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G L O S S Á R I O
Ahjussi: forma de se referir a homens mais velhos, geralmente com idade entre 35 a 50 anos.
Hyung: significa irmão mais velho.
KBS2: emissora de televisão coreana.
Naver: popular portal de busca da Coreia do Sul. Equivale ao nosso google e cumpre as funções do youtube também.
Noraebang: são estabelecimentos específicos em que as pessoas alugam salas e se reúnem para cantar, ou seja, o famoso Karaokê. Dentro, há sofás para as pessoas se acomodarem, microfones, jogos de luzes, além de uma TV onde as letras das músicas são exibidas. Você pode pesquisar no google para ver fotos e ter uma noção melhor.
Oppa: forma mais íntima de uma garota se referir a um rapaz mais velho. Pode ser usado entre amigos, irmãos e namorados.
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A RECOMENDAÇÃO ERA IR direto para casa após o término das aulas, mas a vida parecia querer levar Yoon Gi por caminhos diferentes. Foi só avistar um chumaço de cabelos alaranjados balançando ao vento que ele começou a seguir a trilha, ou melhor, seguir Lisa.
Ela não tomou o ônibus de costume. Em vez disso, foi para o lado oposto e, após alguns minutos de caminhada, entrou num pequeno estabelecimento de aparência duvidosa, um dos inúmeros Noraebangs espalhados pela grande cidade de Seul.
Yoon Gi achou estranho, já que ela não parecia ser o tipo de garota que frequentava lugares assim. Um sorriso bobo brotou em seu rosto só de imaginar Lisa dançando e cantando ao som das músicas mais famosas de Kpop do momento. Ou será que ela preferia ritmos lentos? Qualquer que fosse o caso, ele jamais perderia a chance de conferir de perto.
Contudo, ao entrar na casa de Karaokê, a última coisa que ele esperava era deparar-se com Lisa vestindo a blusa de uniforme do estabelecimento.
— Suga? — Ela arregalou os olhos, terminando de prender os cabelos num rabo de cavalo. Em seguida, aproximou-se dele e arrastou-o pelo braço para longe da vista de seu chefe. — O que você tá fazendo aqui? — Inquiriu, subitamente nervosa.
— O que você está fazendo aqui? —Yoon Gi devolveu a pergunta, desconfiado. — Por que tá vestindo esse uniforme?
Ela soltou uma risada abafada, quase incrédula.
— Eu trabalho aqui, gênio. — Respondeu. — Que outro motivo teria?
— Trabalha?! — Yoon Gi exclamou.
— Sim, e vê se fala baixo. — Ela cutucou-o. — Meu chefe não gosta que eu receba visita de colegas. Semana passada, umas meninas do colégio Dongnae vieram aqui atrás de mim querendo brigar. Elas quebraram um monte de copos e eu quase fui demitida.
— Elas nem são suas colegas.
— Eu sei, mas tenta explicar isso para aquele ahjussi. — Lisa suspirou, colocando uma mecha da franja atrás da orelha. — Nem sei como consegui ser contratada pra essa vaga de meio período. O sr. Seo detesta adolescentes, reclama que somos muito barulhentos.
— Você é o quê? Uma gangster? — Yoon Gi não aguentou e começou a rir, seus olhos curvando-se em formato de meia lua.
— Não enche. Como se você fosse melhor do que eu. — Lisa fechou a cara, não gostando do tom debochado dele.
— Não sou eu quem fica arrumando briga de gangue com alunos de outros colégios. Qual foi o motivo agora? Por acaso você invadiu o território delas sem autorização?
— Não. — Ela abriu um sorriso malicioso. — Uma das garotas acha que seduzi o namorado dela.
— Hum... e você seduziu? — Yoon Gi perguntou, sério, temendo a resposta. Seria péssimo descobrir que deveria lidar com mais concorrência ainda.
— Yah! — Lisa revirou os olhos. — Foi o idiota que inventou de se declarar pra mim, eu não fiz nada demais. Agora vem. — Puxou-o novamente pelo braço, conduzindo-o para dentro da saleta dos funcionários. — Pega isso. — Arremessou uma blusa na direção dele.
Yoon Gi franziu a testa, sem entender onde ela queria chegar.
— Você me seguiu, né? — Ela questionou, já sabendo a resposta.
— Já falei que o mundo não gira ao redor do seu cabelo laranja. — Ele desconversou, analisando a camiseta verde musgo. — Só aconteceu de eu te ver passar.
