capítulo 2.1: o dia que eu conheci a one direction
TARDE DE SEXTA
Eu nunca apreciei estátuas.
Apesar de não ter sido diagnosticada como uma criança hiperativa nos seis meses de acompanhamento psicológico, eu sempre tive problemas com os "fique sentada por alguns minutos" dos meus pais e os "quando você vai parar de falar?" da minha irmã mais velha. Nunca gostei de ficar sem fazer nada, ou apenas assistindo tevê, sempre gostei de movimento.
Paguei com a própria língua ao não gostar de estátuas, principalmente na frente de Niall Horan.
Eu congelei, literalmente.
— Olá?
Niall não tinha me visto ainda.
— Quem é você? — O louro me analisou de cima a baixo. — America?
— Em carne e osso.
Niall ri e apoia as bacias de pipoca numa estante.
— Ataque de fã?
— Isso geralmente acontece? — pergunto, ao passo que ele abre os braços.
— O tempo todo.
Balanço a cabeça.
— Só quero um abraço.
Niall se surpreende, mas me abraça de volta.
Kellan tinha razão quando disse que o cheiro do perfume era maravilhoso. Niall cheirava tão bem usando uma fragrância fraca e adocicada. Senti o fôlego estacionar na minha garganta, milhões de borboletas flutuando no meu estômago e mais um trilhão de sensações. Apesar de estar lúcida, senti altos e baixos de descontrole.
Um click repentino me fez perceber que eu tinha uma pessoa muito especial e importante nos braços.
— Esse silêncio é um possível alerta de um ataque de fã? — Niall brincou.
Me afastei, rindo.
Próxima do seu rosto pude comtemplar o quão azul os olhos dele eram.
— Quanto a isso você tá seguro: nada de ataques de fãs — assegurei.
— Bom saber disso.
Ri e peguei uma das bacias. Niall pegou a outra.
— Por que você sempre se encarrega das comidas? — perguntei.
— Porque sim.
— Porque sim, não é resposta.
— Agora é — e piscou pra mim, enquando subia as escadas. — Você vem ou não?
Sorri e o acompanhei.
Niall era diferente do que eu imaginava, mas não de uma forma ruim.
— Preparada para os melhores três dias da sua vida? — Niall perguntou.
— Dois dias e meio.
O louro conferiu as horas no relógio de pulso.
— Caramba! Você tem razão: são cinco da tarde.
— Sem problemas — falei, mostrando um sorriso. — E sim, estou preparada!
— Ótimo.
E me mostrou um sorriso.
— Não se assuste, somos uma confusão — Niall avisou e abriu uma porta.
— Eu sei disso...
Ou não.
Lá dentro do quarto estava uma verdadeira confusão. O volume do videogame estava nas alturas enquanto Louis e Liam se comunicavam — ou tentavam — num volume maior que o da televisão. Do outro lado, Harry e Zayn jogavam cartas ou algo do tipo, e a cada rodada que um "perdia", o ganhador jogava uma almofada na cara do outro. A cena poderia ser considerada mega agressiva se não fossem as gargalhadas.
O mais engraçado foi quando perceberam a minha presença no quarto.
— Oi.
Liam deu um pulo do sofá, se recompondo.
— Olá! Desculpa, pensamos que você chegaria mais tarde — ele explicou.
O choque foi instantâneo. É provável que ao ver um deles eu ainda estivesse num passe de que não era real, mas agora, na frente de todos eles é completamente impossível não acreditar. Eu tinha ganhado o fim de semana, mesmo que por "desistência" do meu melhor amigo, e agora estava perto dos cinco caras mais incríveis do mundo.
— Oh, meu Deus!
A ficha finalmente caiu.
E apesar de ter prometido não surtar, era impossível lutar contra as lágrimas.
— Seu nome é America, certo? — Liam quer ter certeza.
Balanço a cabeça, ainda em choque. Sinto meus olhos molhados e o rubor nas minhas bochechas.
Louis implica:
— Não, idiota, é Calissa!
— Eita, cara! Que bicho te mordeu hoje?
— Nenhum, mas essa foi uma pergunta ridícula. Até eu que sou meio sem noção não perguntaria isso. — Louis cruza os braços, de cara séria. — Fala sério, meu! Você passou um mês assistindo e torcendo por ela feito um maníaco sem noção e a primeira coisa que você diz é querendo confirmação de como ela se chama? Sério mesmo?
Com a brecha, Niall e Z caem na gargalhada.
— Ei, sem implicância. Temos uma convidada.
Procuro o dono da voz, e admito que não é difícil de encontrar quando o som é tão rouco e grave. O rapaz de olhos verdes e long hair está com um belíssimo sorriso — e com direito a covinhas — quando olho pra ele. É um choque de realidade ao vê-lo, e é uma energia diferente porque sinto a queimação na pele, como se fosse as típicas liberações hormonais lembrando que você também sente atração por pessoas, independente do quão estranho e incomum pareça.
