capítulo 7.2: nem tudo é perfeito
"Eu sei que você sabe que eu cometi aqueles erros, talvez uma ou duas vezes
Quando digo uma ou duas, quero dizer talvez umas cem vezes
Então me deixe, oh, me deixe me redimir, oh, redimir, oh, esta noite
Porque eu só preciso de mais uma chance de ter uma segunda chance"
— Sorry,
Justin Bieber.
•••
CAPÍTULO SETE
nem tudo é perfeito.
— Eu tenho uma consulta hoje — Alissa diz, de repente.
Passamos a manhã deitadas, assistindo filmes. Por algumas horas minha amiga se desligou da realidade.
— Do bebê?
Lissa assente.
— Por que não me contou?
— Muito coisa na cabeça, sei lá.
— É o seu filho. — Os olhos dela marejam, e eu percebo o quão dividida minha amiga está. — Por mais triste que você esteja, por mais que o luto seja algo doloroso, você precisa ir nas consultas do bebê. É a sua saúde e a da pequeno Reed que estamos falando, não tem "conversa" pra decidir sobre isso. É injusto regenar um bebê, um inocente, que não tem culpa de nada. Você precisa ter responsabilidade com ele. Ou ela, nunca se sabe.
— Não pensei nisso.
Franzo a sobrancelha.
— Caso ele seja ela? — Alissa assente. — É verdade, mas não acho que necessariamente Aiden seja um nome masculino. Você pode manter a pronúncia, mas modificar a forma de se escrever e, ainda sim, manter uma homenagem ao seu marido. O que você acha?
— Eu gosto da ideia — ela concorda. Seu sorriso é genuíno.
Faço que sim.
— Ayden, com y, também fica bonito.
— Com certeza.
Minha amiga sorri e levanta.
— Vem comigo?
— Na consulta do bebê? — Alissa confirma. — Conta comigo.
Ela murmura um obrigada e entra no banheiro.
Enquanto ela se arruma, eu faço o mesmo no meu quarto. Antes de entrar no banheiro, procuro uma roupa dentro da mala. Escolho uma calça jeans e uma blusa extremamente quente. A tarde em Manchester enfriou consideralmente no decorrer da manhã, não posso nem pensar em ficar constipada.
Os tênis, que antes estavam na mala, agora estão no chão do quarto.
O banho é rápido tanto quanto para me vestir. Demoro um pouco mais para pentear o cabelo e fazer uma maquiagem leve, usando base, rímel, blush e um gloss nos lábios. Coloco alguns acessórios, como meu colar do infinito — aquele que ganhei dos meninos da One Direction, durante o fim de semana — e, para combinar, um par de brincos. Meu relógio de pulso, deixo no criado-mudo para outra ocasião.
Pego meu Iphone e a bolsa.
Ouço passos de alguém subindo a escada. Sou rápida e entro no quarto de Alissa.
Hoje, excepcionalmente, minha prioridade é a minha melhor amiga, principalmente depois que Kellan, mesmo que de forma grosseira e desnecessária, me chamou a atenção por um possível — e talvez até recorrente — descaso da minha parte com a situação de Alissa. A insegurança e, também, o esquecimento — por mais que eu suspeite que ela não tenha esquecido da consulta acidentalmente — também me preocupam bastante. O bebê é a sua prioridade, e Alissa não pode tranferir o luto que sente pela perda de Aiden, para o bebê, porque não é nem um pouco saudável.
Disfarço com um sorriso quando Alissa saí do banheiro quase pronta.
Sua barriga está bem saliente.
— Quando você completa cinco semanas?
— Na terça, eu acho — ela responde e prende o cabelo. — Passa rápido.
— Muito.
— Vamos? Já estou pronta.
Alissa sorri.
Assim que saímos da sua casa, entramos em seu carro. Alissa é quem dirige, dizendo que estava com vontade de relaxar, e que o comando de um carro era completamente reconfortante. De olhos fixos em seus movimentos, Alissa fez o trajeto até a clínica com prudência.
Após falar com a recepção, somos direcionadas a esperar. Alissa se senta. Percebo o quanto suas mãos soam, então deduzo que ela está nervosa. É completamente natural, mas acredito que o seu estado psicológico ainda esteja em choque. Me ajoelho ao seu lado e seguro sua mão. Meu olhar é de pura sinceridade.
— E se eu não for uma boa mãe?
— Você será — eu garanto e mostro um sorriso, na tentativa de suavizar a sua insegurança. — Alissa, você será a melhor mãe do mundo para esse bebê. Não é porque o pai dessa criança não está aqui, que você será menos capaz, ou incapaz, de ensiná-lo a andar, a comer, a falar ou a qualquer outra coisa que seja. Existem tanta mães solteiras por aí e elas desempenham seu papel de mãe da melhor maneira possível. Por favor, acredite mais em si mesma.
Ela respira fundo.
Alissa fecha os olhos e se concentra nas minhas palavras de apoio, de conforto.
— Alissa Renalti?
Aceno com a cabeça, indicando que ela compareceu.
A médica assente.
— Só estarei pronta se você estiver. A gente vai enfrentar isso juntas, entendeu? — Ela assente. — Pronta?
— Pronta.
Alissa se levanta e entra na sala.
A médica sorri, nos cumprimenta e pede que Alissa se deite na maca e levanta a camiseta. A minha melhor amiga o faz, ainda meio hesitante, mas a Dr. Fisher, aos poucos, conquista a confiança de Alissa. Quando o gel é deslizado pela barriga dela, percebo seu nervosismo, mas ele logo passa, principalmente quando o bebê surge no monitor. A imagem é turva, mas ao passo que a médica desliza o aparelho que capta a imagem do útero de Alissa, o bebê ganha forma.
Quer dizer, o grão na barriga da minha amiga.
— Não é possível ver muita coisa, por conta do tamanho, afinal, você está de quase cinco semanas — a doutora constata.
— Mas ele está aí, não está?
— Sim, tá vendo aquele ponto branco? — Dr. Fisher pergunta. Alissa olha para o visor e faz que sim. — É o seu bebê.
Minha amiga franze o cenho.
— Mas ele é tão pequeninho.
A doutora ri.
— O embrião tem apenas dois milímetros, querida. Só conseguiremos vê-lo melhor, a apartir da oitava semana gestacional — A doutora com o aparelho explica e olha o visor. — Mas consigo ver a vesícula vitelinítica, que é a responsável pela nutrição do embrião. Com quatro semanas, a imagem do bebê é bem limitada. Em breve, você poderá até ouvir o coraçãozinho dele. Ou dela, né?
— Sim.
Alissa sorri e a médica entrega um papel.
Após se limpar, a Dr. Fisher marca uma consulta para daqui quatro semanas, assim que o bebê entrar na oitava semana. A médica obstetra passa algumas informações, e, além disso, a orienta sobre sua alimentação, que precisa ser extremamente saudável.
Minha amiga ouve tudo com atenção.
Enquanto a obstetra fala sobre o que será possível ver e ouvir a partir da oitava semana gestacional — como a ver o formato da cabeça e das mãos. O os olhos de Alissa estão vidrados da médica, e o peso que eu sentia por vê-la tão desanimada com uma fase tão importante para a mulher, desaparece.
Nem tudo é perfeito.
Mas não existe, de forma alguma, uma situação que chegue mais perto da perfeição do que gerar uma criança.
Gerar um bebê é um milagre.
O mais genuíno e generoso milagre.
WK está em sua reta final.
Aproveitem em quanto durar, porque logo, logo, daremos adeus a esta história.
Amo vocês!
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