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Gente, meu computador pifou e eu só consegui terminar de editar o capítulo agora. Só que minha família veio me visitar, então não tive tempo de fazer o glossário nem de revisar direito! Se alguém tiver qualquer duvida, deixa nos comentários que eu respondo.
Ah, e provavelmente terei que dividir o último capítulo em duas partes. Acho que calculei mal o tanto de coisa que falta para escrever haha Deus ajude essa escritora lesada. Enfim, beijos e boa leitura <3
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— EOMMA, QUERO FICAR sozinha. — Ji Won resmungou, encolhida como uma bola debaixo do edredom.
Estava envergonhada, confusa e extasiada, tudo ao mesmo tempo. Era uma bagunça gigante de emoções conflitantes, todas lutando por um pedacinho em seu coração atribulado. Nunca vivenciou um café da manhã tão intenso em todos os seus vinte e um anos de existência.
Primeiro porque seus pais venderam a alfaiataria sem consulta-la. Bong Shik explicou que escutou a briga dela com o irmão nos bastidores do desfile de moda, e esse foi o fator crucial para fazê-lo tomar essa decisão. Sentia-se um fiasco como filha.
Desde nova, cresceu com um objetivo claro: assumir a alfaiataria e garantir que o negócio da família tivesse êxito. Era seu legado, sua missão. Nunca se deu ao luxo de cogitar outros caminhos profissionais. Agora, a sensação de incerteza quanto ao futuro era nova e aterrorizante.
Somado a isso, seus pais finalmente descobriram sobre a questão do casamento. Parando para pensar, seu velho abeoji parecia sempre estar no lugar certo e na hora oportuna para escutar conversas importantes.
— Posso ter perdoado você por esconder que está casada, mas não abro mão de ver minha bebê vestida de noiva. — Hae Sook abriu o guarda-roupa da filha, vasculhando os cabides. — Por isso, vista uma roupa bonita e se arrume para sair. Temos uma infinidade de coisas para planejar antes do grande dia!
Ji Won arregalou os olhos. Sua mãe estava fora de controle. Tudo culpa de seu marido pervertido, que resolveu bancar o genro perfeito sem ao menos consulta-la. E como ele se atrevia a fugir depois de lançar aquela bomba, dizendo que tinha uma reunião de emergência com o presidente da agência?
Sim, ela estava furiosa. Ou deveria estar, mas o sorriso débil que teimava em brotar em seus lábios sugeria exatamente o contrário.
— Eomma, eu já expliquei que os papéis do casamento foram registrados por engano. Nós já tínhamos combinado de resolver esse mal entendido quando o reality terminasse... e, bem, agora realmente terminou... — Sua voz minguou, uma pressão incômoda se formando em seu peito.
— Omo, registro por engano? Não seja ridícula Wonie. Vocês estão apaixonados! — Hae Sook pôs as mãos na cintura. — Não conteste a vontade divina, apenas aceite. — Soltou uma risada afetada e jogou um vestido de saia evasê para a filha. — Te espero lá embaixo, preciso fazer uma ligação. Tem uma pessoa que vai amar escutar a notícia!
Passou pela porta, deixando Ji Won sozinha para lidar com sua crise existencial. Ela afundou o rosto no travesseiro e abafou um gritinho frustrado, lutando bravamente contra a vontade de sorrir feito boba. É claro que estava apaixonada, porém tinha medo. Sabia que encher-se de esperança era uma coisa perigosa. Seus sentimentos foram esmagados da última vez em que se permitiu sonhar com algo tão grandioso. E se Mino retornasse com notícias que ela não gostaria de ouvir?
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Não estava nos planos dele ser tão direto, mas foi um reflexo natural cumprimentar seus sogros com o devido respeito. Talvez porque, no fundo, o relacionamento com Ji Won já tivesse deixado de ser um mero equívoco. E isso o assustava um pouco. O modo como ela conseguiu infiltrar-se em seu coração e mente sem qualquer esforço.
Mino mordeu o lábio inferior, sorrindo torto. Não via a hora de voltar para a residência da família Cha e assistir Ji Won ficar brava ao repreendê-lo. Quando ela começasse a gesticular demais, ele morderia suas bochechas redondas e depois beijaria sua boca até que suas pernas perdessem a força. Infelizmente, primeiro tinha assuntos sérios a tratar. E isso incluía prestar atenção no falatório do homem grisalho à sua frente.
Abaixe a cabeça, demonstre respeito e, se for preciso, coloque esses joelhos no chão, foram as palavras com as quais Dong Man o despediu antes da fatídica reunião que decidiria seu futuro na Big Shot Entretenimento. Sábio conselho, se fosse ser honesto. O objetivo era sair daquela sala vivo e com o contrato intacto.