Oh, céus, o que tá acontecendo comigo?
— Oi.
— Olá, America.
Por um instante, pensei que ele fosse me abraçar, mas H foi acidentalmente interrompido pelo Zayn:
— É um prazer te conhecer. Estávamos ansiosos com a sua chegada, principalmente depois de conhecer Kellan. — Assenti, sorrindo. — Fique tranquila. Nós entendemos.
— Kellan nos contou tudo — Louis emendou.
— Da sua possível chateação, também — Liam garantiu, de um jeito muito fofo.
Fiz que sim.
— Enfim, já passou.
Louis quis saber:
— É isso aí. Você tá mesmo preparada pros três melhores dias da sua vida?
— Eu fiz a mesma pergunta! — Niall compartilha em sua primeira participação.
Os meninos riem.
— Eu já posso agarrar vocês?
— À vontade!
O perfume dos cinco ficou literalmente preso na minha blusa de seda. Uma sensação de felicidade sem limite tomou conta de mim ao abraçá-los, e tive a percepção da intensidade e do modo como cada um deles retribuiu aquela simples demonstração de afeto com um sorriso no rosto.
Louis era apenas alguns centímetros — seis ou sete — mais alto que eu, então pude envolver um dos meus braços no seu pescoço. O cheiro do seu perfume era doce, semelhante ao do Niall, e o aperto de seu abraço era preciso e aconchegante. Abraçá-lo foi como ir aos céus ou rolar num amontoado de algodão, de tão suave que era.
O abraço de Zayn não era muito diferente, mas na sua individualidade o moreno estava mais retraído.
Niall exigiu outro abraço. Obviamente, foi impossível dizer que não.
Liam sorriu tão genuinamente antes de me abraçar que eu senti as batidas do meu coração aumentando o ritmo. Foi reconfortante abraçá-lo e desfrutar do perfume mais forte nos poucos segundos ali.
E, por último, mas não menos importante, o abraço de H. Quando me aproximei, Harry abriu os braços e envolveu o meu corpo. O abracei pela cintura, porque dada a sua altura, era difícil abraçá-lo pelo pescoço. E foi inédito. Ao abraçá-lo não pensei no perfume ou no modo como abraçava, mas unicamente no "ele está me abraçando".
E num sussurro discreto, H perguntou:
— E aí, desejo realizado?
— Na verdade, promessa cumprida.
Ele riu baixinho e eu fiz menção de afastar-me.
Louis agarrou minha mão.
— Vem! Senta ali — e apontou para o sofá. — Você é de Washington, certo?
— Sou, sim.
Liam perguntou:
— Seus pais também?
— Eles não. Meus pais são da Carolina do Sul.
— Sua irmã também? Ela é mais velha que você — H comentou. — E morena.
Isso foi motivo de risada.
— Greta é seis anos mais velha, acredita? E sobre o cabelo: puxou meu pai, enquanto eu sou toda a mamãe.
Z comentou:
— Que legal. Vocês se dão bem?
— Muito. Ela é minha melhor amiga, alguém em que eu posso sempre confiar — contei, com um sorriso bobo no rosto. Vejo um sorriso curvado na boca dos meninos. — Aliás, foi Greta que me convenceu a participar do fim de semana, do contrário eu não estaria aqui agora.
Niall derrubou a bacia pela metade de pipoca.
Os outros tiveram reações semelhantes.
— Você não queria participar? — Liam perguntou, levantando o cenho.
Louis quis saber:
— Não é fã da gente?
— É poser? — Niall emendou, indiferente.
— Tinha algum compromisso? — Zayn também fez parte do bombardeio.
Quando me preparei para responder, fui interrompida por Harry:
— Você só estava com medo. — Todos me olharam, esperando o sinal de confirmação. Balancei a cabeça sutilmente. — Do quê, exatamente?
— A competitividade podia ser exaustiva.
Louis questionou:
— E foi?
— O suficiente pra enlouquecer.
Eles dão risada.
— Você precisa descansar um pouco — Liam falou. — Venha conhecer seu quarto. Espero que goste de azul.
— É legal, mas gosto mais de rosa.
Em sintonia, os quatro repreenderam:
— Niall!
— O quê? Isso é psicologia reversa, pessoal!
[...]
Ri quando Louis revida com um palavrão.
— Louis!
H aponta pra mim.
— Como se eu não soubesse que vocês falam palavrão de vez em quando — comentei, sentando-me no sofá.
Louis garante:
— Tá vendo? Ela sabe!
— Não importa, Louis. Ela é nossa convidada e merece bons modos — Harry continua, determinado. — Não dá confiança pra ele, Meri. Louis é folgado.
[...]
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