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Ah, gente. Desculpa não ter postado o capítulo no domingo passado, mas é que as últimas semanas foram muito corridas e eu não tive tempo. Somado a isso, enfrentei meu primeiro bloqueio criativo desde que comecei a escrever há um ano e meio. Foi horrível, porque eu sabia exatamente sobre o que eu tinha que escrever, mas as palavras não saíam.
Ainda vou responder todos os comentários do capítulo passado <3. Enfim, espero que gostem da leitura!
G L O S S Á R I O
Abeoji: pai.
Ahjumma: modo de se referir a uma mulher mais velha.
Aigoo: expressão usada para demonstrar surpresa.
Aish: expressão usada para demonstrar descontentamento.
Andeyo: "não", "não faça isso", "não permito isso".
Appa: papai.
Babo-ya: tonto(a), bobo(a).
Eomma: mamãe.
Eomeoni: mãe.
Good Morning: bom dia.
Heol: gíria usada para expressar surpresa ou choque.
Hyung: significa irmão mais velho.
Jal mokketsummida: forma de agradecer pela comida. Significa "vou comer bem".
Noraebang:
Oppa:forma mais íntima de uma garota se referir a um rapaz mais velho. Pode serusado entre amigos, irmãos e namorados.
Unnie: forma de uma garota referir-se a uma outra que seja mais velha. O significado literal é "irmã mais velha".
Yobo: querido(a), esposo(a).
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A NOTÍCIA ALASTROU-SE PELAS ruas do bairro como fogo. Afinal, não era todo dia que algo tão perturbador acontecia naquela pacata região de Seul. É o tipo de coisa que você espera que passe no jornal da noite, e não que ocorra na casa ao lado, justamente com seus vizinhos.
A polícia já havia colhido todas as informações pertinentes com a família Kang e estava empenhada em rastrear os passos da adolescente fugitiva. Foi a mãe de Lisa quem acionou a ambulância e comunicou as autoridades. Ela tinha acabado de voltar do trabalho e encontrou Dae Chul desmaiado no chão da sala, o rosto mergulhado numa poça de sangue. E, embora já tivessem se passado horas desde então, Bo Jung ainda estava com as roupas e braços manchados de vermelho, enrolada num cobertor enquanto seu corpo tremia incontrolavelmente.
— Alguma pista? — Bong Shik questionou, esfregando as mãos uma na outra para amenizar o frio da madrugada.
— Ainda não. — So Dam encarou o celular, desesperançada. — Eu não devia estar parada aqui. Devia estar procurando minha irmã também!
— Sua eomeoni precisa de você. — Bong Shik indicou a casa, onde Bo Jung chorava baixinho e sem cessar.
— Aigoo, querida. A polícia cuidará de tudo. — Hae Sook a abraçou, afagando suas costas. — Minha Wonie também está atrás da Lisa. Eles vão trazê-la de volta, fique tranquila.
So Dam assentiu, uma nova onda de lagrimas escapando contra sua vontade. Alguns vizinhos e conhecidos do bairro, inclusive, ofereceram-se para ajudar nas buscas, solidários com o sofrimento da família Kang, pois a maioria se conhecia há muitos anos. Contudo o que ninguém tinha coragem de perguntar era: por que Lisa fez aquilo?
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Certamente as pessoas nutriam suas desconfianças sobre os motivos por trás do incidente, mas Yoon Gi estava à frente de todos deles. Ele conseguia imaginar exatamente o que sucedera para que as coisas chegassem àquele ponto, e a raiva o consumia por dentro.
Estava jogando videogame quando o primo ligou. Assim que encerrou a chamada, arremessou a manete contra a parede e afundou o rosto entre as mãos, abafando um grunhido. E seu primeiro impulso foi de ir ao hospital onde Dae Chul estava internado e terminar o serviço que Lisa começou. Acertaria tantas vezes o punho no rosto daquele homem que, se ele ainda sobrevivesse, viveria desfigurado.
