capítulo 11: dezoito é par
Kate, Amália e Rebecca foram as três eliminadas da primeira semana. Nas duas eliminações seguidas da de Kate, não fui uma das três melhores, e isso pareceu um presente de Deus para me livrar de saber quem seria a próxima eliminada. Não me importava que alguém soubesse que eu seria a eliminada da vez; me importava saber quem seria a eliminada, tal qual eu sabia de Katherine.
Amália Müller foi a segunda eliminada. Na terça, as perguntas sobre a banda foram mais difíceis do que da primeira rodada. Desta vez, estavam mais específicas, querendo saber dos mínimos detalhes. Na segunda etapa da prova, fiquei atenta aos dois modelos — que estavam representando Niall e Liam, desta vez —, na tentativa de perceber algo semelhante a prova de domingo.
Só que nada de estranho ou suspeito aconteceu.
Assim que a prova acabou, Mackenzie, Melinda e Chelsea foram chamadas. Chelsea estava entre as três melhores pela segunda rodada consecutiva, e isso me deixou em alerta para o quão boa ela era.
No dia seguinte, Anna anunciou que Amália estava fora.
No regresso para o meu quarto — após a partida de Amália — Melinda agarrou meu braço com força e me puxou para o seu quarto.
Melinda gritou:
— Como você pôde?
— O quê? Eu não faço ideia do que você tá falando — admiti, na defensiva.
— Não se faça de sonsa! Estou falando da eliminação —, ela começou — da eliminação da Kate. Você sabia que seria ela, mas não disse nada!
— As regras, Melinda.
Melinda riu debochada.
— Regras?
— Eu não sou a favor desse bônus desumano, tá legal? Só que eu fiquei em choque — contei, relembrando as cenas do escritório. — Você esteve lá depois, eu fui primeiro, e ninguém me perguntou se eu queria.
— Nem a mim.
— Estamos na mesma situação, Melinda.
Ela me deu as costas.
— Ainda sim pensei que fosse diferente — ela contou num sussurro quase inaudível. — Quer dizer, pelo menos você me pareceu diferente.
— Sinto muito se não alcancei as suas expectativas.
E sai do seu quarto.
A relação entre nós duas não melhorou depois disso, na verdade, não chegou nem perto. Não houve olhares, palavras ou demonstrações, absolutamente nada, então preferi deixar assim mesmo. O tempo ajudará se for valer a pena.
Melinda lá e eu cá.
Na quinta, a prova correu mais automática porque já sabíamos o cronograma. Assim que as perguntas e respostas acabaram, os modelos apareceram. Desta vez, identifiquei Louis e Zayn com tamanha facilidade. Quando a prova acabou, Anna chamou os três melhores: Letícia, Kellan e Merlia. Chelsea não foi chamada, e isso foi suficiente para ouvir as suas reclamações durante todo o café da tarde.
— Você está estranha — Kellan comentou assim que ele retornou do escritório.
— Estou com sono — menti.
Kellan suspirou.
— Agora eu entendo porquê você ficou tão tensa na primeira eliminação — ele disse segundos depois. — Você sabia.
— Preferia mil vezes não saber.
— Eu sei, Ames — ele concordou, fazendo uso de uma voz mais melosa. — Não se culpe por isso. Esse bônus é uma jogada inteligente pra nos colocar um contra o outro.
— Eu sei.
— E também sabe que tá reagindo do jeito que eles querem?
Engoli em seco e senti as lágrimas brotarem.
— Desculpa — murmurei, escondendo o rosto na curva do pescoço de Kellan. — Eu só não tô processando isso. É muita informação. Num dia eu estava na minha casa, com meus pais e minha irmã, assistindo Grey's Anatomy e agora eu tô aqui, em Los Angeles, numa competição pra conhecer os cinco caras mais incríveis do mundo e vendo pessoas sendo eliminadas sem poder alertá-las.
— Ssh.
O carinho de Kellan me acalmou, e como estávamos deitados, acabei dormindo.
Na sexta de manhã, não desci pra tomar café. Pedi a Lissa que avissasse a Anna que eu não estava bem disposta para ver todos. Inconformada, Anna apareceu no meu quarto para ver como eu estava. Eu estava bem, e se Anna me visse me convenceria a descer, então pedi a Lissa que aquecesse um pouco de água e com uma toalha passasse na minha testa, pescoço e mãos.
