.18.
Isabel:
-- Trouxe pãezinhos e chá pra você! -- Chaerin se aproximava.
Já estava amanhecendo, e eu comecei a coçar os olhos inchados, pois tinha acabado de acordar.
-- Bom dia, Chaerin. -- Sorri.
-- Bom dia, Anastácia. -- Ela piscou -- Levante-se. Dentro de alguns minutos todos irão descer para o jardim principal, os príncipes irão jogar golfe. Você precisa ver o tamanho daquele campo, é imenso!
-- Chegamos de viagem ontem, eu não dormi o necessário... -- Resmungo, enfiando a cabeça no travesseiro. -- Até o rei deve estar dormindo, agora.
-- O rei? Se está se referindo à Jimin, vc está enganada. Ele acabou de passar por mim no corredor, e segurava um lindo taco de ouro nas mãos.
-- Ele vai jogar? -- Levantei a cabeça.
-- Claro que vai! Jimin sempre participa desses torneios. Se me permite dizer, ele é o mais engenhoso quando se trata de esportes.
De fato, eu não o conhecia.
-- Você é boa em alguma coisa? -- Me virei para ela.
-- Fiz esgrima por um tempo. Meu pai era profissional e dava aulas, antes de conhecer minha mãe, entrar num barco e começar a criar os filhos no meio do mar.
-- Você cresceu longe dos outros parentes? -- Chaerin sentou na ponta da cama, explicitamente curiosa sobre a minha vida lá em cima.
-- Grande parte da minha vida. A outra porcentagem de convivência era por conta datas comemorativas. Nós íamos para a superfície quando um parente casava, nascia, etc.
-- Entendi. Aqui há a prática de esgrima, mas eu nunca vi uma garota participar, isso será divertido!
-- Eu não disse que iria lutar...
-- Se você não vai participar de nenhuma modalidade, ao menos tem que descer para assistir. Vamos, vou escolher uma roupa confortável pra você.
Chaerin se aproximou da mala e foi arrancando todas as roupas de lá, olhando peça por peça, colocando-as no cabide e pendurando no armário.
Segui para o banho, me jogando por completo naquela água morna e cheia de pétalas.
Eu só preciso aguentar mais dois dias aqui.
Park prometeu que me ajudaria.
Ele disse que as Fadas poderiam me ajudar a ir para casa.
Com a cabeça encostada na ponta da banheira, pego a medalhinha e releio mais uma vez aquela frase "Nothing is impossible" cravada.
-- Mentira! Eu não acredito que você tem isso aqui. -- Chaerin berrava do quarto.
-- Tenho o quê? -- Gritei de volta.
Ela abre a porta do banheiro. Sua feição agitada me fez questionar ainda mais o que ela tinha achado na mala.
-- Isso! -- Ela mostra a minha cartola. -- Sabe de quem pertence??
Franzi a testa. Lembrei do quadro que Jimin tinha me mostrado. A cartola estava lá, mas eu não lembrava do rosto do dono.
-- Pertence a quem?
-- Ao chapeleiro. -- Ela sorriu ainda mais -- Onde você a conseguiu?
-- Era da minha mãe... Eu meio que peguei dela. -- Eu realmente não estava entendendo o motivo de tanta euforia.
-- Essa cartola é um dos objetos mais cobiçados pelos nobres daqui. Isso deveria estar em um museu!
-- Não colocarei isso em um museu. Essa cartola é um presente que a minha mãe ganhou, e quando eu voltar para casa, eu irei devolver isso a ela.
-- Aigoo, onde você arranja essas coisas? E eu nem comentei sobre punhal. Aquilo é herança da rainha Vermelha! -- Por um curto momento, vejo o sorriso dela murchar e seus olhos fixarem no meu braço -- E essa pulseira que você está usando... -- Chaerin jogou o chapéu no chão e sua expressão se tornou de pânico.
Com medo, me levantei da banheira e me enrolei em um roupão, a puxando para fora do banheiro.
-- O que aconteceu??
-- Cuidado com o fruto da cartola, que com a cor do carmim viu seu adorno ser desfeito. E o mesmo fará com o laço, que enfeita a cabeça da criança que matou o Jaguadarte. -- A garota falava sozinha. Parecia aérea em seus pensamentos e isso estava me preocupando ainda mais.
-- Chaerin! -- A chacoalhei. Eu não estava entendendo nada, pareciam palavras desconexas.
-- Se ele te descobrir, vai te matar. -- Ela me olhou.
[...]