Só não chegou a esse ponto porque era errado e, bem, mataria a mãe de desgosto. Além do mais, a preocupação com a ruiva era maior. Queria encontra-la o quanto antes, pois sabia que ela devia estar chorando em algum lugar, sozinha e assustada. Ou pior, ela podia ter decidido fugir de vez. E se ele nunca mais a visse?
Foi por isso que Yoon Gi vestiu uma jaqueta quente e não pensou duas vezes antes de se aventurar pelas ruas da capital naquela madrugada gelada. Retornar sem Lisa não era uma opção.
No entanto foram necessárias duas horas para que Yoon Gi compreendesse que Seul era um oponente grande demais para um garoto só. E ele já tinha procurado em todos os lugares possíveis e imagináveis. Visitou as margens do rio Han, onde Lisa e ele passaram algumas tardes conversando e comendo besteiras. Tentou o fliperama, as lojas de conveniência 24horas, os arredores da escola. Vasculhou o bairro inteiro usando a moto do primo para se locomover rápido. E nada.
Irritado, baixou a viseira do capacete e acelerou fundo, as luzes da cidade passando como riscos diante de seus olhos. Enquanto a adrenalina percorria suas veias, sua mente estava fixa em sua missão. E só faltava um lugar em sua lista de possibilidades. Se não a encontrasse ali, não saberia mais o que fazer.
Adentrou no Noraebang em que trabalharam por alguns meses e passou reto pelo balcão, sem se dar ao trabalho de pedir informação. Não havia tempo para cordialidade. Simplesmente começou a escancarar as portas das salas privativas, uma por uma, assustando os clientes. Um funcionário tentou pará-lo, mas ele se livrou dele com um empurrão.
Ao constatar que Lisa também não estava ali, achou que fosse perder a cabeça. Apoiou as costas na parede e escorreu até o chão, caindo sentado. Dobrou as pernas e tampou o rosto com o braço, sentindo-se impotente e zonzo. Seu coração batia rápido demais, como se estivesse na iminência de entrar em pane geral. Yoon Gi riu de nervoso. Gostar tanto assim de alguém provavelmente fazia mal para a saúde.
Quando seu celular começou a tocar, ele atendeu desprovido de energia:
— O que foi, eomma? — Apertou o aparelho no ouvido. — O quê?! Onde? — Uma nova descarga de adrenalina eletrizou seu corpo. Ele pulou do chão e colocou-se de pé, derrapando ao fazer uma curva no corredor. — Chego em quinze minutos.
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Embora tivessem tentado ao máximo, Mino e Ji Won não tiveram a sorte de encontrar Lisa. Por isso, após estacionarem o carro na entrada, decidiram descansar um pouco e deixar que a polícia cuidasse do infortúnio pelo restante da madrugada.
Quando eles chegaram, o casal Cha ainda estava na residência dos vizinhos, dando suporte à família Kang. E, sozinhos naquela casa, foi natural quando Mino guiou Ji Won pela mão até o sofá. Também foi muito natural quando ela deitou-se ao lado dele, acomodando-se contra seu corpo.
Talvez a exaustão tivesse drenado seu bom senso, mas o fato é que ela não pensou nas implicações. Apenas estava cansada, e seu marido postiço tinha um abraço caloroso e aconchegante. Além do mais, exceto pela mão casualmente apoiada em seu quadril, ele estava se comportando perfeitamente.
— Oppa.
— Hum.
— Obrigada por ajudar a procurar pela Lisa. — Afundou o rosto no peito dele. — Eu sei que ela bebeu todo seu soju, vomitou no seu banheiro e sujou o piso da sua casa de tinta verde, mas você conseguiu abandonar seu temperamento rancoroso em prol de uma causa maior. Estou orgulhosa.
