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05 | Change The Script

❛❛ 05 | Mudar O Roteiro ❜❜

💋ྀིྀི「 ✦ Sweet Child O'Mine ✦ 」
by Guns N' Roses

─── ⋆⋅ ☼ ⋅⋆ ───

flashback, 2017

  Sorria imensamente ao terminar a terceira semana no México, com um sentimento de realização, mesmo que estivesse longe da família e os amigos.

  No momento, estava de frente à uma tela em branco, com um pincel na mão e as tintas ao lado e isso era o que tornava o momento mágico. Pensou em desenhar a si mesma, como uma necessidade de aceitação e libertação de vínculos.

Estava extremamente inspirada, pois Eliza havia a inscrito em um torneio de desenhos e pinturas em quadro grandes, para seguir a formação. E, diferente do que pensou e todas as inseguranças, ela ganhou. Ouviram? Emma ganhou primeiro lugar! E Eliza gritou tão alto que ficou sem voz no outro dia.

O traço fino que estava se formando na tela, quase automaticamente pelos movimentos dela, começavam-se a misturar as tinturas e se abria para interpretações do que seria pintado ali. Se  Dylan estivesse ali, teria rido de como as cores misturadas parecia uma cor indecente.

Largou o pincel, pegando o celular rapidamente, precisava contar à alguém sobre isso. Mas, em vez de ligar para Scarlett, discou o número da irmã, sentindo saudades das conversas que tinham sobre o futuro. Mas ela não atendeu, ligou cinco vezes e nada, parecia que a ligação era desligada propositalmente e isso a instigava.

Tentou pela última e foi atendida com um suspiro relutante e cortado meio ar.

── Sam? ── Chamou a LaRusso menor, com um ar esperançoso para contar sobre a vida que levada no México há quase quatro semanas. ── Preciso te falar, eu ganhei um...

── Escuta, Emma. ── Cortou-a, com a voz falhando e as palavras emboladas. Emms arqueou as sobrancelhas, já que era estranho a irmã agir assim. ── Legal que você está feliz e tals, mas não me liga mais, tá? ── Emma abriu a boca em choque, com os olhos arregalando lentamente enquanto processava as palavras. ── Yasmine estava certa, foi a porra de uma injustiça você ter ido ao México e eu ter ficado aqui, na sombra dos seus rastros.

Ah, é mesmo. Samantha havia começado a andar com Yasmine e Moon desde que se afastou de Aisha, com o propósito apenas em ser popular e interessante o suficiente. Fora ela mesma que havia a contado dias antes. O que mudou?

── Meus rastros ── Repetiu, tentando entender que tipo de absurdo era aquele. ── Está bêbada, Sam?

── Ficam falando sobre você. ── Ela choramingou, respirando profundamente, como se estivesse cuspindo todo o veneno. ── O tempo todo, é como se tivessem me esquecido.

── Pode parar ── Gritou, sentindo as lágrimas rolando — em uma velocidade impressionante — pelas bochechas rosadas dela. Era raro quando sentia a raiva de um jeito genuíno, sempre reprimia os sentimentos ruins, mas não agora. Sam... Sam estava falando como se ela fosse a excluída e Em a privilegiada. Não era assim, nem de longe. ── A única vez que falam de mim, quer que seja sobre você? ── Riu, deixando a impulsividade subir até a cabeça pela primeira vez em sua vida e soltar um comentário sarcástico. ── Uau, você tem mesmo um dom, Samantha.

A linha ficou em silêncio por alguns minutos, como se a irmã não esperasse essa reação dela e estivesse esperando que Emma ficasse calada, apenas aceitando tudo como sempre.

── Você é injusta, toda essa merda é injusta ── Balbuciava coisas, como se fosse um bebê aprendendo a falar. Ela definitivamente havia tomado um porre. ── Ainda bem que meus pais continuam me dando toda a atenção deles, mesmo você não estando mais aqui ── Uma lágrima ácida escorreu dos olhos da ruiva. Uma coisa era Samantha saber do favoritismo entre os filhos LaRusso, outra era esfregar na cara dela apenas para ganhar uma discussão. ── Acho que até ficou melhor sem sua presença.

── Está descontrolada, Sam. Eu vou desligar. ──  Avisou, tentando ser racional. Samantha apenas estava bêbada, não sabia o que estava dizendo e o quanto isso a afetaria. ── Me liga quando quiser pedir desculpas. E saber mais sobre minha nova vida.