Taehyung:
Me sentei na grama e coloquei Mirtilo no meu colo.
Antes de chegar aqui, havia passado no quarto de Isabel para buscá-lo.
Chaerin ficou responsável por avisar a garota, já que não queria acordá-la naquele momento.
-- Haaaaaaaa, que tempo maravilhoso! -- Jimin se alongava.
-- Preparado para perder? -- Jackson se aproximou.
-- Fica na sua, peixinho! E aprenda com o mestre. -- Park piscou para Jackson, um dos filhos de Arthur.
-- Eu posso não ter tanta coordenação motora nessas pernas, mas os meus braços são incrivelmente ágeis. Vou ganhar essa de lavada. -- Jackson se gabava e Jimin o olhava com desdém.
Eu apenas revirava os olhos para os dois. Essas competições reais são realmente um nojo.
Mirtilo brincava com os meus dedos, as vezes mordia com força, mas quando eu ia gritar com ele, o bichano os lambia.
-- De burro você não tem nada, né?
De longe, vi Irene se aproximar.
-- TaeTae, quanto tempo! -- Ela me abraça e eu continuo com minhas mãos no filhote.
Dou um sorriso amarelo na direção dela, e depois de alguns minutos ela finalmente desconfia e me solta.
-- Er... Eu queria te pedir um favor. -- Ela me encarava lasciva.
Irene estava me comendo pelos olhos.
-- Depende de qual favor se trata. -- Eu disse, simplista.
-- Há um convidado que ainda não saiu dos aposentos. Ao que dizem, seu nome é Justin. Precisamos começar o jogo, mas só quando todos estiverem aqui embaixo. -- Ela brincava com a barra do seu vestido, olhando dessa vez pro chão.
-- E porque eu tenho que ir chamar? Onde está o mordomo?
-- Ah... é que ele estava muito longe pra eu ir avisar, então aproveitei que você está aqui e vim te pedir esse favor. -- Ela me olha e da um sorriso.
Ergo uma sobrancelha. Já era de se esperar Irene procurar algum assunto pra se aproximar de mim.
Ela sempre faz isso.
-- Você tem asas. Consegue chegar lá em segundos... Eu vou ter que subir aquele monte de escadas.
-- Por favor, Tae! Você é menino. Não corre risco se ficar esperando outro rapaz, na porta do seu quarto. -- A fada tentava fazer expressões fofas, para "amolecer" o meu coração.
E é aí que você se engana, Irene...
Ele correrá menos risco com você do que comigo.
Fiz a maior expressão de desgosto possível, e me levantei com preguiça.
Comecei a caminhar para dentro do Palácio. O filhote me seguia, já iria aproveitar pra devolvê-lo a Isabel.
Subi as escadas em ritmo acelerado e o filhote pulava de dois em dois degraus.
Já no corredor, fui procurando pelo último quarto.
Irene disse que era o de frente ao quarto da "Anastácia".
Ri comigo mesmo, Isabel está tornando tudo mais divertido em Wonderland.
-- Chaerin! -- Quando estava prestes a bater na porta de Justin, Isabel grita do seu quarto.
Me aproximo para tentar escutar a conversa.
-- Se ele te descobrir, vai te matar. É tudo um engano da rainha. Ele não sabe da verdade... -- Escutei a voz abafada da Chaerin, pela porta.
Encosto meu ouvido na madeira, para escutar melhor.
-- Ele quem? Do que você está falando?? -- Isabel falhava nas frases. Obviamente estava com medo.
-- O Jungkook! Eu... eu não posso contar isso. Eu prometi pra Medlyn que contaria a Jungkook quando ele estivesse com a cabeça fria.
Contar o quê?
Essa maluca não pensa em entregar a Isabel... pensa?
-- Você seria capaz de contar sobre mim à ele, mesmo sabendo que ele quer me matar? E por quê ele quer me matar?
-- N-não é só isso Isabel, tem muita coisa que você ainda não sabe. Esses tre-três objetos juntos, você deve deixar longe dele, senão ele irá l-lembrar. -- Só pelo seu timbre, percebi o quão amedrontada Chaerin estava.
Narradora:
Taehyung pressionava ainda mais os ouvidos na porta, para tentar captar todo o som de dentro.
-- O que Jungkook não pode se lembrar, afinal? -- O rapaz perguntava a si mesmo, sem perceber que o próprio rei de Copas estava o encarando, após sair do quarto da frente.
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Demorei para postar...mas em compensação, trouxe dois capítulos.
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