capítulo 3: memórias (antes e depois) da meia-noite
NOITE DE SEXTA
Me encolhi no sofá como se eu fosse uma garotinha indefesa ao redor de cinco homens lindos e talentosos.
Sorri pra mim.
Estou sendo dramática. Não é como se eu fosse — e pudesse — obrigá-los a me dar atenção de segundo em segundo só porque sou fã deles. Na verdade, eu até mereço alguns mimos, mas não digo isso em voz alta. Eles são mais rápidos. Quando Grey's Anatomy começa — série na qual eu implorei pra assistir —, Niall aparece vestido de moletom e meias e me oferece um par delas. Agradeço, visto e me encolho novamente, deitando a cabeça no ombro de Liam.
Quando o segundo episódio infelizmente acaba, Louis está viciado.
— Põe outro!
Os meninos concordam, mas Liam intercede.
— Só mais um —, ele permite, mas condiciona: — se vocês não enrolarem pra acordar amanhã. Fechado?
— Beleza.
Liam sorri, sabendo que nada seria diferente.
E lá vem o terceiro episódio da minha atual — e única — série favorita. É inacreditável a conexão entre eles durante a série. As emoções são compartilhadas sem vergonha ou coação, simplesmente fluem. É engraçado que, até eu, em determinado momento, faço comentários sem caçar as palavras certas. Eu apenas digo, e eles reagem.
Em que episódio estamos mesmo? No quarto. Opa, não era até o terceiro?
Z está no meio de uma frase em discordância a H quando adormeço. Lutei contra o sono, coçando os olhos e me mexendo para não amolecer, mas foi inevitável. Em determinado momento, tive a impressão de ser carregada até a cama. Só que eu estava dormindo, não tinha como ter certeza.
— Boa noite, minha linda.
Ou talvez, sim.
MADRUGADA DE SÁBADO
— Meri, acorda!
E eu acordo assustada. Sento-me na cama com o coração na garganta, com medo de que alguma coisa ruim tenha acontecido. Mas, aparentemente, não é nada. Os olhos verdes de H transmitem paz e calmaria, e o sorriso em seus lábios é puro divertimento.
— Te assustei? — é o que ele pergunta.
Cruzo os braços, achando inacreditável.
— Tá falando sério?!
— São duas da manhã, Meri, é claro que é sério.
O relógio comprovava.
Ergui as sobrancelhas a espera de uma explicação, mas, em contrapartida, H me deu uma calça jeans e um sobretudo. Sem proferir uma palavra, apontou para o banheiro. Obedeci, e num passe de mágicas me vesti e regressei ao meu quarto rapidamente.
A melhor visão de todas.
Os cinco estavam em pé, no meio do meu quarto emprestado, vestindo uma calça jeans e um moletom, com o rosto levemente amassado e o cabelo com cara de "tentei ser penteado, mas não rolou". E nem ia rolar! São duas da manhã. Mas, enfim, o cabelo despenteado contribuiu para desalinhar grande parte dos pares de cromossomos do meu DNA, e eu sei que isso não tem nada a ver com ciência, mas é uma maneira de explicar o meu desespero interno.
— Alguém me explica o que tá acontecendo?
— É surpresa, Ames — Louis responde. — E não está longe daqui.
Faço que sim.
Aproveito o momento pra me vingar de H, dando um soco em seu ombro.
— Isso é por me assustar! — H resmunga de dor. Os meninos dão risada.
— Desculpa.
— Certo. Desculpas aceitas — sorrio, beijo sua bochecha e saio do quarto.
Niall e Louis me seguem. O sorrisinho vitorioso no rosto dos dois é incrível, praticamente dizem "obrigada por se vingar do Harry, realizou o meu sonho". Ri baixinho pra não alarmar a situação e me sento no sofá, esperando os outros três descerem. Quando isso acontece, esclarecem que vamos numa vã.
Saímos da mansão e seguimos até a garagem.
A minivã já está a espera, então só nos acomodamos no interior do automóvel.
— Quem vai dirigir?
— Eu — um cara diz ao entrar na minivã. É nada menos que Paul Higgings. Ele vira a cabeça e sorri. — Olá, America. Quanto tempo, hein?
— Uma semana, Higgings! Para de ser dramático — Louis se intromete.
— Oi, Paul!
Dou risada.
Louis pisca o olho pra mim.
— É que pouco tempo longe da Meri é muito — Z comenta, e eu percebo que esse é seu primeiro comentário demonstrando afeto por mim.
H interfere:
— Ames!
Todos prestam atenção.
— O quê?
— Pra vocês é Ames; pra mim, é Meri — H explica, e isso é motivo de confusão.
O percurso se passa com uma grande discussão. Só se calam — ou são eventualmente obrigados a isso — quando percebem que chegamos ao nosso destino surpresa. Saio da minivã atenta ao bairro, que por sinal ostenta casas de luxo com iluminação caríssima, decoração perfeita e um jardim de tirar o fôlego.
Vejo outros seguranças e dois fotógrafos.