E ela nunca ligou de volta. Não era Emma que iria quebrar essa barreira e pedir perdão por algo que não fez, estava farda de se importar com os outros enquanto vivia o seu sonho. Porém, em algum lugar em seu coração — bem fundo — ainda desejava a ligação de Samantha, arrependida por arruinar o dia — talvez o mês — da ruiva.

atualmente, 2018

  Emma sabia que provavelmente Sam tinha esquecido — pois estava bêbada — de todos os absurdos que havia gritado para a irmã naquele dia, porém o rosto envergonhado quando se reencontraram não a enganava. Ela lembrava e talvez fosse melhor fingir não lembrar, para não se afastar novamente da irmã. Talvez fosse muito perdoável da parte dela, mas sempre foi assim e não mudaria da noite para o dia, como Sam fez. Nunca tocou no assunto e se fosse por ela, esperaria Samantha criar o bom senso e ir se desculpar pelo modo que agira um ano atrás.

  Depois daquela briga na escola com Kyler, Daniel deu a maior bronca — Sam sem querer acabou deixando escapar que ela havia a defendido —, alarmando que LaRusso's não devem usar karatê para brigar com um bando de valentões na escola. Tirando esse fato, Miguel conseguiu muitos alunos para o Cobra Kai e Emma sentia-se feliz pela conquista dele.

  O problema era que passaria o dia sozinha; Scarlett estava com Cobra Kai, Sam estava na area da piscina — e sinceramente, preferia passar o dia sem drama —, Anthony estava trancado no quarto jogando, e seus pais iriam sair para uma reunião de trabalho. Sem contar que Dylan não estava respondendo as mensagens, deveria estar ocupado com algo.

  Antes de sair, Daniel bateu na porta do quarto da ruiva e com algumas palavras vagas em resposta, ele entrou, sorrindo abertamente, o que a fizera arquear as sobrancelhas em antecedência.

── Preciso que faça uma coisa ── Era um castigo, Emma sabia disso. Ele a castigava discretamente pelo pequeno gesto que fizera na escola. Mentalmente, agradeceu Eli por segura-la e ela não ter se metido na briga com Scarlett e Miguel. ── Na concessionária, temos um novo estagiário. Poderia apresentar como as coisas funcionam para ele?

A ruiva sentou-se na cama, se ajeitando e cruzando os braços, não tentando transparecer o quanto indignada estava.

── Por que não pede para Louie? Ou para qualquer outro funcionário...

── Eu quero que você vá ── A cortou, com o tom inteiramente exigente. Emma mordeu os lábios, contendo a vontade de pegar uma garrafa de vodka e jogar no espelho bem em frente à sua cama, como um aviso da raiva que sentia. Afinal, ela só estava protegendo a irmã mais nova, mesmo que Sam tivesse errado muito com ela no passado. ── Agora. Por favor, querida.

Não era um pedido e, sim, uma ordem e, no momento, não tinha nenhuma vantagem sobre isso e preferiria não arriscar ganhar castigo mais instáveis. Então, conteve a parte do seu cérebro que estava pronta para negar.

── Tudo bem.

─── ⋆⋅ ☼ ⋅⋆ ───

A concessionária LaRusso era imensa e tão pura quanto passar o dia inteiro pintando trancada no quarto, sempre gostou do lugar e como os carros ficavam brilhando do outro lado da janela. Não lhe parecia muito um castigo agora. Porém, lembrou que teria que direcionar um estagiário, o que sempre a deixa com o coração na mão.

── Bom dia ── Emma entrou na loja, cumprimentando os funcionários.

── Ah! ── Louie exclamou, com o maior sorriso falso do planeta. Nunca foi próximo dele, por não gostar das brincadeiras sarcásticas do homem, que sempre a deixava desconfortável. ── A nossa cenoura favorita.

E lá estava, o apelido. Certa vez, Louie estava se intrometendo na casa deles na noite em que Dylan e Scarlett dormiriam e ouvira discretamente o Hastings a chamar de cenoura, e desde então só fala assim para provoca-la.

── Deixa a garota ── Anoush retrucava, tirando um sorriso desajeitado do rosto dela. Ele sempre foi gentil com a ruiva, o que ela agradecia. ── Estamos felizes em te ver, Emma.

── Podem me dizer onde está o garoto novo? ── Perguntou, mudando completamente o assunto, não querendo mais perder tempo enquanto poderia estar lendo, ou pintando, em seu quarto. ── Meu pai quer que eu o guie no trabalho hoje.

