07| Tadow
Quando chegaram em casa a noite já estava caindo e com ela uma chuva forte. Na casa agora se encontrava apenas o falso casal. Karin não podia deixar que o clima continuasse pesado — em sua mente — pela conversa que ela teve com Jungwon, então se concentrou a se ocupar com qualquer outra coisa.
— Vamos mostrar aos seus fãs os seus segredos para ter um rostinho tão bonito? — Ela perguntou à Jungwon assim que ele fechou a porta da sala.
— Está pensando em fazer algum tipo de publi' comigo?
— Que nada. Estou pensando em fazermos uma noite especial.
— Noite especial? — Ele perguntou meio desconfiado. — Soou meio...
— Quero dizer algo como a noite das garotas, só que no nosso caso, a noite casal.
As sobrancelhas de Jungwon se levantaram mais uma vez.
— Não acho que melhorou muita coisa Karin.
— Misericórdia... você é cheio de fuleragem né? — Jungwon faz menção de pegar o celular, mas Karin é mais rápida e segura no braço dele. — Não tem necessidade disso. — Ela fala, agora em coreano.
— As vezes eu queria muito saber a tradução das coisas que você fala do nada.
— Não são coisas interessantes. Fique tranquilo que o importante eu vou te ensinar.
— Ok. — Ela solta o braço dele devagar rindo fraco.
— Então, o que você acha da minha ideia?
— Da noite do casal?
— Jungwon!
— O quê? Foi você mesma que nomeou assim.
— Ok, culpa minha. — Levantou as mãos em rendição.
— Eu acho uma ótima ideia, precisamos mesmo usar aquela câmera. — Ele aponta para a câmera profissional pequena armada no canto da sala.
— Saber usar aquela coisa? — Ele assente com um gesto simples.
[...]
Após tomarem um banho e vestirem seus pijamas, Jungwon e Karin estavam sentados no carpete da sala. A câmera estava ligada e ambos estavam usando máscaras faciais. Jungwon tinha falado bastante sobre assuntos envolvendo maquiagem que fazem para gravarem os mv's e as que usavam para os shows, tirando as dúvidas de Karin.
Naquele momento, Karin ensinava o Yang a pronunciar algumas coisas em português enquanto ela pintava as unhas dos pés.
Ela realmente não exagerou quando disse que aquilo seria tipo a "noite das garotas".
— ... Isso, agora olha pra câmera e fale em português o que eu te ensinei.
— Boa noite engenes. Espero que vocês estejam... gostando do programa.
— Perfeito. — Karin bate palmas fazendo Jungwon rir. — E a outra coisa?
— Eu sou o cara mais gato que vocês vão ver hoje. — Ele pronunciou devagar e com um pouco de dificuldade, mas no final deu pra entender. Karin gargalhou satisfeita. — O que isso significa?
— Que você tem uma alto estima nas alturas. Você disse que é um gato.
— Ah bom. Isso é verdade, eu sou mesmo. — Ele gostava de fazer Karin rir, o sorriso dela era radiante.
[...]
Estava bem tarde da noite e a chuva continuava a cair, Jungwon e Karin jogaram algumas partidas de xadrez e ele até permitiu que ela fizesse suas sobrancelhas.
— Pelo visto vai chover até amanhã. — Ele comentou.
— Hum. — Karin resmungou com os olhos fixos nas sobrancelhas do maior. Eles já tinham parado de filmar.
A Shin estava ajoelhada de frente à Jungwon, ambos ainda sobre o carpete da sala.
— Como tá indo?
— Huhum. — Ela resmunga de novo, uma forma silenciosa de dizer "está tudo sobre controle".
— Ah...
— Eu sei manusear uma navalha Jungwon.
— Finalmente uma frase completa.
— Eu preciso de foco pra não deixar suas sobrancelhas tortas. Não quero que a Belift me processe.
— Engraçadinha... — Ela sorriu ainda focada.
Jungwon deixa de olhar para o nada e presta atenção nos olhos de Karin, percebendo que, com a proximidade ela tinha se tornado ainda mais bonita do que o normal. Os cachos que caiam em cascatas em seus ombros eram simplesmente perfeitos, ainda que bagunçados e com um certo frizz, aquilo para o Yang deixava tudo ainda mais atraente.
