capítulo 11: amuleto da sorte
MANHÃ DE SEGUNDA
— Já amanheceu?
Niall confere no relógio sob o criado-mudo.
— Já. São quase sete — ele especifica, resmungando baixinho. — Seu voo saí às onze, gatinha. Tudo bem?
— Mais que bem.
A sala transformou-se num completo acampamento. Eles reuniram os colchões, esticaram os lençóis e os cobertores e a cama estava pronta. Não conseguimos dormir — exceto por Z, que cochilou por cerca de alguns minutos —, então ficamos a madrugada inteira conversando, iniciando guerra de almofada vez ou outra. Os cinco eternizaram aquele simples momento em minha mente.
Mais um deles, na verdade.
Na minha primeira noite aqui, levaram-me no Letreiro de Hollywood. A maneira como as casas e os carros estavam distribuídas, por conta da distância, davam a impressão de tamanho. Me senti enorme lá em cima, vendo tudo lá embaixo movendo-se numa velocidade reduzida.
Quis agarrá-los.
Se pudesse, eu os beijaria.
Céus, ainda sinto a adrenalina no meu corpo.
Louis sugere, de repente:
— Vamos jogar?
— Claro! — eu aceito.
Niall estala a língua.
— Não aceite rápido! Vai saber o que ele quer jogar — Niall alerta. — E se for concurso de camiseta molhada?
Eu dou risada.
— Louis não iria sugerir isso. Ele não é assim.
— Tem certeza?
— Não sei, me diz você — eu o desafio.
— Certo, agora você tá me assustando — admite. Os meninos caem na gargalhada. Eu digo um "é brincadeira" e ele um suspira em alívio. — Uma pergunta, uma resposta. É um bate volta. Você escolhe um de nós — Louis aponta pra mim — e o jogo começa com você e essa pessoa. Perguntas objetivas, com respostas apenas "sim" ou "não".
Liam topa:
— Tô dentro. E vocês?
Niall dá de ombros e automaticamente está dentro.
— Tenho escolha?
— Não, você não tem — H responde e com isso se incluí no nosso jogo.
Nos sentamos em roda e a impressão de que "isso não vai dar certo" aparece.
Meu alvo?
O único moreno do grupo.
— Quem é o seu preferido?
Solto um riso nasalado, tendo um dejá vù.
Niall Horan me fez a mesma pergunta. Pelo visto discrição também é uma das suas qualidades, além de humano e empático. O que conversei individualmente com cada um, permaneceu entre eles e eu. Sinto um pingo de vantagem e do quão bom é ter "privacidade", que por acaso, eles não têm, não quando precisam.
É claro que eles têm segredos.
E o pouco que eu sei, está guardado comigo.
Respondo a mesma coisa que respondi ao loiro dos olhos azuis lá no quarto.
— É verdade que você irá casar ano que vem?
— Ainda não sei. Perrie e eu queremos, antes de escolher qualquer data, que a minha tour acabe — ele responde, naturalmente. — Quem você pega, pensa ou passa?
— Dê os nomes.
— Shawn Mendes, Justin Bieber ou Ed Sheeran.
— Na ordem que você falou — respondo.
Liam se manifesta:
— Sabia!
— Eu suspeitava — H opina, dando de ombros.
— Certo — eu aceito. — Agora você. Quem você pega, pensa ou passa? Kendall Jenner, Gigi Hadid ou Rihanna.
— Pego a Gigi, penso na Rihanna e passo a Kendall.
Os meninos dão risada como se fosse óbvio.
— Você passa a Kendall?
— Quando for a sua vez, você pergunta — o moreno lembra. Reviro os olhos. — Você ainda é virgem?
— Não, eu não sou.
Eles parecem suspresos.
Vejo um brilho diferente em seus olhos.
— Por quê passou a Kendall? — essa é a minha pergunta. — Ela é gata demais.
— Só não faz meu tipo. Quantas vezes você transou?
— Algumas.
— Seja específica — Louis se intromete.
Filho da mãe.
— Onze vezes.
— Com quantos caras?
— Quando for a sua vez, você pergunta — repito o que ele disse segundos atrás. O sorriso dele demostra o quão satisfeito está com a minha ousadia. — Você é covarde?
— Como assim?
— É a favor dos cinco contra a um? — reformulo a pergunta, mexendo os dedos.
Quando ele entende a referência, sorri de lado.
Os meninos caem na gargalhada.
Liam quer saber:
— Masturbação?
— É só uma curiosidade, gatinhos — eu admito. — Aliás —, eu começo, com o olhar focado neles — todos vocês são? Cinco contra um é covardia.
— Somos homens, é meio que instinto — H responde. Sei que está me provocando.
— Homens.
— Mulheres — ele rebate, cínico.
E caímos na gargalhada.
O jogo continua e nós nos provocamos cada vez mais. Quando cansamos, o café está pronto. São oito e meia quando nos reunimos na mesa. Um cinegrafista ruivo aparece de repente para registrar o nosso momento. Em outras circunstâncias, eu estaria muito envergonhada, mas hoje é diferente.