── Se ferrou, garota ── O homem irritante disse, rindo para Anoush. ── É aquele ali. ── Apontou para um garoto no outro canto da concessionária, já com o uniforme e não pôde notar o cabelo familiar que o carregava.

── Certo ── Murmurou vaga, sem dar muita importância para o quer que seja que Louie estivesse insinuando.

  Respirou fundo e caminhou determinada até o novo funcionário. Ele parecia novo demais, até mais novo que ela, por isso uma pergunta ficou rondando a mente dela: Ele não deveria estar estudando em vez de trabalhar? Não a leve a mal, não estava julgando, mas trabalhar na loja não tinha meio períodos, era o dia todo. Talvez esteja enganada e seu pai havia aberto uma exceção.

── Olá ── Sorriu, cumprimentando o garoto, que na mesma hora virou-se para encara-lá. Ela foi até a mesa e pegou alguns papéis que sabia que Daniel usava para avaliar os funcionários. ── Meu nome é Emma, eu vou estar lhe orientando hoje.

  Quando olhou o garoto, arregalou os olhos, reconhecendo ele do outro dia que se esbarraram. Ele parecia diferente desde então, estando menos... delinquente. Era essa a palavra?

  Ele pareceu também tê-la reconhecido, pois engoliu em seco ao manter o contato nos olhos castanhos dela por mais de dois segundos.

── Eu sou Robby Keene.

  O nome saiu tão naturalmente na voz dele, e um pedido de desculpas foi silenciosamente e discretamente passado no tom dele, como se lamentasse a grosseria que se conheceram e pedisse para ela não comentar nada.

Bom, a ruiva não comentaria. Ele poderia estar nervoso, achando que a chefe seria ela, mas não tiraria proveito da situação dele. Sem contar que era constrangedor pensar na forma em que se esbarraram e na forma como Emms ficou hipnotizada pelos olhos cristalinos do garoto.

── Robby ── Emma repetiu, testando a forma que o nome dele saía dos próprios lábios. Mordeu a bochecha para impedir-se de repetir a introdução sobre ela, pois já havia falado.

Emma sempre seria un desastre socialmente e tinha a própria mente para provar isso. Deveria desviar o olhar do dele, mas algo lhe puxava, como se fosse um imã.

Coçou a garganta, dando a completa atenção para os papéis em mãos.

── Eu vou lhe explicar como as coisas funcionam e te orientar durante todo o processo ── Odiou como a própria voz havia falhado, se amaldiçoando mentalmente. ── Qualquer dúvida, não hesite em me perguntar, tudo bem?

  Ele assentiu timidamente. Robby, surpreendendo a si mesmo, não queria que aquela conversa acabasse. Desde que esbarrou nela, uma curiosidade repentina se instalou em seus instintos.

── Então, você trabalha aqui? ── Puxou assunto, fazendo Emma arquear as sobrancelhas.

── Uh, não ── Negou rapidamente, fazendo uma careta. Nem imaginava como seria trabalhar para o próprio pai, preferia continuar nos estudos, sem ter preocupações a mais. ── Eu ainda sou estudante.

  Então, com um suspiro, Emma começou a explicar como a concessionária LaRusso funcionava, nunca desviando o olhar dos olhos verdes dele. Robby, por outro lado, prestou atenção em como o cabelo ruivo da garota balançava com os movimentos dela.

── Acho que entendi, não é muito difícil ── Ele falou — mesmo não tendo prestado atenção em nada que a ruiva havia falado — após vê-la parar de falar.

── Espere quando realmente começar o trabalho, Keene ── Emma sorriu gentilmente, gostando de se sentir confortável perto dele. Antes de sair, virou-se para ele mais uma vez, parecendo lembrar algo. ── Nunca esqueça das flores para os clientes. É uma cortesia. E nunca, jamais, escute Louie. ── Avisou-o. Poderia parecer besteira, mas Louie não gostava de novos funcionários e infelizmente já viu-o conseguir demitir alguns. ── Acho que é isso que precisa saber.

─── ⋆⋅ ☼ ⋅⋆ ───

A esse horário já era para ter começado a aula e Samantha obviamente pegou o carro de novo. Emma tentou ligar para Daniel, perguntando se poderia leva-la até a West Valley High School, porém seu pai negou, dizendo que o funcionário novo estaria precisando de ajuda e como a ruiva é excelente nas aulas, não faria mal faltar um dia.