— Então como o destino te trouxe aqui, faça algo de útil e me ajude a servir os clientes. — Ela disse em tom de ordem. Lisa nunca soube como pedir favores com muita delicadeza.
E, apesar de não fazer sentido, o coração de Yoon Gi pulou uma batida. Ele levou discretamente a mão ao peito e perguntou-se se não estaria se transformando, pouco a pouco, num idiota. Sentir palpitações não combinava com seu estilo.
— Tá, tanto faz. — Disse ele, cedendo. No final das contas, ajudar Lisa significava ganhar algumas horas ao lado dela, nem que fosse para discutir sobre bobagens. — Só me responde uma coisa.
— O quê?
— Por que você arrumou um trabalho de meio período? Tá precisando de dinheiro ou algo do tipo? — Questionou, levantando a barra da própria camiseta para tirá-la.
— Yah! — Lisa soltou um gritinho e cobriu o rosto.
— Achei que você fosse imune a homens. — Yoon Gi terminou de trocar de blusa e ajeitou o cabelo. — Parece que não.
— Cala a boca. — Ela resmungou, suas bochechas coradas, e andou em direção à porta. Antes de abri-la, complementou. — Pra ir embora.
— Hã?
— Preciso de dinheiro pra sair daquela casa. — Ela explicou, ainda de costas para Yoon Gi. — Assim que terminar o ensino médio, eu vou embora.
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Após assistir, por uma última vez, o vídeo da entrevista no naver, Mino pôs-se a reler os comentários com um sorriso no rosto. O primeiro episódio de sua participação no We Got Married não tinha sido exatamente um sucesso, mas o saldo final foi positivo.
Os telespectadores foram fisgados por sua atuação, e se Mino continuasse dizendo as coisas certas, seria apenas uma questão de tempo até que o público se esquecesse dos escândalos e voltasse a se apaixonar por ele. Era difícil resistir a imagem de um homem romântico.
Contudo, apesar de animado com a melhora significativa de sua reputação, Mino ainda sentia-se inquieto. Algo estranhamente o incomodava: os comentários maliciosos feitos sobre Cha Ji Won. O que não fazia sentido. Ele não se importava com ela, não mesmo. Tinha, inclusive, escolhido incluí-la no reality com o propósito de divertir-se ao atormentá-la.
Sim, Ji Won ferira seu orgulho. Mas mesmo assim... esse motivo parecia tão pequeno frente às frases de ódio publicadas na internet.
"Quem ela pensa que é pra dar em cima do nosso Mino oppa? Será que ela já se olhou no espelho?"
"Apenas morra, vadia."
"Ela devia pensar em emagrecer antes de fazer aegyo com aquela cara gorda. Ela acha mesmo que é fofa?
"Nosso Mino oppa deve estar sofrendo fazendo tanta caridade. Eu soube que ela fede."
— O que foi? Por que tá com essa cara? —Dong Man inquiriu, fechando porta do carro.
— Nada. — Mino guardou o celular no bolso e seguiu seu assessor em direção à alfaiataria da família Cha. Como a porta de vidro estava aberta, eles simplesmente entraram, a presença dos dois sendo anunciada pela campainha do sensor de movimento.
O lugar era pequeno e antiquado, mas tinha seu charme. Algumas peças expostas em manequins exibiam corte e costura de qualidade, mostrando que o trabalho ali era bem feito.
Como não havia ninguém atrás do balcão, nem funcionários por perto, Dong Man acomodou-se numa poltrona de couro e tentou relaxar enquanto Mino bisbilhotava os itens da loja. Contudo, o que mais lhe chamou atenção não foram as roupas, e sim os quadros pendurados na parede.
Ao que parecia, as fotos em preto e branco indicavam que alfaiataria fora fundada há bastante tempo, provavelmente um negócio familiar passado de geração em geração. Existiam também retratos mais atuais. Num deles, Ji Won era abraçada por um casal de meia idade, e pareciam tão felizes que era impossível não ser contagiado.
Mino não sabia que ela era capaz de sorrir daquele jeito, tão amplamente. Bem, na verdade, existiam muitas coisas que ele não sabia sobre ela. Não que ele estivesse curioso para descobrir.
— Boa tarde. — Um homem surgiu dos fundos da loja. — Sejam bem vindos. — Saudou-os com simpatia.
Mino reconheceu-o de imediato. Era o homem da foto com Ji Won.
— Boa tarde. — Dong Man respondeu. — Creio que sua filha avisou sobre nossa visita. Somos do reality show We Got Married e esse é o ator que faz par com ela. —Apontou Mino, que prontamente aproximou-se para cumprimenta-lo.
— É, eu avisei. — Ji Won também deu o ar da graça, entrando na loja e caminhando até parar ao lado do pai. — Então vamos terminar logo com isso.
— Wonie, não seja grosseira com nossos clientes. — Repreendeu-a, bem humorado, passando um braço por seus ombros e beijando-lhe a testa com afeto. — Me chamo Cha Bong Shik. — Apresentou-se para os visitantes. — Sou muito grato por darem uma chance à minha pequena alfaiataria, é uma honra vestir uma celebridade tão importante.
Mino gesticulou, dispensando os elogios, e logo acompanhou Bong Shik para que as medidas fossem tiradas. A verdade é ele nunca concordou em mandar fazer sua roupa de noivo naquele lugar. Preferia vestir um de seus ternos com corte italiano. Infelizmente, não teve escolha.
Ji Won fizera sua jogada muito bem ao mencionar a alfaiataria do pai durante o episódio do programa. E Mino, no calor do momento, acabou concordando sem refletir. Acreditava que, posteriormente, ninguém se lembraria mais daquilo.
Acontece que Ji Won lembrou e falou com o produtor. Quando Mino bateu o pé, dizendo que se recusava, ela ameaçou revelar para a imprensa como o ex-queridinho da nação era falso e não sabia manter suas promessas. Disse que sabia fingir choro e que o público amava uma história de pessoas humildes sendo rejeitadas por quem tinha fama e poder. Então, se Mino quisesse evitar outro escândalo, deveria pensar duas vezes antes tratar com desprezo a humilde loja de sua família.
Que mal tem em usar um terno confeccionado pelo pai da Ji Won? Perguntou o produtor Kim, rindo da situação. Mas a questão não era essa. Mino não estava bravo por ter que abandonar suas roupas de grife. O buraco era mais em baixo. Ele estava com raiva de ter sido manipulado.
Se ela pedisse com jeitinho, talvez ele até considerasse ajuda-la. Mas não, essa garota ardilosa preferia jogar sujo.
— Terminamos. — Bong Shik ajeitou os óculos e anotou a última medida em seu bloquinho. — Seu terno ficará pronto antes da gravação do próximo programa. Ji Won avisará seu assessor.
— Certo. Obrigado pelo seu tempo, Sr. Cha. — Mino agradeceu, acordando de seus devaneios.
Virou-se para o lado e viu Ji Won encostada contra o balcão, encarando-o intensamente, mas não conseguiu ler sua expressão. Perguntou-se como ela estava lidando com os comentários de ódio que vinha recebendo. Pessoas que não estão inseridas nesse meio artístico podem encontrar dificuldade em assimilar tanta exposição, principalmente se for negativa.
— Vocês aceitam ficar para o jantar? - Bong Shik convidou, fechando as janelas da alfaiataria e trancando as portas dos fundos. — Minha esposa é um pouco exagerada, costuma cozinhar para um exército. Garanto que não vai ser incômodo.
Mino vestiu seu blazer e consultou o relógio, que marcava sete horas da noite. Lembrou-se de como sua geladeira estava vazia e sentiu-se tentado a aceitar a oferta. Virou-se novamente para Ji Won e mudou de ideia. Morreria de indigestão se tivesse que comer sob o olhar fulminante que ela lhe lançava.
Além do mais, não seria apropriado envolver-se com a família de sua esposa virtual. Acabaria com remorso toda vez que tentasse importunar ou envergonhar a filha deles.
— Agradeço o convite, Sr. Cha. É muito gentil da sua parte, mas teremos que recusar. — Mino cutucou seu assessor.
— É, é. — Dong Man concordou a contragosto. Aquele tinha sido um dia cansativo e ele estava faminto. Por que rejeitar comida caseira de graça? — Mino precisa levantar cedo amanhã, tem que ir pra casa descansar. — Explicou.
O que não era uma mentira. A agenda de Song Min Ho para o dia seguinte dava fadiga apenas de olhar. Ele precisaria passar a manhã inteira no estúdio de gravação de seu drama na KBS2. Já durante a tarde, filmaria dois comerciais.
— Tudo bem, fica para a próxima. — Bong Shik sorriu. — Wonie, acompanhe os clientes até o lado de fora enquanto eu termino de fechar o caixa.
E ela obedeceu.
Dong Man, por sua vez, acabou saindo na frente para atender ao que parecia ser uma ligação urgente, deixando os noivos sozinhos. Quando chegaram ao lugar onde o carro estava estacionado, Mino não aguentou mais ficar quieto.
— Você está bem?
— Por que a pergunta? — Ji Won indagou.
— Ah, você sabe. — Mino coçou a nuca. — As críticas dos internautas costumam ser pesadas.
Ji Won franziu a testa, surpresa com o interesse dele.
— Sou uma garota grandinha. Não são alguns comentários maldosos que vão me derrubar. — Respondeu, tentando soar sincera, mas a verdade é que, por dentro, ela estava assustada com a repercussão do programa.
A única coisa que acalmava seu coração era o alívio de ter conseguido dar o primeiro passo para salvar a alfaiataria. Precisava aguentar apenas seis meses e pronto, tudo valeria o esforço.
— Hum. — Mino murmurou, desconfiado, porém não quis insistir. Não era como se fosse da sua conta se Ji Won estava ou não passando por maus momentos. Ela sabia onde se meteria ao inscrever-se no reality, e ele não planejava ajuda-la. O motivo de tê-la escolhido como "esposa" era justamente o contrário, não era?
Sem mais nada a acrescentar, ele entrou no carro, onde Dong Man já o esperava. Deu ordem ao motorista e finalmente partiram, Mino controlando-se o tempo inteiro para não ceder à tentação de olhar para trás.
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Ao chegar ao duplex, Mino tirou os sapatos e jogou-os para o lado. Calçou as pantufas e levou os potes de comida de restaurante para a cozinha, pondo-os sobre a mesa. Em seguida, subiu para o quarto enquanto desabotoava a camisa. Acendeu a luz do cômodo e tomou um susto.
— Yah! — Gritou, quase caindo na escada. — O que você é? Uma assombração?!
— Hyung. — Yoon Gi murmurou, abraçado ao travesseiro.
— Vá logo para casa, a tia deve estar preocupada. — Mino ordenou, entrando no banheiro da suíte e programando a banheira de hidromassagem para encher de água. Jogou também alguns sais perfumados que ganhara de presente numa campanha publicitária da qual tinha participado.
Retornando para o quarto, encontrou o primo ainda imóvel no mesmo lugar, uma expressão sombria nublando seu rosto.
— Qual o seu problema?
— Já avisei a eomeoni que vou dormir aqui. — Ele respondeu.
— E eu deixei? — Mino soltou uma risada incrédula. — Suspeitei que fosse má ideia te dar uma cópia da chave.
— Hyung... — Yoon Gi afundou o rosto no travesseiro.
— Tem comida lá em baixo. Você deve estar com fome. — Disse Mino, compadecendo-se daquele inesperado estado melancólico. Nunca dava pra saber o que se passava na cabeça dos adolescentes, e ele não queria que o primo entrasse em alguma estatística triste.
— Hyung... — Yoon Gi chamou-o novamente.
— O quê?
— Hyung, o que você faz pra evitar que alguém que você ama vá embora? — Perguntou baixinho, erguendo o rosto do travesseiro e encarando Mino com olhos opacos e tristes.
— Por que tá me perguntando isso? — Mino cruzou os braços, desconfortável com aquele tópico.
— Você é mais velho.
— E?
— Tem mais experiência de vida. — Yoon Gi suspirou.
— Isso não quer dizer nada. — Mino deitou-se de barriga para cima ao lado do primo e pôs os braços embaixo da cabeça. Encarou o lustre no teto e perdeu-se em pensamentos, recordando as fotos que vira na alfaiataria do pai de Ji Won. Eles pareciam felizes, como uma família de verdade deveria ser.
— Eu não quero que ela vá embora, hyung. — O rapaz choramingou, aflito.
— Eu sei. — Mino balbuciou, sem saber a quem Yoon Gi se referia.
Constatou também que, por mais que quisesse ajudar o primo, jamais teria uma resposta para aquela pergunta. Não importava o quanto se amava alguém. Se essa pessoa decidisse partir, ela iria, independente dos sentimentos dos outros ao seu redor. Assim como sua mãe fez.
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Oii, gente! O que estão achando da história até agora?
Qual o protagonista preferido de vocês?
Qual o secundário favorito?
Qual personagem vocês menos gostam?
Obrigada pela leitura e não se esqueça de deixar seu voto <333
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