheirou profundamente o perfume que ali existia e enquanto uma lágrima escapava de seus olhos ele cortou a primeira mecha colocando-a dentro da embalagem. Mecha após mecha, os lindos cabelos eram cortados enquanto as lágrimas agora desciam livremente por sua face. Hoseok não estava diferente, suas mãos tremulas tinham dificuldade de segurar a embalagem com os cabelos do homem que tanto amava.
Jimin estava abraçado ao Kook chorando por ver Tae sem suas lindas madeixas. Jin e Nam estavam calados com os bebês no colo vendo toda aquela situação que um dia eles também passaram. Eu? Bom...eu estava sentada no sofá abraçada aos meus joelhos olhando toda aquela cena que se desenrolava a minha frente enquanto chorava em silêncio.
Suga havia acabado de cortar as mechas e era chegada a hora de usar a máquina para raspar o que havia sobrado dos cabelos do marido. O som da máquina deslizando e cortando o que restava dos fios, foi suficiente para fazer com que o choro se tornasse real no ambiente. Ninguém mais conseguia segurar a emoção, nem mesmo Tae conseguiu esconder as lágrimas, nem mesmo ele conseguiu se manter forte. Quando enfim seus cabelos foram cortados e guardados, ele pegou a embalagem, fechou e a entregou de forma respeitosa, com as duas mãos, para Suga.
-Guarde amor, você saberá o que fazer com ele se eu não voltar para nossa casa.
-Não vai acontecer nada tigrinho. Você vai voltar para nós logo. Vamos estar aqui te esperando.
Suga secava as lágrimas do Tae enquanto eram abraçados por Hobi que soluçava de tanto que já havia chorado. Assim eles ficaram por algum tempo até que Tae foi tomar banho e nós arrumávamos a sala novamente. Nam deixou TaeMin com Kook e ligou pedindo algumas pizzas para comermos. Eu arrumei a mesa de centro da sala levei alguns copos e refrigerantes e quando as pizzas chegaram nós comemos e conversamos um pouco para quebrar aquele clima.
As horas passavam rápido, ninguém queria ir embora, ninguém queria deixá-los sozinhos. Já eram quase 21:00h quando Tae me acompanhou até o quartinho que ele fez para os bebês. Lá nós dois cuidamos dos pequenos, trocamos as fraldas e demos as mamadeiras. Ele levou os dois para o berço, puxou a mantinha sobre seus corpinhos enquanto cantava uma música de ninar para os pequenos. A cena era tão linda, que sem que ele percebesse eu o filmei com o celular cantando e fazendo carinho nos afilhados. Em um determinado momento ele apenas fazia o carinho enquanto dizia o quanto os amava e como eram especiais e importantes para si.
-Espero que vocês dois se comportem, obedeçam a mamãe e façam gracinhas para os seus pais. Não esqueçam de fazer o tio Hobi e o tio Suga sorrirem, eles são lindos sorrindo. Façam bastante xixi no tio Jimin, mas não contem para ele que fui eu quem pediu e antes que eu esqueça, desarrumem o cabelo engomadinho do tio Kook, ele faz um biquinho fofo igual vocês dois. Eu amo tanto vocês que meu coração dói por ter que deixá-los. Eu volto logo, só não esqueçam de mim. –disse beijando a cabecinha dos bebês.
Antes que ele se virasse, desliguei a câmera, sequei minhas lágrimas e me joguei em seu corpo o abraçando forte.
-Te amo Tae, eu nunca vou deixar de falar de você para eles. Agora para de drama, que você não está indo para o outro lado do mundo e nem tá mudando de país. Logo você volta e vamos estar aqui te esperando.
-Você cuida deles para mim? Não deixa o Suga e o Hobi ficarem trancados aqui, eles vão ficar sozinhos demais.
-Não se preocupe, vamos dar um jeito nisso. Tudo vai ficar bem, confia em mim.
Algum tempo depois....
PVO – YOONGI
Muitas coisas haviam acontecido nos últimos meses. Tae ainda não tinha sido liberado do seu treinamento, período inicial de 5 meses em que eles ficam sem contato com o lado externo. Estavam sendo dias difíceis sem ele ao nosso lado. Por mais que os meninos não nos deixassem sozinhos, sempre se faziam presentes tentando nos manter firmes, ainda assim, estava difícil.
A primeira semana foi a pior. Nos despedimos do Tae em casa mesmo, seria melhor. Aqui poderíamos beijá-lo e abraça-lo na despedida, enquanto que lá não poderíamos expressar esse afeto, pois ser homossexual em nosso país não é algo bem visto.
A segunda semana, tentávamos seguir em frente, mas ficar em nossa casa e ver tudo o que pertencia a ele, sentir seu cheiro, olhar suas roupas...era doloroso demais. Todas as noites Hobi dormia grudado em mim usando uma camiseta do Tae.