Emma apenas suspirou, entrando na concessionária novamente para observar Robby limpando carros, ou até mesmo fazendo pipoca — foi uma real surpresa quando a ruiva viu Anoush e Louie comendo o que Keene havia preparado.

Entretanto, ao entrar, não viu Robby limpando carros como achava que estaria. Em vez disso, ele estava dentro de um carro, com o motor ligado. Automaticamente os olhos da garota se arregalaram, imaginando o quão irresponsável seria se deixasse isso acontecer sobre sua supervisão.

── Robby! O que tá fazendo? ── Exclamou com o coração na mão, vendo o garoto olha-la confuso pela repreensão. ── Sai daí agora! ── Ordenou, olhando para atrás dos ombros, conseguindo enxergar Louie e Anoush rindo. Merda. ── Não pode ligar um carro com a loja lotada.

O Keene saiu do carro irado, bufando de raiva e constrangimento.

── Que se dane ── Ele murmurou, antes de sair correndo para fora da concessionária.

Emma mordeu os lábios e foi atrás dele. Nunca imaginaria que estaria nessa situação em vez de Daniel, do jeito como ele acalmava as coisas parecia tão mais fácil do que realmente é.

── Ei! ── Puxou o braço dele, para que travasse no lugar e não saísse para mais longe.

── Não precisa me demitir. Eu me demito.

── Ok, vamos com calma ── Riu nervosamente. Não podia dar mancada justo quando tem a devida atenção de Daniel. Largou o braço dele, mesmo não tendo total certeza de que ele não fugiria. ── Eu não sou sua chefe, não posso te demitir. ── Ele acalmou a respiração, mesmo ainda estando com um pé atrás. ── Me desculpa pela bronca lá dentro, estou tomando conta da concessionária, então não posso decepcionar meu pai.

Robby arregalou os olhos com a última fala, e demorou alguns segundos lentos para raciocinar exatamente o que a ruiva havia dito.

── Daniel LaRusso é seu pai?

── Bom, sim ── Respondeu, engolindo em seco. Resolveu não estender o assunto e olhou o relógio no celular, marcando quase duas horas depois que apareceu ali. ── Ele vai chegar daqui a pouco para terminar de te avaliar. Eu meio que não sou profissional nisso.

── Você é boa nisso, Emma. ── Ele afirmou, fazendo-a sorrir timidamente. ── Obrigado por me ajudar.

── Disponha. ── Comprimiu os lábios em uma linha fina, sentindo algo se fazer presente no próprio estômago.

O resto do dia teve menos movimentação, pois Emma acabou indo para casa mais cedo, alegando em uma ligação com Daniel, que ele devia dar um jeito no primo dele, fazendo-o ficar preocupado e tomar a direção da avaliação.

Desceu as escadas da mansão LaRusso lentamente, até parar na cozinha, onde Daniel e Amanda estavam — o primeiro segurava uma camiseta com o nome Robby estampado, ao lado de Concessionária LaRusso.

Emma sabia o que aquilo significava, mas mesmo assim necessitava de uma confirmação em palavras, não podia criar esperanças falsas.

── Contrataram Robby? ── Perguntou, tentando conter a animação.

── Sim, querida. ── Amanda respondeu, com um sorriso lindo. Ela era linda, sempre fora, tinha orgulho de ter Amanda como mãe. ── Você foi ótima hoje.

Emma a sentiu abraçando-a de lado e sorriu aliviada com o gesto. E assim sabia que passaria a noite inteira falando com Scarlett sobre o dia corrido que teve, esperando ansiosamente atualizações sobre o Cobra Kai.

─── ⋆⋅ ☼ ⋅⋆ ───

O dia — para Emma — havia começado com inúmeras mensagens de Scarlett, escrito em com exatamente essas palavras 'Johnny Lawrence é um lunático' — ocasionando risadas roucas de sono da LaRussoe outra mensagem dizendo 'Em, pode me dar carona até em casa?'. Emma apenas respondeu com um emoji, sabendo que depois da briga com Kyler, Scar estava de castigo sem o próprio carro.

  Emma pegou o carro, que, felizmente, Sam não estava usando e ligou o motor, pisando fundo no acelerador. No rádio, as melodias de Sweet Child O'Mine de Guns N'Roses começava a soar, fazendo a ruiva sorrir como se fosse a coisa mais legal do mundo.