O presidente da agência era um homem intimidante, fosse pela altura ou pelo temperamento seco e pragmático em suas decisões. Livrou-se de Eun Byul assim. Enrolou seu bigode ralo entre os dedos e, com voz impassível, disse que ela deixara de ser lucrativa para a Companhia.
—Você tem talento e carisma. Tem o que é necessário para sobreviver nessa indústria, diferente daquela garota fraca. — Esclareceu o homem, observando cada movimento de Mino com a perspicácia de um predador. — Por isso, tomei a decisão de mantê-lo na empresa.
Mino massageou a nuca, sentindo a tensão dissipar. A conversa estava tomando um rumo melhor do que o previsto. Não foi preciso nem gastar as articulações do joelho no piso de mármore.
— É claro que teremos que tomar certas medidas para reverter os danos que sua imagem sofreu.
— Que medidas?
— Primeiro, anunciaremos que a saúde mental de Eun Byul estava frágil há muito tempo, mas que a situação tornou-se insustentável, motivo pelo qual ela se afastou em busca de tratamento. — O presidente cruzou as pernas, reclinando-se no encosto da cadeira de couro. — Já conversei com nossos contatos na imprensa. A notícia estará nos principais jornais amanhã.
— A noona realmente precisa de ajuda. — Mino concordou, recordando a instabilidade da ex-namorada desde a época em que os dois ainda estavam engajados num relacionamento.
— Mas quanto à garota com quem você esta casado...
E foi nesse momento que um calafrio percorreu o corpo de Mino. Ele até tentou convencer-se de que era culpa do ar condicionado, mas a expressão sombria no rosto fino do presidente não o deixava se enganar.
— O que tem a Ji Won?— Fechou as mãos em punho e engoliu com dificuldade.
— Precisamos nos livrar dela.
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O aeroporto internacional de Incheon impressionava pela construção imponente. Naquele final de tarde, raios de sol atravessavam suas estruturas de vidro e coloriam o interior em tons quentes, criando uma atmosfera calorosa e nostálgica. O clima perfeito para despedidas.
Byul batucou as unhas no corrimão da escada rolante, fluindo rumo ao segundo andar. Fingia indiferença, escondendo-se por trás dos óculos escuros, mas estava ansiosa. Girou um pouco a cabeça, espiando Seok Jin por cima do ombro, e virou-se rápido ao perceber que ele estava encarando.
Trêmula, ela tropeçou na saída da escada. Jin passou o braço por sua cintura e a puxou, evitando sua queda. Sem jeito, ele pigarreou e os dois continuaram a andar, os saltos de Byul fazendo eco a cada passo. Pegou sua passagem aérea, despachou a bagagem e aproximou-se de uma das paredes de vidro, contemplando os aviões pousarem e levantarem voo enquanto aguardava.
Jin parou ao seu lado e pôs as mãos no bolso, analisando-a sem se importar em disfarçar. Ela estava magnifica como sempre. Os cabelos castanhos caindo em cascata até a metade das costas, a maquiagem impecável em seu rosto perfeito, as roupas de grife que valorizavam suas curvas suaves. A diferença era que, na época da escola, quando se apaixonou por Byul, os olhos dela ainda brilhavam, cheios de vida.
— Preciso de um último favor, Jin. — Disse ela, finalmente rompendo o silêncio. Abriu a bolsa e retirou uma pequena caixinha de metal de dentro. — Aqui. — Pôs o objeto na palma da mão dele e fechou seus dedos, mantendo o contato físico por mais tempo do que o necessário. — Entregue isso para o Mino. Ele vai saber o que fazer.
Contendo a curiosidade, ele assentiu e guardou a caixinha no bolso. A voz no alto falante anunciou o embarque para o voo com destino a Osaka, no Japão, e Byul segurou firme a alça da bolsa, inspirando fundo.
— Acho que é aqui que nós nos separamos.
— Você tem certeza disso? — Jin franziu o cenho.
— Minha tia disse que não se importa em me receber por uns tempos. Além do mais, pode ser uma mudança ótima para a minha carreira. Me disseram que meu perfil está em alta na indústria de moda japonesa.
— Você não tem parentes no Japão, Byul. Sei que é essa a história que a mídia vai contar, mas você não precisa mentir pra mim também.
Seu sorriso vacilou, porém ela logo recuperou a compostura.
— Por favor, Jin, apenas... me deixe partir com um pouco de dignidade, está bem?
— Não acho isso certo, Byul. O que você vai fazer sozinha naquele país? Eu-
— Obrigada por tudo. — Ela surpreendeu a si mesma ao abraça-lo. Correu os dedos entre os fios macios de Jin e suspirou. — Obrigada por amar alguém como eu. E sinto muito por ter partido seu coração de novo. — Murmurou, a voz abafada contra o ombro dele.