Não gosto da presença deles, me sinto intimidada, vigiada. Os meninos seguem caminho até Paul, mas eu me detenho.
Mexo a cabeça e me convenço de que está tudo bem.
Liam acena pra mim:
— Por aqui, Ames.
— Certo — respondo e sorrio, como se tudo estivesse bem. — É só ignorar.
Então começamos a subir o que parecia não ter fim nunca. E quando finalmente chegamos lá em cima, e eu me dou conta, lentamente, de onde estávamos, minha respiração começa a falhar. Aperto os olhos e forço a visão a se adequar ao escuro. Eu estava mesmo naquele lugar, e tive a confirmação quando Louis esclareceu:
— Seja bem-vinda ao Letreiro de Hollywood!
Levo a mão ao peito.
Sem reação, caminho alguns passos para ampliar a belíssima visão da cidade de Hollywood. Esse tempo todo eu estive aqui e nem ao menos me dei conta disso. Nem durante o percurso até mansão local eu percebi, nem me lembrei de perguntar ao motorista, a Carla ou a Anna. Eu estava mesmo chateada com a, até então, desistência de Kellan do fim de semana.
Olhei para o rosto do cinco.
— Isso é demais. É sério. Obrigada por fazerem isso por mim — foi o que eu disse.
Niall quis saber:
— Gostou mesmo?
— Queríamos te levar num lugar bacana, então... — H explicou, sorrindo.
— Tá bricando comigo? Olha essa visão — e me virei, dando de cara com a iluminação pública e individual. — Isso é demais. Caramba, e como é! Obrigada mesmo por levantarem e se arrastarem às duas da manhã até aqui por mim.
Liam diz:
— Não tem de quê.
— O meu sono tem, com toda certeza — Zayn comenta, de repente.
Dou risada, abraçando-o pela cintura.
Quando minhas pernas doem, retiro o sobretudo e me sento no chão. O clima está agradável, e me questiono o motivo de estar usando algo tão grande e quente. Coisa de H. Sempre tão preocupado com a família, os amigos, as fãs. Sempre tão altruísta.
E é aí que me dou conta.
Céus, como eu sou egoísta e idiota.
E como se ouvisse meus pensamentos, ele se senta ao meu lado.
— E aí?
— É lindo. Essa visão é de tirar o fôlego — garanto, com um sorriso falso no rosto.
Olho para as sequência de residências.
Elas não são nem um pouco especiais, mas são uma boa distração pra mim. Ou aparentam ser, apenas.
— Desculpa pelo tapa — digo ao criar coragem.
— Soco, na verdade — ele corrige, indiferente. — Se fosse tapa, teria sido na cara.
— E isso doeria bem mais.
— Não discordo.
Ele sorri.
E droga!, aquele sorriso maldito.
— Foi mal mesmo. Doeu?
— Doeu. Você é bem durona. Sua mão é tão boa fazendo outras coisas tanto quanto socando as pessoas?
— Claro que sim — respondo no automático.
H ri.
Só aí eu percebo o segundo sentido na pergunta.
— Seu idiota!
— Você caiu direitinho — e continua rindo, deitando o corpo no chão.
— É justo.
— Pelo quê?
— Você queria dar o troco. É justo — respondi, aceitando a brincadeira. — Mas é a única coisa que terá de mim. Eu não me intimido facilmente.
— Tem certeza?
Mantenho a determinação e garanto:
— Tenho.
— Conta outra, Meri. Eu sei que você tem orgasmos comigo — ele provoca.
Quase engasgo.
As clichês borboletas no estômago dão sinais de vida.
— O quê?!
— Admite que tens orgasmos sempre que ouve, pensa ou vê algo relacionado a mim — ele pede, divertindo-se.
Louis se intromete:
— Orgasmos?
— Quem falou orgasmo? — Niall questiona.
De repente, os cinco estão debatendo o assunto. Harry se gaba de ser sensacional — e eu não duvido disso — enquanto Louis dá risada e discorda. Até mesmo Zayn parece interessado no assunto, e opina vez ou outra. O assunto retorna a mim para responder o quê do orgasmo.
— Com vocês?
Eca! Que nojo.
Mas não digo isso, deixo eles pensarem — ou interpretarem — que sim.
Mesmo que seja mentira.
[...]
Abro os olhos.
Acordar novamente naquela manhã foi maravilhoso. Não reclamei, nem resmunguei, apenas abri os braços pra me espreguiçar e levantei. O que veio depois, foi apenas um bônus. Ou um presente de Deus. E mais um dos meus desejos — ou curiosidades — realizado.
— Bom dia, minha linda.
E não havia melhor voz de bom dia que aquela.
Nem a de Colin Scott, o meu namorado e primo de segundo grau.
[...]
Que capítulo foi esse, minha gente?
Partiu comentar e deixar
uma estrelinha?
Quarenta votos no último capítulo em vinte e quatro horas, vocês acreditam? Estou impactada. Sério. Obrigada.
E até a próxima atualização.
Adoro vocês!
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