  Quando o carro parou em frente à fachada com um logo enorme de Cobra Kai, Emma sentiu-se pronta para sair do veículo, com o celular em mãos para mandar mensagem à Scarlett de que estava a esperando. Entretanto, ao dar mais um passo, viu um garoto saindo correndo e provavelmente estava chorando também.

  Emma arregalou os olhos assim que o reconheceu.

── Eli?

  Ele paralisou no caminho que carregava. Então, pareceu reconhecer a voz baixa da ruiva, pois cerrou os punhos e o próximo passo que deu foi correr, deixando uma Emma completamente em choque.

  Poderia ter sido um ato impulsivo e muito irresponsável, mas a LaRusso deixou o carro ali — com chave e tudo — e não hesitou em ir atrás do garoto. Certamente, depois lembraria de mandar mensagem para amiga resgatar o carro por ela.

  Assim que o alcançou, em total — e mais uma vez — impulsividade pegou o pulso de Eli, tentando faze-lo parar de correr para longe dela.

── Me solta! ── Ele tentou puxar — querendo ou não, Emma sempre seria mais forte que ele — o braço de volta e, só então, se virou para a ruiva, fazendo-a podendo ver as diversas lágrimas dele.

── Eli... ── Falou baixinho, com medo do garoto fugir novamente. Emma queria entender o que causou toda aquela tristeza e constrangimento no olhar dele. ── O que aconteceu?

  Eli pareceu hesitar, tentando desviar do olhar penetrante da ruiva, mas não conseguiu pelo aperto constante no braço dele.

── Eu... ── Os olhos de Eli brilharam em lágrimas e ele pareceu ressentir. ── Aquele Sensei falou sobre meus lábios e praticamente me humilhou na frente de todos.

  Os olhos dela saltaram, em indignação.

── Quê? ── Resmungou, apavorada. Era como uma nova versão de Kyler, só que mais velho. Torturante, pensou-a. ── Eu sabia que ele era meio maluco, mas isso...

── É ── Interrompeu-a, odiando cada momento de vulnerabilidade que mostrava à ela. Eli finalmente conseguiu soltar-se do aperto dela, ajeitando a postura, e Emma sabia que ele não fugiria novamente. ── Ele disse que eu precisava mudar o roteiro se eu não quiser ser apenas o garoto com o lábio estranho para o resto da vida. E me chamou de aberração.

── Ah, jesus ── Massageou a testa, pensando em como poderia consolar o garoto a sua frente sem sair da zona de conforto. ── Não dê ouvido à ele, está bem?

── Como não, Emma? ── A maneira como a pergunta dele pareceu tão inocente, fez o estômago da garota revirar. Por algum motivo, doía vê-lo assim. ── Sensei tem razão, eu vou ser sempre o garoto com lábio estranho.

  Emma balançou a cabeça negativamente de maneira rápida, não deixaria ele assim vendo-o sofrer sem fazer nada. Precisava agir.

── Não, não vai ── Que se dane a zona de conforto. ── Quer saber? Vamos mudar o roteiro.

  Emma sabia que Eli precisaria de algo grande e impressionante o bastante para sair daquela imagem destruída que construíram dele. Ela pensou em algo, mas tinha certeza que se alguém — sua família — soubesse, não veria o sol tão cedo.

── Mudar o roteiro ── Repetiu, não parecendo confiante, mas sabe que pode confiar na pessoa mais responsável que já havia conhecido. Ou, pelo menos, sabia.

── Eli, você não tem problemas com agulhas, certo?

  Eli arregalou os olhos, retirando todos os pensamentos sobre Emma ser a pessoa mais responsável existente. Ele estava ferrado.

─── ⋆⋅ ☼ ⋅⋆ ───

── Eu não acredito que vou fazer isso.

  E eu não acredito que foi minha ideia, Emma completou mentalmente. Bom, segundo a tudo que falam na internet, Rico era um experiente no assunto tatuagem. Entretanto, Emma parecia hesitante com isso, por mais que não transparecesse. Se algum dia Eli se arrepender seria culpa dela.

── Pode segurar minha mão caso doer muito ── A ruiva havia falado — definitivamente — na brincadeira, porém Eli, que estava deitado se barriga para baixo naquela maca do estúdio de tatuagem, segurou fortemente a mão dela, feliz pelo consentimento.

── Precisa ser tão grande? ── Ele questionou, não tão confiante como ela aparentava estar. ── Acho que uma pequena ficaria melhor...