Ele cerrou os punhos quando sentiu uma imensa vontade de simplesmente agarrar aqueles cabelos. Aquilo seria indelicado e estranho, e ele tinha noção disso. Mas ele não podia conter sua imaginação de qualquer forma. Ele queria muito aquilo; enfiar seus dedos no meio daqueles cachos e os sentir deslizar, apenas para agarrá-los de volta.
Era um pensando errado.
Jungwon estava cheio de pensamentos errados.
Karin resmunga um "pronto" baixinho e olha para baixo, para Jungwon, e sente um leve nervosismo ao perceber que ele já a encarava atento.
— Você... Não deveria olhar tanto pra cima quando alguém está fazendo suas sobrancelhas. — Ela comenta sentindo o rosto esquentar de leve.
— Por quê?
— Pode cair pelo nos seus olhos... Eu acho...
— Acha? — O sorriso de Jungwon começou a aparecer, aquilo fez o rosto de Karin esquentar ainda mais.
— Pare de brincar comigo Jungwon. — Ela finge uma expressão debochada e recolhe suas coisas. — Acho melhor irmos descansar. Já passou de meia noite.
— Quer ajuda pra guardar suas coisas?
— Não, não precisa, não tirei muitas coisas. Boa noite. — Ela se vira.
— Boa noite, Karin.
Karin morde os lábios evitando sorrir. Ela simplesmente adorava quando ele a chamava pelo nome. Quase que ela não conseguia se manter plena a pouco, pelo visto ela precisava manter uma certa distância do corpo do Yang para evitar um surto.
Na manhã seguinte eles começaram a fazer uma faxina na casa, não demorou muito para que as coisas fossem organizadas. O que faltava agora era esperar a roupa terminar de passar pela secadora e puxar a água da varanda, a chuva havia a deixado cheia de poças e suja de folhas de árvores.
De repente Karin ouve o som de algo caindo do lado de fora, ela rapidamente largou o que estava fazendo e corre para a varanda. Ao chegar na porta ela vê Jungwon sentado no chão com uma careta de dor.
— Ai meu Deus!
— Eu tô bem, eu só caí... Ah! — Ele resmunga de dor ao se colocar de pé. Karin vai até ele e passa o braço dele por seus ombros, fazendo ele se apoiar nela e assim conseguir andar até dentro de casa.
— Onde dói? — Ela perguntou preocupada.
— Meu tornozelo... E minha cintura.
— A gente tem que ir pro hospital. — Ela pega o celular mas Jungwon tenta impedir.
— Não precisa disso, sério.
— Mas... Mas...
— Eu tô bem, de verdade.
Karin coçou os cabelos mas no fim, resolveu concordar com Jungwon.
— Me deixa ver pelo menos a situação.
O rapaz puxa para cima a perna da calça de moletom, por sorte não estava vermelha e a região não parecia inchada.
— Menos mal. — Ela suspirou. — E o outro local?
— É aqui... Eu posso...? — Ele segurou sua camisa esperando uma resposta da morena.
— Tá' tudo bem de você fazer isso? Se estiver desconfortável eu posso só...
— Não, por mim tudo bem.
Ambos estavam um pouco nervosos com aquilo. Parecia algo besta. O que tinha de mais em Jungwon levantar sua camisa para mostrar um ferimento para ela? Aparentemente nada, mas ela não estava acostumada a ter esse tipo de contato com alguém, e o fato de Jungwon nunca ter revelado o abdômen alguma vez deixava a situação ainda mais estranha. Ela queria ajudar, mas ao mesmo tempo que estava nervosa ela tinha medo de deixá-lo desconfortável.
Os pensamentos de Karin desapareceram quando Jungwon levanta a peça de roupa, revelando o torso com músculos definidos. Ao lado, na região da cintura, não havia nada grave, apenas uma raladinho atoa, mas que tinha ficado vermelho quase ao ponto de sangrar.
— Eu falei, não é nada de mais.
— Você tá mancando, não podemos só ignorar isso, além disso as pessoas vão notar. Tente contatar com alguém da empresa para que você passe por um check-up em algum hospital.
— Tudo bem... Karin?
— Sim?
— Tenho a impressão de que vou te dar um pouco de trabalho...
— Eu vou te ajudar no que precisar. Somos amigos afinal, e é isso que amigos fazem.
Havia algo em como ela falava que mexia com Jungwon. Mas não só com seu coração, mas com seu psicológico e seu corpo também. Ele sentia que cada vez mais estava amolecendo e derretendo...
Por ela.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro