capítulo 8: convidativo, gato e tão gostoso [+16]
MADRUGADA DE DOMINGO
Ele simplismente saiu.
A facilidade que os homens têm — ou encontram — de desistir das coisas é tão inacreditável ao ponto de ser ridículo. E a culpa não foi minha. Ou foi? Eu disse que ele era um "sem coração", não diretamente, nas entrelinhas, e depois disse que não, que ele não era um sem coração. H não é um "sem coração", muito pelo contrário: ele é o cara com o coração do tamanho do mundo. Cabe um tantão de pessoas lá, igual o coração de mãe.
Ele ficou chateado.
E com tesão.
Um sorriso aparece. Só assim percebo que estou no meio do quarto, plantada. O sorriso, não dura muito, porque sou tomada pelo sentimento de arrependimento. A necessidade de pedir desculpas vem à tona e eu me vejo tentada em atravessar o corredor e me desculpar pessoalmente.
São uma e dezessete quando eu olho, acidentalmente, para o relógio.
Reviro os olhos, por saber que continuarei plantada aqui até o amanhacer se não for pedir desculpas. Ou talvez, se eu deitar, consiga dormir de imediato e deixe as desculpas para daqui a pouco, assim que acordarmos, mas é possível que eu não pegue no sono agora, só de manhã. Esse impasse é contínuo até uma e vinte um, quando confiro às horas novamente.
Decido que vou acordá-lo, caso esteja dormindo.
A porta do seu quarto está totalmente aberta, mas, em contrapartida, está surpreendentemente limpo e organizado. Quartos de homens, de rapazes em geral, geralmente são imundos. A bagunça ultrapassa qualquer limite e, até mesmo, a sobrevivência sadia de um ser humano. Minha irmã, tem um amigo da faculdade, Miles Templetom, que representa perfeitamente o que é a sujeira masculina. Greta encontrou, certa vez, um pedaço de pizza debaixo da cama de Miles. "O aspecto me deu ânsia", disse Greta, com muita cara de nojo.
Na parede do quarto tem vários quadros. Um do Elvis Presley, outro da Whitney Houston e um da Lady Gaga.
Harry Styles gosta mesmo muito de música.
E desses artistas.
— O que é tão engraçado?
H está parado, me olhando da porta da sacada.
— Não é a primeira vez que me perguntam isso —, comento, lembrando da vez que Z perguntou a mesma coisa.
— Então a resposta já tá pronta.
Sorrio, abaixando a cabeça.
— Quase isso.
H balança a cabeça e se senta na poltrona. Ficamos nos olhando por algum tempo — tempo de mais, na verdade.
— Tentou dormir?
— Nem isso — respondeu, confortável. — E você? Conta o motivo da sua visita aos meus aposentos.
— Bem, achei muito interessante o quarto limpo e organizado de um certo príncipe e resolvi conferir bem de perto para ver se era possível — eu começo. O seu sorriso exala maldade e a vontade de sentar em cima dele — mais de uma vez, vezes e vezes sem conta até me saciar — irradia meu corpo. — Convidativo, gato e tão gostoso — eu elogio e ele umidece os lábios.
— Gato?
Eu mordo os lábios, quente. Quente demais.
— Você não tem noção do que causa nas mulheres, não é? Em mim, principalmente — eu falo, sentando na ponta da cama. — Eu tô a ponto de pedir pra você tirar a minha calcinha igual o príncipe encantado colocou o sapatinho de cristal na cinderela. — A minha analogia, em outras situações, o faria rir, mas agora, só aumenta a nossa tensão.
Ele levanta, se aproxima e eu me afasto na hora.
— Você tá a fim?
— Tanto que chega dói.
— Então por quê tá fugindo de mim? De novo — ele quer saber, sério.
— Porque eu já te rejeitei uma vez, mas sei que não vou conseguir rejeitar outra vez — eu admito, limpando a garganta. — Só queria que soubesse que você realmente mexe comigo, e se eu não namorasse já teria acontecido. — Ele assente, paciente. — E quero pedir desculpas pelo que disse. Você não é um "sem coração" e nunca será.
— Obrigado.
— Não há de quê — digo e mostro-lhe um sorriso.