── Não! ── Emma negou rapidamente, nem sequer reconhecendo a própria voz. ── Eles precisam tirar o foco do seu lábio e nada mais lógico do que fazer uma tatuagem gigante nas costas...

  Aos poucos a voz dela foi morrendo e ela deu à Eli um sorrisinho nervoso. Parecia que estava mais ansiosa que ele pela tatuagem. Era uma coisa que nunca havia feito antes. Normalmente, sempre dava conselhos ótimos e construtivos. Não de forma completamente impulsiva como essa.

  No que Dylan me transformou? Quis rir pela linha de pensamento de si mesma.

  Rico tinha ido buscar as ferramentas que usaria na tatuagem extensa de Eli, então pelo menos tinha um tempinho para se preparar para o momento.

── Emms? ── Ouviu-o chamando e abaixou a cabeça, encontrando-o se apoiando com os dois braços na maca, como se tivesse acabado de receber uma ideia brilhante. ── Você pode fazer uma também? ── Emma arregalou os olhos — tinha certeza que podia senti-lo saindo do crânio dela. Havia ouvido certo? ── Digo, não uma igual a minha... ── Gaguejou, ficando em extremo nervosismo ao ver a reação da ruiva. ── Talvez uma pequena, para se lembrar desse momento decisivo.

  As pernas da garota começaram a balançar por contra própria, enquanto a mesma mordia o canto dos lábios como forma de mostrar o quão ansiosa estava com isso.

── Não sei, não, Eli ── Engoliu em seco, não sabendo como negar aquilo. ── Meu pai vai me matar. ── E se Sam descobrisse antes dele, certamente surtaria mais ainda.

── Ele não vai saber ── Eli piscou de um olho só e sorriu ladino, fazendo inconscientemente Emma repetir a ação — onde estava aquele garoto tímido e fofo que Scarlett mencionara? A LaRusso esqueceu de perguntar isso à si mesma. ── O que me diz, Emma?

── Tudo bem.

  Eli comemorou silenciosamente, enquanto a ansiedade atacava todo o anterior de Emma. Além do medo dos pais descobrirem, havia aquele sentimento de excitação ao saber que faria algo escondido. Isso a fazia se sentir revigorada.

  Enfim, Rico chegou e Eli tirou toda a pose de confiança que tinha conseguido ao convencer Emma a fazer uma tatuagem, e eles começaram o desenho.

  No caminho para o estúdio, Emma havia questionado o garoto qual animal ele achava que era o mais bonito e durão, Eli respondera Falcão e foi aí que a ruiva já sabia a tatuagem dele.

── Eli, está tudo bem? ── Emma se segurou para não rir quando sentiu ele apertando sua mão com mais força. Ouviu resmungos trêmulos em resposta.

  Demorou — mais ou menos — umas quatro horas para a tatuagem dele estar pronta e sabia que seu celular, no bolso esquerdo da calça, estava cheio de mensagens perguntando onde ela estava. Esperava que nenhuma delas seja de Daniel e que ele esteja bastante ocupado com Robby.

  Emma ajeitou-se na maca, assim que Eli saiu dela e suspirou pesadamente, sabendo que seria sua vez de fazer aquilo. Ainda conseguia desistir, mas um sentimento dentro dela não deixou isso acontecer.

── Deixa eu ver como ficou ── A ruiva diz, sorrindo, referindo-se à tatuagem.

  O garoto riu e virou de costas para ela, apontando para a tatuagem de falcão com detalhes em azul. Caraca, havia realmente ficado bom e realmente tiraria o foco de todos.

  Mas algo faltava...

── Já sabe o que vai fazer? ── O Moskowitz questionou sobre a tatuagem dela — Deus, isso está sendo difícil de acostumar —, sentando-se na cadeira que antes ela estava.

── Um sol, no ombro ── Respondeu rapidamente. Quando era criança, era apaixonada pelo sol, adorando como refletia-se nos olhos castanhos dela. Engoliu em seco e olhou para o cabelo liso do garoto, suspirando. ── Eli, eu estive pensando e... acho que deveria mudar o estilo do seu cabelo.

── Como assim? ── Passou a mão na cabeça, encolhendo os ombros. ── Meu cabelo não é bonito o suficiente?

── Não! Não foi isso que eu quis dizer ── Negou majoritariamente, rindo em seguida pelo desespero. ── Eu só acho ele muito básico e se quiser mudar o roteiro, deveria pinta-lo ── Pausou, porém continuou antes dele poder opinar. ── De azul, por exemplo. Como o falcão em suas costas.