— Heol, você precisa trabalhar nesse negócio de fazer elogios, Wonie. — Cutucou a cintura dela. — Já terminou?
— Ainda não. — Ji Won sorriu preguiçosamente. — Obrigada também por se oferecer para ajudar a salvar a alfaiataria. Acho que existe um lado bom dentro desse seu coração pervertido e arrogante, afinal.
Mino mordeu a bochecha dela.
— Yah!
— Encontrar um homem como eu é raridade, Wonie. Dê valor ao material de qualidade que você tem a honra de chamar de marido. — Ralhou, seu olhar descendo para os lábios dela.
De repente, dormir não parecia uma ideia tão atraente assim.
— E como você tá? — Ji Won deslizou os dedos pelo braço de Mino, alheia aos seus impulsos pervertidos. — Como tá lidando com tudo que aconteceu? — Quis saber, referindo-se à indiferença da mãe e à sequência de escândalos que atingiram a carreira dele.
A resposta era que Mino não estava lidando, mas sim evitando pensar no assunto. Nem em seus piores pesadelos imaginou que sua vida sofreria uma queda tão brusca. Preferia nunca ter reencontrado Ga Hee, permanecer na ignorância machucaria menos.
— Você não sabe, mas eu já tinha visto sua mãe antes. Reconheci o rosto dela quando encontrei aquele álbum de fotografias na sua casa. — Ji Won prosseguiu. — Foi meu ex-namorado quem me disse que ela trabalhava para o Grupo Lee. — Esclareceu, poupando Mino do fato de que Ga Hee causara a separação dos pais de Hae Jun. — Se eu tivesse te contado, você não teria sido pego de surpresa, oppa. Mas, na época, eu achei que não devia me intrometer. Sinto muito.
— Pare de se desculpar, Wonie. Você não em culpa. — Mino apoiou o queixo no topo da cabeça dela.
Ji Won assentiu, sentindo as pálpebras pesarem. E embalada pelo carinho que ele fazia em seu ombro, ela finalmente entendeu que Mino crescera de tal forma dentro de seu coração que não adiantava negar. Embora não soubesse apontar, ao certo, em que momento o sentimento nascera, ele estava ali. E era incontestável a vontade de estar perto, de implicar com cada comentário arrogante dele, de tirá-lo do sério e, ao mesmo tempo, de protegê-lo de todo mal do mundo.
— Sabe de uma coisa, oppa? — Murmurou sonolenta.
— Do quê? — Mino murmurou de volta, também de olhos fechados.
— Nunca pensei que algo de bom pudesse vir de um casamento registrado por engano, mas você não é um marido tão ruim como eu supunha. — Revelou, prestes a adormecer. — Se fosse, eu não teria me apaixonado.
E Mino absorveu sua confissão um sorriso bobo, as palavras de Ji Won trazendo-lhe um consolo inexplicável em meio a tantos acontecimentos desastrosos. A única pessoa no recinto a não entender uma sílaba sequer daquela declaração foi Bong Shik, parado junto ao batente da porta da sala de estar.
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Sendo honesto, Yoon Gi não esperava que Lisa fosse estar em sua casa, muito menos que ela tivesse chegado ali por livre e espontânea vontade. Foi Young Sil a responsável por encontrá-la. Havia saído para passear com suzy no quarteirão, pois a cachorrinha gostava de se exercitar, e deparou-se com a ruiva sentada no meio fio, em estado de choque.
— Ela ficou perguntando por você. Então imaginei que fosse a garota que desapareceu e fiz com que ela entrasse e tomasse um chá verde para se acalmar. — A ahjumma inteirou-o da situação.
Mas Yoon Gi já não estava prestando atenção. Suas pernas moveram-se por conta própria, e quando deu por si, estava com os braços ao redor de Lisa.
— Suga. — Lisa ofegou, surpresa com o contato físico. — E-eu não sabia pra onde ir. —Tentou se explicar. — Não consegui pensar em mais ninguém, eu-
— Babo-ya. Por que demorou tanto? — Ele a interrompeu.
E ela começou a chorar, lágrimas descendo profusamente por suas bochechas cor-de-rosa. Suspeitava que Yoon Gi já soubesse sobre o incidente, porque Young Sil dissera que o filho estava procurando-a. Porém tinha receio de descobrir se ele, agora, a enxergava de forma diferente.
— Eu fiz uma coisa horrível, Suga. — Soluçou, investigando sinais de julgamento no rosto dele. — Acho que matei uma pessoa.
— Ele está vivo, Lisa. Mas você acha mesmo que eu ligo para o que você fez ou deixou de fazer? — Segurou-a pelos ombros. — A única coisa que interessa é saber se você está bem! Aish, fiquei tão preocupado. — Tornou a puxá-la para um abraço, dissipando as inseguranças da ruiva com esse simples gesto.
— A polícia está atrás de mim?
— Está. Mas a gente vai explicar tudo.
— E minha mãe? — Lisa fungou no ombro dele.
— Não passei na sua casa. Assim que o Mino hyung ligou, fui ao apartamento dele, peguei as chaves da moto e comecei a procurar por você. — Yoon Gi se afastou para poder encará-la. — Cheguei a pensar que nunca mais fosse te ver. — Admitiu baixinho.
— Eu estou aqui, não estou? — Ela corou um pouco, embora não fosse o momento mais apropriado. Era hora de resolver a confusão em que se metera. — Acho que preciso de uma carona para a delegacia.
— Tudo bem. Já volto. — Correu para o quarto, deixando-a a sós com Young Sil.
Lisa cruzou os braços, almejando disfarçar o constrangimento. Havia se esquecido de que a mãe dele estava ali, presenciando a conversa desde o início. Sem dúvidas aquela não fora a melhor das primeiras impressões. Ao menos Young Sil parecia ser uma ahjumma gentil.
— Aqui. — Yoon Gi entregou-lhe um moletom quente, que ela vestiu de imediato. Tinha o perfume dele. — Vamos. — Estendeu a mão. E ela aceitou.
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A temperatura caiu alguns graus durante a madrugada, e Ji Won aninhou-se junto a seu marido postiço de modo que suas pernas e braços estavam embolados aos dele. Assim, quando o sol raiou, os dois ainda estavam no sofá. E provavelmente não teriam acordado se não fosse o cheirinho de comida que pairava no ar.
Ji Won fungou, sentindo o estômago roncar, e espreguiçou-se com calma. Enfim de olhos abertos, soltou um grito agudo. Bong Shik estava sentado na poltrona da frente, os óculos no rosto enquanto lia o jornal do dia, inteirando-se sobre as últimas notícias do país.
Num sobressalto, ela chacoalhou o ombro de Mino, forçando-o a despertar também. Era forte a sensação de ter sido pega no flagra fazendo algo errado, embora o sentimento de culpa não fizesse muito sentido. Porque, bem, eles estavam vestidos e, com exceção da pose relativamente embaraçosa, não havia qualquer coisa comprometedora naquilo. Eles não passavam de um casal inocente que adormeceu junto, cansados após passarem horas em busca da vizinha desaparecida. Por falar nisso...
— Abeoji! E a Lisa?! — Ji Won consultou o relógio de parede. Sete gloriosas horas da manhã.
Mino, por sua vez, bocejou e esfregou os olhos vermelhos. Não precisava de um espelho para constatar que o rosto estava inchado. Seu organismo não lidava bem com sono suprimido, e ele dormira praticamente nada. Pelo menos sua agenda para aquele dia estava limpa. Suspirou, desanimado.
— Ela apareceu na delegacia acompanhada de um colega da escola. — Explicou Bong Shik, virando o jornal para a próxima folha. — So Dam disse que passariam a noite num hotel. A polícia liberou que eu contratasse um serviço de limpeza para sumir com todo aquele sangue da casa delas.
— Você devia ter me avisado antes, appa! — Ji Won queixou-se.
— Wonie, você parecia tão confortável dormindo, fiquei com pena de te acordar. — O pai retrucou com ares de casualidade, como quem conversa sobre amenidades, contudo Ji Won começou a corar em múltiplos tons de vermelho. Já Mino afrouxou a gola da blusa e preferiu abster-se de comentários, era mais seguro assim.
— Good morning, queridos! — Hae Sook saudou-os com um sorriso gigante, seu sotaque coreano conferindo uma sonoridade bonitinha a cada palavra estrangeira.
— Desde quando você fala inglês, Yobo? — Bong Shik questionou com uma expressão divertida. Vinte e oito anos casados e ele ainda se surpreendia.
— Desde que assinei um curso online. Hoje em dia, dá pra comprar de tudo na internet. Muito melhor que o canal de compras da tevê.
— E pra que você precisaria aprender esse idioma bobo? Eomma! — Ji Won correu e abraçou a mãe por trás, fazendo graça. — Eu não permito que a senhora abandone a gente e migre para a América. Andeyo!
— Aigoo. Não pense bobagens, Wonie. É que os meninos de hoje ficam colocando palavras em inglês no meio das músicas. E como sua mãe é uma mulher moderna, gosto de acompanhar as tendências. — Hae Sook riu, dando dois tapinhas sobre a mão da filha. — Quem está com fome?
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Ninguém disse nada após saírem da delegacia. Nenhum comentário acerca dos exames que fizeram em Lisa no hospital, muito menos sobre os fatos que ela relatou em seu depoimento. O caminho de táxi até o hotel também foi preenchido pelo silêncio.
Por isso, Lisa permitiu-se apenas afundar no colchão macio e não pensar em como as últimas vinte quatro horas tinham sido estressantes. Ao menos o pesadelo chegara ao fim e ela podia respirar em paz. Podia descansar sem se preocupar se a porta estava ou não trancada. Podia redescobrir sua identidade sem o peso do medo que carregou consigo durante dois anos.
O quarto do hotel era triplo, porém So Dam dividiu a cama com Lisa e segurou sua mão a noite inteira. Quando a ruiva abriu os olhos, a irmã ainda estava lá, e isso encheu seu coração com tanta ternura que ela precisou engolir as lágrimas.
Com cuidado para não acordar sua unnie, Lisa levantou-se para ir ao banheiro . Já havia esfregado o sangue que ficara grudado em seus braços e debaixo de suas unhas, mas ainda assim sentia-se suja, então decidiu tomar outro banho. Quase meia hora depois, ao retornar para o quarto, encontrou a mãe em pé, junto à janela, observando a vista do oitavo andar.
Como se sentisse a presença da filha, Bo Jung virou-se e seus olhares se conectaram por longos segundos. E a adolescente esperou que ela fosse começar a gritar, culpando-a por mandar seu noivo pra o hospital, destruindo seus planos de ser feliz novamente.
Assim, quando Bo Jung andou em sua direção, Lisa pôs as mãos na lateral do corpo, segurando firme o tecido da calça de moletom, e aguardou pacientemente ser atingida. Só que, para seu espanto, nenhum golpe veio. Em vez disso, a mãe desabou de joelhos, chorando.
Era um som horrível, e Lisa cerrou os dentes e virou o rosto, incapaz de contemplar a fragilidade de Bo Jung, quebrando-se à sua frente. Doía muito. Doía admitir, de forma tão crua, que a pessoa que deveria protegê-la foi a responsável por fazê-la vivenciar a pior época de sua vida. As lágrimas que molhavam seus pés lhe diziam que sua mãe finalmente entendia isso também.
