one.
no dia que te conheci, jamais imaginaria a pessoa doce que tu és. as tuas expressões transmitem medo, perigo, tudo controlado ao seu redor, mas, quando nos aprofundamos, eu pude ver a pessoa doce e carente que tu és. estava tudo bem, tudo tranquilo. tornamos-nos melhores amigos, o que me deu de presente uma coisa: o amor. o amor que eu sinto por ti. o amor que eu sinto a cada vez que me olhavas, examinando-me. eu não quero acreditar que tinha acabado tendo sentimentos por ti, e isso meio que me destrói aos poucos. porque, cá entre nós, temos pontos em comum, mas muitos desconectáveis, e isso só nos tornava ainda mais interligados.
mas tudo tinha de acabar ruindo um dia, né? o meu amor por ti permaneceu, menos a tua presença todos os minutos ao meu lado. eu sentia falta, mas alguém teve de te tirar de mim. mundo cruel, o nosso. e eu odeio-te mundo, por conseguires tirar a única coisa que me faz demasiado bem. não te culpo, ninguém me mandou ter sentimentos por ele. mas os sentimentos não se controla, então, a única coisa que eu podia fazer era preservar e demonstrar o amor e carinho que eu sinto vendo-te com outro alguém à minha frente. o que eu podia fazer? tu estavas feliz, e sendo assim, eu também. porque, quando se ama de verdade, queremos que a pessoa que amamos seja feliz, mesmo não sendo com nós mesmos.
e está tudo bem. tu pensas que está tudo bem, que eu não tenho sentimentos, que eu não me sinto um miserável por nunca te ter dito nada. mas nós tínhamos conexão antes do renjun chegar. tínhamos? jeno, nós tínhamos mesmo? eu achava que sim. os nossos olhos conectavam-se diretamente, a cada segundo, minuto, a todo o momento. eu queria saber sempre quando isso acontecia: o que pensavas, o que passava nessa tua mente pervertida.
falando em perversão, eu queria saber como é ter sexo diariamente. eu não sou sexualmente ativo, vida triste. ainda mais triste por não puder fazer isso com a pessoa que se ama, porque a pessoa que eu amo está feliz com outra pessoa. a única coisa que eu posso fazer era: observar, grunhir pelo ódio mas felicidade por te ver bem, chorar no meu cantinho, e entre muitas outras coisas.
uma vez me peguei dentro de um bar qualquer. eu não sabia porque estava ali, apenas queria encontrar um apoio onde me apoiar, já que o apoio que eu tinha tido me abandonou. tu me abandonaste. não totalmente, mas eu sentia que estavas abandonando-me aos poucos para não dizeres de uma vez que não querias mais ser meu melhor amigo, ou mais que isso. e eu não queria levar uma facada com isso também. já basta ver te com outro, não me magoes mais, jeno. desde quando te tornaste tão cruel, bebê? eu te odeio, mas te amo, também, e não posso fazer nada.
sentindo o mundo girando à minha volta, decidi parar de beber. não queria mais beber, e sim chorar. chorar por não te ter aqui, por não te ter aqui ao meu lado reclamando pra eu não beber. mas isso é impossível agora. tu tens outro alguém, e eu não tenho ninguém.
tremendo, com os pensamentos a mil, pensando e pensando para não pegar no telemóvel que estava dentro do bolso das calças porque eu iria cometer um erro. um enorme erro. eu iria ligar-te, para ver se ainda importavas-te comigo. eu não queria estragar a tua possível noite, eu não queria, mas seria capaz. porque quando não se tem o que quer, o amor nos torna cruel, e eu me tornei numa pessoa cruel por tua causa, pelo amor que eu sinto por ti. tu podias-me odiar, mas não mais do que eu mesmo.
— jeno-ah... está tudo bem, bebê? — a tua respiração do lado da linha denunciava-te. estavas ofegante, porquê? eu queria saber porquê, mas não queria ao mesmo tempo. não queria sentir-te envergonhado. eu já sabia só por isso, e eu não queria magoar-me a mim próprio, por mais que já esteja a fazer isso ao ligar-te.
— está, jaemin. e contigo? — a tua voz também te denunciava. além de estares ofegante, a tua voz praguejava a cada palavra dita. o que tinha acontecido? teriam feito sexo? seria uma ligação pós-sexo? eu não queria pensar nessa possibilidade, mas não conseguia evitar. mas a tua voz estava demasiado triste para teres tido sexo antes de te ligar.
— tens a certeza de que está tudo bem aí? não parece — e me odeio por perguntar. eu queria me magoar, de certeza. eu sou um idiota, idiota, idiota, idiota. quando eu iria aprender? eu não conseguia aprender. perder o controlo não é agradável, é desesperante — jeno, sabes muito bem que me podes contar as coisas. somos melhores amigos. melhores amigos ajudam-se uns aos outros.
— eu sei, jaemin. mas está tudo bem sim, não precisas de te preocupar. estava a ver um drama e acabei por chorar no final — eu sabia que me estavas a mentir, eu sabia. e queres saber como? quando mentes, a tua voz muda e fica mais fininha quanto mais prolongas a frase. e eu te odeio por me mentires. somos melhores amigos! melhores amigos não mentem, não ocultam as coisas, não escondem segredos um do outro.
mas tu estavas a fazer isso, o meu coração partiu.
— jaemin — a tua voz soou do outro lado, chamando-me várias vezes. a minha voz travou. tu mentiste-me. tu mentiste-me à cara dura. tu sabes que eu sei tudo sobre ti e a maneira de como lidas com as coisas. eu sei como és constituído, eu sei. e tu também sabes tudinho sobre mim, e acabaste por perceber que não estava tudo bem comigo — jaemin, o que aconteceu?
— nada. não aconteceu nada — eu tentava não chorar. eu tentava fazer com que não te preocupasses comigo. mas eu sou cruel, mas tentei ao máximo não ser.
— jaemin...
— partiram-me o coração, jeno.
— quem, jaemin?
eu não queria dizer. eu não queria dizer. eu queria ficar calado, mas a tua teimosia (que eu detesto mas amo) não me largou.
— eu te odeio.
— também te amo — riu fraco.
— eu não... não mais — funguei — tu partiste-me o coração, jeno. foste tu — e sem deixar com que respondesses ou dissesses alguma coisa para mudar o rumo da conversa, desliguei-te na cara.
mencionemos a tua teimosia novamente. eu sei que tu sabes onde estou. eu calculei que viesses ter comigo. tu não és burro, e muito menos eu. tu queres sempre tirar as tuas dúvidas e conclusões cara a cara, como sempre. eu te odeio. só queria que desaparecesses, que o amor que sinto por ti desaparecesse. eu não quero amar-te mais, eu não quero. a cada vez que te amo mais, mais me magoou-o.
e o culpado disso sou eu.
porque quando perco o controlo, tu vens sempre ter comigo.
tu não devias vir ter comigo todas as vezes que te ligava de madrugada. nunca. quando se perde o controlo é perigoso. tornamo-nos pessoas diferentes, tomamos decisões e atitudes que podem magoar toda a gente ao nosso redor. mais uma razão para eu te odiar: por me fazeres perder o controlo.
paguei um valor alto pela quantidade de álcool que ingeri sem cuidado algum e sai do bar para tentar chegar a casa antes de me apanhares.
— jaemin — a tua voz soou atrás de mim e não através de uma mísera ligação. eu não quero olhar-te, eu não quero olhar-te. eu vou perder-me nos teus olhos negros que nem um buraco negro. eu não quero, eu não quero...
— vai embora — pedi. foi a única coisa que pedi: para ires embora. tu devias ir embora, tu devias... mas a tua teimosia reinou mais uma vez.
— deixa-te de merdas.
— eu sou um merda pra ti? — virei-me para ti, arrependendo-me logo. eu odiava olhar-te nestes momentos. a tensão piorava tudo. porque tinhas de estar de couro? porque amas couro? eu amo couro, eu amo como o couro fica esplêndido em ti.
— que merda, jaemin — língua suja era o que mais usávamos nas nossas conversas, em qualquer que fosse o assunto. eu amo a forma como as palavras sujas saiam da tua boca. imaginava como seria tê-las perto do meu ouvido quando me injetava em ti...
— que merda, jeno. eu te odeio — suspirei mexendo nos meus cabelos rosados. dizias sempre quando os acariciavas: eu amo o teu cabelo. a forma como o rosa acentua em ti, deixa-me descontrolado. como imaginaste como me sentiria depois disso? claro que o meu coração palpitou forte e feio dentro de mim, mas a única coisa que fiz foi sorrir envergonhado e ficar quieto.
odeio quando não consigo controlar-me por tua causa.
— para com essa história. tu amas-me, não podes mentir a ti mesmo. a nós — aproximavas-te.
— existe mesmo um nós depois de me abandonares?
— que porra de conversa é essa?
— uma conversa que não deveríamos ter. cala a boca e vai embora daqui. deixa-me em paz.
— quantas vezes tenho de dizer para vires calar, caralho? — sorriste de lado — só por eu namorar não significa que não possa dar uns beijinhos no meu melhor amigo.
eu não só queria os teus beijos, palhaço.
— isso é traição caralho. ganha juízo, filho da puta.
— para de me insultar, oh corno.
— é. sou corno mesmo — arqueaste uma sobrancelha — eu sou cornudo à tua pala.
— ei, para com isso.
— é verdade. adoras pôr os cornos às outras pessoas não é, jeno? imbecil — e o descontrolo reinou. eu quero muito calar a boca, mas a mente nem nada do nosso corpo corresponde ao que nós queremos realmente fazer ou dizer — idiota. filho da puta. corno. vagabundo — a cada palavra mal dita por estar embriagado, aproximavas-te ainda mais.
— para de me insultar. isso irrita-me.
— ah jura? — ri — boi. boiola. apaixonado. traidor. filho da puta. és um sem noção, seu... — a cada insulto, debatia-me em teus braços. fiquei encurralado — larga-me, besta.
— porque me insultas sem razão?
— sem razão? sem razão?! — minha voz aumentou de tom — sem razão, diz ele — ri sozinho — sem razão?! aí seu cornudo filho da puta!
— para de me insultar, caralho! — as tuas mãos magoavam os meus pulsos, mas eu não quero saber.
— eu te amo, filha da puta! porque me abandonaste? porque renjun tinha de aparecer? porque tens de gostar dele e não de mim? — as lágrimas começaram a fazer-se presentes, e eu sentia o teu olhar queimar sobre mim — porque me magoas, jeno? — por este andar, baba e ranho iriam fazer-se presente e eu não queria que visses o quão horroroso sou.
— jaemin...
— não. para. não digas nada. não peças desculpas. eu não mereço as tuas desculpas, não tens culpa de nada. larga-me! — finalmente largaste-me e eu me senti livre, livremente... até sentir uma corrente no meu pescoço pedindo: nada de fugir, ainda tens de sofrer mais e mais... nada de fugir... ainda não dominaste e não foste dominado.
quê?
— para de ser imbecil — claro que não tinhas mais nada para dizer-me naquele situação. nem um: eu te amo. nada. imbecil. para de ser imbecil. isso soa muito vergonhoso. isso me destrói aos poucos... aos poucos... sem remorsos...
eu odeio-te.
— eu amo-te, mas não devias ter vindo aqui para melhorar o impossível — afastei-me de ti, dando-te costas.
tu não querias saber de mim. demonstravas isso. mas quando eu ia aprender? eu ligava sempre para ti, estava preso a ti, não tinha como me livrar de ti, não tinha.
porque eu estarei sempre interligado a ti de qualquer forma. e eu odeio-te, mas amo-te.
eu odeio-te.
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