  Em vez de recusar a ideia irresponsável de Emma, Eli abriu um imenso sorriso, como se achasse ela a pessoa mais inteligente.

── Essa ideia é genial ── Pausou e empurrou levemente o ombro dela. ── Você está sendo uma péssima influência, Em.

── Mudar o roteiro, Eli. Mudar o roteiro. ── Repetiu, sorrindo.

─── ⋆⋅ ☼ ⋅⋆ ───

  Estava certa — como sempre —, quando acabou a tatuagem, seu celular tinha mais de sessenta mensagens e nenhuma delas era de Daniel ou Amanda — o que deveria ser um milagre, que ela agradecia —, mas tinha uma de Sam — 'Pegou o carro?' Era o que dizia a notificação. Não respondeu, pois ela saberia a essa hora que, sim, havia pego.

  Era quase de noite, então teve que se despedir de Eli, alegando que ele deveria mandar uma foto de como o cabelo ficaria depois da pintura. Ele apenas riu, salvando o contato no celular dela.

  Falando em foto, quando terminou o desenho no ombro — que estava basicamente nas costas dela, assim com Eli, mas mais discretamente —, tirou uma foto no espelho do estúdio, mostrando apenas o sol para depois enviar para Dylan e Scarlett, tinha certeza que surtariam.

  Estava pronta para pegar a chave e entrar para dentro de casa, porém alguns barulhos a fizeram hesitar em fazer isso. Andou alguns passos para o lado, encontrando Daniel treinando karatê na sala mais ao lado.

── Pai? ── Perguntou um pouco chocada, o que fez-o travar no lugar. ── Não sabia que tinha voltado a treinar.

  Daniel sorriu — e Emms agradeceu por não perguntar onde ela estava o dia todo —, como se a presença dela fosse resolver todos os problemas.

── Emma! ── Ele se aproximou dela e puxou o pulso da garota, a levando para o meio da sala, onde treinava antes. ── Querida, eu estava procurando alguém para treinar comigo ── Era óbvio que o mais velho estava extremamente feliz em vê-la pois queria algo. Passou o dia todo fora e ele nem se preocupou em perguntar se ela estava bem. ── Todos recusaram quando falei. Não vai recusar seu pai, vai?

── Faz um tempão que não treino, não sei se estou pronta para isso ── A ruiva encolheu os ombros, encarando o chão, que estava mais atraente do que os olhos do mais velho.

── Claro que está. ── Daniel discordou da filha imediatamente. Emma estava cansada, não queria lutar agora, porém o mais velho continuava a insistir. ── Você é uma LaRusso, karatê corre nas suas veias, querida.

── Mas... ── Tentou falar o quão não queria isso, mas ao olhar o rosto iluminado do pai, não teve outra escolha. ── Tudo bem.

  Pegou o bastão e prendeu o cabelo em um coque, ajeitando a postura, assim como Daniel ensinou sua vida toda. Karatê é sobre equilíbrio, nada mais. Daniel a olhou com a sobrancelha arqueada, em forma de desafio.

  Então, quando começou a girar o bastão nas mãos, esqueceu-se de todos os problemas e, mesmo não admitindo, karatê sempre fazia-a se sentir desse jeito. Começou a atacar e seu pai defendia tudo, com tamanha maestria e os passos perfeitamente executados.

  Emma deu alguns passos para trás quando viu Daniel pegar na ponta do bastão dela, determinando apenas com o olhar que ela estava distraída o bastante para não perceber que tinha desvantagens. Pensou em um jeito de sair dessa situação e encarou os pés de seu pai, que estavam centímetros desalinhados com a força que fazia.

  Com um passo para frente, deslizou a perna para baixo dos pés de Daniel, fazendo-o cair no chão e ela conseguiu pegar de volta o bastão, colocando-o sobre o peito do mais velho.

── Você sempre foi minha melhor aluna ── Ele riu, achando graça da situação em que se encontrava.

  Emma engoliu em seco e levantou o olhar, franzindo as sobrancelhas quando encontrou alguém bastante conhecido os encarando com os olhos arregalados.

── Robby?

  O garoto abriu a boca em choque ao encarar a ruiva, que largou o bastão e logo Daniel estava em pé também.

── Você... Sentiu que eu estava aqui?

  Emma andou até ele, com as sobrancelhas arqueadas e o nariz contorcido. O Keene ainda estava com a camisa da concessionária, dizendo silenciosamente que havia chegado agora do trabalho.

