Before
Feliz ano novo, bebês!
— Por que eu sinto que chegaremos atrasados?
Draco resmungava sentado na cama, as pernas cruzadas, enquanto observava o namorado em frente ao espelho do seu apartamento. Iriam sair juntos, era fim de semana e depois de uma longa e cansativa semana, tudo que eles precisavam era de uma folga do lado do outro.
— Você reclama demais.
— Você já é lindo, não precisa de maquiagem... e a gente só vai no karaokê... — Draco murmurou, descansando as costas na cama macia.
— Boa tentativa, coisa linda. — Harry deixou um beijo suave sobre os lábios macios do loirinho deitado, deslizando a unha pela sua bochecha gordinha. — Mas eu já estou acabando aqui.
Draco bufou conformado. Apesar da carranca, Potter sabia que ele podia demorar mais cinco horas ali, que ele o esperaria. As reclamações não passavam de fachada, e o moreno se controlou para não derreter em pensar nos olhos do loiro aumentando assim que ele perceberia que ele já estava pronto - e muito belo.
E, bem, dito e feito. Alguns minutos depois, Harry guardou os produtos usados e se virou, trocando olhares com o namorado que se levantou lentamente. As grandes orbes azuis logo foram substituídas pela coloração preta da sua pupila, que tomava mais e mais espaço a medida que se dilatava, o sorriso em seus lábios crescendo e as bochechas assumindo uma cor salmão.
— Você tá... você é... — Ele se atrapalhou, esfregando as mãos. Harry sorriu, e logo sentiu lábios pressionados contra os seus.
— Não era você que dizia que nós íamos nos atrasar? — Harry sussurrou em meio a troca de selares, e Draco apenas assentiu, nórdico.
Infelizmente, precisaram se separar, ou desistiriam de sair para ficarem deitados juntos sobre a cama do Malfoy. Minutos mais tarde, estavam dentro do carro escuro, cantarolando juntos All i need - uma música muito boa de um cantor britânico que eles tinham descoberto recentemente, chamado de Tom Felton. O karaokê não ficava longe, mas com a animação da viagem, ela pareceu passar ainda mais rápido. Por isso, ficaram uns minutinhos a mais dentro do veículo, trocando sorrisos em meio a música alta que saía do som.
Como não tinham muitos amigos, sempre saíam sozinhos. Em um passado não tão distante, chegaram a ser bem próximos de um casal composto por Rony e Hermione, mas quando eles se mudaram para que Hermione tivesse mais sucesso em seu longo caminho como escritora, o contato foi se perdendo em meio a essa trilhagem. Ainda eram amigos e se falavam todos os dias - principalmente Harry e Rony, que não deixaram de ser melhores amigos extremamente fofoqueiros -, mas com horários diferentes e compromissos totalmente opostos, era mais difícil de se marcar um reencontro. Este, no entanto, estava sendo aguardado há tempos, e eles esperavam que pudesse acontecer brevemente.
Mas, embora fossem praticamente sozinhos em meio a tantas pessoas, não era ruim. Adoravam sair juntos para lugares diferentes, ou até mesmo locais que eram frequentes na vida do casal. Era, sem dúvida, sempre uma sensação de pura satisfação quando eles atravessavam as ruas, fosse no carro ou a pé, de mãos dadas, trocando gestos carinhosos que eram mal vistos por muitas pessoas, mas que enchiam os seus peitos de amor e bondade.
Mesmo namorando há algum tempo, só tinham ido ao karaokê uma única vez, com Rony, Hermione e alguns colegas do trabalho da garota. Aquela noite foi divertida, apesar de ter como consequência a pior ressaca que todos os presentes já sentiram em toda a vida. Tirando este último fator, havia sido realmente adorável e confortável.
Depois de conversarem com a recepcionista, caminharam até uma das salas. A televisão ligada exibia uma série de músicas que podiam ser cantadas, o controle deixado sobre a mesma logo foi envolto pelas mãos afobadas de Harry, que sempre amara cantar. Por outro lado, Draco apenas se sentou sobre o sofá escuro, olhando bem o cardápio antes de decidir o que pegar para beber. Por fim, escolheu cervejas acompanhadas por batata frita.
— Você não vai cantar? — Harry perguntou ofegante, se jogando no sofá e pegando a garrafa de cerveja. Draco olhou-o de cima baixo, evidenciando uma risada bem humorada. Não importava quanto tempo se passasse, Harry continuava sempre o mesmo.
— Vou. Mas preciso beber mais pra me sentir mais encorajado a me submeter a esse tipo de vergonha na frente do meu namorado. — Disse, de uma forma tão natural que arrancou uma explosão de risadas gostosas do moreno, ainda ofegante.
Passaram a beber juntos, enquanto a luz colorida do led refletia em seus rostos. Draco levantou-se para cantar, escolheu I wanna be yours, uma de suas músicas favoritas. Sem dúvidas, ela o lembrava o moreno de cicatriz exótica. Enquanto o toque lento era reproduzido e a voz calma de Draco soava através do microfone em suas mãos, os seus olhos se encontraram. Os corações aceleraram, o ritmo da música aumentou, a voz de Draco lutou para acompanhá-la sem se quebrar...
Em um segundo, estavam se encarando. No outro, o microfone estava sobre o móvel enquanto as suas bocas se uniam com completa devoção. Em algum momento, as camisas foram deixadas para trás, jogadas em algum canto. Ocupados demais, não perceberam quando chutaram uma das garrafas, para longe. O vidro se espalhou, o líquido rastejou pelo chão frio até molhá-lo quase por completo.
— Aqui... não. — Draco sussurrou, embora não fizesse nenhuma menção em se separar. Não enquanto a música ressoava baixinho e ele podia ouvir, mesclando ao som, os gemidos contidos que arranharam a garganta do moreno.
Em algum momento, precisaram se separar. Com as respirações cortadas, eles vestiram as camisas e deixaram a cabine, avisando à recepcionista sobre o vidro no chão antes de abandonarem o lugar. Naquela mesma hora, dentro do carro, eles fizeram amor.
Com o banco rebaixado, eles admiravam o céu de brilho ofuscado pelas luzes das casas. Os peitorais nus se tocando, as pernas emaranhadas e os cabelos em uma bagunça carinhosa. Sobre a barriga de Draco, as mãos entrelaçadas.
Harry sentiu que era a hora.
— Dray... — Chamou, por um fio, mas não teve a coragem de olhá-lo nos olhos. Mesmo assim, soube que estava sendo observado. E então, continuou:
— Você me faz bem mais que qualquer pessoa. Eu posso ser eu mesmo com você sem ser julgado, você sempre está lá por mim, e eu quero estar sempre por você também. Eu te amo. Eu realmente te amo.
O loiro permaneceu calado, mas a sua respiração pesou. Ele desviou o olhar quando os olhos de Harry recaíram sobre os seus, pressionando seus lábios fortemente. E então, ele murmurou, fraco:
— Repete.
— O quê?
— Só... repete. — Pediu novamente.
— Eu amo você, Draco Malfoy. Amo você por inteiro, cada detalhe seu, seu lado colorido e o obscuro, suas imperfeições e detalhes adoráveis... e eu te amo tanto que vou entender se você ainda não se sentir pronto para...
Fora cortado com um beijo. Molhado, salgado, domado por lágrimas. Mas não era um beijo de pedido de espera, tampouco de despedida; era de retribuição.
— Eu te amo. Eu te amo, Harry Potter, eu te amo! — Seu tom de voz aumentou, seguindo a sua risada alta que foi cortada com mais um beijo.
Naquela noite, eles repetiram que se amavam até que cada estrela perdida no universo pudesse ter certeza dos seus sentimentos.
🦁+🐍
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