— Só passando pra dizer que, o mundo pode gritar "isso é impossível", mas você não deve desistir dos seus sonhos. Eles são seus, sobre você, não os deixe decidir por vocês. Sabe por quê? Quando você se pegou chorando movida pela insegurança, ninguém estava lá. Ninguém tem que achar nada, ninguém tem que opinar em nada, porque quando doeu, só você sentiu. — Os meninos batem palmas, assobiam e fazem um escândalo. — É isso aí, valeu por torcer por mim!
Devolvo a câmera ao cara e agradeço.
— Nem ousem chorar, viu?
— Não podemos — Louis responde, mudando o tom de voz. — Pode estragar nossa maquiagem.
E mais risadas.
Vou sentir falta disso. Dessa nostalgia. Desse som gostoso de gargalhada.
Esse não é o ponto final, é só o ponto e vírgula.
Às dez e meia, após o café recheado de palhaçada, estou terminado de me arrumar. Estou usando uma calça jeans clara, um casaco de veludo e um tênis branco, da Vans. Prendi meu cabelo num rabo-de-cavalo e deixei alguns fios soltos. No rosto, um pouco de base e blush, acompanhados de um delineado e um gloss.
— Você está linda.
Nem sequer me assusto.
Sorrio, erguendo a cabeça. H está me olhando.
— Obrigada.
— Quer ajuda? — Ele se refere ao colocar com o símbolo do infinito que estou tentando colocar. — Precisa.
— Você não vai me ligar — eu começo, sem ao menos dar explicação.
— O quê?
— Você não vai me ligar —, eu repito, tentando soar séria. — Não me prometa que vai ligar, nem escrever, só não esquece o que tivemos.
— Nunca esquecerei você.
Olho-me no espelho e sorrio.
— Certo. Estou pronta — anuncio.
Ele acena com a cabeça e me acompanha. O de olhos verdes está sério, então, quando percebo o quão dura fui, tento voltar atrás. O puxo com força e uno nossos lábios. É só um selinho, nada comparado a vontade que estávamos um do outro na noite passada. É só um beijo de despedida.
— Agora você tá pronta — ele corrige por mim.
Sorrio.
Quando chegamos na sala, os abraços começam. Eu prometi que não ia chorar, mas quando vejo o que estou fazendo, é quase impossível.
O calor dos braços deles é algo que não esquecerei.
E é aí que eu tenho outro — com um intervalo de algumas horas, apenas — dejá vù. Tenho a sensação de já ter vívido esse momento ou um parecido com esse. O dia que eu conheci os caras mais incríveis e talentosos do mundo. Cinco caras. Cinco vozes. Cinco personalidades completamente diferentes, mas que juntas, construíram uma família gigantesca.
O abraço que eles me deram quando os conheci, nunca esquecerei.
Ainda me lembro da definição dos seus abraços e, novamente, repetiu-se.
O perfume dos cinco ficou literalmente preso na minha blusa de seda. Uma sensação de felicidade sem limite tomou conta de mim ao abraçá-los, e tive a percepção da intensidade e do modo como cada um deles retribuiu aquela simples demonstração de afeto com um sorriso no rosto.
Louis era apenas alguns centímetros — seis ou sete — mais alto que eu, então pude envolver um dos meus braços no seu pescoço. O cheiro do seu perfume era doce, semelhante ao do Niall, e o aperto de seu abraço era preciso e aconchegante. Abraçá-lo foi como ir aos céus ou rolar num amontoado de algodão, de tão suave que era.
O abraço de Zayn não era muito diferente, mas na sua individualidade o moreno estava mais retraído.
Niall exigiu dois abraço. Obviamente, foi impossível dizer que não.
Liam sorriu tão genuinamente antes de me abraçar que eu senti as batidas do meu coração aumentando o ritmo. Foi reconfortante abraçá-lo e desfrutar do perfume mais forte nos poucos segundos ali.
E, por último, mas não menos importante, o abraço de H. Quando me aproximei, Harry abriu os braços e envolveu o meu corpo. O abracei pela cintura, porque dada a sua altura, era difícil abraçá-lo pelo pescoço. E foi inédito. Ao abraçá-lo não pensei no perfume ou no modo como abraçava, mas unicamente no "ele está me abraçando".
Melhor descrição do que essa?
Eu tive a sorte grande. Kellan me ofereceu o melhor presente que poderia.
— Eu sou tão grata. — Meus olhos marejam. — Vocês são muito especiais.
Liam garante:
— Você também é.
— Pode ter certeza, eu não esperava muito dessa promoção, mas você me surpreendeu. Eu te agradeço pela tentativa, pela naturalidade de fazer tudo parecer tão fácil — Niall diz. — Isso foi importante pra mim, porque eu pude ser eu mesmo perto de uma das minhas fãs.