E antes que ele tivesse a chance de responder, Byul o soltou, deu as costas e se foi, saindo da vida de Jin sem olhar para trás, exatamente como fez quando terminaram na época da escola. Contudo, dessa vez, era para sempre.
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Com muito custo, Ji Won conseguiu convencer a mãe a aguardar antes de espalhar para todos os parentes que a primogênita fisgara um ótimo partido. Contudo, o preço para comprar seu silêncio foi alto. Teve que aceitar sair para provar vestidos de noiva no dia seguinte.
— Chingu, nós estávamos certas desde o início. — Ji Won escutou Hae Sook cochichar de forma suspeita ao telefone, escondida no cantinho da cozinha. — Não conte a ele que você já sabe. Pensei em fazermos uma surpresa. Aigoo, sua ahjumma sentimental. Não chore, senão vou começar a chorar também.
— Com quem você tá falando, eomma? — Ji Won chegou de fininho.
— Omo! — A matriarca dos Cha pôs a mão sobre o peito e forçou uma risada nervosa. — Te ligo depois. — Cochichou com a boca colada no celular e encerrou a ligação. — Que malcriação ficar espiando a conversa dos outros, Wonie. Eu te ensinei bons modos. — Alisou o tecido da saia e, sem maiores explicações, subiu as escadas rumo ao segundo andar.
Desconfiada, Ji Won coçou a cabeça e encheu um copo d'agua. Conferiu as horas e perguntou-se por qual motivo Mino ainda não retornara. A reunião fora de manhã e já eram quase sete horas da noite. Onde seu marido postiço havia se metido?
Ela foi até a porta de entrada e a abriu, o vento fresco fazendo cócegas em seus ombros expostos. Mas, ao contrário do que desejava, não foi Mino quem apareceu. Em vez disso, avistou seu irmão dobrando a esquina e caminhando lentamente na direção da casa. Ele estava com os olhos inchados e vermelhos, como se tivesse chorado por horas ininterruptas.
— Oppa! — Ela gritou, capturando a atenção de Jin. Quando ele parou à sua frente, ela segurou seu rosto entre as mãos e inquiriu: — O que houve? Alguém fez alguma coisa ruim com você? — Franziu a testa. — Foi aquela mulher, não foi? Eu sei que você estava ficando na casa dela. O assessor do Mino me contou, não tente negar. — Cerrou os dentes, sentindo uma súbita onda de raiva.
— Menos barulho, Wonie. Seu oppa está com dor de cabeça. — Jin bagunçou os cabelos de Ji Won e entrou, arrastando-se com passos de tartaruga até o sofá. Após uma longa jornada, o filho fugitivo enfim retornava para casa, desprovido de energia para iniciar diálogos difíceis.
Ji Won sentou-se ao lado dele, recusando-se a deixá-lo em paz.
— Você quase matou nossa eomeoni de preocupação! — Queixou-se, puxando um fio solto do tecido do sofá. — E a mim também. — Murmurou. — Seu cabeça de vento. Da próxima vez que você sumir desse jeito, eu juro que te faço morrer pelas minhas mãos. Tá ouvindo?
Jin observou a irmã bufar furiosamente e abriu os braços.
— Vem cá, Wonie. — Gesticulou para que ela se aproximasse, e ela limitou-se a revirar os olhos, como se aquele fosse um pedido ridículo.
Então Jin a puxou.
— Eu também senti saudade. — Capturou Ji Won, apertando-a tanto que ela começou a arfar. — Yah! — Gritou de dor quando sentiu os dentes dela cravados em seu braço.
— Idiota. — Ela fechou a cara, mas não se afastou do irmão.
Jin pegou o controle remoto e sintonizou num canal qualquer. Tentou prestar atenção em vão. Sua mente estava borbulhando com os últimos acontecimentos, seu coração triste com o peso da despedida.
— Onde esta o abeoji?
— Ele saiu para jogar Baduk com os outros ahjussis do bairro e ainda não voltou. — Respondeu Ji Won, torcendo para que o irmão não questionasse por que o pai estava de bobeira, e não trabalhando na alfaiataria. Já tinha atingido sua cota de drama para o dia.
— E a eomma?
— Lá em cima, tramando pelas minhas costas. — Resmungou, desgostosa.
— Como assim, Wonie? — Jin arqueou as sobrancelhas. — O que aconteceu enquanto eu estive fora?
Ji Won poderia fazer uma lista, começando com Lisa enviando o noivo da mãe para o hospital e terminando com o casal Cha descobrindo sobre seu casamento com Mino. Porém ela não estava com vontade de gastar saliva. O irmão se inteiraria sobre tudo, eventualmente.
