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G L O S S Á R I O
Abeoji: pai.
Aigoo: expressão usada para demonstrar surpresa.
Caramel Macchiato: bebida quente feita com café, leite, caramelo e extrato de baunilha.
Eomma: mãe.
Eomeoni: mãe
Heol: gíria usada para expressar surpresa ou choque.
Omo: expressão usada para demonstrar surpresa.
Oppa: forma mais íntima de uma garota se referir a um rapaz mais velho. Pode ser usado entre amigos, irmãos e namorados.
Yobo: querido(a), esposo(a).
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O TEMPO FECHOU EM JEJU no sentido literal da palavra. Uma forte tempestade se aproximava da pequena ilha situada no oceano pacífico e os alertas de perigo foram acionados, fazendo com que a equipe do reality show antecipasse as passagens de volta para o final daquela tarde. Assim, por causa do tempo nublado, em vez de estarem gravando numa das inúmeras praias paradisíacas da região, as filmagens do último episódio de lua de mel foram transferidas para a suíte presidencial em que Mino estava acomodado.
— Deixe o cabelo mais atrapalhado. — Orientou uma integrante do staff. — Isso. — Desalinhou os fios de Ji Won. — Tem que parecer que vocês dois acabaram de acordar.
Ji Won assentiu, corando, e caminhou até a cama de casal. A equipe do programa mal sabia que os dois tinham mesmo passado a noite juntos, à beira da piscina, conversando, rindo e trocando beijos até os primeiros raios de sol surgirem no horizonte. E tinha sido tão diferente de tudo que ela imaginou. Diferente de um jeito bom. Sem as barreiras que ela erguera, Mino continuava fazendo seu pulso acelerar, mas não de raiva.
Um sorriso escapou dos lábios de Mino quando Ji won se deitou ao seu lado. Seu cheiro de sabonete, seus cabelos exalando uma fragrância suave de shampoo, o calor de seu corpo a poucos centímetros de distância, tudo parecia atraí-lo como um imã, mas ele se manteve imóvel e com os olhos bem fechados, conforme a orientação da assistente de filmagem. Os dois deveriam fingir despertar somente quando as câmeras começassem a gravar, momento esse que aconteceria em três, dois, um...
— Bom dia. — Mino sussurrou, passando um braço pela cintura dela debaixo do lençol. Ainda estava fresco em sua memória o modo como os lábios dela se moveram sobre os seus, e ele precisou de muito autocontrole para não esquecer que tinha plateia no quarto e agarrá-la ali mesmo.
— Bom dia. — Ji Won murmurou de volta com a cabeça apoiada no travesseiro, encarando-o tão de perto que podia sentir seu hálito de pasta de dente. Mino umedeceu os lábios, ergueu-se sobre um dos cotovelos e se inclinou-se sobre ela, deixando-a paralisada. Então, desceu o rosto como se fosse beijá-la, mas, no último segundo, desviou e pousou a boca sobre sua bochecha.
— Corta! — Exclamou a assistente de filmagem. — Sem beijo! Eu já disse que não tem beijo!
Mino abafou uma risada e se deixou cair sobre o colchão, fazendo-o balançar com o impacto.
— Nem no rosto? — Ele quis saber.
— Bom, não sei. — A mulher coçou a nuca e ajeitou os óculos de grau, pensativa. — Talvez eu tenha que conferir com o diretor se pode ou não.
— Que casal não beija pelo menos o rosto? Achei que isso aqui fosse pra ser um reality convincente.
— Para com isso. — Ji Won ordenou baixinho, cutucando Mino sem nenhuma delicadeza. — Eles vão perceber, vão acabar descobrindo!
— Descobrir o quê? — Mino se fez de desentendido, aproveitando para atormentá-la enquanto o staff do programa estava ocupado, discutindo entre si se deveriam ou não manter aquela cena no episódio.
— Você sabe o quê. — Ji Won juntou as sobrancelhas no meio da testa, parecendo perturbada.
— Não, não sei. De qual parte exatamente você está falando? — Ele tocou o braço dela sob o lençol. — Daquela em que você me agarrou na piscina ou daquela em que você me implorou pra não ir embora? — Alcançou a barra do pijama dela e subiu um pouco, fazendo um carinho em sua barriga. — Você é insaciável, Wonie, quem diria.
— Heol. — Ela o beliscou. — Foi você quem não quis me deixar voltar pro meu quarto.
— E foi você quem não quis me deixar entrar no seu quarto.
— Yah.
— Yah o quê? Tá achando que, só porque te dei alguma liberdade, pode falar comigo de qualquer jeito? — Ele provocou, sentando-se na cama. Correu as mãos pelos cabelos desgrenhados e sorriu de canto. — Mostre mais respeito, Wonie.
— Omo, ahjussi. Até parece que você me fez um grande favor. — Ji Won revirou os olhos e tentou se levantar, mas Mino a puxou de volta e a prendeu contra o colchão usando o peso de seu corpo. Talvez ele ainda fizesse, sim, seu pulso acelerar de raiva. Alguns hábitos são difícieis de perder.
— Posso saber o que exatamente vocês estão tentando fazer? — Dong Man questionou, contemplando aquela posição suspeita com curiosidade. Astuto como um gato, ele se aproximara de modo tão furtivo que surpreendeu os dois.
Ji Won logo empurrou Mino para o lado e voou para longe da cama. Ajeitou o pijama com movimentos robóticos e soltou uma risada nervosa antes de inventar uma desculpa qualquer para se retirar dali.
— Aqui. — Dong Man entrou um copo de caramel macchiato para Mino.
— Você demorou, mas vou deixar passar dessa vez porque estou de bom humor. — Bebeu um longo gole do café e lambeu a espuma dos lábios, sentindo-se satisfeito.
— Ji won parece estranha, não acha? — O manager fingiu limpar um cisco da camisa. — Mas falta de sono pode deixar as pessoas um pouco afetadas, até mesmo aéreas. — Comentou como quem não quer nada. — Faz com que se esqueçam de coisas simples, como o fato de serem celebridades e precisarem tomar cuidado para não saírem no jornal do dia seguinte com um escândalo estampado na primeira página.
Mino engasgou com o café e tossiu, cuspindo tudo sobre os lençóis brancos. Praguejou baixinho, virou-se para Dong Man e crispou os olhos.
— Como você...
— Era madrugada, porém, se eu vi, mais gente pode ter visto também. — Dong Man cochichou, carrancudo. — Eu entendo que essa coisa de casamento pode ter bagunçado a cabeça de vocês, mas será que dá pra se controlar? Outro escândalo e é o meu fim. — Afrouxou o colarinho da camisa.
Mino pôs a mão no queixo, parecendo refletir por um instante sobre aquelas palavras, e, então, um pensamento lhe ocorreu.
— E o que você estava fazendo fora do seu quarto numa hora daquelas?
— Não mude o foco.
— Só estou curioso.
— Já disse pra não desviar o foco. — Insistiu o manager, involuntariamente lançando um olhar para a assistente de filmagens, que, por sua vez, estava ocupada falando ao celular com o diretor e o produtor Kim.
Mino sorriu torto e ajeitou os travesseiros na cabeceira da cama, apoiando as costas sobre eles. Entregou o copo de caramel macchiato para Dong Man e bocejou, espichando as pernas e os braços preguiçosamente.
— Relaxe, Dong Manny. — Disse ao notar que o manager continuava parado ali, estático, como se seu cérebro tivesse entrado em curto circuito. — Seu segredo está seguro comigo. — Assegurou, enquanto observava Ji Won sair de fininhodo banheiro e caminhar em direção à porta, achando que ninguém estava vendo sua tentativa de fuga. — Contanto que você também guarde o meu.
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O voo com destino a Seul foi uma verdadeira prova de fogo para os nervos de Ji Won. As nuvens carregadas fizeram o avião passar por momentos de intensa turbulência, contudo os piores danos não foram suportados pelo veículo de metal, e sim pela mão de Mino, que ela não parou de apertar durante um segundo sequer da viagem. Nem mesmo as tentativas dele em irritá-la foram capazes de distraí-la.
Assim, quando finalmente pousaram no aeroporto de Incheon, Ji Won estava um esgotada física e psicologicamente. Correu para o banheiro, agachou-se em frente ao vaso sanitário e vomitou tudo que tinha dentro estômago, inclusive o lanchinho caro que serviram na primeira classe do avião. Escorou a testa contra a parede de azulejos, desfalecida, e jurou nunca mais pisar num meio de transporte daqueles.
Após jogar água no rosto, lavar a boca e mastigar duas balas de menta, ela deparou-se com Mino a esperando na saída do banheiro com os braços cruzados, um boné encaixado na cabeça e óculos escuros cobrindo os olhos, embora já fosse noite.
— Me encontre no estacionamento. Dong Man vai te mostrar qual é o meu carro.
— Eu posso pegar um táxi.
— Você não parece bem. — Mino ergueu a mão para tocar o rosto dela, mas desistiu no meio do caminho. Seria um movimento arriscado considerando o lugar movimentado onde se encontravam. — Vou na frente. — Virou-se e caminhou até onde seus seguranças o aguardavam, sumindo em seguida.
Ji Won baixou a cabeça e mordiscou o canto da unha, um sorriso discreto dançando em seus lábios. Aquela sensação era nova e ela ainda não tivera tempo de se acostumar. Na vedade, se fosse pensar demais, acabaria surtando, pois não fazia sentido que ela e Mino estivessem envolvidos daquela forma. Pessoas que se detestam não trocam beijos e carícias dentro da piscina, nem fazem o coração do outro acelerar. E eles eram tão diferentes um do outro, as chances de dar errado eram altas.
A fama, o reality show, o casamento registrado por engano. Somado a tudo isso, havia ainda o fato dela ter acabado de terminar um relacionamento de cinco anos. Podia ser apenas carência de sua parte, afinal Mino era um homem atraente na mesma proporção em que a tirava do sério. Mas o que ela podia fazer? Agora que os dois já tinham começado o que quer que fosse aquilo, Ji Won sabia que não conseguiria parar.
Por isso, conforme Mino pedira, ela acompanhou Dong Man até o estacionamento do aeroporto e entrou no carro esportivo indicado. Afivelou o cinto de segurança, apoiou a cabeça no encosto da poltrona de couro e manteve as mãos no colo, cutucando nervosamente a cutícula.
Mino, por sua vez, girou a chave na ignição e deu partida no motor, acelerando ao sair da vaga. Dirigiu um tempo quieto, espiando Ji Won pelo canto do olho, sem saber exatamente o que dizer. Ligou o som, sintonizando numa rádio qualquer, e tamborilou os dedos no volante, acompanhando a batida a música. Espiou-a novamente e notou que ela também estava encarando.
— Sua mão está bem? — Ela perguntou, referindo-se ao que acontecera no avião.
— Vai sobreviver.
— Acho que fiquei um pouco nervosa.
— Você acha? — Mino riu.
Ela prendeu o lábio inferior entre os dentes, surprimindo a própria risada. Aquele pequeno diálogo trivial nem tinha tanta graça assim, então de onde vinha essa vontade incontrolável de sorrir?
Ji Won desviou o olhar, apoiou a cabeça no vidro do carro e tentou se acalmar enquanto uma sensação engraçada tomava conta de seu peito. Então, sentiu a mão de Mino descansar sobre a sua. Ele roçou os dedos nos dela sem pressa até, por fim, entrelaça-los por completo.
E foi assim que parmeneceram até chegarem à casa de Ji Won, com inúmeras palavras não ditas pairando no ar. Descobrindo, devagar, um relacionamento ao qual nenhum dos dois ousava dar nome.
— Obrigada pela carona.
— Tudo bem.
Ji Won soltou o cinto e hesitou entre descer ou esperar para ver se Mino falaria mais alguma coisa. Contudo, passados longos segundos de um silêncio constrangedor, ela abriu a porta do carro e pôs uma perna para fora.
— Wonie. — Mino pareceu acordar com o clique da maçaneta.
— O q-
Ele segurou o rosto dela entre as mãos e a beijou antes que ela pudesse completar a frase, mas Ji Won o afastou na mesma hora e cobriu a boca, cheia de pavor.
— Quê? — Mino piscou, sem entender de onde tinha saído aquela rejeição. Não era possível que tivesse interpretado os sinais errado.
— Que o quê?
— Que o quê digo eu. Fiz alguma coisa que você não gostou? — Franziu a testa, confuso.
— Não! Não fez. — Ji Won ficou vermelha e forçou uma risada. De jeito nenhum ela o beijaria depois de colocar quase a alma para fora no banheiro do aeroporto. — Eu passei mal. Então... outro dia, tá bem? Outro dia. — Pegou sua mala de mão e fugiu do carro na velocidade da luz.
Mino endireitou-se no banco do motorista e riu consigo mesmo da situação. Esperou pacientemente até que ela entrasse em casa e engatou a marcha, desejando que esse outro dia não demorasse a chegar.
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A residência dos Cha estava estranhamente silenciosa. Ji Won chutou os sapatos para o lado na entrada, jogou a mala no chão e foi procurar pelos pais. Como a volta de Jeju fora adiantada, ninguém esperava seu retorno naquela noite. Talvez todos tivessem saído.
— Eomma? — Ela vasculhou a cozinha, mas não encontrou ninguém. Percebendo que todas as luzes do primeiro andar estavam apagadas, decidiu subir as escadas. — Abeoji? Jin? — Chamou ao chegar aos últimos degraus. Viu um feixe de luz saindo do quarto de seus pais e se aproximou, seus ouvidos logo captando um ruído baixo e esganiçado, que reconheceu ser o choro contido de sua mãe. — O que houve? — Escancarou a porta.
— Wonie? — Hae Sook secou o rosto e fungou o nariz vermelho num lencinho. — Achei que você fosse voltar amanhã.
— Filha. — Bong Shik, que estava ao lado da esposa, consolando-a, suspirou e esfregou o rosto, parecendo exausto. A julgar por suas olheiras profundas, era como se não dormisse direito há dias — Foi bem de viagem?
— Aconteceu algo com a alfaiataria enquanto eu estive fora? — Ji Won arregalou os olhos, sentindo as pernas bambearem. Só conseguia pensar nessa explicação para os pais estarem naquele estado de melancolia. Ela sabia que, mesmo com a repercussão dos ternos no reality show, as coisas não andavam bem por conta das dívidas.
— Aigoo, Wonie. — Hae Sook a abraçou apertado. — Meu bebê... ele mentiu para nós. — Começou a debulhar-se em lágrimas. — Ele mentiu e, depois, nos abandonou.
— Pare de preocupar a menina, yobo, ela deve estar cansada. — Bong Shik interveio. — Vamos procurar uma solução depois do jantar. — Afagou as costas da esposa e a fez deitar-se na cama.
— Omo, meu bebê — A matriarca dos Cha chorou com mais intensidade, perguntando-se onde tinha errado.
— Vem, Wonie. — Ele conduziu a filha para a cozinha e se sentou à mesa. Ji Won se recusou a comer e, em vez disso, preferiu esquentar um pouco de água e fazer chá verde. Entregou uma xícara para o pai e preparou seu coração para o que viria. Pelo que havia entendido, o irmão aprontara mais uma.
— O que o Jin fez agora? — Ela foi direto ao ponto.
— Eu não sei. — Bong Shik bebeu um gole generoso do chá. — Não posso dizer que a culpa foi só do seu irmão. Achei que ele quisesse estudar para ser um funcionário público, Wonie. O jeito que ele ficou após a lesão no ombro, eu não queria vê-lo tão triste nunca mais. Pensei que um emprego estável seria mais seguro. Não entendo por que seu irmão sentiu a necessidade de mentir e fingir que estava estudando quando, na verdade, começou a modelar para o Grupo Lee. Suponho que ficou com medo de nos decepcionar.
A enxurrada de palavras atingiu Ji Won de uma vez só.
— O que você disse? — Ela bateu a xícara no tampo da mesa. — Ele está trabalhando para o Hae Jun oppa?
— Seu irmão saiu de casa assim que a coleção de roupas foi lançada. Sua mãe e eu não temos notícia dele há dois dias.
— Eu não acredito nisso. — Ela se levantou da cadeira e começou a andar em círculos pela cozinha, as engrenagens de seu cérebro rodando a todo vapor. — Não acredito que ele me traiu desse jeito. Vou matar aquele idiota.
— Wonie. — Bong Shik pôs uma mão sobre seu ombro. — Acalme-se. Ninguém vai matar ninguém. Nós temos que encontrar seu irmão e dizer que está tudo bem ele voltar, que nós só queremos entender o que está acontecendo.
— Pode deixar, abeoji, que eu vou trazer o oppa pra vocês. — Falou com uma expressão determinada. — Eu garanto.
Deixou a cozinha feito um furacão trancou-se em seu quarto, tentando pensar racionalmente. Além de fazer aliança com seu antigo namorado, Jin ainda teve a coragem de magoar os pais. Irritada, ela pegou o celular e decidiu que era hora de fazer uma ligação.
— Alô? Oppa? — Sentou-se na beirada da cama e respirou fundo. — Você sabe me informar onde o Jin está? — Escutou pacientemente o que Hae Jun dizia e, quando ele terminou de falar, ela acrescentou. — Arrume também um horário livre pra mim na sua agenda. Há uma coisa que preciso te perguntar.
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Oiii, gente! O livro é dividido em três momentos e o fim da lua de mel encerra a segunda parte. Por isso, coisas importantes acontecerão nessa última etapa e estou muito ansiosa pra compartilhar <3
Também tenho uma perguntinha rápida pra fazer. Vocês acham que ainda é necessário ter o glossário no início do capítulo ou vocês já se habituaram às palavras usadas no livro? Estou pensando em parar de fazer.
Segunda perguntinha rápida: algum de vocês conheceu o livro por causa da minha postagem no Kingdom Fansubs? Fiquei cuiriosa haha
Beijos e até a próxima ❤
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