— Preciso reencontrar com Kellan Rich e lhe dar um abraço. Ele tomou a decisão certa — Z brinca e a gente ri.
Louis concorda:
— Boa, cara! — O de olhos azuis abraça-me de lado. — Vou guardar você aqui — e aponta para o coração.
— Isso é muito importante pra mim, Louis.
O de olhos azuis me lança uma piscadela.
Minhas bochechas ruborizam.
— Gatinha —, Z chama a minha atenção, usando um apelido — você vai fazer falta. De verdade. Mas não quero que chore, nem fique triste, quero que você viva intensamente. Não pensei que eu pudesse ter um amuleto da sorte, mas descobri você. O cara que se casar contigo será um cara de sorte — ele profetiza e ri, puxando-me para um abraço.
Escondo meu rosto na curva do seu pescoço.
Uma lágrima rebelde escorre.
— Prometi não chorar, mas está difícil.
Ele ri e beija minha testa.
— Com essa declaração, até pra mim fica tenso — Niall brinca, fingindo enxugar uma lágrima inexistente.
Caio na gargalhada. Os meninos também.
— Faltou eu?
É o de olhos verdes.
H me abraça. Seus braços me envolvem como se eu fosse uma criança.
— Nunca te esquecerei — ele repete. — Você acrescentou muito em mim.
— Como assim? Harry Styles admitindo mudar por conta de uma fãzinha?
Liam admite:
— Isso é novidade.
— Pode apostar! Passa a câmera — Louis brinca, puxando o IPhone do bolso.
Niall ri e Z revira os olhos.
— Idiotas — H devolve. — Obrigada pelos momentos, pela simplicidade.
— Não tem de quê.
Ele sorri e pisca pra mim.
— Tá na hora — Paul aparece, de repente.
Só mais um último abraço de despedida. Dessa vez, um abraço em grupo.
— Uma foto!
— Céus, quase nos esquecemos — Liam comenta. — Mais uma, na verdade.
— Mais uma?
Eles não respondem, mas pegam meu celular.
Faço careta.
E clique.
— Toma. Assiste depois.
Balanço a cabeça.
Me afasto e acompanho Paul Higgings. De repente, uma vontade súbita de dizer aqueles três palavras complexas e significativas aparece. Contenho o impulso por alguns segundos, mas é impossível. Quado me dou conta, estou voltando atrás, olhando para eles com os olhos marejados. Os cinco esperam pelo motivo que me fez recuar, mega esperançosos e otimistas.
— Eu amo vocês. — Os ombros deles relaxam. — Eu amo vocês de verdade.
Eu realmente os amava. E agora, eles sabiam.
Acompanhei Paul até o carro. Quando me sentei no banco traseiro e o segurança acelerou o carro, olhei para trás. Lá estavam eles, acenando para as costas do carro, despedindo-se de mim. Acenei de volta, mais uma vez parecendo uma criança, porque sabia que seria minha última oportunidade.
Paul me olha pelo espetinho.
Sei o que ele quer dizer pra mim, mas só sorri.
O caminho até o aeroporto de Los Angeles Intl, LAX, não demora muito. Quando chegamos lá, Carla está me esperando. Foi o combinado.
— Está entregue.
Carla sorri e agradece:
— Obrigada, Paul. Você está liberado.
— Cuide-se, grandão.
— Você também, princesa — ele devolve e me abraça. — Foi bom te conhecer.
— Idem.
Me afasto e sorrio.
— Boa viagem!
Aceno com a cabeça e me junto a Carla.
— Paul — o chamo de volta. Ele se vira e me olha. — Cuida deles, tá bom?
— Sempre.
Com a deixa, finalmente embarcamos. Sento na janela e me animo para ver o que tem no pen-drive. Peço a minha babá o seu notebook e a mesma prontamente me empresta. Plugo o objeto e acesso os arquivos. Uma pasta com o nome de "nosso amuleto da sorte". Sinto uma pontada no coração.
Aperto no arquivo.
É um vídeo que mostra os nossos melhores momentos juntos. Cenas no Letreiro de Hollywood, na Calçada da Fama e até no Starbucks. Em algumas eu os abraço, dou risada de alguma coisa ou estou comendo. A guerra de almofadas aparece e me dá um angulo de tudo, até do beijo. Está aqui! O meu momento com H foi gravado. Quando vejo a cena, percebo o quão desesperados estávamos.
Isso é loucura.
Balanço a cabeça, desacreditando.
Mesmo com o flagra gravado, começo a chorar no segundo seguinte.
Para minha sorte, a cena final é uma mensagem:
"Você merece o mundo, mas definitivamente ele não te merece.
Nunca esqueça quem és de verdade. O nosso amuleto da sorte. Cuide-se. Viva intensamente. E divirta-se!
Com amor, Liam, Zayn, Louis, Harry e Niall."
Viver intensamente.
Quem sabe essa é uma boa ideia.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro