capítulo 2: colin scott
— Eu disse pra você não vir — relembrei.
Colin riu.
— Desculpa, gata. — Ele deu um beijo na minha boca. — Não queria ficar mais uma semana sem te ver — ele confessou.
Puxei-o para o sofá.
— E eu não aguento mais isso — comentei.
— O quê?
— Não poder contar para as nossas famílias que estamos juntos —, expliquei.
— Somos primos, Ames. Já pensou como nossos pais vão reagir se descobrirem?
Dei de ombros.
— Somos primos de terceiro grau, não conta.
— Eu sei, mas nossos pais são demasiado próximos e eu tenho a certeza que vão surtar quando descobrirem que nossa relação é mais intensa do que nos é permitido. — Colin me puxa para mais perto de si. — Sinto muito. Queria muito que as coisas fossem mais fáceis.
— Não é culpa sua.
Então o beijei. Seus lábios sob os meus, sem movimento algum, eram suficientes para me enlouquecer. E eu adorava beijá-lo assim, sem toda aquela agressividade natural de um beijo; mas como todo beijo começa simples e inocente, depois se torna intenso e ousado.
— Alguma novidade?
Prestes a negar, lembrei-me da promoção e que não tive tempo de contá-lo.
— Sim, algumas.
— Me conta.
Ponderei minhas palavras enquanto pensava.
— Você viu algo relacionado a promoção do fim de semana com os meninos? —, questionei. — Oferecida pela Modest!, a gravadora da banda.
— Eu vi.
— Eu me inscrevi.
— Sério? — Balancei a cabeça. — Isso é demais, Ames! Eu imaginei que você iria participar, visto que é fã daquela banda há bastante tempo.
Dei um sorriso de lado.
— Não chame de "daquela banda", Colin Scott!
Ele riu.
— Desculpe, como eles se chamam mesmo?
— One Direction.
— Ah, sim — e riu, como se não soubesse.
Dei um soco em seu ombro. Colin fingiu sentir dor.
— Estou brincando, amor — ele admitiu e beijou o meu pescoço, na intenção de se redimir. — Eu sei o quão importantes eles são para você e eu apoio completamente. Se for escolhida no sorteio e se você tiver que ir pra Los Angeles com intuito de ganhar o fim de semana, ficarei feliz.
— Jura?
Ele assentiu sorrindo lindamente. Aproximei nossos rostos, quase unindo nossos lábios.
— Eu quero ouvir — pedi.
Colin enlaçou seus braços na minha cintura e apertou levemente. Ali comecei a sentir a tensão, a sensação mais peculiar. Colin é doce e paciente, mas suas exigências são um tanto quanto intensas.
— Jura?
Apertando mais fortemente e me grudando ao seu peito, ele confirmou:
— Eu juro.
E com toda aquela tensão beijei sua boca e juntos iniciamos um beijo intenso.
É tão bom beijá-lo, me sinto literalmente no céu. Colin me trás tanta paz e me faz querer não dar importância a nada e ignorar completamente o tabu da sociedade que impede (ou superficialmente julga) relacionamento entre primos. Somos felizes, nos damos bem, será que o mal da sociedade é julgar-te porque tens aquilo que eles não têm? Toda forma de amor tem de ser aceita, independente da parte que vem.
— Eu gosto de ti.
Colin estremeceu ao ouvir a minha confissão.
Temi que não fosse recíproco, apesar de já tê-lo ouvido confessar outras muitas vezes antes. A verdade é que dizer "eu gosto de ti" é tão confuso quanto dizer o tal do "eu te amo".
— E eu de ti — o meu namorado retribuiu.
Naquele momento eu soube que qualquer sacrifício para ficar com Colin valeria a pena. Já estava valendo.
A única parte do dia em que a minha família se reúne, é de noite. Greta tem vinte e quatro anos e além de fazer faculdade de moda trabalha como estagiária num escritório. Minha mãe é obstetra e meu pai trabalha como segurança de um Hotel no centro de Washington.
Essa rotina ocupa o dia inteiro de todos, desde ás oito da manhã até às sete da noite.
Pouco mais das oito, estávamos todos jantando.
— Como foi o dia? — meu pai questionou.
— Normal.
E é verdade, afinal, estou de férias por tempo indeterminado. Terminar a escola foi um alívio, porém, ainda não decidi que faculdade pretendo fazer, nem sei se pretendo fazer faculdade. Há profissões que não exigem faculdade, apenas um curso de aptidão.
— Na faculdade, tudo normal, como sempre, mas o escritório estava um loucura — Greta compartilhou.
— Por quê?
— Copa do Mundo, Ames — ela explicou.
Meu pai se animou.
— Ah, nem me fale, vi o jogo do Brasil contra o México hoje — meu pai comentou.
Minha mãe se manifestou:
— Você não devia estar zelando pela segurança dos hóspedes do Hotel, John?
— E eu estava, Carol — meu pai assegurou. — Mas eu tive um tempinho de descanso e pude ver o final do jogo.
Eu ri.
Minha mãe olhou desconfiada.
— O Brasil ganhou? — questionei, curiosa.
— Deu empate.
Assenti e voltei a comer, deixando a conversa para os três que estavam animados e fiquei com meus pensamentos, tentando escolher em quem torcer para a copa. A verdade é que é muito cedo, e eu, apesar de ser americana, não pretendo torcer para os Estados Unidos. E ainda estamos na primeira fase da copa, no Grupo A, terei jogos suficientes para escolher.
De repente, Greta me chamou:
— Ames!
Greta estava na sala. Meus pais também.
— O que foi?
— Vem ver! O James Corden está comentando sobre a promoção do fim de semana — ela explica rapidamente e eu me pego interessada no assunto. — Rápido!
Apresso os passos até a sala.
— ...então se você é fã dos One Direction inscreva-se no site. Na sexta-feira teremos a presença dos integrantes aqui para comentar a expectativa deles para com o Fim de Semana, além de muita música e risadas. E não perca, no dia vinte e sete de junho a apresentação das vinte e uma selecionadas! — finalizou e avisou aos telespetadores sobre o rápido comercial.
E lá apareceu uma foto deles juntos, sorridentes e naturais.
Eu sorri e me vi desejando ser escolhida só para ter o prazer de conhecê-los, poder abraçá-los e dizer o quanto os amo. São cinco sorrisos que me fazem sorrir, que me fazem dar risada. E é inacreditável pra qualquer um entender o "eu os amo só porque existem", só que eu sei que não entendem porque não são capazes de amar alguém, amar alguém de verdade.
Cruzei os dedos e fiquei mais uma vez otimista.
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