— Você está com febre — Anna constatou ao deslizar a mão na minha testa.
Lissa reforçou:
— Eu disse a senhora que ela não estava bem.
— Tinha razão. — Anna se levantou e discretamente Lissa piscou pra mim. — Fique deitada, durma um pouco e se alimente bem. Uma hora antes da eliminação retornarei para ver se você já está melhor. Se ela piorar, quero ser a primeira a receber notícias — ela não falou comigo, falou com Lissa.
— Sim, senhora.
Quando Anna saiu do quarto, a minha companheira e cúmplice permitiu — depois de conferir que ela já estava longe das redondezas — as risadas. Fiquei em cima da cama e dei pulinhos até me jogar pra trás.
— Você ainda vai me colocar em problemas.
— É o risco que eu corro — respondi, rindo. — Relaxa e deita aqui comigo.
— Ames, não posso.
Revirei os olhos e desci da cama, puxando-a.
— Ninguém vai saber — argumentei. Ela abriu a boca para discordar, mas eu me adiantei: — Por favor!
— Tá bom!
O café na cama foi digno dos deuses. Entre uma mordida e outra na panqueca, Lissa me contava que era casada há três anos com um rapaz chamado Aiden. Os dois tinham a mesma idade, vinte e sete, e se conheceram numa festa em Los Angeles. Toda vez que ela falava de Aiden, seus olhos brilhavam. Lissa o amava de verdade e vê-la falando do marido desse jeito, me fez desejar o mesmo com Colin.
— E você, não tem ninguém? — ela perguntou.
O clima da conversa me deixou incomodada.
— Guarda um segredo?
— Qualquer um, Ames — ela prometeu, sentando-se na cama ao meu lado.
Respirei fundo.
— Colin — eu contei, com a voz reprimidida. — Meu namorado chama-se Colin Scott, tem vinte anos, estuda psicologia em Washington e é meu primo de segundo grau.
— Ai, meu Deus.
— Você vai me julgar?
— Julgar você? — Lissa riu forçado. — Eu nunca julgaria você, Ames.
Depois dessa difícil e inesperada confissão o alívio — e até o conforto, ouso dizer — foi imediado, mas a conversa não acabou por aí, porque Lissa fez perguntas sobre Colin. Contei sobre quando nos conhecemos, há quanto tempo estávamos juntos e como era estranho estar longe dele e, inevitavelmente, sobre o fato dos nossos pais não saberem do nosso relacionamento.
Às três e pouco, Anna apareceu para checar meu estado e, da maneira como adentrou o quarto, parecia buscar condições sadias físicas e mentais de mim. Contra minha vontade — e o pedido a Lissa para me colocar em estado febril com uma compressa de água quente novamente —, me arrumei e logo depois adentrei o Salão das Selecionadas. A grande maioria já estava lá, e ergueu a cabeça ao me ver ali.
— Ei, America — Yasmin me cumprimentou.
— Oi, Yas — falei e sorri.
— Você está bem? — Letícia perguntou, franzindo a testa. — Anna nos informou que você estava com febre.
— Oh, sim. Estava. Só precisava dormir um pouco.
Letícia e Yasmin assentiram.
— Você precisa comer alguma coisa — Yasmin aconselhou. — Gosta de bolo de chocolate? Prove esse aqui.
O bolo estava divino.
— Wow!
— Eu disse — Yas falou e comeu um pedaço.
Em minutos, Kellan se juntou a nossa conversa. Como de costume — e esperado —, o seu bom humor nos fez rir e relaxar até Anna adentrar o Salão com aquela maldita prancheta e eliminar Rebecca Faria. Algumas amigas da eliminada caíram no choro e abraçaram Rebecca, rejeitando a ideia de vê-la partir. Guiada pela compaixão e pelo laço familiar que tínhamos por causa dos meninos, me despedi de Rebecca com um abraço sincero. Ao vê-la cruzar as portas principais, me sinto mal assim com me senti na eliminação de Kate.
A parte boa? Uma semana se passou. Agora só restavam dezoito de nós.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro