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Ai, gente. Não consegui incluir todos os acontecimentos que eu queria nesse capítulo, porque já tava ficando gigante. Mas domingo que vem tem mais. Perdão, também, pelos erros de digitação. To até com vergonha do tanto que localizei no capítulo passado. É um saco não ter tempo pra revisar direitinho. De qualquer forma, espero que gostem da leitura <3
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A CAÇULA DA FAMÍLIA CHA nunca foi o tipo de garota que foge de uma briga. Sempre defendeu seus interesses de forma muito intensa, fosse batendo nas crianças que tentavam intimida-la na época da escola, ou revidando os ataques do irmão em casa. E, muito embora os anos a tivessem ensinado a parar de resolver seus problemas usando os punhos, os traços de sua personalidade impetuosa continuavam ali, domados e civilizados, como diriam seus pais.
Talvez tenha sido por isso que, ao encontra-la agachada naquele beco sujo, parecendo miserável e assustada, um nó se instalou na garganta de Seok Jin. Em silêncio, ele caminhou até onde a irmã estava, encaixou um boné preto em sua cabeça – semelhante ao que ele próprio usava – e estendeu a mão para ajudá-la a se levantar.
Ji Won segurou firme a mão de Jin e permitiu que ele a conduzisse pelas ruas, o tempo inteiro evitando tocar em assuntos complicados, como o fato de que outro escândalo atingira a família Cha, mas, dessa vez, por culpa dela.
— O carro do Min Ho tá estacionado na rua de trás. — Disse Jin, averiguando se era seguro virar a esquina. Sasaengs alucinadas estavam à solta e podiam brotar de qualquer lugar, então todo cuidado era pouco.
— Como o Mino oppa soube que eu estava aqui? — Ji Won juntou as sobrancelhas na testa. —Yah, por que contou pra ele? — Puxou a mão do irmão de modo brusco, dando-lhe um solavanco.
— Ele viu as notícias e foi até nossa casa te procurar. — Jin esclareceu, irritado. — Disse que você não estava atendendo as ligações dele.
— Ah. — Ela murmurou. — Deixei o celular no silencioso. — Comentou, omitindo, de propósito, que estava conversando com Hae Jun no momento em que as chamadas foram realizadas. — Significa que o abeoji e a eomeoni já sabem das fotos?
Jin parou de andar e começou a rir, seus ombros balançando com o movimento.
— Tá brincando? Tem tanto repórter acampado na frente de casa que a eomeoni quase teve um ataque. Ela abriu a porta e jogou uma panela de caldo de kimchi azedo em cima de todos eles.
Ji Won também riu, chocada demais para fazer qualquer comentário, contudo seu sorriso murchou ao avistar o carro esportivo de Mino. Ele, por sua vez, baixou o vidro escuro e meneou a cabeça, ordenando, sem palavras, que os dois parassem de enrolar e entrassem logo no veículo.
— O produtor Kim marcou uma reunião de emergência para o final da tarde. Ele quer ver nós dois. — Mino anunciou assim que Ji Won afivelou o cinto de segurança. — Mas preciso encontrar o presidente da minha agência antes. — Batucou os dedos no volante, espiando-a de soslaio para ver sua reação.
— Nós dois? Entendo. — Ela apoiou a cabeça no encosto do banco do passageiro e fechou os olhos, sugando uma longa respiração. O simples fato de olhar para Mino fazia suas bochechas corarem. E pensar que o país inteiro vira fotos dos dois juntos, íntimos ao trocarem beijos e carinhos na piscina do resort em Jeju, era constrangedor até o último fio de cabelo.
— Como, hum, você está? — Mino arriscou a pergunta, afundando o pé no acelerador quando o sinal ficou verde.
— Não sei... — Ji Won prendeu o lábio entre os dentes, mordendo com força. — O que você acha que o pessoal do reality vai dizer? Eu posso tentar explicar, se você quiser.
— Você não precisa falar nada. Eu cuido de tudo. — Mino deu seta, girou o volante e estacionou em frente ao seu prédio numa única manobra. — Tenho prática nessa coisa de escândalos. — Sorriu de canto para transparecer tranquilidade, mas todos os traços em seu rosto gritavam preocupação. — Descanse um pouco até eu voltar. — Pôs a mão sobre a dela, sem pensar, e recriminou-se por esse gesto.
Verdade seja dita, ele deveria estar preocupado consigo mesmo e com o futuro de sua carreira em vez de tentar confortar uma garota que conhecia há apenas quatro meses, a selvagem que lhe deu um soco no olho e que o tirava do sério como ninguém. Desconfiava que os beijos dela tivessem infectado seu cérebro com algum tipo de vírus da loucura, porque, desde então, os sintomas só pioravam.
Se ele se sentia atraído fisicamente por Ji Won? Sem dúvidas. Gostava dela? Provavelmente. Mas todos sabem que sentimentos que crescem sem limites são perigosos, e Mino, por experiência própria, preferia estar no controle, sempre.
— Obrigada. — Ji Won agradeceu com causalidade, porém seus olhos estavam fixos na mão de Mino descansando sobra a sua. Com sua reputação ruindo e seu nome sendo jogado na lama nas redes sociais, aquele não era o momento adequado para sentir o coração flutuar.
— Yah, eu tô bem aqui, caso vocês tenham esquecido. — Jin, sentado no banco de trás, forçou os joelhos contra a poltrona de Ji Won e quebrou a bolha de encantamento que se formara. — Vem logo, Wonie. — Crispou os olhos e bateu a porta com força ao descer.
Ji Won suspirou e saiu logo em seguida. Parou na beirada da calçada e acompanhou o carro de Mino se distanciar e sumir ao virar à esquerda num cruzamento. Resignada, prendeu o cabelo com um elástico preto e arrancou os saltos dos pés, sentindo-os latejar após tanto exercício físico.
— Me carregue, oppaya. — Pediu, soando meiga.
Jin a ignorou e entrou no hall do prédio. Foi então que ela notou a mochila que o irmão carregava consigo.
— Pra que você trouxe isso?
— Suprimentos de sobrevivência. — Eles embarcaram no elevador e Jin apertou o botão do décimo terceiro andar. — Não dá pra você voltar para casa agora por causa dos repórteres, Wonie. Por isso, a eomeoni pegou alguns pertences seus e guardou aqui.
— Yah, não acredito que ela teve coragem de enviar sua única filha para a casa de um cara. — Ji Won abraçou a si mesma, cruzando os braços sobre o peito na defensiva. A senhora Cha estava mesmo perdendo a noção quando se tratava de unir a filha a um bom partido. Corria o risco de chegar em casa e encontrar um vestido de noiva sobre a cama, já pronto e acabado. — Eu podia ter me abrigado na casa da So Dam.
— Ela é nossa vizinha. Não ia adiantar nada. — Jin revirou os olhos, pegando as chaves que Mino lhe entregara mais cedo.
— Eu tenho outros amigos. Posso entrar em contato com meus colegas da faculdade!
— Pra que tanto drama, Wonie? Vocês pareciam bem íntimos na piscina. — Jin resmungou, desgostoso com a vida, e destrancou o apartamento.
— Yah! — Ela jogou os sapatos na entrada e calçou o primeiro par de pantufas que encontrou. Eram azuis, quentes e três dedos maiores que seus pés. Eram dele.
— Pare de berrar no meu ouvido e se acalme, Wonie. — Jin ordenou, fazendo cara de tédio. Inclinou-se para acariciar as orelhas de Suzy, que surgira latindo e lambendo tudo pela frente. Reparou na expressão de dúvida da irmã e sorriu. — Seu oppa vai te proteger.
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Mino cruzou os braços e estreitou os olhos, tentando entender por que tantas pessoas tinham resolvido ocupar a sala de seu apartamento. Até onde se lembrava, sua casa não era nenhuma colônia de férias.
— Que porcaria é essa?
— Eles estavam com fome. — Ji Won terminou de colocar os acompanhamentos sobre a mesinha de centro. Aproveitara todos os restos de comida na geladeira de Mino para preparar aquela refeição. Pelo menos cozinhar fora uma boa distração, impediu que ela cedesse à tentação de entrar na internet e ler os comentários horrendos que estavam tecendo a seu respeito.
— Está uma delícia, unnie! — Lisa enfiou uma quantidade generosa de comida na boca.
— Claro que está. Coma bastante, lisaya. — Ji Won afagou a cabeça da ruiva.
— Você acabou de vomitar. Mastigue devagar. — Jin advertiu.
— Ela pode mastigar na velocidade que quiser. — Yoon Gi retrucou, mal humorado, e ajeitou uma almofada embaixo da cabeça.
— Vai acabar passando mal de novo. — Jin o ignorou e puxou a vasilha de arroz das mãos de Lisa. Pegou uma colher e começou a comer dali mesmo.
— Ficou maluco? — O adolescente abriu a boca, descrente, e tentou retomar a vasilha da posse de Jin. — Se ela passa mal ou não, não é da sua conta. — Na luta pelo poder, o recipiente de porcelana tombou e centenas de grãos de arroz se espalharam pelo tapete felpudo.
— YAH! — Mino explodiu, silenciando a todos.— São uma e meia da tarde. Por que raios você está aqui, e não na escola? — Questionou ao primo.
— Eu queria estar no colégio, hyung. Só que a vida nem sempre é do jeito que a gente deseja. — Alcançou o controle remoto e ligou a televisão. — Não dava pra deixar a Lisa para trás. Eu tenho princípios.
— Me dá isso aqui. — Mino arrancou o controle das mãos dele. — E por que você trouxe ela pra cá? — Sussurrou, tentando não soar indelicado. Mas, então, lembrou-se de que aquele era seu apartamento e ele poderia trincar todos os vidros com seus berros se tivesse vontade.
— Mino oppa. — Lisa levantou-se do chão e curvou-se numa reverência solene. — É um prazer finalmente te conhecer. Gostaria de dizer que curto muito o seu duplex. Todas as vezes que matei aula aqui foram as melhores. — Ergueu os polegares e sorriu.
— Aish, fica quieta, Lisa. Ainda tá bêbada? — Yoon Gi ralhou.
— Vocês andaram bebendo na minha casa?! — Mino engasgou com a própria saliva e correu para conferir a geladeira, notando que várias garrafas de soju haviam desaparecido, bem como suas latas de cerveja importada. Além de viver pegando sua moto sem permissão e de ter manchado o piso do banheiro com tinta verde, agora o primo vinha trazendo garotas para o seu apartamento. A coisa estava saindo do controle. — Quero você fora daqui. — Anunciou ao retornar para a sala.
— Eu? — Lisa piscou.
— Ele. — Mino apontou para Yoon Gi, que, por sua vez, revirou os olhos. — Ou melhor, os dois.
Ji Won, que estava sentada ao lado do irmão, acompanhando toda aquela cena com divertimento, decidiu que era a hora de intervir. Sabia que toda irritação do marido postiço não era apenas por causa do primo, e, sim, por conta do novo escândalo que atingira sua carreira. Suspeitava, também, que a conversa dele com o Presidente da Big Shot não havia corrido bem.
— Que horas é a reunião com o Produtor Kim?
— Hum. — Mino conferiu o relógio de pulso. — Em meia hora.
— Então é melhor nós irmos. — Ji Won calçou os saltos e ajeitou os cabelos, preparando-se mentalmente para a guerra.
Mino assentiu e tocou a cintura dela, conduzindo-a para fora do apartamento. Antes de sair, ainda encarou Yoon Gi e sibilou alguns palavrões, embora soubesse, no fundo, que o primo era o menor dos seus problemas.
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Dizer que os produtores do We Got Married estavam insatisfeitos era um grande eufemismo. Se fosse em qualquer outro país, um beijo num reality show não traria tanta repercussão. Mas, na grande nação coreana, um movimento errado poderia significar a morte da carreira de um artista ou, naquele caso, o cancelamento do casal no programa.
Como prometido, Mino tomou conta da situação. O Presidente de sua agência se encarregou de ligar para o Produtor Kim e conseguiu negociar uma solução. Não chegou a contar sobre o casamento registrado por engano, porque podia ser perigoso vazar uma informação dessas, mas explicou que Mino e Ji Won estavam de caso. Nada sério, coisa do momento. Ao final, pediu discrição e a ajuda do programa para abafar o affair, tudo em troca de patrocínios e dinheiro.
Contudo, embora a confusão estivesse temporariamente sob controle, não significava que Ji Won havia se safado de escutar um longo e entediante sermão.
— Eu entendo que esse tipo de coisa pode acontecer. Você está perto do seu ídolo, ele é carismático e bonito, vocês dois são jovens e gostam de adrenalina. Tudo bem, compreensível. Mas não se esqueçam que isso aqui é um trabalho sério. — O produtor escorou-se na mesa de madeira. — E não queremos ter que cancelar o quadro de vocês no reality.
Ji Won bocejou e assentiu. Já estavam trancados naquela sala há quase duas hora e, após o susto da perseguição passar, ela se sentia esgotada tanto física quanto psicologicamente. Além do mais, ela já captara a mensagem. Nada de beijos ao ar livre.
— Ótimo, vamos comunicar à imprensa que o beijo na piscina fazia parte de uma cena do We Got Married, mas que foi cortada por ordens do diretor. Isso deve acalmar os ânimos das fãs por hora.
— Obrigado, Pd-Nim. Te levo para comer bulgogi qualquer dia desses. — Mino apertou a mão do produtor, porém, ao contrário de Ji Won, ele estava tenso. Após um ano repleto de escândalos, seu agenciamento com a Big Shot andava por um fio. Se quisesse, o Presidente poderia expulsá-lo num piscar de olhos. O valor da multa pela quebra do contrato não era nada para uma empresa tão poderosa.
— Estejam prontos para as filmagens do próximo episódio. Precisamos reverter esse quadro. — O homem bebeu um gole d'água e bateu o copo na mesa, dando a reunião por encerrada.
Enfim sozinhos, Ji Won levantou-se da cadeira e espichou os braços acima da cabeça, se espreguiçando. Era uma situação assustadora, mas ela sobreviveria. Com o tempo e a ajuda do reality, as coisas se acalmariam. Tinha esperança disso.
— Yah, tá aí? — Ela estalou os dedos na frente de Mino para capturar sua atenção.
— Estou. — Ele piscou e encarou sua esposa postiça volta, pensativo. Observou enquanto ela tentava, inutilmente, prender o cabelo curto num rabo de cavalo, e suspirou alto. O quanto ele gostava dela? Era o que tinha que descobrir. Porque, se não era tanto quanto imaginava, as ordens do Presidente, naquela tarde, não deviam ter soado tão desconfortáveis. Ele faria o que fosse preciso quando a hora chegasse?
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Ao retornarem para o duplex no final daquela tarde, Yoon Gi e Seok Jin estavam sentados no sofá, cada um em uma ponta, fingindo assistir um filme na televisão enquanto se ignoravam mutuamente. Contudo, ao reparar no rosto deprimido do primo, Mino decidiu abstrair e não iniciar outra discussão. Com uma nuvem carregada pairando sobre sua mente, subiu as escadas e trancou-se em seu quarto, deixando as visitas sozinhas no térreo até a noite cair.
Ji Won jogou-se no sofá entre os dois rapazes e acabou adormecendo com a cabeça apoiada no ombro do irmão. Não que eles tivessem trocado alguma palavra ou feito as pazes, porém estar perto era reconfortante de um jeito que só faz sentido quando se trata de família.
Jin pegou a irmã no colo e a levou para um dos quartos de visita, pois ele e Yoon Gi ficariam alojados no outro disponível ao final do corredor. Deitou-a, com cuidado, sobre a cama e a cobriu com um edredom. Ao apagar o abajur, sentiu Ji Won segurar a barra de sua blusa.
— Oppa. — Ela murmurou, um pouco sonolenta.
— Tá acordada? — Ele agachou-se ao lado da cama.— O que foi?
— Desculpa por dizer aquelas coisas e destruir sua carreira.
— Tem certeza que quer conversar sobre isso agora? — Jin questionou e Ji Won fez que sim. — Ok. Não foi sua culpa, Wonie. — Acariciou os cabelos dela.
— Mas se eu não tivesse contado sobre os encontros do Hae Jun...
— Tá tudo bem. — Assegurou. — Ser modelo nem era grande coisa assim. Posso encontrar outra coisa pra fazer, você vai ver. É impossível não fazer sucesso quando se tem esse rosto. — Provocou, sorrindo no escuro, embora ela não conseguisse enxerga-lo direito.
— Eu sei. — Ji Won empurrou as cobertas e se sentou. — Porque a natação não é a única coisa em que você é bom. Você tem muitas qualidades, oppa, pode alcançar coisas incríveis. E eu não tô falando isso só por causa dessa sua cara bonita. — Tocou a mão dele e apertou. — E, se você falhar, não tem problema. A gente começa tudo de novo. Por isso, promete que vai tentar, oppa, mas, dessa vez, tentar ser feliz de verdade.
Jin abriu um sorriso melancólico e cutucou as costelas da irmã com a delicadeza de um membro da família Cha.
— Yah, isso não é hora pra discurso sentimental, Wonie, vá dormir.
Ele deixou o quarto e fechou a porta, rindo baixinho. Pegou uma camiseta e bermuda confortáveis na mochila e entrou no banheiro para se trocar. Aproveitou, também, para lavar o rosto. Uma, duas, três vezes seguidas. Com as pontas do cabelo ensopadas, apoiou as mãos na bancada fria da pia e fitou seu reflexo no espelho, gotículas de água escorrendo de sua testa até o queixo. Então, repetiu consigo mesmo:
— Prometo.
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