Meu corpo está quente. Quente demais, como já disse. Preciso de um banho.
— Espera — é o que ele pede, quando já estou na porta do quarto. — Fica aqui comigo. Por favor, Meri.
— Não tá com sono?
— Eu estava, mas conversar contigo sempre me acorda — ele admite, e eu sinto o quê de maldade. — Literalmente — H sussurra. Eu disse que tinha um quê de maldade.
— Você tá me enlouquecendo.
— Eu sei.
Harry estica ambos os braços, alongando o resto do corpo. Preguiçosamente, ele se deita na cama. A visão perante os meus olhos é única, um verdadeiro paraíso. Ele está todo acessível pra mim, agora com a blusa vestindo o próprio corpo, mas ainda sim, é uma tentação — não só para mim, porque para qualquer mulher seria — que requer muito controle físico e mental.
Peço a Deus um pedido de ajuda.
Sento-me na ponta da cama, hesitante.
— Chega mais perto, eu não mordo —, ele começa, colocando o braço atrás da cabeça — a não ser que você implore.
— Deus.
— Harry Styles — ele corrige, sorrindo como quem não quer nada.
Balanço a cabeça, me divertindo com a situação.
— Você é tão bom.
— Bom? — H pergunta, com a gargalhada na ponta da língua. — Por quê?
— Porque você parece que tem resposta pronta pra qualquer pergunta — respondo, evidenciando isso ao erguer as mãos. — Você planeja cada jogada, cada flerte seu, cada vez que você curte com alguém parece que já tava planejado.
— E se estiver?
— Então isso aqui, essa conversa, foi planejada?
— Não, claro que não — ele se apressa em responder, preocupado. — Tá sendo no improviso. Você tá tendo alguns privilégios comigo. Considere-se sortuda.
— Não mereço seus privilégios.
— E por quê não?
— Porque sou sua fã como qualquer outra. Não há nada que me faça ser diferente das milhões de fãs que você tem — eu respondo. Seu olhar mescla confusão e um quê de "você está mesmo se subestimando? Que coisa feia". — Sou só mais uma em um milhão, há outras fãs muito mais atraentes do que eu. Você sabe disso.
O olhar dele oscila.
Parece que pegou alguma coisa.
— Então é por isso, não é? — Ele ergue as sobrancelhas, considerando se deve perguntar ou não. — O motivo pelo qual você não transou comigo, não é unicamente por causa do seu relacionamento, certo? — ele quer saber, mesmo dando a entender que já sabe a resposta. — É porque você se subestima, você dúvida de si mesma e não se acha suficiente pra mim, não é?
— Eu não me subestimo, só...
— Não acredito nisso, America! Parece que você não me conhece de verdade.
— Não me chama assim.
— O quê?
— Não gosto quando me chama pelo meu próprio nome — repito, abaixando a cabeça. Me sinto uma idiota.
— É o seu nome.
— Mas eu não gosto! Não por você — eu explico. — Você também tem privilégios comigo. Demais até, sabia disso?
Ele concorda.
— Desde a sua ligação.
— Minha? — ele quer saber, com um sorriso.
— Foi você quem ligou.
— E você me atendeu, sua espertinha. Tá tentando me enlouquecer?
— Se eu estou, é porque você já me enlouqueceu.
— Justo — ele aceita, me olhando fixamente. Seu olhar me queima demais, e eu sinto o quão conectados estamos. É um laço, uma ligação, algo forte que mantém nossos corpos eletrizados, desejando um ao outro ardentemente. — Eu queria tanto te beijar agora.
— Acredite: é o que eu mais queria também.
[...]
— Quem é o seu preferido? — Olho pra ele com um quê de "você nunca saberá", mas ele não percebe. — Qual é? Me conta. Eu guardo segredo — ele assegura. — Eu prometo.
— Nem em um milhão de anos, gatinho.
[...]
Este capítulo é dedicado a uma leitora muito querida.
Lu, parabéns! Tudo de bom pra você. Sua participação me anima tanto. Te adoro demais.
E aos leitores, muito obrigada por tudo.
Vocês são incríveis.
Dedicado à Luh_Lima123.
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