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O banquete estava servido e a família Cha, bem como seu agregado, estavam sentados à mesa, prontos para saborear todos os quitutes que Hae Sook preparara. Ji Won notou que havia mais pratos de acompanhamento que o normal, como se estivessem comemorando alguma data festiva, mas imaginou que fosse porque a mãe estava feliz por Lisa ter retornado em segurança.
— Jal mokketsummida! — Mino agradeceu pela comida.
— Isso mesmo, querido. Coma bastante. — Hae Sook pôs um enroladinho de ovo na tigela de arroz dele. — Pegue uma colher de sopa também.
Ele sorriu e encheu a boca, sentindo-se cuidado. E quanto mais observava Ji Won interagir com os pais, entendeu que era assim que uma família de verdade se comportava. Concluiu, também, que aquela cena não era tão estranha como imaginava. Era a mesma cena que ele via todos os dias na casa de sua tia, quando ele e Yoon Gi se reuniam para fazer as refeições. Apenas nunca reparou no que esteve ao seu redor esse tempo todo.
— Tenho um anúncio a fazer. — Ji Won largou os talheres.
— Omo, omo, e o que poderia ser? — Hae Sook cutucou o marido. Tentou até disfarçar a animação, mas os cantos de seus lábios subiram involuntariamente.
Ji Won trocou um olhar com Mino e respirou fundo:
— Minha participação no We Got Married foi cancelada por causa do escândalo.
O sorriso de Hae Sook permaneceu congelado no rosto.
— E o que mais, Wonie? — Insistiu. — Vamos, diga. Não precisa ter receio.
— Eomma, eu acabei de contar que meus planos para salvar a alfaitaria falharam! Temos um problema muito sério para resolver! — Ji Won suspirou, desesperançada. Sentia-se a pior filha do universo.
— Aigoo, querida. Tire esse peso de cima dos seus ombrinhos estreitos. Seu abeoji já cuidou da situação. Certo, Yobo?
— Claro. — Bong Shik bebericou o chá. — Vendi o estabelecimento na semana passada para um conhecido meu. Consegui um bom valor. Sou um homem aposentado agora.
— O quê?! — Ji Won piscou, chocada. — Appa! — Bateu as mãos na mesa, fazendo as vasilhas tremerem. Mino, por outro lado, limpou a boca com o guardanapo e apoiou o queixo na mão, entretido com a situação. Então é assim que famílias de verdade brigam, concluiu. — Como você pôde tomar uma decisão dessas sem me consultar?!
— Porque é uma decisão que cabe apenas à sua mãe e eu.
— Mas-
— Você precisa viver a sua vida, Wonie. — Bong Shik segurou a mão da esposa. — Não queremos que você e seu irmão deixem de sonhar porque estão ocupados demais com nossos problemas. Queremos que vocês dois sejam felizes.
— E netos. Também queremos netos gordinhos. — Hae Sook complementou.
Ji Won fungou e secou os olhos marejados, sentindo-se emocional. Mino arrastou a cadeira para o lado, aproximando-se, e afagou as costas dela.
— Vocês não deviam ter escondido algo tão importante. — Ela resmungou, chorosa.
— Omo, como se você nos contasse tudo. — A mãe meneou a cabeça em sinal de reprovação.
— Yobo. — Bong Shik tentou pará-la, mas era inútil.
— Se você engravidasse antes de confessar aos seus velhos pais que está casada verdade com ele, aí sim eu morreria de desgosto, Wonie. Grave bem minha palavras. — Virou-se para Mino e sorriu, radiante. — Bem vindo à família, querido.
Ji Won arregalou os olhos, seu coração disparando dentro do peito.
— Obrigado, eomeonim. — Mino, que sempre teve reflexos rápidos, levantou-se da cadeira e curvou o corpo em noventa graus. — Abeonim. — Fez também uma reverência para o sogro. — Por favor, cuidem bem de mim.
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Segura esse forninho, Wonie! hahaha
Beijos e até a próxima <3
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