Na terceira semana, liguei para o Jin e combinei de ir lá com o Hoseok, já não aguentava mais guardar tudo para mim, precisava contar para alguém o que vinha acontecendo anteriormente com o Tae até o momento de sua ida ao exército.
Era uma tarde de sábado e estávamos na biblioteca quando contamos a eles com detalhes sobre Tae desejar ter filhos próprios, esclarecendo assim o motivo do sêmen em criogenia na tal clínica de reprodução assistida. Eu ainda me culpava por não ter percebido as mudanças que o levaram a se alistar tão cedo. Mesmo com Jin e Nam dizendo que isso teria acontecido em algum momento, que se alistar era algo inevitável, ainda assim, eu me sentia falho.
Eles haviam nos questionado sobre o que faríamos em relação ao desejo dele, confesso que eu ainda estava inseguro em envolver mais uma pessoa em nossas vidas, uma pessoa que geraria nosso filho e que um dia poderia aparecer em nossas portas querendo ter "direito" sobre o filho gerado em seu ventre. O medo era grande, o processo de fertilização levava um tempo considerável, iríamos precisar da doadora de óvulos, de uma barriga de aluguel e talvez de infinitas tentativas. Seria sorte dar tudo certo logo de cara. Explicamos tudo isso a eles e enfim eles entenderam o motivo de termos evitado o tema por tanto tempo.
Na quarta semana, nossas vidas já estava entrando na rotina pesada novamente. Havíamos fechado um grande contrato na área da construção. A imobiliária também estava muito agitada. Hoseok já não estava dando conta de me ajudar na construtora e administrar a imobiliária, por isso decidimos promover o JungKook para a área de gerente administrativo. Ele era muito bom em atender os clientes e fechar negócios quando o Hobi não podia estar em dois lugares ao mesmo tempo, por esse motivo o promovemos. Sempre tivemos total confiança em seu trabalho e honestidade.
Assim foi o primeiro mês, seguido do segundo, terceiro, quarto e agora já estávamos no quinto mês longe do Tae e sem nenhuma notícia.
Dia 21 de dezembro...recebi a tão sonhada ligação do meu amor. A saudade era tanta que ambos estávamos chorando ao telefone, eu quase não acreditei quando ele disse que estaria chegando em dois dias para passar Natal e Ano novo conosco. Fiquei sem palavras no momento, tamanha minha felicidade. Não pudemos falar muito, mas ele estava voltando para nossa casa por uns dias e isso me deixou em uma felicidade que eu não conseguia controlar. Fui para casa o mais rápido possível, eu sabia que o Hobi estava lá, ele tinha saído mais cedo. Abri a porta da sala gritando que o Tae estava vindo. Só consegui escutar o barulho do copo se quebrando na cozinha enquanto Hoseok vinha correndo se chocando contra meu corpo sem ao mesmo me dar a chance de me preparar para abraça-lo, o resultado disso foi nós dois caídos no chão da sala entre beijos de felicidade.
-Ele está vindo? Jura que ele está vindo?
-Eu juro solzinho. O TaeTae está chegando em dois dias amor.
-Suga...precisamos avisar os meninos. Planejar uma festa surpresa para o aniversário dele. O TaeTae está vindo!!
-Vou falar com o Jin convidando eles para virem jantar com a gente e assim conversamos sobre o aniversário das crianças e perguntamos se podemos fazer algo para o Tae junto.
-Eu vou ligar para o Kook e avisar que o Tae está vindo, aproveito também para chamar eles para virem jantar também.
Próximo ao horário combinado eu liguei pedindo o jantar no restaurante. Jimin, Hobi e Kook se encarregaram de preparar os aperitivos e algo saudável para as crianças que estavam engatinhando para todo o lado na sala junto aos infinitos brinquedos que estavam espalhados. Brinquedos esses que nós comprávamos para mimar nossos afilhados como prometemos ao Tae.
Jin, Nam, Nath e eu estávamos na sala com os pequenos e aproveitando para acertamos as coisas sobre a festa dos bebês e a surpresa para o Tae. Nath havia dito que a festa dos pequenos seria em um salão próprio para tal evento pois estávamos em dezembro e o frio já se fazia presente. Não seria nada gigantesco, era algo para os amigos mais próximos e os funcionários da área administrativa e suas famílias. O natal seria na casa do Jin, a Srª Wang já estava com tudo planejado pois como todos os anos, iríamos passar com eles. Agora mais que nunca o Natal seria algo especial, a família está maior.
Resumindo...Faremos uma pequena surpresa para o Tae na festa das crianças, será algo simples, pois a comemoração verdadeira será no pós festa em um Hotel de luxo onde irei reservar a melhor suíte para nós três. A saudade do nosso Tae está nos consumindo aos poucos e tê-lo novamente em nossos braços e amá-lo como ele merece é tudo o que queremos.
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