── Não, claro que não ── Negou rapidamente, achando engraçado como ele permanecia chocado. Não tinha poderes, afinal. ── Foi o reflexo.

── O que está fazendo aqui? ── Foi Daniel quem perguntou dessa vez, se aproximando dos adolescentes.

── Eu vim entregar o relatório de vendas que pediu ── Robby estava com um pacote fechado em mãos, com o sorriso confiante, de um funcionário competente.

── Relatório de vendas ── Relatório de vendas? A pergunta fez-se presente, ao mesmo tempo que seu pai repetiu aquela fala. Não fazia sentido, Daniel nunca pedia relatório, principalmente para novatos. ── Sim... É uma coisa boa. Muito importante. ── Ele estava sendo sarcástico e Robby não havia percebido. ── Não compartilhou isso com mais ninguém, não é?

── Não, senhor. ── Entregou o 'relatório' para o mais velho, que continuava usando o sarcasmo apenas com o olhar. ── É confidencial.

── Ótimo, não queremos que este documento sigiloso caia nas mãos erradas, não é?

  Quando Daniel abriu o pacote, uma revista com uma mulher loira na capa ficou na visão deles. Então, Emma sentiu a vontade de gargalhar até a barriga doer vendo o quão o sorriso do Keene havia sumido.

── Droga, Louie ── Ele murmurou, encolhendo os ombros.

── Deveria ter seguido meu conselho, Keene ── Emma comentou brincando, mas sabia que falava sério. Foi literalmente uma das coisas que havia falado para o garoto e ele nem sequer ouviu, a deixava frustrada. ── Seja mais esperto agora.

── É, claro ── Robby sorriu e rapidamente mudou o assunto. ── O karatê que estavam lutando não tinha soco?

── Bem, karatê não é só soco e chute. ── E lá estava Daniel LaRusso que a criou, fazia tempo que não o via tão determinado. ── É mais uma questão de equilíbrio.

── Isso nem parecia karatê.

── Isso foi kata, a base do nosso karatê. ── O LaRusso mais velho respondeu, maravilhado pelo interesse do Keene. ── Você viu como Emma me derrubou? Ela não precisou de chute ou socos para ganhar.

  Pela primeira vez no dia, corou fortemente, com vergonha por estar sendo tão exposta assim.

── É sobre ter vantagem e saber como usa-lá ── Emma disse, com um meio sorriso, sendo retribuído por Robby, que não tirava os olhos dela, discretamente.

── Quer ficar e aprender algumas coisas? ── Daniel perguntou, fazendo-a arquear as sobrancelhas.

── Tudo bem. ── Robby não hesitou em concordar, adorando cada segundo que passava com eles. Ele sentia-se feliz pela atenção que recebia, era o máximo que conseguiu a vida toda, na verdade.

── Eu vou indo ── Emma diz, alto o bastante para os dois escutarem. Agora, seu pai tinha Robby para suprir a necessidade de treinar com alguém, não precisava mais dela.

── Não vai ficar? ── Podia jurar que fora seu pai que questionara isso, mas ao olhar para o lado, viu um Robby com as sobrancelhas franzidas, como se fizesse questão que ela estivesse junto.

  Não ousou olhar Daniel, apenas caminhando para a saída da pequena sala.

── Uh, eu tô cansada. Fica para a próxima.

── Qual é, Emma ── Ela travou no meio do caminho, comprimindo os olhos. ── Quero aprender como usar a vantagem, sim?

  Virou-se lentamente, olhando por cima dos ombros. Daniel estava sorrindo, como se estivesse feliz em saber que dessa vez não era o próprio que insistia para ela treinar, agora não tinha mais como escapar.

── Está bem ── Se deu por vencida, suspirando profundamente e os dois estavam sorrindo como coringa para ela. Seria aterrorizante se não estivesse com tanto sono. Se aproximou dele, engolindo em seco e segundos depois coçou os olhos. ── Primeiro, arrume a postura.

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UM ── Sinceramente, acho que poderia ter ficado melhor todas as interações e o desenvolvimento, mas fiz tudo na correria, então não sei se ficou bom. Me deem o feedback!

DOIS ── O inicio da amizade com o Eli é o melhor, dá um quentinho no coração ver que eles estão ficando cada vez mais próximos mas só de pensar no Falcão de cabelo vermelho eu choro, juro.

TRÊS ── Preciso dizer que só esse capítulo foi mais agitado que a vida inteira da Emma, socorro.

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