—Nada, Jin. Economize seus neurônios e descanse. Você tá precisando. — Acariciou o topo da cabeça dele, sorrindo sem mostrar os dentes.
— Vou avisar para a eomeoni que voltei.— Jin ignorou a provocação da irmã e levantou-se do sofá. No mesmo instante, a campainha tocou e ele mudou seu curso com a intenção de atender a porta. — Vocês estão esperando visita?
Ji Won foi mais rápida e passou correndo por ele, deslizando em suas meias até o hall de entrada. Evitou a queda segurando-se na parede e ajeitou os cabelos, colocando uma mecha atrás da orelha.
E, dessa vez, era exatamente quem ela esperava. Eles sorriram um para o outro e Ji Won pendurou-se em seu pescoço, unindo suas bocas. Sentiu o calor dos braços de Mino envolverem sua cintura e sorriu contra seus lábios, sem entender de onde viera tanta saudade.
— Achei que você estivesse brava comigo. — Mino sussurrou.
— E eu estou. Vou começar a brigar assim que você terminar de me beijar novamente. Então faça valer a pena, oppa.
Ela não precisava repetir. Mino enroscou os dedos entre os cabelos da nuca de Ji Won e a beijou mais forte, arrancando-lhe um gemido baixo. Quase se esqueceram de onde estavam, mas Jin fez questão de lembra-los.
— Yah, vocês dois resolveram brincar de casinha na minha ausência?
— Eles não estão brincando. — Interveio Hae Sook, flutuando pelos degraus da escada, irradiando satisfação por todos os poros. — Estão casados de verdade! Isso não é maravilhoso?
— O quê?! — Jin engasgou com a própria saliva, tamanho o choque. — Yah, yah. Que historia é essa, Wonie?— Deu um passo na direção da irmã e foi puxado para trás. Hae Sook segurou-o pela camisa.
— Aigoo, querido. Eu ainda não terminei de falar com você. Você me deve explicações. E eu espero, sinceramente, que elas sejam convincentes. — Começou a arrastá-lo para a cozinha, onde teriam uma conversinha particular.
— Espera! — Jin lembrou-se da caixinha guardada no bolso da calça e a arremessou para Mino, que conseguiu pegá-la no ar. — A Byul pediu para te entregar isso. Disse que você saberia o que fazer.
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Quando o vídeo chegou ao fim, Mino fechou a tela do notebook, guardou novamente o pen drive na caixa e permaneceu em silêncio, processando tudo que acabara de assistir. Estava sentado na cama do quarto de Ji Won, pois o cunhado reivindicara seus aposentos. Contudo o quadro de sua vida estava tão complicado que sequer havia espaço para pensamentos pervertidos.
— Oppa, isso foi... — Ji Won enrugou a testa.
— Eu sei.
— Com isso você pode...
— Eu sei. — Mino assentiu, as engrenagens de seu cérebro rodando. — Estou cansado, Wonie. Vamos dormir. — Retirou a camisa e enfiou-se debaixo do edredom, apalpando o espaço ao lado para que Ji Won se juntasse a ele.
Corando, ela obedeceu. A distância entre os dois era mínima e seu coração batia rápido, quase saindo pela boca. Ela ajeitou a cabeça no travesseiro e fitou seu marido, gostando da sensação de poder pensar nele assim.
— Você já sabia de tudo que a Byul revelou, não sabia? — Arriscou a pergunta.
— Eu desconfiava, Wonie. Só não tentei confrontá-la na época porque era doloroso. Eu não queria confirmar que a mulher que eu amava tinha sido capaz de me apunhalar dessa maneira, sem remorso algum.
Embora fosse irracional, Ji Won não pôde evitar sentir uma pontada de tristeza ao ouvir Mino referir-se daquele jeito à ex-namorada. Mas o que poderia fazer? Precisaria se acostumar com isso. Tanto ela quanto Mino tinham suas bagagens do passado. Eles jamais seriam o primeiro amor um do outro.
— Você pretende revelar esse vídeo para a imprensa?
— Ainda não sei. — Mino acariciou o rosto dela com o polegar. — Minha tia me ensinou que não é certo pisar em quem já está caído, Wonie.
— Entendo, oppa. — Ela comprimiu os lábios numa linha fina e virou-se de costas, incapaz de continuar a encara-lo. Não queria que ele visse o ciúme refletido em seus olhos. — Você ainda não me contou como foi sua reunião com o presidente.
— Amanhã. — Mino a puxou para perto, colando as costas dela contra seu peito, e afundou o rosto em sua nuca, depositando um beijo terno ali. — Amanhã eu conto tudo. — Suspirou. — Boa noite, Wonie.
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